Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 35
Quase uma guerra


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Em compensação o capítulo ficou enorme. Esse é o penúltimo. E vocês não sabem a tristeza q eu to sentindo de acabar essa fic, eu não to exageirando nem um pouco.



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Idiota. Ele era um idiota por vários fatores. O simples fato de ter dito que ouviu tudo foi idiota. O fato de ele ter me cantado foi idiota. Parecia que ele era feito pela palavra "idiota" escrita milhares de vezes em um tamanho microscópico. Mas indo para o que eu fiz com o infeliz.

Cheguei perto dele. O suficiente para eu chutar ele com uma força que eu não imaginava que eu tinha. As portas grandes não estavam realmente trancadas, só não estavam abrindo. Mas dizer que estava trancado faria ele desistir, e ele sentiria um leve pânico. Então usei essa desculpa. E as portas se abriram com força com o peso dele. Ele caiu no chão. Haviam vários meninos do lado de fora tentando escutar tudo. Alex, Charlie, Travis, Connor, Chris, Percy e Nico.


-Oi meninos. - Falei ofegante pela raiva.
-E ai. - Eles murmuraram.


Jake tentou se levantar. Mas. Eu usei controle de sangue com quase nada de água. Se eu explodisse alguma coisa nele nem ia me importar. Portanto, ele ficou colado no chão. Seus olhos denunciavam o medo e desespero. Como se eu precisasse olhar em seus olhos pra isso. Eu podia sentir suas emoções.


-Bateu nele? - Perguntei para Nico.
-Aham. - Ele falou observando a situação.
-Ele vai apanhar mais. - Respondi.


Liberei o controle de quase todo seu corpo menos das mãos e pés. Ele tentou se agitar mas acabou balançando apenas a cabeça. Ri da cena. Uma faca pequena e fina apareceu na minha mão e eu atirei do lado esquerdo da sua cabeça. Ele parou de se mecher e olhou assustado para a lâmina e depois para mim.


-Me diga uma razão realmente boa pra mim não enfiar um monte de adagas pelo cabo e te jogar em cima. Te deixar paraplégico ou afogar em seu sangue.
-Porque precisamos dele. - Percy se intrometeu, se colocando entre eu e o garoto. Liberei o resto do controle do garoto. Eles levantaram Jake, mas eu acho que fraturei pelo menos uma de suas costelas.
-Só mais uma coisa. - Me aproximei e dei um soco em sua mandibula. Que acabou ficando deslocada. - Se contar algo do que viu, eu vou fazer uma morte pra você e ela vai parecer perfeitamente acidental. E depois, você vai passar a eternidade nos Campos de Punição.
-E você vai ficar no Tártaro. - Ele disse tentando colocar sua mandibula no lugar. O soquei novamente, só que dessa vez acertei o olho que não estava roxo.
-Filho da mãe. - Disse com raiva, voltando para a Arena.


Fiz um movimento de mão e as portas bateram, fechadas. As meninas olhavam pra mim.


-E ai? - Perguntou Ana.
-Percy salvou o demônio. - Respondi.
-E agora? - Perguntou Annabeth.
-Agora, vamos ter que fazer outra estratégia. - Respondeu Clarisse. As meninas murmuraram frustradas.
-Não. - Interrompi os murmúrios. Todas olharam pra mim em perfeita sincronia, e eu me senti incomodada. - Vamos manter do jeito que tá.
-Mas eles vão saber de tudo. - Falou Katie Gardner.
-Eu sei. Isso vai deixar o jogo interessante de um lado, e mais arriscado de outro. Eles vão saber a nossa estratégia, mas vão pensar que vamos refazer. E se eles acharem que vamos manter do jeito que está, vão criar uma estratégia em cima da nossa. - Expliquei. - Annabeth, você costuma manter ou manteria a mesma estratégia?
-É claro que não! - Ela falou surpresa pela pergunta.
-Perfeito. Percy e Malcolm te conhecem, vão pensar que você vai mudar. E como eu nunca fiz a estratégia, eles não me conhecem bem. - Expliquei minha linha de raciocínio.
-Isso é... Muito inteligente. E imprudente. E louco. Acho que agora gosto de você, Giovanna. - Clarisse falou e eu sorri. - Então, vamos treinar.
-Vamos fazer assim para treinar. - Estalei os dedos, e várias estações de modalidades apareceram. Uma rede de cordas presa no alto da parede e no chão um pouco distante da parede, para escalada. Do lado havia vários alvos em distancias diferentes, para tiro com arco. Algum bonecos para lançamento de facas, outros para lançamentos de lança. E os velhos e feios bonecos de palha para luta com espadas. - Vocês vão treinar junto com o seu grupo, para os outros poderem saber o que vocês conseguem fazer e vice-versa.
-Ok. Podem começar. - Annabeth ordenou.


(...)


O treino foi como qualquer outro. Repetitivo. Ensinei Ana e Beatrice a atirar facas, aprendi sozinha a escalar a rede de corda que nunca foi meu forte.

O jantar estava com um clima horrível, estranho também. As pessoas mal conversavam com a pessoa do sexo oposto. O que eu achei frescura mas eu não podia controlar a mente delas. Agora, estávamos eu, Annabeth, Beatrice e Ana nos arrumando. Não haveria fogueira, e eram cerca de 22:40 da noite.

Haviam roupas jogadas pelo meu chalé, e estava cheirando á pipoca de microondas. Eu ia sentir aquele cheiro horroroso no meu chalé pelo resto da minha vida. Sem contar com o cheiro de esmalte. Mas esse, felizmente, saia rápido.


-Que cheiro demoníaco. - Reclamei. - Quero ver como vai sair isso.


As três me olharam sincronizadamente. Todas nós estavamos sentadas no chão, com um pote de pipoca de lado e uma garrafa de Coca-Cola. Sem contar os copos, e as coisas de fazer unha. É, conseguimos beber refrigerante e fazer a unha, mas infelizmente não conseguíamos comer. Aliás, elas não conseguiam comer. Eu conseguia fazer a pipoca levitar até a minha boca.


-Eu não sei. Você é a Deusa por aqui. - Falou Beatrice enquanto pintava suas unhas de laranja.
-Eu não sou a Deusa dos Cheiros Demoníacos. - Respondi.
-Mas você controla um monte de coisas. Alguma pode ajudar. - Disse Annabeth.
-Te garanto que "cheiros" não está na minha Esfera de Poderes. - Falei rindo pra elas.
-Usa logo um daqueles trequinhos que deixam o ambiente com cheiro. - Ana falou usando a palavra "trequinho" porque não lembrou o nome. Eu também não.
-E depois lavar a colcha, o lençol, trocar o travesseiro, minha cama, atear fogo em tudo. - Falei brincando e elas sorriram.
-Acabei. - Falou Annabeth, aplicando o spray para secar esmalte. Suas unhas estavam listradas em azul e preto. Onde ela aprendeu a fazer Nail Art eu não faço idéia.


Logo todas terminamos. Ana com unhas vermelhas, Beatrice com as unhas laranjas, Annabeth com as unhas listradas em preto e azul, e eu com glitter prateado na unha. Eu podia ter feito aquilo em um piscar de olhos, mas fiquei com vontade de faze-las por mim mesma. Levantamos e recolhemos a sujeira. Algodão, copos descartáveis, pipoca e outras sujeiras. Colocamos tudo em uma sacola e eu a joguei no canto. Ela desapareceu. Eu nem imagino onde ela foi parar.

Mudamos de objetivo. Agora era cuidar do cabelo. Pra isso eu não tinha o mínimo ânimo. Enquanto elas ficavam reclamando do que iam fazer, eu apenas imaginei meu cabelo e ele se arrumou. Um rabo apertado, sem nenhum cabelinho pra fora. Elas olharam pra mim.


-Faz isso comigo? - Ana perguntou em seu tom de choramingo.
-Tá. - Respondi rindo. - Nem precisa falar que vocês querem também, porque eu já sei.
-Sua Telepatia as vezes ajuda muito. - Falou Annabeth.
-Eu não usei Telepatia. Deduzi. - Respirei fundo. - Ok Ana, o que quer fazer? Não descreva, imagine. Vai facilitar.
-Porque? - Ela me questionou.
-Porque eu não quero ouvir "Não era assim que eu queria". - Tentei imitar a voz dela.
-Eu não falo assim. - Ela reclamou cruzando os braços.
-Eu tentei te imitar. - Levantei as mãos em sinal de rendição. - Agora, pensa logo o que você quer.


Ela queria uma trança rabo de peixe bagunçada. Beatrice queria o cabelo liso e Annabeth queria um rabo igual o meu com as pontas do cabelo cacheados. Imaginei quanto tempo demorariam pra arrumar tudo.


-Horas? - Annabeth perguntou estalando os dedos.
-23:14. - Ana respondeu. - Porque tá estalando os dedos? Não sou cachorro não, filha.
-Desculpe. - Ela recolheu a mão.
-Vamos terminar logo. - Interrompi. - Podem pegar o que quiserem dentro da minha mochila porque eu não vou conjurar nada. Eu vou trocar de roupa.
-Onde vamos trocar? - Beatrice me perguntou.
-Pelos Deuses, somos todas meninas aqui. - Ana e suas respostas simpáticas.


Passaram-se alguns segundos e Annabeth estava espremendo os peitos na frente do espelho e ficava se olhando de vários ângulos.


-Lamento em dizer Annabeth mas tenho quase certeza que seus peitos não são espinhas pra espremer desse jeito. - Falei observando a cena. Ela me deu um olhar impaciente. - Porque você tá fazendo isso.
-Pra ver como uma roupa justa vai afetar. - Ela continuou na mesma situação.
-Vai usar o que? - Perguntou Beatrice.


Ignorei a conversa delas e abri meu guarda roupa. Eu não ia trocar de roupa com um piscar de olhos porque já tinha usado muito aquele dia, e eu não queria arriscar ficar com sono. Vesti uma calça preta e uma camisa com estampa de cruz em vários formatos e tamanhos, deixando o primeiro botão aberto para deixar mais decotado. Eu podia ver a sombra do meu sutiã preto. Tirei minha capa do cabide, e a coloquei fazendo um laço em meu pescoço. Calcei uma bota de caça preta que ia até quase o meu joelho.

Entrei no banheiro para cuidar do final. Escovei os dentes. Passei um delineador grosso fazendo um "gatinho" e lápis forte e esfumaçado, ambos pretos. Passei um batom vermelho alaranjado e terminei de me arrumar passando um perfume. Aí me lembrei de me armar.

A melhor parte, era poder me armar usando jóias. Era uma união do útil ao agradável, na minha opinião. Coloquei o colar de espadas cruzadas hospedando as minhas duas espadas, um anel com uma pedra azul brilhante hospedava meu arco, e uma pulseira com um pingente da mesma pedra do anel hospedava minha antiga espada. Vocês devem estar pensando "Pô, ela é uma Deusa. Porque não apenas conjura as armas?" Porque se precisa de foco para conjurar algo. Tente se focar enquanto desvia de uma lâmina de no mínimo meio metro. Não é fácil.


-Ok. Quem tá pronta? - Perguntei.
-Eu to. - Apenas Ana me respondeu. Ela usava uma calça jeans clara, uma regata branca com alça de renda e decotada, até mais que a minha. E nos pés usava uma sapatinha preta lotada de tachinhas. Seus olhos estavam quase sem maquiagem alguma, só um rímel. Mas ela usava um batom vermelho escuro.
-Se quiser usar decote até o umbigo eu não ligo, mas vai passar frio. - Falei indo até a minha mochila e pegando uma jaqueta de couro azul bic. Joguei pra ela e ela pegou, examinando. - Agora nâo mais. - Ela vestiu e ficou movendo os braços, pra ver se tinha mobillidade. - Vamos indo? A gente se encontra no riacho.
-Ok. - Annabeth me disse, lutando contra uma calça jeans justa.


Saímos do chalé, e estava realmente muito gelado.


-Fecha a jaqueta, pra esconder a blusa. - Falei baixo perto do ouvido dela. Ela fez o que eu pedi. Eu não precisava fazer aquilo, porque a minha capa escondia dos meus ombros até o meu tornozelo.


Caminhamos até a Floresta, atraindo olhares das meninas mas principalmente dos meninos. Acabamos passando por Nico e Percy, e eu pisquei para eles e depois sorri. Eles se entreolharam, confusos com a nossa aparência. Continuamos caminhando, conversando entre nós, passando e 'recrutando' as meninas prontas para irem conosco. A noite estava fria mas eu tinha certeza que na Floresta o ar estaria cortante.

Logo entramos na Floresta. Haviam lanternas dessas antigas, de ferro preto acesas, iluminando toda a extensão da Floresta. Mas todos sabiam que aquilo ia ser apagado na hora que o Jogo começasse. Haviam avisado no jantar. Eu acho que aquele seria o melhor jogo em anos, na minha opinião. Eu sabia me orientar bem lá dentro, pelas minhares de vezes que entrei. Portanto, guiei as meninas para a beira do riacho.

Não foi difícil perceber que o Riacho estava perto, porque dava pra ouvir o som da água correndo. Chegamos no local marcado, e vimos que quase todas as meninas estavam ali. E eu conseguia ver também os meninos do outro lado, sem se importarem em ser mais barulhentos do que o próprio Riacho. Eles riam alto, gritavam para as meninas e falavam alto. Eles gritavam coisas para as meninas - elogios e ameaças -, e elas devolviam na mesma moeda. Estava divertido. Vi Quíron de canto, observando tudo e as vezes sorrindo.

As meninas que nos seguiram se espalharam, indo para os seus grupos com uma naturalidade enorme. As vezes elas se misturavam para não marcarem que estavam juntas. Me surpreendi com essa técnica divertida. Eu e Ana fomos para a frente, ficando na primeira fileira de árvores. Olhei para cima e percebi que haviam algumas meninas sentadas nos galhos das árvores com os pés pendurados e balançando. Olhei para a que estava mais perto de eu e Ana, e ela estava vazia. O tronco era grosso, precisariam de três pessoas com os braços abertos para dar a volta nela. Os galhos eram grossos também.


-Vamos subir? - Perguntei empolgadamente para Ana. Ela olhou pra árvore e depois pra mim.
-Na árvore? - Ela perguntou fazendo cara azeda.
-É. Vem. - Virei antes que ela me respondesse.


Subir no primeiro galho era sempre o mais difícil pra mim. Eu não sei porque. Antez provavelmente era mais fácil, mas como meu corpo não estava habituado á essaa coisas ficou mais complido. Na segunda tentativa, consegui subir o 'primeiro andar'.


-Até onde quer ir? - Ana perguntou ainda no chão.
-O quarto andar. Lá tem dois galhos, um perto do outro. - Subi mais um andar. Faltavam dois. - Só espero que o galho não apodreça pela minha presença. - Murmurei baixinho.
-O que? - Ana perguntou assustada. Ela perguntou aquilo mas entendeu o que eu disse.
-Fica calma, se o galho apodrecer vai ser o meu. - Respondi subindo mais um andar, assim como Ana.
-Ai você cai. - Ana completou.
-É quase impossível eu chegar a cair no chão. Eu provavelmente voaria usando os poderes de Zeus. - Me virei e dei um sorriso despreocupado pra ela. Ela rolou os olhos.


Subi mais um andar e cheguei até mais ou menos onde eu queria. Mas tinha um problema: o galho próximo que eu queria ficar estava difícil de alcançar. Ele ficava do lado, mas um pouco mais acima. Não havia nada no meio para usar de apoio como antes.


-Não tem como ir lá. - Ana comentou pra mim, temendo alguma idéia louca minha. - Vamos ficar por aqui mesmo.
-Não, eu quero subir. - Teimei. Eu estava com vontade de ir até lá. Mas o duro é que eu teria que pular, agarrar o galho e subir.
-Louca! - Ana criticou minha sanidade. Ou a falta dela.


Fiquei em pé no galho e tentei alcançar. Meus dedos rasparam na madeira, mas não estavam suficiente perto para mim agarrar e me puxar pra cima.


-Droga. - Reclamei da pequena distância que poderia facilitar minha vida.
-Desiste. O galho não vai aguentar o tranco. - Ana tentou me desanimar.
-Vai sim. - Rebati.


Me preparei pra pular, tentando não olhar pra baixo. "Vai pular mesmo?" a voz de Nico me deu um dos maiores sustos que eu tivera atualmente. Quase desequilibrei e cai.


-Filho da mãe. - Falei em voz alta com o susto. Ouvi sua risada do lado de fora. Olhei para de onde vinha o som. Ele estava sentando em um galho de uma árvore, do lado dos meninos. Sua árvore era de frente para a minha, mas separadas pelo Riacho. Ele estava irritantemente lindo. Sentado no galho com uma perna de cada lado, calça jeans e uma camiseta básica, coturnos, e jaqueta de couro. Tudo preto. Pra completar, cabelos bagunçados e um sorriso brincalhão. - Vai a merda Nico. - Ele riu da minha irritação, e eu queria estapear aquela cara perfeita.
-Gostei da camisa. - Ele disse. Eu sabia que ele ia perceber minha roupa, mas não pensei que fosse tão cedo.
-Gostei da jaqueta. - Respondi.
-Vai ficar comendo ele com os olhos ou vai subir? - Ana interrompeu. Ri.


Pra afetar mais ainda Nico, tirei minha capa. Só pra ele olhar e descobrir que o tecido da camisa era fino e levemente transparente. Pude ver sua expressão de leve choque e foi a minha vez de rir. Joguei a capa sobre o tronco que eu ia pular. Me preparei pra pular, tentando não olhar para baixo. Pulei, e agarrei o galho o mais rápido que pude. O galho mal se movimentou com o tranco. Meu braço não doeu, não muito. Eu havia ido à academia quase todos os dias. Me puxei pra cima com um pouco de trabalho.

Sentei no tronco com uma perna de cada lado, respirei fundo diminuindo a adrenalina no sangue. Ana finalmente subiu no último galho e se sentou reclamando de algo. O ar estava frio lá muito em cima. No chão a temperatura estava em cerca de 19 graus. Ali eram uns 17 graus. Coloquei a capa, sentindo-a me esquentar pouco a pouco.


-Que horas são? - Ana perguntou.
-To sem relógio. - Respondi.
-Não sabe ver a hora pela Lua?
-Sei, mas não dá pra ver por causa das folhas.


Ficamos ali até nos chamarem. Nos desci voando. Como era isso? Era como se houvesse uma plataforma invisível embaixo de você. Não era como se você voasse como o Superman. Ok dependendo as vezes dá para 'voar' como ele. Mas eu não estava no clima.


-Porque estavam ali? - Annabeth perguntou. Ela vestia uma calça e uma espécie de espartilho, ou seja lá o nome da coisa, de couro. Botas, cabelo trançado e quase nada de maquiagem. Seus peitos mais expremidos que laranja em um expremedor. Eu não sei se a comparação deu muito certo.
-Porque a Giovanna é doida. - Ana disse. Eu havia apenas aberto a boca para responder e ela já tinha o feito.
-Nossa, obrigada. - Falei para ela. Ela deu de ombros.


Quíron bateu uma das patas em uma pedra, fazendo um barulho irritante. Todos viraram para ele.


-Em cinco minutos vamos começar o jogo. - "Eis que se começa a famosa Guerra dos Sexos" Nico murmurou em minha mente e eu sorri por fora e ri por dentro. "Boa sorte", disse com humor em minha 'voz'. "Boa sorte pra vocês também. Vão precisar" Ele respondeu. - Os representantes das bandeiras serão: Ares para o time Masculino, - Os meninos do chalé de Ares entraram e todos do time Masculino fizeram barulho. - e Afrodite para o time Feminino.


O mesmo do que aconteceu com os meninos aconteceu conosco. Elas entraram carregando a bandeira, gritaria e bateram nos escudos para fazer barulho. Cada bandeira ficou no lado respectivo.


-Serão dados esses minutos restantes para que todos assumam as posições. Creio que sabem as regras de cor, portanto não vou dize-las. O fim do jogo será anunciado com uma buzina que irá tocar. - Ele olhou pra mim. - Elisabeth, pode fazer o favor de apagar as lanternas quando esse tempo apagar.
-Se eu dissesse não, quem o faria? Ok eu apago. - Respondi colocando um toque de humor na primeira pergunta. - Boa sorte meninos.
-Desejo o mesmo. - Percy disse.


E então nós demos as costas e desaparecemos na Floresta.

Entramos na Floresta, os três grupos que iriam invadir o campo inimigo andando apenas o suficiente para não serem vistas por eles e depois se dividiram nos três grupos. A bandeira estava sendo carregada deitada para não chamar a atenção com aquela madeira de metros que a bandeira era colocada. Andamos mais ou menos quinze metros e eu, Ana e Beatrice paramos. Todas prosseguiram e passando um tempo vi as arqueiras subindo nas árvores. Paramos bem ao lado de uma das lanternas de ferro.


-Espero que eu consiga ver alguma coisa. - Beatrice falou, tirando sua espada da bainha. Era básica, mas a lâmina era fina e de aparência mortal.
-É lua cheia. É bem provável que dê para enxergar bem. - Respondi, também sacando minhas duas espadas. - Qualquer coisa eu abençoo vocês.
-Você fala como se isso fosse algo simples e não sério. - Ana ficou indignada.
-Não é sério. Eu só não sei quais os exatos efeitos da minha benção. Mas tenho certeza que visão noturna e alguns poderes relacionados a noite e o ar estão no cardápio.
-Agradável. - Ana ironizou.
-Ah, não é tão ruim assim. - Respondi. - As vezes é legal.
-É, tudo tem o seu lado bom. - Ana observou as árvores.
-Um minuto. - Contei. - Espero que todo mundo já esteja em posição.


O tempo voou. Abri a lanterna e assoprei o fogo. E então tudo ficou escuro.

Eu conseguia ver normalmente, como uma visão noturna. Logo ouvi o farfalhar distante das folhas, e deduzi serem os grupos entrando no território Masculino. O frio estava cortante e a Lua iluminava bastante. Ouvi os barulhos altos do grupo principal. Mas nada do nosso lado, o que era suspeito.


-Estão vendo bem? - Me certifiquei.
-Acho que sim. - Ana e sua total certeza me responderam.
-Aham. - Ouvi Beatrice murmurar.


E então dois garotos tentaram passar. Eles tentaram passar correndo, um de cada lado do nosso grupo. Eu estava entre as duas, mas elas foram rápidas e colocaram as espadas na frente, bloqueando o caminho. Eles levantaram as espadas e logo começaram a duelar com as meninas. A única coisa que pude fazer foi ficar de olho nas meninas e na nossa frente para o caso de alguém aparecer. O tilintar das espadas eram altos, provavelmente chamando a atenção de todas as meninas e as avisando de que começaram os ataques. Foi então que eu ouvi os outros barulhos. Sons de luta, vindos dos dois lados.

No mesmo segundo, Beatrice conseguiu derrubar o garoto com quem lutava, sendo seguida por Ana.


-O que fazemos com eles? - Ana perguntou.
-Estão fazendo uma prisão no fim da floresta. Vamos levar eles lá. - Beatrice explicou. Felizmente os dois estavam conscientes, então não teriam que arrastar ninguém até lá.


Ana bufou por preguiça ou falta de paciência para escoltá-los até lá, ou os dois. Elas fizeram os meninos levantarem, seguraram suas duas mãos por trás das costas e colocaram a espada no fim da coluna deles, mais ou menos. Eu não reconheci nenhum dos dois e estava torcendo para elas enxergarem na luz ruim da Lua. Logo eu não conseguia ver elas por causa das árvores. Voltei a vigiar a frente.

Dois minutos depois, eu acho, acho, ouvi um farfalhar extremamente baixo mas muito próximo. Levantei meu capuz e desapareci. O barulho das folhas sendo amassadas não apareceu denovo mas eu sabia que o garoto ainda estava lá. "Como tá aí?" a voz de Nico me assustou e tirou parte da minha concentração. "Animado. E aí?" Respondi tentando me focar mais no meu inimigo inaudível. "O mesmo". Se ele falou algo depois disso eu não devo ter prestado atenção. Porque o garoto entrou em meu campo de visão.

A silhueta do garoto era mais que familiar pra mim. Congelei no lugar, esperando ele passar por mim. Quando ele o fez, virei rapidamente e o derrubei. Pelo jeito de eu tê-lo virado ele caiu de frente pra mim. As mãos segurando os pulsos de seus braços que não paravam de se agitar, cada perna de um lado da cintura dele. Quando caimos, meu capuz caiu e eu me tornei visível. Seus cabelos estavam mais bagunçados do que antes, e os meus quase tocavam o rosto dele. Eu ainda segurava minhas espadas de um jeito que nem eu entendi.


-Olá querido. - Brinquei sorrindo. Ele acompanhou meu sorriso um pouco louco.
-E aí? - Ele parou de se debater tanto.
-Sabia que era eu? Por isso me distraiu?
-Acertou. E vocês estão usando a mesma estratégia.
-Parte dela. - Menti.
-Ok, bom saber.


Então ele decidiu dar uma de louco e rolou, ficando em cima de mim. Agora seus joelhos estavam em meus pulsos, me obrigando a soltar as espadas, e cada mão em um lado da minha cabeça. Ele riu, e seu hálito bateu em minha bochecha.


-Eu conheço seus golpes. - Ele disse e uma voz no fundo da minha cabeça discordou disso.
-Sai de cima de mim. - Me debati. Infelizmente ele era muito forte. A única coisa que consegui fazer foi levantar os braços até a altura da cabeça, mas mesmo assim ele segurou meus pulsos.
-Que falta de criatividade pra o que falar.
-Quem não nos conhece e nos vê assim pensa que nos odiamos. - Disse sorrindo e ele riu.
-Depende.


Nico abaixou o corpo e me beijou. Sabem aqueles beijos que fazem você perder a linha de raciocinio e mais um pouco? Então, foi por ai. Todas as forças que eu estava usando para lutar contra ele sumiram temporariamente. Quando ele se separou de mim, eu me dei conta de que tinha algo em meus pulsos. Olhei pra trás do jeito que consegui.


-Fliho da mãe. - Gritei. Havia uma árvore alguns centímetros de mim, e eu estava amarrada nela. Meus dois pulsos estavam amarrados com uma corrente fina e um cadeado. De que inferno ele tirou aquelas coisas? Ele riu e saiu de cima de mim. - Quando aprendeu a me enganar?
-Eu tenho meus dons. - Ele pegou sua espada e eu sentei, na medida do possivel. - Agora, eu tenho que ir.


Ele não ia andar dez metros sem ser pego por uma arqueira. Tentei esconder um sorriso. Eu já tinha como pegá-lo e como sair dali. Só esperei algum xingamento. Em menos de um minuto:


-Ah, vai cagar. - Ri alto.


Meus pulsos esquentaram muito e a corrente derreteu. Me levantei tirando a sujeira da roupa e peguei minhas espadas do chão. Caminhei na direção que o som veio para encontrar Nico com um cabo de aço enrolado em seus tornozelos e uma garota mirando uma flecha nele. Ele tentava, sem sucesso nenhum, cortar o cabo com a espada.


-Besta. - Falei rindo dele, que bufou. Virei para a arqueira. - Muito bom Isabelle. - Eu e ela havíamos conversado por um tempo longo durante a tarde sobre filmes e séries. Filha de Íris e com 15 anos.
-Valeu. - Ela disse dando um sorriso grande. - Pretende fazer o que com ele?
-Não vou colocar com os outros, isso eu tenho certeza. Ele pode fugir fácil de lá. - Me abaixei, coloquei a mão no cabo e ela derreteu. Ele tentou fugir. Agarrei seu tornozelo e ele caiu novamente. - Pode voltar pro seu lugar, sem querer soar grossa. Mas eu vou ficar de olho nessa criatura.


Ela deu uma risada baixa e subiu na árvore com habilidade. Fiz ele levantar e escoltei ele até o ponto em que eu e as meninas estavamos ficando. Lá, eu o prendi em uma árvore apenas com uma corda preta, feita de sombras, mas muito resistente. Ali perto não havia sombra alguma porque eu as tirei. Sentei do lado dele, esperando as meninas ou algum garoto. O que viesse primeiro.


-Vai me prender a noite inteira aqui? - Ele perguntou, virando o rosto pra mim. Seus braços passavam em volta da árvore e seus pulsos estavam amarrados.
-É o que eu pretendo. - Sorri pra ele.
-Legal. - Ironizou.


Ouvi um barulho e me levantei, sacando as espadas do colar. As donas do barulho apareceram e eram Ana e Beatrice. Assim que elas entraram na nossa mini clareira pararam no lugar onde estavam e ficaram olhando de mim para Nico.


-Ah, são vocês. - Observei frustrada por não ser algum menino. Coloquei minhas espadas no colar e me joguei no chão ao lado de Nico. Ele observava tudo com uma cara amarrada por estar sendo mantido refém por duas garotas e uma Deusa quase que com dupla personalidade.
-E aí, tudo bem? - Beatrice ironizou. Eu ri.
-Movimentado. - Brinquei.
-Posso saber porque ele tá amarrado? - Ana indagou.
-Eu to devolvendo o favor que ele fez á alguns minutos atrás, sem contar que ele pode fugir se ficar com os outros com a mesma facilidade que bebe água. - Dei um sorriso um tanto que presunçoso pra ele.
-Eu te odeio. - Ele disse tentando conter um sorriso.
-Só por algumas horas. - Brinquei.
-Seus nojentos. - Beatrice fez cara de nojo.
-Ana geralmente fala isso. - Observei estranhando a diferença.
-Temos o mesmo ponto de vista sobre vocês dois, só isso. - Ana parecia estar agindo como Beatrice. Devem ter batido a cabeça com força.
-Ok, então. - Encerrei o assunto.


Os próximos minutos foram um pouco parados. Encostei a cabeça no ombro de Nico e ele me mandou sair milhares de vezes e sacudiu os ombros. Eu ria e dizia "não" várias vezes, e ele bufafa. As meninas conversavam entre si. Todas falávamos baixo para não chamar atenção, menos Nico que estava louco para sair dali.

Então uma gritaria das meninas se ergueu no ar. Consegui identificar alguns "peguem eles" e soube que os meninos haviam pego a bandeira. Me levantei com as espadas prontas, assim como as meninas. Ouvi as flechas com cordas das meninas sendo disparadas e acertando as árvores. Percy, Quíron e Travis apareceram correndo. Connor provavelmente havia sido pego, mas eu me surpreendi com Quíron no ataque. Ele não costumava ficar nele porque não gostava de lutar muito contra os campistas. E sim, haviam algumas vezes que ele jogava para equilibrar.

Nico começou um trabalho para se soltar que eu não entendi o que ele planejava. Levantamos as espadas na frente deles e eles pararam bruscamente tentando não encostar nas pontas das lâminas. Eles ofegavam e Travis segurava a bandeira rosa com a pomba. Ele era o mais rápido, fazia sentido. Eles nos olharam por um segundo antes de atacar.

Percy foi para Ana, Travis tentou passar Beatrice sem o menos sucesso, e Quíron desferiu um golpe para mim. Me defendi colocando as duas espadas na minha frente e recuei um passo. O que mais me admirava era que ninguém havia aparecido ainda.

Eu usava toda a raiva que eu mantinha de Quíron para lutar contra ele. Acreditem em mim, ajuda bastante. Meus golpes eram mais fortes do que o habitual, o que precisavam ser porque Quíron usava o mesmo 'recurso' que eu. Eu estava em vantagem porque podia usar ambas as espadas para defender e uma para atacar. Até que eu tropecei em uma raiz grossa de alguma árvore e cai com força no chão. Minhas costas explodiram em dor ao cair exatamente em cima de uma outra raiz. Me esforcei para conter um grito de dor e meus olhos se encheram d'água. Todo o ar saiu de meus pulmões com a queda e eu arfei por ar. Minhas espadas cairam longe e ele colocou a espada dele na minha garganta me impedindo de levantar.

Eu estava encurralada. A dor me impossibilitou de pensar bem, mas a vontade de ganhar ajudou a combater. Puxei o pingente da minha pulseira e ao invés de arrebentar o pingente se transformou na minha espada antiga, deixando a corrente. Com um movimento tirei a espada dele do meu pescoço, correndo o risco de cortar meu pescoço com isso. Me levantei com as minhas costas gritando em protesto. Meus movimentos estavam mais lentos e duros mas era melhor que nada. Pensei em uma idéia de vencer Quíron. Fiz ele recuar alguns passos e prendi seus cascos com minhas cordas de sombras.


-Não vale amarrar. - Ele esbravejou.
-Não são cordas. Você está preso em sombras. - Dei um sorriso.


Um "merda" chamou minha atenção. Virei a tempo de ver Percy fugindo com a bandeira. Ana havia levado um corte feio no braço e Beatrice estava ocupada com Travis. Tirei meu anel e ele se transformou no meu arco. Atirei uma flecha com uma corda e ela se enrolou nas pernas de Percy. Ele caiu e tentou lutar contra as cordas de sombra.

E então a buzina soou. Beatrice derrubou Travis e nos entreolhamos com sorrisos vitoriosos. Havíamos ganhado o jogo. Libertei os três das sombras. Minhas costas doiam mais que tudo.


-Puta que pariu. - Me permiti dizer com a expressão dominada pela dor. Eu podia me curar rápido mas isso não havia acontecido ainda, o que provava que o ferimento era grave.
-O que foi? - Ana soou preocupada. Quíron e Percy não estavam mais lá, então eu podia parar de segurar tanto a dor.
-Quíron me derrubou e eu bati as costas em uma raiz. - Apoiei em um galho.


Annabeth apareceu com um sorriso enorme e gritando com outras meninas. Sorri ao vê-las.


-Vamos lá comemorar. - Ela gritava, só faltava saltitar.
-Podem ir. Eu to quase morrendo. Acho que vou pro meu chalé. - Respondi sorrindo fraco.


Elas se entreolharam e foram. Me virei e Nico ainda estava ali. Eu pensei que ele tinha saído nesse meio tempo. Pelo jeito eu havia errado.


-Pensei que já tivesse ido. - Falei fechando os olhos momentaneamente. Abri e vi ele me olhando preocupado.
-Tá com dor? - Ele veio em minha direção. Assenti.
-Se não fosse pelos meus poderes acho que eu ia ficar com problema na coluna. - Falei.
-Posso ver? - Ele me olhou com aquela cara que complicava dizer um "não".
-Pode. - Suspirei e virei de costas.


Senti ele afastando minha capa e subindo as costas da minha camisa.


-Se eu te falar que não é nada eu to mentindo. - Ele observou. Emcostou no ponto exato onde doía, do lado direito, e a dor apareceu remunguei de dor. - Desculpa. - Senti o tecido tampar a minha pele novamente. Virei para ele. - Está roxo.
-Maravilha. - Ironizei sorrindo levemente. - Acho que vou ir dormir.
-Vai perder a comemoração da sua vitória? - Ele sorriu. - Parabéns, aliás.
-Obrigado. - Disse rindo. - Amanhã eu comemoro. O dia foi corrido.
-Concordo.


Coloquei meus braços em seus ombros trazendo-o mais pra perto e ele colocou as mãos em minha cintura. Ele me beijou e eu apertei seus ombros largos. Nos separamos e eu respirei fundo. Deitei minha cabeça em seu ombro e ele não reclamou. Relutei a me separar dele para ir ao meu chalé. Quando dei um passo para me virar ele segurou minha cintura e me puxou para mais um beijo.


-Pelos deuses. Assim é complicado. - Falei rindo quando paramos para respirar.
-Pode ir. - Ele soltou minha cintura. - Boa noite.
-Boa noite. - Assim que disse eu fui para o chalé. Minhas armas haviam voltado para a forma de jóias.


Mal prestei atenção na bagunça. Apenas tirei a capa e as jóias e despenquei na cama dormindo instantâneamente.


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Notas finais do capítulo

Me digam como acham que vai ser o último capítulo. Quero saber suas idéias.



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