Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 28
Sufocando


Notas iniciais do capítulo

Cadê os reviews? Só recebi um poxa. Mas aqui está. O esclarecimento de tudo.



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–Oi pai. - Falei sem ter o que mais dizer. Não havia nada pior, nada melhor. Nada.


Sua presença me surpreendera tanto, que eu não notei que seu olhar ia de Nico pra mim quase imperceptivelmente.


–O que você faz aqui, pai? - Alex perguntou.
–Olá Alex. - Ele lhe dirigiu um leve sorriso. Mas sua expressão logo se tornou seria, e ele olhou pra mim. - Resolvendo um problema.


Eu tinha medo de qual era o problema na situação. Qual DOS problemas. Tudo era um problema pra ele. Desde a cor da folha no vaso perto de sua estátua á existência de algumas pessoas. Charlie tinha tanto drama na veia quanto meu pai. Deveria ser de família esse negócio.


–E que problema seria esse? - Perguntei, soando cínica.
–O seu problema. - Ele provavelmente iria falar "você", mas não falou.
–Qual dos milhares problemas que eu tenho? - Perguntei. Eu ia ser mais que chata com ele.
–Você sabe o que é. - Ele falou estressado. - Eu pedi para Quíron te perguntar se você ainda estava tendo sonhos sobre Elisabeth, e se a resposta fosse sim, eu viria aqui te contar tudo.
–Eu pensei que você soubesse. - Falei.
–Não, não sabia. - Ele respondeu, já irritado.
–Você é um deus. Como não saberia? - Annabeth perguntou, notando algo errado.
–Faz parte da explicação. Então, seria bom se vocês nos dessem licença.
–Eles ficam. - Reclamei. - Eu quero meu presente enquanto você fala do meu passado.
–Contanto que não falem nada, eu não me importo. - Mentira. Se importava sim. - Por onde você quer que eu comece?
–Quem é Elisabeth?


Era um bom começo. Ele suspirou, e passou as mãos pelo rosto. Caminhou pela sala, escolhendo as palavras. Todos o seguiam com o olhar, quietos. Daria pra cortar a tensão na sala com uma faca. A mão de Nico e a minha continuavam entrelaçadas, sobre a minha perna. Ele parecia calmo e curioso. Nossos olhares se cruzaram, e dei um sorriso fraco pra ele. Ele fez o mesmo, e eu vi o quanto ele estava cansado. Foi então que meu pai começou a explicar sobre Elisabeth.


–Elisabeth era uma deusa menor. Mais poderosa do que qualquer outro deus, por ter nascido de um deus olimpiano e uma deusa primordial. Ela nasceu no ano da queda de Roma, então não teve nenhuma aparição na história segundo os mortais. Seus sangue era perigoso e ela foi destinada pelas Moiras a fazer a escolha errada, ir para o mal caminho, até que algo possa a salvar. Poderia ser uma escolha, uma pessoa, qualquer coisa. Como era perigosa, não era privada pelas leis que os outros deuses são submetidos. Transitava entre o Mundo Mortal, Mundo Inferior, e Olimpo. Ela foi marcada por Hécate, quando nasceu, a pedido dos progenitores. Uma marca em seu braço e mão, que protegeria seu sangue e o impediria de ser tirado para magia. - Me lembrei da marca preta em seu braço. Uma raiz de enrolando. - Ela desenvolveu poderes incomuns, que envolviam domínios de outros deuses. Foi treinada quando jovem para ser uma guerreira, por quase todos os deuses, e desenvolveu alianças com quase todos os deuses. Cura e arco e flecha por Apolo, estratégia por Atena, caça por Ártemis, quase todos os tipos de luta por Ares, entre outras várias coisas. Mas ela escolheu ser uma deusa, para poder ter paz e tentar salvar a si mesma do futuro previsto pelas Moiras. Ela tomou lugar como deusa da verdade, do real e do não real e se tornou a principal controladora da névoa.


Cada palavra que ele dizia, me trazia uma sensação estranha. Como se eu já tivesse ouvido a história, e a conhecesse. Fragmentos de imagens passavam por minha mente, sem eu pedir por eles. E tudo o que eu via, não era na posição de observadora e sim de participante. Empurrei as imagens de minha mente, me concentrando no que meu pai dizia.


–Mas sua paz durou pouco. Era o início da última guerra contra os titãs, um ano antes de meu raio ser roubado. Logo ela começou a ser perseguida, por monstros e titãs insistindo para que ela fosse para o lado deles. Ela lutava com cada um deles, derrotando-os. - Imaginei a garota linda, lutando contra monstros e titãs. Vencendo luta após luta. Não era difícil, na verdade. Ela inspirava força. - Ela acreditava que quando chegasse a hora teria de ir para o lado deles, ir para o mau caminho. Eu sugeri a ela um plano de emergência, arriscado. Ela prometeu seguir o plano mas esperaria até o último segundo para cumpri-lo. E então, ocorreu o sumiço do raio e o aparecimento do filho Poseidon. Ela sabia o que significava. Era o último segundo dela. E então ela colocou o plano em prática.
–Qual era esse plano? - Perguntei, não me contendo.
–Ela teria de se esconder entre os mortais. Ser uma semideusa, no máximo. Mudar sua aparência usando seus poderes, e depois trancar seus poderes parcialmente ativados e memórias. Ela seria irreconhecível, e então estaria livre do peso de fazer a escolha. Se esconderia até a guerra passar e atingir um nível bom de controle dos poderes liberados, a verdade seria contada a ela e os poderes e memórias liberados. A névoa ao seu redor cairia e sua aparência voltaria a ser a mesma, e ela poderia tomar o lugar antigo no Olimpo se quisesse.


Com um clique, entendi tudo. Meu coração bateu mais rápido e minha respiração se tornou descompassada. Foi como montar um quebra-cabeça. Mais poderosa do que qualquer outro deus, por ter nascido de um deus olimpiano e uma deusa primordial. Ela teria de se esconder entre os mortais. Ser uma semideusa, no máximo. Mudar sua aparência. Se esconderia até a guerra passar e atingir um nível bom de controle dos poderes liberados, a verdade seria contada a ela e os poderes e memórias liberados. Tudo tinha um porque.


–Eu sou Elisabeth. - Minha voz ecoou vazia. Era o que eu estava sentindo. Vazia. - Não sou?


Ele não respondeu. Acho que havia ficado tão assustado com o fato de eu ter assimilado tudo tão rápido, se perdido na história. Mas eu sabia que a resposta seria sim. Não havia outra resposta, nada teria tanto sentido assim. E logo me veio uma sensação estranha. Era como se eu estivesse me sufocando de certo modo, como quando usava uma blusa de gola alta. Aquela agonia estranha, um anseio de liberdade. Eu deveria estar me sentindo assim? E que droga de sensação era aquela? Senti minha cabeça latejar.


–Eu não pensei que fosse assimilar tudo tão rápido. - Ele falou e as batidas na minha cabeça se tornaram mais fortes, e o sufocamento se espalhou pelo meu corpo como uma onda de calor.
–Você tá bem? - Nico perguntou, notando minha alteração. Minha mão se desenrolou da sua, e ambas as minhas foram para a minha cabeça. Apertei-a como se isso fosse fazer parar. Mas infelizmente minha cabeça continuou latejando.
–Minha cabeça dói. Me sinto presa. - Meus olhos se enchiam de lágrimas. De dor, tristeza, desespero. Novamente eu falei, e minha voz soou como um sussuro. - Faz isso parar.
–Eu não posso. Só vai parar quando a névoa sair, e sua mente se destrancar. Vai acontecer sozinho. - Eu não podia ficar com dores e sendo sufocada até os-deuses-sabem-quando. - A dor é sua mente, quebrando o lacre. Agora que sabe a verdade não precisa dele. E o sufocamento é por causa da névoa. Ela se tornou espessa ao passar dos anos, e agora ela precisa cair. Vai acabar apenas quando os problemas forem resolvidos. Não vai demorar muito. Algumas horas, um dia.
–Quer dizer que eu vou ser obrigada a ser uma deusa? - Perguntei, ainda apertando minha cabeça e meus olhos, sentindo as lágrimas de desespero se formarem.
–Não. Você vai poder escolher. Provavelmente se escolher ser imortal não vai querer que as leis se apliquem.
–Os outros deuses nunca se importaram? - Nico perguntou. Eu estava pensando que ele não havia aceitado a situação. - Digo, sobre as leis não se aplicarem a ela?
–Sim, mas não reclamavam. Era sempre tempo perdido quando se discutia isso.
–Quanto tempo eu tenho, pra escolher? - Perguntei abrindo meu olhos e me acalmando. Minhas mãos desceram lentamente e ficaram sobre a minha perna. As batidas dolorosas na minha cabeça continuavam, e eu ainda me sentia sufocada. E iria ficar assim até minhas memórias e poderes se libertarem, e a névoa cair ao meu redor. Eu iria ser Elisabeth. Mas meu maior medo era Nico não aceitar ou gostar. Ficasse com medo, terminasse comigo. Qualquer coisa. Era a última coisa que eu queria.
–Te dou até o fim do verão. - Ele se levantou para ir embora. - Bom, eu não preciso explicar mais nada. Deixei uma caixa no chalé de Nix. Tem suas coisas antigas. Você pediu pra mim te entregar quando contasse a verdade. Imagino que gostou bastante do chalé de Nix. Na verdade você sempre preferiu sua mãe.


E ele desapareceu. Simples assim. Como ele poderia me largar assim? Contando metade da história, apenas? Eu queria saber mais. Mas infelizmente eu entendi o porque de ele não ter me explicado tudo nos mínimos detalhes. Logo eu me lembraria, e então sua explicação não serviria pra nada. Suspirei. Passei as minhas mãos pelo meu rosto e depois cabelo, os puxando de leve. O silêncio no cômodo era grande, e me assustava. Eu iria perder meus amigos e meu namorado para o medo?


–Minha vida era uma mentira. - Murmurei.
–Mas era uma mentira que você armou pra si mesma. - Quíron falou.
–Triste realidade. - Respondi e tive uma das sensações estranhas. Eu já havia dito aquilo milhares de vezes quando era Elisabeth. Sorri de leve. Quais frases eu NUNCA devo ter dito? - Já disse isso.


Nico tirou as minhas mãos do meu cabelo. Me virei para olhar pra ele. Ele estava preocupado comigo. Eu podia ver isso em seus olhos. Se estava confuso, bravo, ou triste não demonstrou. Ou talvez não sentia aquilo. Abaixei o olhar, por vergonha de ser tão fraca na frente dele.


–Não quer descansar? - Sua voz estava suave, calma. Eu queria sumir, isso sim.
–Não. - Respondi, levantando meu rosto. - Eu quero ver o que Elisabeth guardou. Ela tinha bom gosto.
–O seu gosto é o gosto dela. - Ana me lembrou. Mesmo não sendo a intenção deles, eles estavam conseguindo me animar.
–Verdade. - Murmurei. É, com a ajuda deles eu ia melhorar. - Então, quem quer ir fuçar na caixa misteriosa de memórias?


(...)


No fim fomos todos, menos Charlie que estava no chalé de Zeus. Pretendíamos ficar no meu chalé até a hora do jantar. Nico me levou por viagem nas sombras, nos dando menos de cinco minutos sozinhos. Não podíamos fazer muita coisa em cinco minutos, mas seria bom conversar com ele. Eu precisava saber como ele estava.

Nós aparecemos já dentro do chalé. Joguei minha mochila no chão, me livrando dela. O quarto estava escuro, mas eu sabia que Nico estava atrás de mim por vários motivos. Seu braço forte ainda estava em minha cintura, seu corpo apertado ao meu, e sua respiração batendo ao meu lado. Eu sentia a acelerada batida do seu coração. Era uma posição agradável que não me dava vontade de sair, e nem a ele porque era ele que estava me segurando. Estávamos no canto do quarto.


–Eu preciso acender a luz. - Falei com minha voz sumindo e aparecendo.
–Mas tá tão bom aqui. - Nico e seu apreço pela escuridão. E por mim.
–Eu sei. - Eu falei baixo, e ele me soltou relutante.


Caminhei até o interruptor e acendi. Quando olhei pro quarto denovo, vi a caixa. Era uma caixa de madeira quadrada preta, que batia na altura do meu joelho e de cerca de 50 cm de comprimento. Ela estava no centro do quarto, e meu quarto estava vermelho e branco. Divertida mistura.


–Nossa. - Falei.
–Não imaginei desse tamanho. - Ele falou. - Imaginei uma caixinha pequena.
–Eu quero abrir. - Até aquele momento eu não recebi mais nenhuma imagem vinda das memórias de Elisabeth. Respirei fundo, e sentei na minha cama.
–Cansada? - Ele me perguntou se sentando ao meu lado. Encostei minha cabeça em seu ombro.
–Me sinto morta. - Murmurei. - E você? Aposto que está tão confuso quanto eu.
–Eu não vou terminar com você por isso. - Ele falou tirando minha cabeça do meu ombro dele. Ele entendia nas entrelinhas. Virou minha cabeça pra ele segurando em meu queixo, e olhou em meus olhos. Meus olhos em uma transformação de castanho para azul, e os dele tão escuros quanto a própria escuridão. Ele quase conseguia me fazer esquecer meu sufocamento e dor. Quase. - Elisabeth é você, e você é ela. Aparência e poderes não vão mudar o fato de eu te amar e fazer tudo por você.
–Eu só estou com medo, só isso. - Desviei meu olhar. Sua mão deslizou de meu queixo, e ficou em sua perna.
–E eu me sinto gay falando todas essas coisas. - Ri alto.
–Viu? Pelo menos conseguiu me animar. - Abaixei o rosto, ainda sorrindo. - E então? O que quer fazer no nosso aniversário?
–Eu não planejei nada. - Ele murmurou.
–Podíamos sair. Sei lá, passar o dia em Manhattan, ou New York.
–Ou os dois. - Ele sugeriu.
–É. Vai ser bom fugir um pouco. - Falei, por fim. - Os outros estão demorando.
–Você diz como se não estivesse gostando de ficar aqui. - Ele fala em seu tom de desdém.
–Desde quando eu não gosto de ficar com você? - Perguntei no mesmo tom. - O dia em que isso acontecer pode ter certeza de que eu estou louca. - Virei meu rosto pra ele, com a distância curta.


Sua respiração lenta batia em meu rosto, já que ele era meia cabeça mais alto que eu. Eu gostava assim. Parecia que as coisas faziam mais sentido. Sua boca roçou na minha, fazendo meus batimentos acelerarem. Ele tomou a iniciativa, me beijando. Ele colocou a mão na minha nuca, apertando-a de leve. E então bateram na porta. Estava virando rotina. Eu e Nico nos beijavamos em um cômodo, batiam na porta. Fui obrigada a quebrar o beijo. Um leve sorriso se formou em seus lábios, e eu deduzi que ele pensava o mesmo que eu.

Me levantei relutante. Ainda batiam na porta. Girei a chave, e abri a porta.


–Porque trancou? - Annabeth jogou a pergunta na minha cara.
–Porque entramos por Viagem nas Sombras, direto no chalé. - Respondi em um tiro também. Todos estavam lá, menos Charlie.


Abri a porta de correr de vidro por completo e abri espaço para eles entrarem. Eles entraram como dinossauros, se empurrando.


–O que fizeram aqui, safadinhos? - Ana perguntou.
–Cala a boca, Ana. - Nico falou.
–Seja lá o que estavam fazendo, interrompemos. - Alex falou dessa vez, dando um sorriso cúmplice sem mostrar os dentes para Ana.
–Cala a boca você também Alex. - Falei, fechando a porta.
–Sempre interrompem quando eles estão juntos. - Percy falou, e eu ia mandar ele calar a boca também. - É tipo uma lei.
–Cala a boca Percy. - Nico e eu falamos em uníssono.
–Nossa, grossos. - Beatrice criticou. - Vão me mandar calar a boca também?
–Talvez. - Respondi.


Então, um barulho soou da caixa. Era como unhas raspando a madeira, como se algo vivo estivesse lá dentro. E eu não duvidava de que tinha algo vivo mesmo. Nos entreolhamos, assustados.


–Você pôs algo vivo dentro de uma caixa? - Annabeth perguntou para mim.
–Eu não recuperei minhas memórias. Não duvido de ter colocado. Eu sou meio louca. - Fui em direção a caixa.


Ela estava trancada com um cadeado dourado. Por impulso toquei o cadeado com o dedo indicador. Eu não sabia porque de ter feito aquilo, mas o cadeado e o fecho se abriram. Olhei para eles atrás de mim, e eles me olhavam confusos. Dei de ombros, e abri a caixa.

A coisa viva lá dentro me surpreendeu. Eu não imaginava nada daquilo. Eu esperava um monstro encolhido esperando para se libertar. Mas a única coisa monstruosa era o fucinho mais que enrugado. Era um filhote de Pug preto com olhos bizarramente esbugalhados, gordo, e seu rabinho enrolado. Grande ameaça. Qual era o meu problema? Colocar um cachorro em uma caixa não era legal.


–Awwwww, - Annabeth falou com sua voz estridente. - qual é o seu problema?
–Eu não sei. - Falei rindo pegando o filhote no colo. Ele tinha cheiro de shampoo de filhote.
–Como ele ficou ai dentro? Não deve nem ter ar. - Beatrice falou. Uma mão apareceu e fez carrinho no filhote. Eu o apertei, o cheirando.
–Eu a coloquei pra dormir até que ouvisse minha voz. - Falei, enquanto o flash de imagens passava nos meus olhos. - Eu realmente não tenho bom senso.
–Você é louca. - Nico falou. - Está sufocando o cachorro.
–Para de julgar. A mim e a ela. - Murmurei com voz falsamente chorosa. - E não é "o cachorro" é "a cadela".
–Giovanna, solta a cadela. - Annabeth falou. Coloquei ela no chão. Ela se espreguiçou, e sentou no mesmo lugar em que havia se espreguiçado e eu a deixado. - Então tá.
–Como ela chama? - Ana falou, com os braços estendidos e abrindo e fechando as mãos como uma criança que queria algo na direção da filhote. Me lembrei de que sempre dizia pra minha mãe que já tivera algum bichinho de estimação chamado Lorien, e ela falava que eu não tivera um bichinho. Era uma vaga memória que escapou. Então o nome dela era Lorien.
–Lorien. - Respondi, e a cadelinha olhou pra mim.
–Não é nome de cachorro. - Ana disse enquanto caminhava para pegar Lorien.
–Eu não deveria bater muito bem. - Falei. Ana pegou Lorien no colo como um bebê. Lorien cheirava seu rosto e seu piercing.
–Porque você colocou ela aí? - Percy perguntou. Nico, Alex, Ana e Lorien estavam na minha cama. Percy, Beatrice, e Annabeth no sofá-que-poderia-ser-considerado-cama-porque-não-tinha-encosto-nem-braços que ficava embaixo da janela. Apesar da pergunta de Percy, mais nenhuma memória me apareceu. A dor se intensificou e o sufoco mais pesado. Minha respiração se tornara mais difícil.
–Eu não sei. - Falei tentando me manter do mesmo jeito que antes. - Não tem mais nenhuma memória sendo liberada.
–Eu quero ver o que mais tem. - Annabeth falou. - Acho que nada pode ser mais estranho do que um cachorro vivo.
–Eu sei porque Lorien estava aí! - Falei quando poucas memórias que tinham a ver com ela apareceram. - Ela é um Cão Infernal. Lutou várias batalhas comigo, e me vigiava quando pequena.
–Pobre cadela. - Alex falou, e eu ri.


Me virei para a caixa, para mexer mais nela. Havia uma caixa de jóias, e uma tira de ferro articulado. Tirei a tira fina de ouro celestial articulado, observando. Era a pulseira que Elisabeth usava, mas não parecia ser só isso. Deveria ser algo mais. A pulseira se enrolou sozinha em meu braço esquerdo, tão rapidamente que me assustou.


–Eu já ouvi falar disso. - Annabeth falou, animada como sempre ficava quando lembrava de algo. - É um chicote de ouro imperial, feito pra matar em batalhas. Poucos deuses usavam isso, porque os chicotes só se enrolam no braço de quem os pertence ou deseja que pertença.
–Legal. - Beatrice murmurou com um sorriso. Ana estava entre Alex e Nico, fazendo narizinho com Lorien. Ela estava apaixonada por uma Cadela Infernal.


Peguei a caixa de jóias. Dessa vez, assim que eu a tirei, a caixa grande desapareceu como se nunca havia estado ali.


–Bizarro. - Murmurei.
–É a cara dos deuses fazerem isso. - Percy falou. Annabeth bateu seu ombro no dele. - Sem ofensas.
–Tudo bem. Concordo com você. - Respondi, abrindo a caixa.


A caixa era roxa envernizada, o que a fazia ficar brilhante. Eu sempre tivera uma paixão por jóias. Elisabeth deveria se conhecer bem o suficiente para saber que seria legal guardar algumas coisas.

Haviam muitas coisas lá dentro. Brincos, anéis, colares, pulseiras. Tantos de cada tipo, que eu fiquei apaixonada. E obviamente não havia nenhum que eu não gostara. Mas uma parte me chamou a atenção. Haviam duas divisórias que eram pintadas de dourado. Cada uma com uma coisa. A primeira havia o colar de espadas cruzadas em bronze, e a segunda havia um anel com um pingente de meia asa de borboleta em prata. Ambos eram lindos e simples ao mesmo tempo. Quando fiz menção de tocar algum deles, minha cabeça doeu tão rápida e repentinamente quanto um tiro. A caixa caiu de minha mão, mas felizmente as coisas não se espalharam. Eles vieram até mim, muito preocupados. Nico se ajoelhou ao meu lado, já que eu estava sentada com as pernas cruzadas. Minhas mãos temiam muito, e eu mal conseguia respirar. Meus batimentos estavam muito acelerados. Lorien me farejava, procurando algo errado. Annabeth se ajoelhou na minha frente.


–O que foi? - Nico perguntou. Senti o medo em sua voz.
–Parece que minha cabeça vai explodir, não consigo respirar direito. - Chequei se a gola da blusa não me apertava. Eu estava sendo sufocada pela névoa.
–O que a gente faz? - Ana perguntou preocupada.
–Vocês não podem fazer nada, sabem disso. - Respondi, com lágrimas de dor e agonia quase escorrendo por meu rosto. Apertei os olhos.
–Eu não vou ficar sem fazer nada enquanto você morre, quando deve ter algo que possamos fazer. - Nico falou irritado.
–Quíron deve ter uma idéia. - Beatrice sugeriu.
–Chamem ele então. - Alex falou, também irritado. Talvez eu devesse ficar irritada também. Todos olharam pra mim, preocupados.
–Chamem ele. - Murmurei.


E começou a discussão sobre quem ia. Ninguém queria sair dali.


–Percy, Alex, e Beatrice. Vão. - Falei. Eles se entreolharam, e depois suspiraram.
–Voltamos logo. - Beatrice disse, e eles saíram do chalé quase correndo.


O silêncio apareceu. Algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto. Recuei para trás, encostei as costas na parede, e estiquei as pernas.


–Alguma idéia, Annabeth? - Perguntei, com a voz quase não saindo. Ela disse algo, e eu não ouvi. Meus olhos quase se fechavam.
–Olha pra mim, e me escuta bem. - Ela disse se aproximando. - Continue respirando, pelo amor dos deuses. - Essa frase me despertou. Eu estava com insuficiência respiratória, me arriscando a morrer. Me concentrei em Annabeth. Mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. - Imagine uma tranca se abrindo no fundo de sua mente. Destrancando sua mente, liberamos a névoa. Não é difícil. Só se concentre bem, e imagine.


Me concentrei e imaginei. Uma tranca abrindo, como a da caixa. Repeti a imagem cada vez me concentrando mais e mais. Até que tudo cessou. Uma onda de calor passou pelo meu corpo. Consegui ver a marca aparecendo em minha mão, Nico sorrindo de leve, a porta do chalé abrindo. Eu era Elisabeth agora. Mas todo o meu alívio sumiu, quando um cansaço horrível tomou conta de mim. Minha visão escureceu, antes que eu pudesse dizer algo. Vi de relance Nico tomar a expressão de desespero e chamar meu nome.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO PESSOAS O QUE ACHARAM DO CAPÍTULO? ME DIGAM DIGAM DIGAM DIGAM



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