Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 24
11:42




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Giovanna


-O que? - Indaguei completamente assustada e triste. Eu sabia que ela não iria me responder.


Então ela começou a chorar. O som era de arrancar o coração, quebrá-lo, rasgá-lo, e depois o colocar de volta. Nico olhou para mim, e sua expressão era preocupada. Ana nunca chorava. Sem pensar na dor, desci do Pégaso e fui até ela. Eu estava mancando de um jeito estranho, mas era o único jeito que havia encontrado que não doía tanto. A abracei de lado, do jeito estranho que as vezes fazíamos. Me lembrei de quando ela me consolou quando Nico sumiu e Hades fôra dar a notícia. E de como ela continuou ao meu lado sempre.

Não pude impedir de deixar algumas poucas lágrimas caírem. Não apenas por Harry, o garoto divertido, que nos acolheu em sua própria casa sem nem mesmo nos conhecer, que nos ajudou a fugir dos seguranças do hospital, e que Ana inevitavelmente gostou. E sim por Ana, minha melhor amiga que perdera alguém que poderia ter sido mais que um amigo ou talvez não, que me apoiara em cada loucura que eu fazia, e sempre me consolou pela maior idiotice que fosse.

Nico nos olhava como se quisesse entender tudo aquilo, mas não entendia como. Dei a ele um sorriso triste, para ele saber que eu estava bem. E ele fez o mesmo.

Beatrice, Alex, e Charlie saíram da trilha com um olhar vazio. Desfiz o abraço, e virei Ana pra mim.


-Tudo bem? - Falei baixo e calmamente. Ela fez com que não com a cabeça. - Vamos embora logo.


Foi só aí que eu notei que eu estava com a espada de Nico, com o sangue de Dylan ainda por cima.

Fui até Beatrice, e peguei minha mochila (com educação, claro, eu não fui lá, e arranquei dos ombros dela, eu pedi apesar da mochila ser minha). Limpei a espada com um pedaço de pano que eu achei, e a coloquei dentro da mochila sem medo algum de rasgar algo.


-Você pode carregar ela pra mim? - Pedi a Beatrice, e ela apenas acenou com a cabeça e pegou a mochila de volta.


Manquei até o Pégaso, e subi com a ajuda de Alex e Nico. A cara de Nico era de um ciúmes disfarçado. Charlie e Beatrice subiram em um dos Pégasos, e Alex e Ana ficaram um em cada um.

Passei os braços ao redor de Nico para pegar as rédeas. E sussurrei em seu ouvido.


-Não precisa ficar com ciúmes. Não vou te trair com meu irmão. - Ele soltou um riso sem som.
-E ele tá com a minha mochila. - Foi a minha vez de sorrir.
-Não me culpe. Ele se ofereceu pra carregar. Desculpe por ter sujado sua espada.
-Tudo bem. Pelo menos ele está morto. - Sua voz rouca estava me dando vontade de morde-lo. Qual era o meu problema?


Com a minha última frase, o Pégaso levantou voo. Como não tínhamos outro lugar pra ir, fomos para a casa de Harry.

Nico e eu ficamos em silêncio o resto do caminho. O sol brilhava acima de nós. Deveria ser cerca de 15:30, mas eu me sentia como se estivesse fritando.

Fiquei feliz quando chegamos. 'Estacionamos' na sacada, um a um. Ana foi primeiro, depois Alex, Beatrice e Charlie, e por último eu e Nico por estarmos feridos e precisarmos de ajuda pra descer. A porta da sacada estava aberta, o que ajudou muito.

Assim que entramos, Ana e Charlie se jogaram no sofá. Todos estávamos exaustos, mas ainda tínhamos coisas pra fazer. Beatrice e Alex conversaram sobre algo que eu não consegui prestar atenção, porque estava morrendo de sono e observando Nico.

Alex deixou Nico no quarto de Harry, e Beatrice me deixou no quarto que estava sendo considerado o das meninas. Eu estava sonolenta, pela perda de sangue provavelmente.


-Toma um banho, depois eu cuido dos machucados. - Ela falou.
-Você bateu com a cabeça, foi? Eu não vou tomar banho com esses cortes ardendo como ácido. A espada de Dylan tem veneno sabia? - Briguei com ela.
-Ok, senta aí.


Ela tirou a minha mochila das costas, e pediu uma das minhas novas melhores amigas: a faixa dourada. Foi a segunda pior coisa que já fizeram comigo (a primeira foi quando o vidro da lanchonete quebrou por causa de uma Quimera na última missão, tivemos que lutar com os cacos no corpo e depois tirar um a um). Ela foi obrigada a apertar a faixa, limpar meus cortes - que sangravam muito porque foram próximos a pontos vitais -, aguentar meu xingamentos, e ter a paciência de esperar eu parar de me mexer. Ela realmente era uma pessoa abençoada.


-Ok, - Ela falou quando acabou de me enfaixar. Isso incluiu cortar uma tira e colocar no meu rosto com esparadrapo. Ela estava parecendo uma médica. - você pode tomar banho com tranquilidade, a faixa não vai absorver a água. Só apenas o veneno. Afinal, ela é feita pra isso.
- Ela se levantou, e foi para a porta. Ela carregava milhares de coisas na mão. Agulha, linha, álcool, faixas comuns e como a minha, algumas pílulas pra alguma coisa, e até alguns frascos suspeitos. Onde ela aprendeu a usar essas coisas? Ela passou mais tempo do que devia no chalé de Apolo. - Pode ficar tranquila que eu vou cuidar do seu namorado. Mas eu vou avisar que eu vou dopá-lo. Prefiro sair de lá com meus ouvidos inteiros.
-Pode fazer isso. Acho até melhor pra você, mesmo. - Ela riu, e abriu a porta. - Ah, Beatrice. Obrigada.
-Não foi nada. - Ela sorriu, e fechou a porta sem dificuldade alguma.


Peguei uma toalha, me levantei da cama e fui tomar banho. Apesar do sacrifício, consegui lavar o cabelo. Escovei os dentes, e quando sai, me senti a pessoa mais limpa do mundo. Meus machucados já ardiam menos. Ela passou de "dor excruciante" a "dor desesperadora". Já era uma evolução. Quem sabe em alguns dias ela não passava para "dor que lateja de um jeito estranho que parece que você sente seus batimentos cardíacos"?

Coloquei um pijama de regata branca, com short justo listrado em amarelo azul branco e preto. Ele não me incomodava, apesar se estar perto do corte. Penteei o cabelo, e me deitei com ele molhado. O ar condicionado estava em cerca de 25°c e eu estava com frio. Eu podia sentir a pele febril quando colocava a mão em cima das faixas.

Me enterrei nas cobertas, e dormi.


Nico


Ela realmente me colocou pra dormir.

O irmão de Giovanna me deixou em um quarto cinza e branco. Meu corpo ardia como se estivesse em chamas, e o ar estava frio. O ar condicionado parecia ter estado ligado durante o dia todo. Eu também estava morrendo de fome, mas essa era uma das sensações que poderiam ser ignoradas. Me sentei desajeitado na cama grande de casal, e o garoto estava com uma espécie de vergonha estranha. Na verdade nós dois olhávamos para a parede, sem ter o que falar. Ele não ia sair dali?


-Beatrice disse pra mim ficar aqui até ela chegar. Só pra avisar. - Ele falou.
-E Beatrice é...? - Perguntei tentando ao máximo prolongar o assunto para não voltarmos ao silêncio incômodo.
-A loira. - Ele respondeu.


Fim da conversa. Eu podia ouvir os xingamentos de Giovanna do outro lado da porta, e seus quase gritos. Era um pouco agonizante escutar aquilo. Porque por mais que estivessem a ajudando, não me fazia sentir bem saber que ela estava sentindo dor.


-Então... Onde você conheceu Giovanna?
-Em uma missão, pra levar ela e minha irmã ao acampamento. - Eu estava me sentindo estranho por conversar aquilo com o irmão da minha namorada.
-Eu não vou dizer todo aquele bla bla bla de "se você magoar ela eu quebro tua cara" porque ela sabe se cuidar. Talvez até melhor do que eu.
-É, eu sei. E a prova disso é que ela teve que me resgatar, ao invés do contrário.


Ele deu um sorriso tentando ser simpático, mas pareceu um pouco falso. Os barulhos do outro lado da parede se encerraram, e houve o som baixo de uma porta se abrindo e depois fechando. Depois alguns passos leves e rápidos, e a porta se abriu.

Uma menina loira e de olhos claros entrou no cômodo. Entre seus braços estavam mais coisas do que uma pessoa poderia carregar, mas ela parecia perfeitamente confortável com aquilo tudo. Ela era um palmo mais baixa do que o irmão de Giovanna - Alex, eu acho -.


-Quer ajuda? - Ele perguntou em um tom divertido.
-Não, tudo bem. - Ela fechou a porta atrás dela com força, e com o pé.


Caminhou até o canto onde havia uma mesinha de inox, e colocou tudo lá. Gaze, álcool, uma espécie de gaze dourada, agulha e linha, e vários frascos e comprimidos.


-Eu realmente não estou com a mínima vontade de estar acordado enquanto jogam álcool em mim. - Falei. Só o pensamento daquilo me dava um breve desespero.
-E você não vai. - Ela falou abrindo alguns comprimidos. Olhei pra ela com um misto de medo e tranquilidade. - Eu vou te dar comprimidos pra dormir.
-Como você espera que eu não acorde com a dor?
-Eles vão ser fortes o suficiente, pra não deixar você acordar até estar completamente descansado.


Ela andou pelo cômodo até um frigobar que eu não tinha visto, abriu e pegou uma garrafa dágua. Ela me estendeu a garrafa, e três comprimidos brancos.


-Três? Eu não vou entrar em coma com isso tudo, né? - Murmurei. E ela não respondeu, apenas riu.


Tomei os comprimidos, e bebi quase a garrafa inteira de água.


-Eu vou esperar você dormir. Volto em meia hora.


Ela saiu empurrando Alex para a porta e a fechando atrás dela.

Eu não demorei nem meia hora pra dormir. Quando me dei conta, estava deitado na cama não me importando com a dor e nem ao menos a sentindo.

Felizmente não tive nenhum sonho (provavelmente pela grande quantidade de remédios misturado com o enorme cansaço). Não desses sonhos premonitórios estranhos. Apenas sonhos de adolescentes comuns. Às vezes eu sentia pontadas de dor nas costas e braços. Uma possível lembrança de que o mundo real ainda existia. O tempo que fiquei dormindo, pareceram apenas segundos.

Quando acordei, o quarto estava completamente escuro a não ser por um relógio digital estranho. Eram 23:42. Cheguei a cogitar o fato de ter dormido apenas algumas horas, mas depois de pensar um pouco descartei a possibilidade. Eu estava cansado demais pra dormir apenas aquilo.

Me levantei da cama, e olhei pra mim mesmo. Eu podia distinguir as coisas por causa das sombras. Continuava com as mesmas roupas que havia chegado, e provavelmente estava com um cheiro desesperador. Mas me assustei por não estar sentindo dor.

Caminhei até um lugar que eu achei que era um banheiro, e acendi a luz. Branco. Foi a única coisa que consegui ver no primeiro instante. Mal havia me curado de uma semana de tortura, e ficava cego. Pisquei várias vezes, até minha visão ficar boa. O banheiro era realmente todo branco, mas não era feito de luz pura como tinha visto no primeiro minuto.

Me olhei no espelho. Eu parecia uma mistura de mendigo, com pessoa que rolou uma colina. Eu era uma confusão de preto e branco. Mas meus braços e costas não estavam mais machucados. Haviam apenas arranhados nas costas, e uma linha avermelhada em meu braço direito que era resultado de um corte do cavalo Dylan.

Logo entrei no chuveiro. A água estava quente e ficou avermelhada depois de passar pela minha pele. Quando saí, pareciam terem tirado minha pele, lavado, e colocado de volta. Sem a dor. Apenas a limpeza.

Coloquei uma camiseta e uma calça que eu achei facilmente na minha mochila. Escovei os dentes, coloquei um tênis e sai do quarto.

Não houve choque térmico, felizmente. O corredor estava escuro, com uma luz no fim do túnel. Literalmente. Haviam luzes coloridas dançando no chão. Fui até elas, com a breve sensação de que era uma TV.

E era. A TV estava ligada em algum canal de música, e estava em inglês. Não sei como conseguiram tirar a TV do irritante espanhol. Alguém estava deitado no sofá. E eu só reconheci esse alguém pelo cabelo, e o jeito estranho que ela abraçava as almofadas. Giovanna estava deitada com os cabelos que ficavam louros quando chegavam nas pontas caíam pela beira do sofá. Ela estava virada pro encosto, e tinha uma almofada no meio das pernas e outra abraçada contra o peito. Usava um moletom que parecia ser gg, e uma daquelas calças justas que esticavam que eu não sou obrigado a lembrar o nome.

Sorri pelo simples fato de vê-la vulnerável. O que era raro, já que sua mente processava tudo muito rápido, prestava atenção até em uma cor de mosca, e sempre estava pronta pra dar uma patada.


-O que faz acordado essa hora? - Uma voz soa atrás de mim e interrompe meus pensamentos bobos.


Me virei pra encarar a dona da voz. Era a garota loira que havia cuidado de mim. Sua cara amassada de sono a fez parecer estranha.


-Acho que não escolhemos a hora em que acordamos. - Respondi, e soou mais ríspido do que eu imaginava.
-Não se ligarmos um despertador. - Ela tá insinuando que eu acordei às onze e meia da noite, de propósito? O que ela tinha?
-Eu só acordei, e decidi sair do quarto. - Tentei dar um fim no assunto, e ela apenas acenou com a cabeça.
-Tudo bem. Só não acorde ela. Ela não queria dormir até você acordar. - Demorei pra entender que ela falava de Giovanna. - Apesar de eu estar com dó dela por dormir nesse sofá.
-E o que você tá fazendo aqui? - Perguntei curioso.
-Ana não está com sono, então fica no computador ouvindo música. Eu ia usar o sofá, mas ele está ocupado.
-Eu posso levar ela pra dormir naquele quarto em que eu estava dormindo.


Ela pareceu considerar a idéia e analisá-la.


-Pode ser. Você faria um favor para ambas. - Ela cedeu, caminhando através da sala lentamente. - Só troque os lençóis, antes.


Ela entrou em algum lugar, e acendeu a luz. Voltei pro quarto que eu estava, para a busca de um lençol, fronhas e um cobertor novo. Depois de vasculhar cada armário, achei um que havia o que eu queria.

Troquei as fronhas e o lençol com preguiça. Coloquei o cobertor usado pra lavar (junto com o lençol e as fronhas), e coloquei o novo na beira da cama.

Voltei para a sala, e Beatrice estava encostada com as costas na parede assistindo o clipe de Titanium que passava na TV. Fui até Giovanna, que continuava com a mesma posição de antes, e a peguei no colo lutando com as almofadas.


-Eu estou de olho, Di Angelo. - Beatrice falou, e eu apenas sorri.


Giovanna não pesava em meus braços, e estava surpreendentemente quente.


-Ela tá com febre? - Perguntei me virando para para Beatrice, preocupado. Ela assentiu, e murmurou algo como "veneno do Dylan" enquanto se jogava no sofá.


Fiz meu caminho para o quarto pela milésima vez. Abri mais a porta com as costas, e a coloquei na cama. Coloquei o cobertor aberto mas um pouco enrolado ao lado dela, já imaginando que ela iria abraçá-lo também. E foi o que aconteceu. Ela puxou o cobertor, enrolou pelas pernas e se encolheu ao redor dele.

Foi difícil sair de lá sem dar um beijo em sua bochecha. Mas eu não queria acordá-la com um susto. Fechei a porta em completo silêncio atrás de mim, e tentei pensar em algo pra fazer até que a manhã chegasse.

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Olá indivíduos que leem minha fic. As perguntas desse capítulo são: Alguém já leu The Mortal Instuments e/ou Beautiful Creatures (dezesseis luas)? Eu só queria saber se tem alguém que é igual eu, mas enfim. Nas relações, quem são os mais chatos (escolham um de cada casal): Nico ou Giovanna? Ana ou Alex? ME RESPONDAM GALERAAAAA. E sobre a terceira temporada: o enredo mudou completamente graças a minha co super criativa. Me sigam no twitter e avisem que são leitoras se quiserem: @GiovannaGPG. As vezes saem alguns spoilers. Não vou falar pra seguir minha co porque eu não falei com ela. 


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