Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 31
Estranha manhã


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, mas pra compensar o capítulo ficou grandinho.



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Eu não sei quanto tempo demorou, ou o quanto eu corri. Fui parar na floresta sem ao menos decidir ter ido lá, antes.

Eu corria entre os galhos e árvores, tentando desviar. Mas era inevitável ter minha pele fina rasgada pelos galhos e folhas grossas. Minha vista estava embaçada de lágrimas, me fazendo sentir mais desorientada ainda. Parei quando mal conseguia respirar e me apoiava nas coisas para suportar as minhas pernas fraquejando. Sentei quase caindo em meio á uma clareira, me encostando em uma das árvores. Me encolhi, abraçando minhas pernas, enterrando meu rosto ali. Eu me sentia cansada, tão psicológica quanto fisicamente. Meus braços ardiam, minha meia calça estava rasgada, e meu rabo se desfazia sozinho.
Quíron sempre havia exigido mais de mim, me tratado mais como uma criança como os outros. A maioria das vezes, ele parecia ser deus no meu lugar, mandando em mim. Meu pai, quando eu não era muito pequena, fez um acordo para que quando eu ficasse no acampamento, tomasse cuidado com os meus poderes e para mim não me tornar muito mortal. Mas isso aconteceu, e eu não esperava que ele realmente fosse tomar tão terrível atitude. Mas ele o fez.

Ouvi passos á minha direita. Eu corria para me esconder, e alguém ia lá e me encontrava. Quão inútil isso era? Levantei meu rosto para olhar, tentar ver se conseguia ver quem era. Mas mesmo tentando usar algum dos poderes que eu usava para esse fim era inútil. Eu não conseguia me focar. Me lembrar deles resultava nisso.

A pessoa chegou mais perto, e vi que era Nico seguindo Lorien. Lorien e sua mania de trazer pessoas até mim. Escondi meu rosto novamente, devagar dessa vez. Ouvi as folhas se quebrando sob seus pés, chegando mais e mais perto até parar ao meu lado. Não reagi, continuei derrubando lágrimas. As folhas se quebraram mais, e logo ele estava sentado ao meu lado. Não disse nada, apenas colocou seu braço ao redor da versão encolhida de Giovanna que eu estava, me trazendo mais pra perto dele. Eu não sabia o que fazer, na verdade. Ninguém nunca havia me confortado desse jeito, ou de maneira alguma. Eu apenas fiquei lá, chorando como se as memórias fossem embora com as lágrimas se eu quisesse. Mas isso não aconteceria, obvimente. Ele ficou me segurando até tudo se acalmar de leve, depois tentou arranjar uma explicação ou resposta que eu o disesse.


-O que aconteceu? - Ele perguntou. Sua voz rouca me afetava de maneiras positivas e negativas. - Porque está toda machucada?


Não o respondi. Soltei lágrimas silenciosamente, em meio à altos soluços. Eu não queria parecer fraca, principalmente na frente dele. Respirei fundo, tentando me acalmar. Mas acabei só conseguindo piorar. Eu estava com raiva de mim mesma. As pessoas ficam com raiva de si mesmas? Eu era uma pessoa? Eram perguntas tão estúpidamente desconexas e idiotas que eu me recusei a pensar a respeito delas. Nico, como tentava me acalmar começou a tentar me fazer falar qualquer coisa. Ele era muito parecido comigo quando tinha a ver com isso. Ambos não sabiam consolar uma pessoa. Era estranho pensar que meu namorado agia de um jeito parecido comigo.


-Sabe, eu nunca vi ninguém tão bravo quanto Quíron estava com você. - Ele falou, encostando seu rosto na minha cabeça. - Ele sempre fica assim com você? - Não respondi. - Olha, se você quiser que eu vá embora e queira ficar sozinha eu posso ir.
-Não. - Murmurei colocando os braços ao redor dele e deitando minha cabeça em seu ombro. - Fica aqui.


Me foquei mais ainda em me acalmar.

Algum tempo depois, as lágrimas pararam de cair tanto. Eram apenas lágrimas soltas que caíam quando eu não conseguia contê-las. Me preparei para começar a contar pra ele tudo, e então ele deu um beijo no topo da minha cabeça. Me fazendo ter um arrepio. Ele riu baixo.


-Toda vez que eu o deixo bravo ele fica assim. Mas não importa o tamanho da coisa que eu faço, ele sempre reage assim. - Minha voz estava vazia.
-Ele não deveria ser tão duro. - Sua voz estava calma, para não provocar em mim alguma reação. Se ele gritasse ou falasse bravo, provavelmente, eu iria chorar. Infantil, eu sei. Mas todos tinham sua fraqueza, a minha era não saber lidar com sentimentos.
-Ninguém deveria, na verdade. Ele não é o único que me trata assim. - Falei. Coloquei meu rosto na curva de ser pescoço, inevitavemente sentindo o maravilhoso cheiro do perfume masculino já fixo em sua pele. Eternity da Calvin Klein, minha mente me lembrou.
-Quem mais te trata assim? - Ele me perguntou, se arrepiando pela minha respiração batendo em seu pescoço.
-Quase todos os primordiais. Deuses menores que controlam o clima tipo Quione ou Éolo. Ares, Perséfone e Hermes. Entre vários outros.
-Credo.
-Pois é.


Respirei fundo, limpando minha mente. Me concentrando nele, para não me perder nas memórias horríveis que eu tinha com esses deuses.


-Quem eram as pessoas que você falou na arena? Os que Quíron obrigou você a se afastar. - Respirei fundo novamente.
-Eu era bem nova - Comecei a explicar desde o começo de tudo. -, eu estava cansada de treinar, treinar e treinar. Foi assim que eu decidi me tornar uma deusa. Então eu vim para o Acampamento. Como havia Quíron aqui, não viram problema. Ao chegar aqui, todos me tratavam como deusa, o contrário do que eu queria. Mas eles não. Eles queriam se tornar meus amigos. Eram três meninas e dois meninos. Cecily, Sophie, Alice, Josh e Chris. Ficamos muito amigos, e Quíron viu que eu estava mudando. Eu estava me importando mais com as coisas do Mundo Mortal, e esquecendo das minhas obrigações e deveres. Apesar disso, eu nunca estive tão feliz. E então nós tivemos uma briga pequena e Quíron viu a oportunidade, e me obrigou a ir embora sem dar explicações. Desaparecer, como eles chamaram. - Respirei fundo pela milésima vez e notando que eu estava a beira das lágrimas. - Eu tive que ouvir por anos eles me chamando, suas orações, oferendas, tudo. E eu não podia fazer nada. Eles pensavam que eu havia ido embora por culpa deles. Eu as vezes me lembro de quando Cecily morreu, aos 20 anos por um ataque de uma Moira na sua casa, eu fugi para ir ao seu enterro. Eu vi eles lá todos juntos, assim como eles me viram. Tudo o que consegui dizer foi "me desculpem" antes de ser trazida de volta ao Olimpo pela minha mãe.


Seu aperto ao meu redor cresceu, e inevitávelmente as lágrimas caíram.


-Eu sinto muito. - Ele não sabia o que dizer, e acabou dizendo isso.


(...)


Eu não faço idéia de quanto tempo ficamos lá, na verdade não me importava porque se eu quisesse saber que horas eram eu conseguiria. Eu havia esticado minhas pernas, cobertas por uma meia-calça suja e rasgada, e mantido apenas um braço nos ombros de Nico e a cabeça encostada em seu ombro. Seu braço estava ao redor da minha cintura. Eu estava mais tranquila, mas meus braços ainda ardiam. Havíamos conversado um pouco, tentando esquecer o assunto inicial. O que faríamos no dia seguinte, nosso aniversário, eu contei pra ele do estranho rolo de Ana e Alex.

Ouvimos o farfalhar de folhas e ergui minha cabeça, consequentemente levantado a dele. Annabeth, Percy, Charlie, Alex e Ana apareceram seguindo Lorien. Eu estava irritada com essa mania dela.


-Safadinhos. - Ana falou. Eu ia bater na cabeça dela com algo se ela nos chamasse disso denovo.
-Pelo amor dos deuses, Ana. - Annabeth falou. Era a sentença mais estranha que ela já havia dito. - Não é hora pra isso.

-Tem hora pra falar as coisas por acaso? - Ela perguntou usando seu tom de desdém e empinando o nariz.
-Claro que tem. - Alex respondeu. - Você não vai chegar em um cemitério no dia de finados; gritando: "E aí defuntos".
-Está tentando ser mais legal do que eu, Alex? Porque não está funcionando.
-Ah, vai se ferrar. - Ele respondeu. Grande resposta, Alex. Muito criativa também.
-Dá pra calar a boca? - Percy interrompeu a discussão.
-Dá, mas eu não to a fim. - Ana respondeu.
-Ai sua chata. - Falei algo pela primeira vez desde que eles apareceram. Eles não pareceram ligar muito pra esse fato.
-Só estou falando. - Ela respondeu, se acalmando.
-Então para de falar. Eu estou com dor de cabeça. - Charlie reclamou.
-Morre que passa. - Alex falou.
-Revoltadinhos vocês. - Falei sorrindo, quase rindo.
-Pois é. - Nico concordou.
-Enfim. - Annabeth falou alto, calando todo mundo dessa vez. - Ficamos preocupados com vocês. - Ela recebeu olhares de todos. - Eu fiquei. - Corrigiu.
-Que bonitinho. - Viram? - Perguntei pra eles. Que ficaram confusos. - Ela se importa.
-Eu não to nem aí. - Percy falou. - Só sei que temos aula de tiro com arco.
-Com o chalé de Apolo? - Ana perguntou, e eu engasguei com minha própria saliva. Eu tenho problemas.
-É. - Annabeth respondeu, percebendo o porque da nossa reação.
-Vou acertar uma flecha na bunda dela. - Ana falou e eu ri alto.
-Você tem uma péssima mira, isso não vai rolar. - Falei, ainda rindo. - Eu faço isso pra você.
-Ninguém vai flechar a bunda de ninguém. - Annabeth cortou nosso barato. Eu e Ana fizemos bico.
-Além do mais, Giovanna, vai se ferrar mais ainda com Quíron se fizer isso. - Charlie comentou. Se encostou em uma árvore, tentando parecer meio badboy. Não ia rolar.
-Ele ficou muito bravo comigo, depois que eu saí?
-Muito. Não terminou a aula, e saiu da Arena. - Alex contou.
-Acho que ele passou a aula de hoje para Will. - Percy me deu esperanças de não encontrar ele lá.
-Temos 30 minutos para ir pra aula. - Annabeth falou, nos apressando de certo modo. - Então Giovanna, sugiro que vá tomar um banho.
-Ok. - Me levantei.


Tirei as folhas e a terra do meu vestido, olhando para os arranhados em meus braços e pernas. O sangue dourado mais conhecido como Icor, ainda estava saindo.


-Eca. - Murmurei. - Tá ardendo.
-Quem mandou. - Nico falou se levantando.
-Xiu.
-Eu vou tomar um banho também. - Nico falou, voltando ao assunto.
-Só vão em chalés diferentes. - Percy falou. Eu não sabia se ele estava brincando ou não. Provavelmente não. Eu e Nico coramos. "Só falta eles terem descoberto até o que fizemos noite passada", o tom de voz de Nico em minha cabeça estava divertido. "Não duvido", respondi me lembrando sem querer. Beijos, chuveiro, cama. Abaixei o rosto tentando esconder um sorriso.
-Quando vocês se tornaram tão indecentes? - Annabeth perguntou. Todos haviam visto meu sorriso.
-Desde o fim das férias do ano passado. - Ana opinou.
-Ah, cala a boca Ana. - Nico falou. Sua mão buscou a minha, e demos as mãos.
-É verdade. - Ela defendeu sua idéia.
-Vão logo. - Charlie reclamou.
-Eu e Ana vamos junto com você, Giovanna. Pra ter certeza de que cada vai pro seu canto.
-Ah, pelos deuses. - Reclamei.
-Vamos logo. - Ela apressou.


Bufei impaciente. Nico deu um beijo em minha bochecha e soltou minha mão relutante. Caminhou até uma sombra grande de uma árvore.


-Vejo vocês na Linha de Tiro. - Ele falou sem se virar. Pisou na sombra e desapareceu. Charlie ficou chocado.
-O que aconteceu? Ele morreu?
-O que? Morreu? - Falei. - Claro que não. É Viagem nas Sombras.
-Legal. - Ele murmurou.
-Eu consigo fazer isso. - Contei. - O meu veio de Hades também, já que meus poderes não são apenas do meu domínio.
-Podemos ir? - Ana perguntou.
-Vamos. - Estendi as mãos pra elas. - Ah qual é. Eu não vou ir andando nesse estado. Ainda por cima está sol.


Elas caminharam até mim, e pegaram minhas mãos.


-Não vamos por Viagem das Sombras né? - Ana perguntou, sua voz soando desconfiada.
-Não. - Respondi, na mesma hora nos teletransportando para o chalé.


Eu me senti levemente exausta ao chegarmos no chalé. Também, fazer duas viagens, ambas carregando pessoas não era algo muito fácil.

Nossos pés mal tocaram o chão e larguei a mão delas. O chalé continuava bagunçado obviamente. Se tudo estivesse arrumando quando eu voltasse iria ser no mínimo intrigante. Elas observaram o chalé. Suspirei e me joguei na cama. Cai de barriga pra baixo e com o rosto contra os lençóis. Estava com o cheiro de Nico. Agarrei um punhado de lençol e abracei sentindo o cheiro. Tão bom...


-Vai demorar? - Annabeth me tirou da paz.
-Se eu disser que sim, vocês vão embora e me deixam dormir? - Falei socando minha cara com o lençol.
-Não. - Ana respondeu. - Não quero me ferrar sozinha caso eu acerte uma flecha na Melissa.
-E no que eu influencio? - Perguntei intrigada.
-Eu não tenho mira boa. Então, se eu acertar jogo a culpa em você porque você mudou o vento.
-Isso não faz sentido. - Annabeth comentou.
-To nem aí. Você vai pra lá e ponto final. - Ela disse a última frase apontando para mim, como se eu estivesse sendo acusada de algo.


Bufei, impaciente. Queria ter força de vontade para levantar, mas estava difícil. Eu queria dormir. Apenas isso. De que valiam as férias de verão se você não podia dormir até tarde? Era inútil.


-Vai, levanta. - Annabeth chutou minha perna de leve quase uma cutucada estranha.
-Não quero. - Choraminguei.
-Levanta logo. - Ana veio e chutou minha bunda. Como ela fez isso eu não tinha idéia.
-Não me chuta. Eu não sou cachorro, não. - Falei tentando me enterrar mais ainda na cama.
-Vai logo. - Ela me chutou denovo.
-Para de me chutar caramba. Olha o respeito. - Falei levantando.
-Se o meu método funciona não to nem aí pra respeito. - Ela falou. - Devia ter arrumado esse lugar.
-Não tive tempo. Acordamos atrasados.
-O que aconteceu ontem a noite? - Annabeth perguntou.
-Ah aí não né, Annabeth. Não vou contar. - Meu tom era meio divertido, meio sério, meio envergonhado. Era algo bem confuso.
-Eu também quero saber. - Ana falou.
-Mas nenhuma das duas vai ficar sabendo. - Falei entrando no banheiro.
-Chata. - Ana me criticou.
-Vocês são muito indecentes.
-Só a gente? - Droga Annabeth. Porque tinha que ter a mente tão rápida? Mas fiquei quieta.


O banheiro estava com o tapete molhado, mas haviam marcas de água que secaram no chão. Eu já estava tirando a roupa para entrar no chuveiro quando Annabeth me perguntou em seu tom malicioso engraçado.


-Porque seus travesseiros estão molhados? - Fiquei quieta. Não iria explicar.
-Porque está futricando no meu quarto? - Perguntei deixando ela quieta também.


Entrei no chuveiro. A água passou pelo meu corpo e caiu em um tom claro de dourado causado pelo Icor. Eles não pareciam ter ficado assustados por aquilo, o que me deixou feliz. Fui obrigada a lavar o cabelo pela milésima vez naqueles dias. Eu gostava de lavá-lo, mas não duas vezes em um dia. Sai do chuveiro apenas me secando com a toalha, porque eu não precisava vestir a roupa. Pisquei os olhos e logo estava vestindo um short e uma camiseta justa do acampamento. Eu usava o anel de compromisso e a pulseira, sentindo falta de um colar. Escovei os dentes e sai do banheiro bocejando. Meu cabelo estava solto e molhado, por pura preguiça minha de pensar em algo para fazer nele.


-Vamos? - Annabeth perguntou se levantando rapidamente. Ela estava sentada no sofá-cama, com a mini pilha de roupas do Nico perto de seus pés. Ela olhou para aquilo, e depois olhou pra mim com expressão acusadora. - Você devia arrumar isso. Não é agradável olhar pra isso. - Ela cutucou as roupas com o tênis roxo.
-Não tivemos tempo. - Era a segunda vez que eu falava em Nico e eu na 1° pessoa do plural, naquele assunto.
-Não é legal olhar mesmo. - Ana comentou olhando para os lados. Haviam roupas minhas jogadas pelo quarto inteiro. - Não é legal também, ficar tentando descobrir como essas roupas vieram parar aqui.
-Argh. - Foi tudo o que eu disse, tapando o rosto com as mãos. - Cuidem da vida de vocês.


Fui até a minha bolsa e peguei meu arco. Eu estava com preguiça de carregar ele, então tive a idéia de hospedá-lo em um colar.


-Ana, escolhe um colar aí pra mim. - Falei apontando para a caixa de jóias. Ela caminhou até lá e começou a escolher um.
-Sabe que não é bom ir aos treinos com tantas jóias. Podem amarrar em alguma coisa. - Annabeth cruzou os braços na frente dela.
-Eu já lutei até de salto alto. Não é difícil ir a um treino com algumas jóias.


Assim que eu terminei de falar Ana trouxe o colar. Era um colar dourado com pingente de esqueleto de peixe morto. Eu nem lembrava onde tinha conseguido aquilo, mas gostava dele. Enrolei a corrente na minha mão esquerda, e o pingente ficou na palma da minha mão. Coloquei a mão com o colar no arco, apertando de leve. Murmurei algumas palavras em grego antigo e uma luz dourada brilhou onde o colar encostava no arco. Senti um leve calor, a luz se intensificou, e o arco sumiu da minha mão. As meninas estavam boquiabertas. Ri da expressão delas e coloquei o colar no pescoço.


-Legal. - Ana murmurou em tom animado.
-Pois é. - Acrescentou Annabeth.
-Podemos ir? - Perguntei, já pronta.
-Claro. - Annabeth me respondeu.


Peguei o pulso delas e as levei para a Linha de Tiro com Arco.

A Linha de Tiro era exatamente o que o nome dizia. Ela ficava entre a Arena e a Floresta. Antes faziam as aulas de Tiro com Arco na Arena, mas acabaram trocando. Enfim. Era uma linha marcada no chão, e vários alvos na frente com a distância aumentando conforme passava. Estava com umas coisas jogadas no fundo. Pareciam ser bonecos de palha destruídos da arena, mas era complicado definir.

Quase todos os filhos de Apolo estavam lá, apenas olhando. Melissa também estava lá, com seu joelho arrebentado e uma cara de coitada. Percy, Alex e Charlie estavam lá. Will, que estava na nossa frente de costas para nós, se virou assustado com nossa aparição repentina.


-De onde vocês vieram?
-De onde todos vem. Tipo, do homem e da mulher. - Falei e ele fez uma cara impaciente.
-Oi. - Percy falou chegando até nós, com os gêmeos o seguindo.
-Oi. - Respondemos em uníssono.


Larguei o pulso das meninas, me perguntando porque eu ainda estava segurando. Ainda da tempo de fugir, pensei comigo mesma. Depois dessa aula eu pretendia almoçar e dormir.

Com o tempo todos chegaram, inclusive Nico. A aula começou incrivelmente chata, com a mesma história de posicionar em linha, atirar, e se acertar passar para o próximo alvo. Eu não precisava de muita concentração, mas ficar ouvindo a voz irritante de Melissa era demais pro meu cérebro.


-Pelo menos eu consigo acertar o alvo. - Ela falou rindo com suas meio-irmãs que pareciam clones de tão parecidas, física e psicológicamente. Ana respirou fundo, tentando ignorar o fato de falarem sobre ela. Ela atirou e acertou o terceiro alvo.


"Se continuar assim, Ana vai atirar nelas, não nos alvos", pulei assustada com a voz de Nico em minha mente. Ele olhou pra mim e segurou um sorriso. "Não duvido", respondi atirando. Acertei o sexto alvo. Fui para a próxima fila. Era a que Melissa e as nojentas estavam. Elas ficaram quietas e me olharam com desprezo. Continuei de rosto erguido. Elas logo voltaram a cochichar. Essa fila demorava mais do que a anterior devido a distância. Eram uns quinze metros. Uma menina estava apontando uma flecha e mirando desde que eu havia chegado. Filha nova de Apolo, havia chegado semana passada, foi a resposta que eu obtive ao procurar sobre ela.


-Posso atirar pra você? - Ironizei irritada. Will, que estava supervisionando, me deu um olhar de "para com isso". A garota olhou pra mim brava.
-Consegue fazer melhor? - Não havia silêncio, até agora. Todos pararam o que estavam fazendo.
-Você sabe quem eu sou, certo?
-Uma semideusa metida? - Não, ela não sabia.
-Errou. - Respondi.


Levantei o arco e puxei a linha, a flecha surgiu sendo formado por sombras. Ela abriu a boca pra falar algo, mas eu atirei. Acertei o centro da mira. Tudo isso em cinco segundos. "Você adora esfregar as coisas na cara dos outros né?", a voz de Nico em minha cabeça me assustou. "Acho que é algum complexo que deuses tem. Deve ser. Eu gosto de chocar as pessoas, também. E me acho demais as vezes", admiti caminhando para a outra fila. Sua risada ecoou de leve. Dei um olhar meio sorrindo pra ele, balançando a cabeça. Todos agora olhavam eu e Nico, não entendendo nada. Era legal ter conversas e piadas internas, literalmente.


-Vão ficar me encarando? - Perguntei, levemente constrangida. - Voltem ao que estavam fazendo.


E eles voltaram, realmente.

A aula prosseguiu calma por meia hora. Até Melissa se empenhar fortemente em irritar Ana.


-Ei Ana, - Perguntou ela com voz sua voz estridente irritando até o canto mais escuro e obscuro de minha mente. Ana estava longe, mas eu podia vê-la. Seu maxilar estava travado, seus olhos agitados e irritados. - qual é a do piercing e do cabelo? Só te deixa mais bizarra.


Ela respirou fundo, se essa garota não se afogasse ou ganhasse uma flechada na bunda até o fim do dia, ela teria sorte. Alex, que estava atrás de Ana na quinta fila, passou o braço ao redor da cintura dela. Percy ficou desconcertado e levemente irritado. Já Ana parecia perder o raciocínio. O efeito de Alex sobre ela parecia divertidamente forte.


-Calma. - Ele falou baixo, quase um sussurro no ouvido dela. Tive que usar um pouco dos meus poderes para ouvi-lo. - Não vale a pena sofrer um castigo por causa dela. Ela é uma idiota.
-Eu sei. - Ela respondeu em um sussurro. - Percy vai pular no seu pescoço se não tirar o braço de mim.


Alex riu, um sorriso um tanto que malicioso. Eu olhei Percy. Ele parecia querer bater em Alex. Imaginei o que aconteceria se eles decidissem assumir algo. Iria ser feio.

Depois de quinze minutos a aula acabou. Aquilo parecia ter durado a manhã inteira. Eu já estava em uma das últimas miras, onde mal havia fila, só umas duas pessoas. Transformei o arco em colar, coloquei o colar, e espreguiçei os braços para cima enquanto as pessoas se dissipavam. Eu estava esperando os outros chegarem até mim, já que eu estava perto da saída. Bocejei.


-Cama. - Murmurei quando eles chegaram. Nico e eu demos as mãos, assim como Percy e Annabeth, e todos caminhamos para a saída.
-Na verdade você não vai poder dormir ainda. - Annabeth acabou com minha alegria, vida, tudo. - Todos vão ter que estar no almoço de hoje, porque Quíron quer fazer um comunicado.
-Droga. - Foi tudo que pensei em dizer.
-Nem imagino o que seja. - Charlie murmurou, e todos tivemos que concordar.


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Notas finais do capítulo

ENTÃÃÃÃO QUAL É O ANÚNCIO DE QUÍRON? ME DIGAM O QUE VOCÊS ACHAM QUE É



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