Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 27
Bolha


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Eu estava com muitas provas, muitas coisas pra fazer. Pra quem perguntou: eu moro em uma cidade pequena do MT, chamada Pontes e Lacerda.



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Nos levantamos, Nico e eu já pegando nossas mochilas.


-Porque só você tem uma mochila? - Ele me perguntou.
-Depois explico. - Eu não estava com vontade de explicar naquela hora. E se eu o conhecia bem, ele não iria perguntar denovo porque não ia lembrar. - Então Ana, cadê as pérolas?
-Pega da sua mochila ué. - Ela falou, e eu suspirei impaciente. Entreguei a mochila pra ela, me importando ou não se ela ia pegar.


Eu estava cansada de ser um armário infinito. Tudo o que queriam pediam pra mim. Torravam meu dinheiro também, pra variar.

Ela pegou a mochila com preguiça, e cara feia. Pediu as pérolas, e me devolveu a mochila. Coloquei apenas uma alça. Ela deu uma pérola pra cada um. Era uma pérola comum. Branca, e com um redondo não muito uniforme. Não havia nada de especial nela, não aparentemente.


-Ok. Então, pensem e visualizem o lugar que querem ir. - Ela parecia aquelas aeromoças que passavam os procedimentos nos aviões. Mas seu piercing no nariz, seu cabelo cacheado e ruivo, e olhos azuis agitados não me davam uma idealização perfeita. Ela se virou pra mim. - Pra onde vamos?
-Acampamento ué. - Respondi.
-Ah é. - Ana falou desanimada. Suspirei.


Coloquei a outra alça da mochila. Então, em uma sincronia estranha, todos colocamos as pérolas no chão. Olhávamos uns pros outros, sem saber se deveríamos pisar ou não. Ana bufou impaciente e pisou na pérola dela com força. Depois dela, todos fizemos o mesmo. Nada aconteceu, a não ser as pérolas sendo esmagadas pela força de nossos pés. Pensei e visualizei o Acampamento. A praia principalmente.


-Então... - Nico falou. - Não devia acontecer alguma coisa?


Assim que ele perguntou, uma névoa verde-azulada saiu dos restos das pérolas e nos cercou fazendo uma esfera ao nosso redor. Eu ainda podia vê-los, um pouco assustados pela reação repentina. E então, saímos do chão.


-Não vamos bater no teto? - Beatrice perguntou.
-Espero que não. - Respondi.


Eu sentia um pavoroso frio na barriga. Era uma das piores sensações que um ser humano sentia. A esfera ao meu redor tinha o cheiro do oceano, me lembrando mais ainda da praia no Acampamento.

Já havíamos subido bastante e estávamos a cerca de 10 centímetros do teto. E então, tudo ficou escuro. O meu medo se tornou maior. Será que eu tinha feito algo errado? Minha visualização estava de um ângulo ruim? Estava com a imagem tremida? O frio na barriga se tornou quase insuportável.


-Tem alguém aí? - Perguntei olhando ao redor, com a voz oscilando. Nada. Nem luz, nem voz.


A escuridão desesperadora continuou por um minuto, mais ou menos. Eu podia sentir meu coração batendo alto. Eu estaria mentindo se não estivesse quase chorando. E então, gradativamente a luz azul do céu começou a aparecer. E então, a bolha estourou com um "pop" engraçado.

Mas não era engraçado cair do céu a 5 metros do mar. Não era engraçado o frio na barriga. Não era engraçado ficar com medo de se machucar ao cair no mar. Nada daquilo era engraçado. Percebi rapidamente que todos os outros caíam ao meu redor, porque ouvi os "pops" das bolhas.


Prendi a respiração, e caí em pé na água. O que me fez perder o chinelo, e fazer meus pés arderem como se eu tivesse levado um tapa. É, um tapa da água. A água estava gelada, e como normalmente me deu frio repentino. Os outros caíam ao meu redor. Nadei para cima, depois da segunda pessoa a cair. Eu não conseguia ver quem era porque tudo se passava muito rápido. A mochila não fazia peso algum. Sai da água puxando o ar. A água respingava em meu rosto, por causa das pessoas caindo. E eu podia ouvir seus breves gritos antes de caírem na água. Quando a chuva de pessoas parou, abri meus olhos. O sol das 15:30 queimava em meus olhos e rosto, me fazendo lembrar do porque eu odiava sol. A areia estava há uns quinze metros de nós e as ondas não estavam quebrando ao nosso redor graças a Ana. Eu podia ver algumas pessoas na praia, nos esperando. Nico apareceu ao meu lado, depois Ana, Beatrice, Alex, e por último Charlie.


-Nunca mais... - Nico falou sem fôlego mas não precisou completar porque todos concordavamos.


Não precisamos nadar. Uma corrente forte nos puxou para a praia. Todos olhamos para Ana, mas eu sabia que não era ela. As íris pareciam se mexer em um movimento de vai e volta como o mar quando ela usava seus poderes.


-Não sou eu. - Ela falou se defendendo.


Segundos depois de ela terminar de falar estávamos na praia. Ana me ajudou a levantar, e deixou os outros para levantarem sozinhos. Minhas roupas pingavam água, assim como meu cabelo. Ana estava seca, o que me deu ciúme.

Percy, Annabeth, Quíron, e vários outros campistas nos esperavam para ver se tivemos êxito na missão. Curiosos. Percy Annabeth e Quíron não trouxeram as roupas que Ana pediu. E ela ainda não tinha percebido.


-Percy! - Ela falou e abraçou o irmão. Fomos até eles, saindo do mar.
-Oi. - Falei sorrindo. - Não vou abraçar ninguém porque estou molhada, e não é uma boa idéia.
-Nico, vejo que está bem. - Quíron falou dando um sorriso simpático. Ele estava em sua forma de Centauro. Nico esboçou um sorriso, e ele e Quíron deram um aperto de mão.
-Odeio sol. - Murmurei tentando esconder a cara do sol.
-Você tem uma alma vampira. - Annabeth falou e eu ri.
-Não é a toa que sou filha de Nix. - Respondi.
-Percy, você pode fazer o favor de seca-los para ir pra Casa Grande.
-Claro. - Ele tocou meu ombro e toda a água saiu de mim. Até meu cabelo havia secado.
-Legal. - Falei dando um grande sorriso.


Ele fez o mesmo com os outros menos com Ana, porque ela já estava seca. Uma menina veio até nós, mas não era qualquer menina. Era Melissa Fletcher. Era uma das pessoas mais nojentas e odiadas da escola, e coincidentemente da nossa sala. Ela me odiava, e o sentimento era recíproco. Me importunava sempre que podia, principalmente pelo fato de ela nunca ter visto Nico e achar que ele não existe.


-Porque essa vaca tá aqui? - Ana perguntou.
-Eu não acredito nisso. - Murmurei assim que ela chegou. Ela estava com um sorriso falso antes de chegar, e quando nos viu ele sumiu.


Seus cabelos eram loiros, e seus olhos verdes. Pele bronzeada, e corpo de uma modelo. Eu não tinha inveja daquilo. Eu gostava se ser do jeito que era. Eu tinha certeza de que ela era filha de Apolo, pelo seu nariz empinado e o fato de o sol se tornar mais forte ao redor dela.


-Vaca. - A cumprimentei.
-Inútil. - Ela disse. - Pensei que estivesse morta. Sumiu depois do último dia de aula.
-Você queria que eu estivesse morta. Não deve nem ter me procurado.
-Olha, você está quase viva. Adorei as lentes de contato coloridas. São tão bizarras quanto você.
-É filha de quem? - Ana perguntou, antes que eu batesse nela.
-Apolo. - Acertei de quem ela era filha. - E as perdedoras?
-Poseidon. - Ana respondeu.
-Zeus e Nix. - Sua expressão foi de "elas são melhores do que eu pensava".
-Vocês são os que estavam em missão? Atrás de um garoto inútil? Ouvi dizer que ele é lindo.
- Pelo canto do olho vi Nico se irritar.
-Vai se ferrar. - Ele murmurou.
-Seu namorado? Ele é o inútil? - Ela perguntou mas ela sabia a resposta. - Devia ensiná-lo a ser mais educado com garotas.
-Você não é uma garota. É uma galinha. - Ana falou.
-Charlie, Alex? Também estão aqui. Então o grupo de perdedores está completo.
-Melissa o que você quer aqui? - Percy perguntou irritado por ela estar nos insultando.
-Querem falar com Quíron no chalé de Apolo. - Ela se virou para Quíron, se transformando na falsa simpática.
-Tenho coisas maiores pra resolver. Vou tentar passar por lá mais tarde.
-Tá. - Ela falou com sua voz fina. - Vejo vocês depois, inúteis.


E ela saiu andando.


-Agora que eu estava começando a gostar daqui. - Ana falou.
-Podemos ir pra Casa Grande? - Pedi. - Se não eu vou quebrar aquele pescoço de galinha.
-Ela é irritante. - Annabeth comentou sobre Melissa.
-Ela é nojenta. - Alex falou.


E com a última frase de Alex, fomos caminhando para a Casa Grande. Todos cumprimentavam nós quando passávamos, principalmente Nico. O sol ardia em meus ombros e rosto. Quando chegamos na Casa Grande, sentamos nos sofás. Eu e Nico em um, Annabeth Percy e Beatrice em outro, Ana e os gêmeos em outro. Quíron ficou de pé, o que fez ele parecer 10x mais alto do que nós, porque não havia onde sentar.


-E então, por onde começamos? - Nico perguntou e depois passou as mãos pelo rosto, cansado.
-Porque não começamos pelo começo do começo? - Quíron falou/perguntou, mas quase ninguém entendeu nada. - A sua missão.
-Faz sentido. - Ele murmurou. Fechei os olhos por alguns segundos, e flashs que a espada de Nico me mostrara passaram por mim. Abri meus olhos bruscamente puxando o ar silenciosamente e bruscamente para os meus pulmões. Seria difícil ouvir tudo aquilo, e me lembrar de cada cena. A Mensagem de Íris, a morte do filho de Atena e da de Perséfone, a luta, ele sendo levado. Mesmo tudo aquilo já tendo passado, seria difícil ouvir. Talvez porque eu tinha medo de que quando ele começasse a falar o tempo voltasse e tudo acontecesse novamente. Era tão fácil como fazer um lagarto falar.


E ele começou a contar o seu lado da história. Parecia tudo menor ao som de sua voz naturalmente rouca. Mas ele falava sem mudança de tom de voz, inerte. As memórias também não eram boas pra ele. E então ele estava chegando até o fim do que eu tinha visto. Não sabia ainda se queria ouvir, na verdade.

Todos olhavam e ouviam Nico com expressões pensativas, avoadas, ou com tédio. Tudo mudava de acordo com o ser vivo na sala. Quíron olhava fixamente para a lareira apagada, observando as cinzas. E então Nico chegou no fim da parte da história que eu conhecia. Ele deu uma pausa para raciocinar e relembrar a história, e me dirigiu um olhar pelo canto do olho. Ele deveria ter percebido que eu não queria ouvi-lo contar aquilo. E então ele voltou a contar.


-E eles me levaram para aquele castelo. Eu estava vendado, então não fazia idéia de onde estava. Me jogaram em uma cela, e me deixaram lá por algumas horas. Depois eles me fizeram várias perguntas. Porque estávamos alí, onde estava uma tal de Elisabeth - Meu corpo ficou um pouco mais alerta ao ouvir o maldito nome. - e eu disse que não conhecia nenhuma Elisabeth. Mas continuaram fazendo as mesmas perguntas, e junto vieram as torturas. Dylan parecia estar lá há muito mais tempo do que eu, do lado deles. Ele parecia não saber o porque de tudo aquilo, mas não estava se importando. O que importava para ele era que ele assumia o poder depois de Sísifo, então fazia o que queria quando queria. Sísifo havia chegado há pouco tempo, mas conseguia cordenar tudo do Mundo Inferior. Então não tenho muita idéia de quanto tempo estava no comando. Ele parecia querer libertar outros espíritos do Tártaro, os como ele, que já armaram para os deuses. O motivo de toda a coisa eu nunca consegui descobrir. Dylan está morto e o castelo foi queimado.
-Dylan está morto? - Annabeth perguntou e eu assenti.
-Isso faz eu me sentir levemente culpada. Se eu tivesse o deixado vivo poderíamos ter conseguido respostas. - Comentei.
-Você matou ele? - Percy perguntou incrédulo e eu assenti levemente envergonhada.
-Não é uma coisa pra se vangloriar. Eu não posso usar de desculpa pra alguma coisa. "Eu fui para a Florida no verão. E você?" "Ah, você sabe. Matei uma pessoa". Não é legal. Eu vou ser presa?
-Acho que não. - Quíron respondeu, mas não soou com muita certeza. - Agora, se importam de contar o outro lado da história?


Beatrice Ana e eu relatamos tudo. Colocando detalhes enquanto a outra falava. A idéia parecia estranha no começo e que não ia dar certo em nada. Mas deu mais que certo. A única parte que soou confusa foi a da queda do avião, já que cada uma teve sua visão. Quando acabou, Quíron logo avisou algo que me deu preguiça.


-Hoje a noite vamos ter uma reunião com os líderes de chalé. Vocês podem explicar pra eles.
-Pra que contar tudo pra todo mundo, desse jeito? - Alex perguntou o que eu ia perguntar.
-Para não terem rumores, e todos ficarem sabendo a história original. - Percy respondeu. - Geralmente eles chegam nos chalés depois das reuniões e contam tudo, dependendo do assunto.
-Ah. - Murmurei, mostrando que não era apenas ele que queria saber.
-Estão liberados. Poder ir descansar pelo resto do dia. - Quíron falou, e Ana se segurou para não dar um sorriso enorme.
-Eu quero beber água. - Falei me levantando. - Aqui tem água?
-É claro que tem. - Annabeth falou como se eu fosse retardada.
-Achou que eu não bebia água. - Quíron perguntou, e eu preferi não responder. Eu ainda tentava decidir se ele bebia água como um cavalo ou humano, ou se ia ao banheiro. Seres mitológicos vão ao banheiro?
-Cadê a água? - Perguntei apressando Annabeth. Ela apontou para uma porta.


Fui até lá, bocejando. Era uma cozinha básica, com armários de ferro. Havia um copo de vidro grosso na pia. O peguei e enxaguei para poder usar, e pra não ter que procurar pelos armários e achar algo que não devia. Peguei o copo, me sentindo exausta até os ossos. O enchi de água, e quando fiz menção de beber Quíron entrou na cozinha. Como a casa era adaptada, ele entrava em todos os lugares. Bebi alguns goles da água.


-Quer alguma coisa comigo, Quíron? - Perguntei tentando ser o menos rude possível.
-Eu só queria perguntar uma coisa, e não quero que minta. - Se eu estava com medo da pergunta dele? Claro. Mas não mostrei pra ele.
-Pode perguntar, não vou mentir.
-Você está tendo sonhos sobre Elisabeth denovo?
-A coisa é tão complicada assim? - Murmurei. - Mas é. Eu estou tendo os sonhos sobre ela denovo. Só queria saber quem ela é.
-Eu já volto. Não vá embora. Vou fazer uma coisa. - E ele virou as costas, e saiu rapidamente. Só esperava que essa coisa que ele fizesse tivesse a ver aos meus sonhos, e a coisa toda de Nix e Zeus.


Bebi o resto da água, e voltei para a sala. Todos estavam com expressões tranquilas e sorrindo de leve, conversando. Annabeth me olhou, viu minha expressão perdida e perguntou.


-Porque Quíron passou aqui, quase correndo? - Ela sabia que eu sabia. Ultimamente seu raciocínio dedutivo estava tão bom que eu estava achando que ela lia mentes. Talvez até lesse. Esse era um dos poderes de semideuses poderosos.
-Eu não sei bem. - Respondi. - Mas disse para mim não ir embora.
-Vamos te fazer companhia, então. - Alex falou, e eu fiquei feliz por ele não ter se tornado o irmão chato como Charlie. Era bom ainda ter um amigo. - Além do mais eu fiquei curioso.
-Todos estão. - Charlie falou, seu tom de voz era de puro tédio.
-Pode ir embora se quiser, Charlie. Sua presença não agrada nem um cachorro.
-Não, eu vou ficar. - Respirei fundo e apertei os olhos pra não me levantar e estapear aquela cara de bebê.
-Alguém quer se matar. - Annabeth cantarolou.
-Eu não quero me matar, quero matar ele. É diferente. - Respondi cruzando os braços e escorrendo pelo sofá.
-A vida é mais importante do que matar e morrer, Giovanna. - Percy me censurou.
-Alguém pode explicar o que aconteceu? - Annabeth pediu, impaciente. - Vai ser bom pra passar o tempo aqui, também.
-Ah, Charlie acha que Giovanna e Nico não podem ficar juntos, que Nico não é boa influência. Drama de Charlie.
-Eu acho que a Giovanna não é boa influência pra ele, não o contrário. - Ana falou, e Nico e eu nos entreolhamos ambos erguendo uma sobrancelha.
-Eu sou tão ruim assim? - Perguntei pra ele.
-Eu não acho. - Ele respondeu pegando minha mão. Sorri pra ele.
-Viu? Ele não acha. - Falei.
-Ele te ama, não vai falar mal de você pra você. - Ana reclamou.
-Não é verdade, eu falo. - Nico protestou. E era verdade. Eu sempre falava tudo na frente dele e ele fazia o mesmo.
-Ah, vocês são muito chatos. - Beatrice falou em um meio sorriso.
-São nojentos e não deviam estar juntos. - Charlie falou.
-Chega, Charlie. - Alex quase gritou. - Vai embora daqui vai. Vai para o chalé.
-Respeito que é bom nada, né? - Nico falou. Seu tom parecia estressado, mas ele não falava quase gritando e sim controlado. - Espero que você ame alguém tanto quanto eu amo ela e ela me ama, e que tenha alguém mais chato que você perturbando sempre.
-Tapa na cara. - Ana falou. - Agora sai daqui.


Charlie bufou e se levantou. Fuzilou a mim e a Nico, com raiva.


-Eu ainda vou descobrir o segredinho de vocês. Eu não esqueci. - E ele saiu, batendo a porta da frente.
-Tão dramático quanto uma garota. - Beatrice murmurou.
-Que segredo? - Percy perguntou olhando pra mim e Nico com uma expressão tão tensa que eu corei.
-Sabe aquele negócio do Cassino Lótus? - Beatrice perguntou, e Percy assentiu. - Não contaram pra ele.
-Eu também não sei. - Alex falou. - Seria legal se me contassem.


Nico e eu nos entreolhamos, em uma conversa silenciosa. Deveríamos contar? Ele não ia contar pro Charlie. Iria ser golpe baixo. Mas se bem que ele não estava incomodado com o namoro. É engraçado que quando você é muito próxima de alguém, você conhece cada gesto e jeito. Sabe a razão deles, e o que acontece depois. Por fim Nico suspirou, abaixando o olhar. Ele ia contar.


-Eu fiquei preso no tempo, em um Cassino em Las Vegas, por cerca de 70 anos. O tempo passa rápido lá, e esse tempo todo pareceram apenas alguns meses. - Sua mão na minha pareceu mais tensa. Acariciei a parte de cima da sua mão com o dedão, o único jeito que conseguia.
-Se você contar isso pro Charlie ele arranca sua cabeça. E dá pra algo carnívoro comer. - Alex falou. Ele provavelmente estava sem o que falar. Soltei o ar pelo nariz, em uma risada. A mão de Nico se tornou menos tensa, pouco a pouco. - Então, quer dizer que você tem...
-85 anos. Pois é. - Percy falou. - Na minha opinião tem idade mental de 13 as vezes.
-Ah vai a merda, Percy. - Ele riu. Era estranho saber que eles se conheciam há mais tempo do que eu e Ana, e que Percy havia ensinado muita coisa a ele.
-Então, você não vai contar. Não é? E nem passar para o lado de Charlie? - Perguntei preocupada com a resposta.
-Mas é claro que não. Você decidiu namora-lo ano passado, já fez sua escolha sabendo disso.


Eu suspirei e olhei pra Nico. Meu olhar dizia: não, eu não sabia que ele tinha 84 anos. E o dele dizia: cala a boca, e curte a alegria do momento. Sorri, e ele me deu um beijo na bochecha. Seria um beijo na boca se não estivéssemos na frente de Percy, Annabeth, Beatrice, Ana e Alex. Todos nos olhando.


-Me sinto em um pote de mel. - Beatrice falou, e eu ri. Eu estava tão aliviada que iria rir de tudo pelos próximos 5 minutos.


E então os sons dos cascos de Quíron soou do corredor. Mas não era apenas aquilo. Haviam também o som de passos humanos, quase silenciosos. E então Quíron emergiu do corredor, e eu vi sua companhia. Meu corpo se tornou tenso, o sorriso se apagou.


-Oi pai.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviewwwwwwwws. Me perguntei coisas sobre mim, sobre a fic. E eu vou responder nas notas do autor no próximo capítulo.



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