Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 25
Bosta de iPod


Notas iniciais do capítulo

Vocês não me deixaram nenhum review, então eu estou um pouco brava com vocês.



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Giovanna


O nome da "calça colada que estica" é legging, só pra vocês aprenderem e entenderem. E sim eu havia pegado uma febre que me deixava mole, com sono, e com frio quase sempre. O veneno do Dylan ocupou grande parte do meu sistema imunológico, então eu podia pegar câncer só por respirar ou virar um alien por passar na rua de um hospital. Me surpreendi por ter pego apenas uma febre. No meu rosto, havia um grande risco avermelhado. Assim como em meu braço e minha perna.

Enfim. Eu estava em um quarto. Quando digo isso, não estava sonhando. Eu REALMENTE estava em um quarto que não reconhecia. Mas o cheiro do amaciante de lavanda no lençol me fazia perceber que ainda estava na casa de Harry. Eu estava encolhida debaixo de um cobertor grosso. Olhei para os lados em busca de algo iluminado. Achei o relógio que marcava 2 horas e alguns minutos que estava com preguiça até de ler. Me levantei da cama, coloquei cobertor grosso a minha volta, me sentindo um enroladinho de Giovanna. Nossa eu devia estar uma delícia. Com gosto de baba, provavelmente.

Caminhei pelo quarto, até aonde eu acreditava ser a porta de saída. Porque uma leve luz passava por lá. Tropecei em uma mochila no chão. Eu estava no quarto de Harry, então. Se eu estava ali, onde o garoto-zumbi estava?

Abri a porta, e sai. Uma luz e uma música estava soando do quarto das meninas, era Nickelback. Disso eu tinha certeza. Ana. Provavelmente a coitada da Beatrice fôra obrigada a dormir no sofá. Me arrastei até lá. Literalmente. Eu mal tirava os pés do chão por causa do cobertor. Mas estava tão bom. Eu não o ia largar tão cedo. Abri a porta bocejando de sono.

O quarto estava claro. Encontrei Ana onde imaginei que estaria. Sentada na cama, com um Macbook no colo o olhando com olhos vidrados e apertando teclas sem nem mesmo as olhar. No outro lado do quarto, na minha cama, encontrei Nico. Ele estava com o iPad na cama jogando Temple Run, deitado de bruços. Ele usava uma camiseta branca, e uma calça preta. Seus pés descalços balançavam acima dele, e seu cabelo tapava minha visão de seu rosto. Ele parecia uma menina com aquela pose. Ou uma criança que tivera que crescer muito rápido.

O olhar dos dois foi ao mesmo tempo sobre mim, me assustando.


-Oi. - Nico falou abrindo um sorriso enorme e levantando da cama desajeitado.


Ele caminhou até mim, e me abraçou pela cintura antes que eu pudesse tirar meus braços empanados para que eu pudesse responder. Em seguida me deu um beijo que fez meus sentidos dormirem, e minhas mãos largarem o cobertor para abraçá-lo por cima dos ombros. Quando nosso beijo se partiu, eu continuava abraçando-o com força. Como se estivéssemos em um furacão e eu podia o segurar. Fiquei feliz por ele estar apenas 5 centímetros mais alto que eu, porque eu podia colocar minha cabeça em seu ombro frio. Meus olhos estavam fechados fortemente, e o cheiro de seu perfume invadia meu oxigênio. Algum da Calvin Klein.


-Oi. - Ana falou quebrando o clima romântico.
-Oi. - Murmurei ainda entorpecida pela síndrome Nico di Angelo.


Me separei do abraço, mesmo querendo ficar o resto da vida ali.


-Eu sinto como se estivesse abraçando um mini forno. - Ele falou divertido, ainda mantendo suas mãos em minha cintura mesmo eu querendo me esquivar pra pegar o cobertor de volta, e virar empanadinho de Giovanna.
-Vai a merda. - Falei rindo baixo.


Consegui me libertar de suas mãos em minha cintura que me davam arrepios a cada momento. Peguei a coberta, e a coloquei sobre minhas costas. Ele passou os braços por mim, e a colocou aonde? No mesmo lugar de antes, me dando mais arrepios mesmo mão estando com a pele em contato direto com sua mão. Saber que ela estava ali já era o suficiente.


-Eu to com sono. - Murmurei.
-Vem.


Ele me guiou pelo quarto como se ele fosse enorme, e eu nunca fosse achar minha cama. A música de Ana havia sumido.


-Deita aí. - Ele falou.
-Fica aqui comigo. - Choraminguei soando como uma criança. Virei minha cabeça para o lado, para vê-lo. Meu corpo estava começando a ficar dolorido e mole pela febre, mas eu não queria contá-lo. Ele ergueu a sobrancelha me olhando com ou ar divertido.
-Essa cama é pequena, Giovanna.


Nós conseguimos nos encaixar de um jeito estranho. E Ana ria enquanto eu me ajeitava. Nico estava sentado na cama com as pernas esticadas, e eu estava entre elas pra variar, coberta. Minhas costas estavam contra seu peito que subia e descia me dando uma sensação tranquila. Seus braços estavam ao meu redor, e ele segurava o iPad ainda jogando nele. Minha vontade de jogar era enorme, mas eu não queria acabar com sua alegria.


-Deixa eu jogar? - Quase sussurrei, torcendo para ele me escutar.
-Aham. - Ele murmurou me dando o iPad.


Me inclinei pra frente, e coloquei o cabelo todo em meu ombro direito. O problema era: Nico também havia se inclinado um pouco e sua respiração batia em meu pescoço. Eu me arrepiava cada vez que o ar batia em minha pele, mas ele não notava. Ou havia notado, mas estava se divertindo.


-Nico não respira no meu pescoço. - Aí então a criança vai lá e assopra. Tive uma série de espasmos. - Filho da mãe. Me fez perder.


Ele ri baixo, e aquilo soa como um sussurro em meus ouvidos. Ele tava tentando me matar.


-Eu vou tomar banho. - Falei tentando sair. Mas antes que eu o fizesse ele me abraçou, me impedindo de sair.
-Não vai não, mini forno. - Ele falou. Criatividade com apelidos bobos ele tinha muita. Ele encosta sua cabeça em meu ombro.
-Porque? - Perguntei virando a cabeça para olhá-lo, mas a distância era de milímetros.
-Porque não. - Ele disse e me beijou. Eu não era a única carente e com saudade, afinal.
-Que merda ein. - Ana falou. Não foi ela que teve que separar um casal rolando na mata. - Não aguento essa meleca. Eu vou arranjar algo pra gente comer.


Ela levanta da cama e vai até a porta, mas antes de sair se vira pra nós com uma cara maliciosa.


-Não quero chegar aqui e ver indecências. Então se forem fazer algo vão pra outro quarto.


Peguei a almofada que estava jogada no chão, e joguei nela. Quase acertei o vaso de vidro, e ela ria alto. Ela saiu e fechou a porta antes de eu xingar ela.


-É sério, agora eu vou tomar banho. - Falei me desvencilhando facilmente de seus braços ao meu redor.
-Não demora. - Ele falou.
-Vou descer pelo ralo e voltar só amanhã, Nico. - Ele sorriu.
-Você é muito chata.
-E você me ama. - Falei tirando uma calça de pijama preta, um moletom branco GG, uma toalha, e uma escova de dentes da bolsa.


Fui e direção ao banheiro. Quando eu estava abrindo a porta do banheiro, ele falou com sua voz soando um misto confuso de sério e divertido.


-Amo mesmo. - Me virei pra ele com um sorriso, e balancei a cabeça de leve pra ele. Não como se dissesse: "Não, você não me ama". E sim: "Então você é louco por fazê-lo".


Entrei no banheiro sorrindo que nem uma retardada. Como palavras podiam fazer uma pessoa se sentir tão feliz? Logo entrei no chuveiro. A água passava por meu corpo, e parecia estar mais quente ao cair no chão por causa do calor da minha pele. Meus antigos cortes sempre ardiam levemente.

Sai do chuveiro, me sequei e coloquei o pijama. Escovei os dentes, e o cabelo. Sai do banheiro, e Nico havia parado de jogar e olhava para nada em especial até seus olhos irem até mim. Peguei minha roupa suja, e caminhei até minha bolsa para colocar lá. Ela estava na parede em frente à minha cama.


-Ana me contou sobre o que aconteceu. - Ele falou enquanto eu me abaixava para abrir a mochila e colocar as coisas dentro de lá. Senti minha postura enrijecer, e meu coração bater descompassado.
-Sobre...? - Até onde ele sabia?
-Tudo. Principalmente sobre sua mãe. - Tudo, minha mente corria louca. - A de verdade. Nix.


Coloquei as coisas na mochila, e me levantei encarando a parede com medo.


-Eu sou uma estranha, Nico. Bizarra e perigosa.


Ouvi a cama ranger, e seus passos quase silenciosos vindo até mim. Suas mãos tocaram meus ombros de leve, e me fizeram virar pra ele.


-Você não é estranha bizarra e perigosa. Você é linda, estranha de seu próprio jeito. - Sua última frase me fizera sorrir de leve. Eu escaneava seu rosto em busca de algum sinal que dizia que ele estava mentindo, mas por dentro eu sabia que era verdade. - E eu ainda iria te amar se você fosse uma morta ressucitada.


Suas mãos continuavam levemente sobre meus ombros. O puxei até mim, e o beijei. Respiração pesada e batimento cardíaco descompassado era o que mais estava acontecendo comigo naquela madrugada. Quando nos separamos ficamos ali parados por alguns segundos até ele quebrar o silêncio.


-Eu estaria mentindo se dissesse que não notei nenhuma diferença em você.
-E quais são elas?
-Um dia eu te conto. - Ele falou e eu me indignei. Ele não podia me deixar curiosa desse jeito e depois não falar.
-Vai a merda Nico. Larga de ser besta. - Ele riu. Era um dos melhores pontos em nosso relacionamento. Não levavamos xingamentos à sério.


Me desvencilhei dele, e fui para a porta.


-Onde você vai?
-Beber água e tomar um comprimido pra febre. - Respondi abrindo a porta.
-Então eu faço sua temperatura subir? - Ele não fez aquela piadinha. Eu não acreditei. Estávamos no corredor, e a porta do quarto dos meninos estava aberta. Parei por ali.
-Em uma escala de 1 a 20 sobre querer bater a cabeça na parede o meu nível é 50. Só pra você saber o quão desesperadora foi a sua piada. - Ele riu e sua risada foi cortada pela fala alta de Ana vinda do quarto dos meninos. Era bosta.
-ETA PORRA QUASE CAÍ.


Um som estranho soou do quarto, como cobertas se movendo.


-O que que você tá fazendo aqui, mano? - A voz mais grossa de Alex pareceu alarmada. - Cadê seu pai?
-Porque que você tá me perguntando cadê meu pai? Quer ele?
-Cala a boca Ana. Porque você tá aqui?
-To procurando seu iPod. - Ela respondeu, com sua voz soando divertidamente culpada.
-Que que você quer com meu iPod, cara? Não vou te emprestar bosta nenhuma de iPod.
-Cala a boca, não é pra mim trouxa. E não me trata assim. Posso fazer coisas com você enquanto dorme. - A frase de Ana soou mais suja do que ela provavelmente queria.


De repente, Ana gritou sendo seguida por Alex. Uma luz branca surgiu de minha mão, como uma bola de luz. Eu sentia frio em toda a minha mão. Como aquilo surgiu eu não sei, mas eu provavelmente havia feito aquilo e ele viera pelo lado dos poderes da minha mãe. Alex estava com uma cara assustada, assim como Ana e Nico, que estava quieto ao meu lado. Alex estava sentado na cama, apenas com as calças largas e um cobertor. Se ele estivesse apenas de boxer a desgraça ia ser pior. Ana estava em pé, encostada na parede com as mãos no coração. Um som de alguém caindo veio da sala. Beatrice.


-Que bosta é essa? - Gritei me referindo a Ana e Alex gritando como loucos.
-Eu que pergunto. - Beatrice falou, já ao meu lado.
-Alguma coisa pegou me pé. - Ana falou sua voz soando trêmula e chorosa, e eu ri.
-Fui eu. - A voz de Charlie veio de debaixo da cama. Ana chutou cegamente debaixo da cama. Um som estrangulado ecoou de lá.
-Meu deus, Charlie. Você tá bem? - Beatrice soou preocupada.
-Eu te chutaria denovo se não estivesse tão assustada, retardado. - Ana gritou pro chão.
-Quero ver vocês na sala daqui a pouco pra explicarem toda essa desgraça. - Beatrice falou e saiu andando batendo os pés. Ninguém gostava de ser acordado de madrugada com gritos.


Fui para a sala também, seguida por Nico. Meu coração batia rápido pelo susto.

Cheguei na sala e me joguei no sofá, deixando Beatrice com uma expressão brava e estressada.


-Você ia deitar? - Perguntei na esperança dela responder que não. Ela fez com que sim com a cabeça.


Me levantei infeliz e fui para uma das cadeiras. Ela murmurou um "valeu" e se jogou no sofá, se cobrindo com o cobertor. Nico se jogou na cadeira ao meu lado, e eu deitei a cabeça no encosto e escorri na cadeira. Coloquei os meus braços nos braços de metal da cadeira, me assustei com o choque térmico e o tirei na hora.


-O que foi? - Nico perguntou erguendo a sobrancelha. Era uma mania irritantemente linda.
-Nada, só assustei. - Suspirei com preguiça. - Vou tomar remédio.


Me levantei relutante, e segui para a cozinha com Nico em meu encalço.


-Vai ficar me seguindo, é? - Falei entrando na cozinha e acendendo a luz.
-Vou.


Abri um dos armários, e peguei uma cartela de comprimidos. Sem eu nem mesmo pedir, Nico já buscava um copo.


-Terceiro armário no balcão. - Falei. Ele bufou frustrado por não achar um copo sem eu falar onde estava.


Ele encheu o copo com água da geladeira e me entregou. Fui até a pia, despejei metade do conteúdo, e enchi a outra metade com água natural.


-Ingrata. - Ele murmurou e eu sorri.
-Eu não gosto de água gelada, só fresca. - Coloquei o comprimido na boca, bebi a água e engoli tudo fazendo uma careta sentindo o comprimido descendo na minha garganta.
-Fresca igual você. - Ele observou.
-Isso. Você tá engraçadinho hoje. - Coloquei o copo na pia, e me virei pra ele me encostando no balcão. - Quero dormir.
-Primeiro você tem que resolver o rolo do quarto.
-E depois eu posso dormir?
-Provavelmente eles não vão deixar, mas você pode tentar. - Eu sorri, e minha barriga roncou.
-To com fome.
-Você reclama muito sabia?
-Eu sei. - Respondi indo para a geladeira. - Mas uma pessoa que não reclama muito, não é uma pessoa.


Abri o congelador, e olhei. Havia lasanha, pizza, lanches prontos com hambúrguer, e frango empanado do tipo nuggets. Peguei quatro lanches.


-Vai comer os quatro? - Ele perguntou cruzando os braços por não saber o que fazer com eles.
-Vai me dizer que não vai comer nada? - Os abri, coloquei-os em um prato grande, coloquei no microondas e liguei.
-Não imaginei que você pensaria nisso.
-Não tem momento algum que eu não penso em nem ao menos uma coisa que tenha a ver com você, Nico. - Falei, me virei e encostei as costas no balcão do microondas novamente. Eu tava com tanta preguiça que estava me escorando em qualquer coisa.
-Seus olhos. - Ele falou repentinamente, e me olhando.
-O que tem eles?
-Eles estão azuis escuros, não pretos. - Um meio sorriso apareceu em seus lábios. - É uma das suas diferenças.


Sorri leve. Ele veio em minha direção, lenta e torturosamente. Colocou uma mão de cada lado meu, e eu o beijei. Calor instantâneo passou pelo meu corpo. Suas mãos foram para os meus quadris, e eu senti um misto de choques e calor. Minhas mãos foram para suas costas, e depois para sua nuca o trazendo mais próximo. Ele se arrepiou e seus braços se tornaram mais tensos, e mais apertados ao meu redor.


-OPA. - Uma nova voz soou da porta, e se movia. Eu queria socar Ana. - Cozinha é lugar de comer comida, não pessoas.


Nos separamos bruscamente, e arfando. A luz piscou, pelo meu descontrole. Nico recolheu os braços, visivelmente envergonhado. Seu peito subia e descia com uma respiração descompassada, e seu rosto estava corado. Eu não estava estava melhor. Eu sentia como se estivesse acordado repentinamente, trêmula. E com calor. Passei minhas mãos pelo rosto e cabelo, em uma tentativa de parar o tremor. Não adiantou muito. Coloquei o cabelo para o lado. A lâmpada ainda piscava de leve. Suspirei. Ana já estava na geladeira, como se não tivesse visto ou atrapalhado nada.


-Nunca mais faça isso, - Falei me referindo a Ana, mas deixando ambos confusos. - Ana.


Ela olhou para mim e Nico, sorriu e se voltou pra geladeira.


-Quem foi o filho da mãe que comeu quatro lanches? - Ela gritou.


O microondas apitou, e eu tirei os lanches de lá.


-Vaca. - Ela falou indignada, e eu ri. - Vai me dar um pedaço.


Entreguei o prato para Nico. Fui até a geladeira, ainda aberta e com Ana quase lá dentro, e peguei duas latas de refrigerante. Minhas mãos tremiam quase impossíveis de não se notar.

Nico foi para a sala, sendo seguido por mim. Variar um pouco.


-Você fica trêmula muito fácil. - Ele observou, e eu dei um sorriso envergonhado.
-Culpa sua. Não me julgue.


Me sentei no chão em frente a cadeira que eu estava antes, e Nico como uma pessoa civilizada sentou na cadeira. Beatrice estava sentada, e nos olhava com uma expressão estranha no rosto. Respirei e inspirei várias vezes, relutante por não conseguir o controle do meu tremor. Abri a lata de refrigerante, e bebi quase metade do refrigerante de laranja.

Alex entrou na sala bufando, e batendo os pés. Ele felizmente estava vestido. Uma camiseta e uma calça cinza. Charlie entrou logo em seguida com uma calça cinza e blusa azul escuro. Sua boca estava com um grande corte.


-O que aconteceu com você? - Beatrice perguntou, não associando o corte com o chute de Ana.
-Ana me chutou, não lembra?
-Você mereceu. - Ana falou entrando na sala, com um pote de macarrão instantâneo, um garfo, e uma Coca-Cola.


Ana se sentou em outro sofá, e Alex se espremeu com ela. Ela o dirigiu um olhar impaciente, e começou a comer. Charlie se sentou desconfortável ao lado de Beatrice. Comecei a comer o lanche.


-Porque vocês estão comendo essa hora? - Beatrice perguntou.
-Não se escolhe a hora que sente fome. - Ana respondeu curta e grossa.
-Ok, acho bom vocês começarem a explicar o que aconteceu direito. Eu quero dormir. - Falei tirando a parte dura do pão. Ana me olhou com a sobrancelha direita erguida e olhar levemente malicioso. - Você cala a boca.
-Eu não ia falar nada. - Ela fingiu estar indignada.
-Seu olhar dizia o contrário. - Nico comentou.
-Perdi alguma coisa? - Charlie perguntou, e fez uma cara de dúvida assim como Alex.
-Não. - Respondi, tentando não soar alterada demais.
-O que aconteceu naquela cozinha? - Beatrice ligava os pontos muito rápido.
-Nada. - Nico falou tranquilo. Eu estava começando a ficar com inveja do fato dele ser tão bom em esconder certas coisas quando precisava.
-O que eu vi na cozinha não era nada. - Ana queria me matar ou morrer? Passei minha mão limpa no rosto, impaciente. Meu rosto provavelmente estava vermelho.
-O que aconteceu na cozinha? - Alex reforçou a pergunta de Beatrice.
-Nada, que vocês precisam saber. - Falei. - Cala a boca, Ana Cristina. - Joguei um pedaço de pão duro nela, e ela se assustou duas vezes. Com a menção de seu nome do meio, e com um pão no meio de seu rosto depois caindo no macarrão dela.
-Sua mãe nunca te ensinou a não jogar comida? - Ela perguntou, e eu percebi o quão confusa a pergunta soava pra mim.
-Não. - Respondi.
-Deveria. - Ela respondeu.
-A gente pode voltar ao assunto inicial? - Se fosse eu e Nico na cozinha eu iria gritar não, mas Beatrice continuou com a frase. - O que você estava fazendo lá no quarto dos meninos, Ana?


Ela suspirou, impaciente.


-Eu estava indo lá pegar o iPod do Alex.
-Aí ela gritou e eu me assustei. - Alex completou. Ela virou brava para Alex.
-Ela pediu pra você explicar? Não. Foi pra mim. A não ser que seu nome feminino seja Ana, aí você pode explicar essa bosta.


Eu, que bebia o refrigerante, engasguei. Eu estava morrendo ali, mas eles não se incomodaram. Salvo Nico, que logo se abaixou pra ver se eu podia ainda respirar ao invés de só tossir.


-Cala a boca. A bosta do iPod é meu. Você não pode sair entrando no quarto de quem quiser.
-Eu entro onde eu quiser. - Se deixassem eles iriam se estapear.
-Mas não pode.
-E quem disse? Você não manda em mim não, cara. - Eu havia parado de tossir, mas eles não pararam de gritar.
-Você pode fazer o que quiser, mas eu não posso falar nada né?
-Não, não pode. - Ana e sua noção de igualdade.


Eles começaram a gritar coisas desconexas, e eu estava com inveja das pessoas em coma. Comi meu último pedaço do segundo lanche, e bebi meu refrigerante. Aquilo ia acabar como tudo acabava com eles. Ambos se agarrando em algum canto. Mas eu não estava com ânimo nenhum pra esperar aquilo acontecer.


-Calem a boca, seus inúteis. - Gritei. A voz deles baixou, apenas isso. Mas eles continuaram discutindo. Peguei minha lata vazia de refrigerante, e joguei neles. Acertando a barriga de Alex. Eu estava com ânimo pra jogar as coisas nos outros. Eles se calaram. - Agora vocês calam a boca né?
-Tá bom. - Beatrice suspirou, esfregando os olhos. - Agora eu quero saber o mais intrigante. Charlie, o que você fazia no chão?


Todos os olhares da sala foram para Charlie, e suas bochechas coraram de leve. Ele abaixou o olhar.


-Eu sou sonâmbulo as vezes. - Minha vontade de voltar a dormir no chalé de Zeus já era pequena, agora se tornara inexistente.
-Pronto. - Alex falou, pondo educadamente a lata de refrigerante atirada por mim, no chão. - O problema foi resolvido.
-Poderia ter sido melhor. - Ana falou. - Tipo a Giovanna podia não ter jogado pão e uma lata.
-E vocês poderiam não ter gritado também. - Nico comentou.
-Você cala a boca também. - Ana falou alto.
-Só pra observar: a próxima coisa que eu vou atirar se outra discussão começar vai ser o prato, já que não tem mais nada. - Falei antes de ficar mais estressada. Nico recolheu o prato mais para perto de si.


O silêncio reinou na sala. Eu levantei, e sentei escorridamente na cadeira. Eu estava com um calor desesperador, já que a febre havia passado e eu estava com aquele pijama de inverno. Sorri com o pensamento besta de que todos estávamos sentados em casais.


-Porque tá sorrindo? Tá com problema, tá? - Ana perguntou.
-Só pensando. Não posso?
-Depende do tipo de pensamento. - Joguei minha cabeça pra trás e suspirei. - Se não tiver nada a ver com a cozinha.


E a cozinha está de volta.


-Pode esquecer aquilo? Eu não fico te lembrando das coisas que você fez e nem contando pra ninguém.
-Mas isso não me impede de te encher. - Olhei pra ela.
-Chalé de Zeus, e floresta. - Lembrei ela, e a cor migrou para seu rosto.
-Essa conversa tá ficando muito indecente, não acham? - Alex queria se salvar.
-Eu não falo mais nada. - Charlie assistia TV. Ainda passava o programa de clipes. Devia ser alguma maratona.
-Perdi o sono. - Murmurei. - Quero fazer alguma coisa.


Nico se levantou, com o prato e a lata de refrigerante.


-Eu vou levar essas coisas na cozinha.
-Você fica aí, Giovanna. - Charlie falou, sem eu ao menos fazer a menção de levantar. - É melhor vocês não ficarem indo para os lugares sozinhos.
-Desde quando você se comporta como meu pai? Ou irmão? Ou aqueles tios estranhos que você vê duas vezes por ano, que ficam tentando ser legais mas te fazem sentir vontade de morrer?
-Sempre tem um início. - Ele falou, e eu fiz uma expressão confusa.
-Leva? - Ana acenou com o pote intocado depois de eu ter atirando o pão. Ele parou de caminhar, e olhou fixamente pra ela e para o prato. Por uns cinco segundos.
-Não. - Virou as costas e saiu.
-Vai a merda, então.


Ele foi e voltou em um minuto. Se jogou na cadeira, e quase dormiu.

-Essa droga de TV não tem nenhum outro canal? - Ele murmurou.
-Acho que é o único que presta. - Respondi.
-Eu vou dormir. - Beatrice falou, se levantando. Esperta. Iria deitar e dormir antes de Ana chegar no quarto.
-Eu também. - Charlie se levantou e foi para o quarto.


Me levantei e corri pro sofá. Deitei lá, e procurei o controle remoto. Achei ele embaixo de uma das almofadas do sofá. Comecei a passar os canais, sem mal ler. Eu só queria parar de ver clipes. Minha alegria cresceu quando descobri que estava passando Adventure Time. Era o desenho mais retardado do universo, mas eu amava mesmo assim.


-Esse desenho é retardado. - Ana comentou.
-Mas é bom. - Falei com os olhos vidrados na TV.
-Porque o videogame fala? - Alex não tinha entendido que era um desenho.
-Talvez porque isso é um desenho, Alex. Se eles quiserem colocar uma grama comestível eles podem, porque é um desenho. - Falei.
-Grama comestível não é daquele filme A Fantástica Fábrica de Chocolate? - Nico perguntou, me dando a súbita vontade de comer chocolate.
-Desisto de explicar as coisas pra vocês. - Falei dando o assunto "desenho" por encerrado.
-Eu ainda quero saber o que aconteceu na cozinha. - Alex falou do nada.
-Quer, mas não precisa. - Tentei acabar com esse assunto. - Sua namorada vai ocasionalmente contar pra você, mesmo.
-Ela não é minha namorada.
-Ele não é meu namorado. - As frases saíram da boca de ambos ao mesmo tempo.
-Eu me sinto na quinta série quando falam isso. - Coloquei minhas pernas no encosto. O calor estava diminuindo, e e tornando um breve frio. - Só espero que Poseidon seja menos assassino do que meu pai, Alex.
-Porque? - Ele perguntou com curiosidade.
-Você quer mesmo que eu responda? Ele tentou matar Nico.
-Nossa, Giovanna. Explica mas não assusta ele também. - Nico falou se levantando e vindo em direção ao sofá. - Posso sentar aí ou vai ficar deitada que nem lagartixa?
-Você vai me deixar colocar a cabeça no seu colo?


Ele bufou, impaciente com a minha preguiça.


-Tá. - Cedeu ele.


Me levantei, e ele sentou. Coloquei uma almofada em suas pernas, e me deitei denovo. Peguei a sua mão que estava sobre meu braço, e entrelacei-as. Senti um volume diferente em ambas as mãos, algo que não estava ali até alguns minutos, ou até segundos. Olhei. Os anéis de compromisso estavam lá. Em nossos dedos do meio (frescura minha já que eu não gostava de usar anéis em outros dedos) Brilhando quase impossíveis de se notar, com uma luz verde acinzentada fantasmagórica. Eu não me lembrava de tê-lo colocado, e nem de ver Nico com ele.


-Você notou isso? - Perguntei, erguendo sua mão e a minha e virando a cabeça para trás.
-Não. - Um meio sorriso apareceu.
-Nunca vamos ter paz, não é? - Eu disse em meio a outro sorriso.
-Provavelmente não. - Respondeu.
-Qual é o problema, grudentos? - Ana perguntou. Ergui as mãos entrelaçadas com os anéis pra ela, que demorou pra entender. - Eu tenho dó da falta de privacidade de vocês.


Eu ri baixo, e coloquei as nossas mãos onde estavam antes. A outra mão de Nico passeava por meu cabelo e cabeça, me dando um conforto misturado com preguiça.


-Eu poderia ficar o resto da vida aqui. - Falei baixo e bocejei.
-Você ficaria em qualquer lugar, contanto que fosse calmo, te dessem comida, e deixassem você dormir. - Ele falou com sua respiração quente batendo de leve em minha orelha.
-Só se você estivesse lá também. - Sussurrei.


Eu queria poder ficar mais tempo acordada. Falando com Nico sobre assuntos inúteis, escapando de conversas com um beijo. Mas o sono estava inevitável. Meus olhos logo se fecharam, dando lugar à escuridão.

*********************

Então, o que vocês acharam? A cena da cozinha ficou uma bosta né? Eu estou com uma mente suja nesses últimos dias. Eu queria fazer uma legal no próximo capítulo, mas tenho vergonha já que uma amiga minha lê (a outra é minha co, mas eu não tenho vergonha dela). O que acharam da melosidade do Nico e da Giovanna? E da discussão do Alex e da Ana?

E dizendo o que a minha co disse que eu deveria ter falado no último capítulo: sigam minha co, ela é legal. @anainthebox


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