Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 20
Uma madrugada de Ana, e filas do pão


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Sério mesmo. E eu não tô falando da boca pra fora. Eu geralmente escrevo mais quando estou sob pressão na escola, ou em casa.



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Depois de 30 minutos disputando os banheiros, rindo como retardados, e colocando os pijamas, finalmente conseguimos ir dormir.

Mas quem disse que eu realmente consegui dormir? Eu dividi o quarto com Beatrice, e Ana. Enquanto Charlie e Alex dividiam em um, e Harry dormia sozinho.

Beatrice dormia ao lado da janela, Ana no meio, e eu na parede. Ana decidiu dar uma atualizada, e estava usando o Macbook que ela conseguiu em minha mochila. Pensei em fazer o mesmo, mas não queria fazer todos que me seguiam no twitter entrarem em depressão. Beatrice dormia pesado, e as vezes emitia baixos roncos.

Coloquei todas as joias em cima da mesinha ao lado da cama, o meu anel de compromisso (um nome que eu acho que é coisa de gente fresca é esse), o meu colar, e a pulseira de vários pingentes dada por Nico. Na mesinha também tinha um relógio, que marcavam 1:23 da manhã. Me deitei na cama, e fiquei virando de um lado pro outro. Os barulhos das unhas compridas de Ana batendo no teclado não tiravam meu sono, pelo contrário, parecia um som ambiente engraçado. Mas nem se estivesse chovendo eu conseguiria dormir. Imagens e pensamentos perturbadores passeavam por minha mente livremente. Sísifo havia voltado ao Mundo Inferior? E se não tivesse, ele poderia muito bem piorar a situação de Nico. Piorar. Era o que eu mais temia que acontecesse.

Com os piores (novamente essa palavra terrível em meu vocabulário) pensamentos possíveis (e imagens montadas por mim em minha mente que ocasionalmente resultavam na morte de Nico) eu cai no sono.

Como se os meus pesadelos fossem APENAS a culpa dos meus pensamentos. Quem dera.

Eu estava em uma mata. Era noite, e a imagem seguiu rápido, até a velocidade diminuir em frente à em um castelo de pedra antigo. Então era ali que Nico estava, provavelmente. A imagem correu rapidamente, assim como antes, por uma série de corredores cheios de portas. E a imagem entrou dentro de um dos cômodos e parou apenas quando estava cara a cara com o ser mais desprezível do mundo. Dylan Aaron. Ele era a pessoa que mais merecia morrer naquele lugar, e sofrer o dobro que Nico deveria ter sofrido naquele lugar. Seus olhos estavam fechados como se estivesse em um estado de transe, ou até uma prece silenciosa. Era difícil ver. Como eu não tinha outra coisa pra olhar, observei infeliz seu rosto. Algumas cicatrizes pequenas e quase impossíveis de notar. Mas era difícil não ver com um zoom enorme na cara daquele treco. Repentinamente seus olhos abriram, e eu suspirei assustada. Podia de certo modo, sentir meu coração bater forte. Mas não de amor, claro. De susto, e rapidamente se tornaram de ódio e raiva. Foi aí que eu fiquei triste por ser impossível estapeá-lo através de um sonho em que você era apenas um observador. Seus olhos transbordavam raiva iguais aos de Ana quando a acordavam cedo no fim de semana. Ele se levantou da cadeira e a minha visão se distanciou dele. Felizmente.

Ele caminhou tempestuosamente por uma série de corredores que eu tentava memorizar a ordem. Esquerda, esquerda, direita, reto. Ele colocou uma chave em uma das portas, a quarta à direita, e a abriu com um estrondo.

Como de costume, meu coração pulou algumas batidas. Sentado no chão, com os braços presos na parede. Se eu estivesse vendo Nico sem camisa em qualquer outro momento, eu teria um treco. Mas naquele momento estava impossível, porque seu peito estava cheio de machucados fundos e alguns raros superficiais. E eu não estava muito animada pra ver as costas. Suas calças pretas estavam um pouco rasgadas. Apesar de vê-lo ali, supostamente 'na minha frente' eu não queria. Aquilo me fazia sentir mais remorso e uma pontada de desespero.

Apesar do cabelo de Nico estar bagunçado, aquilo não o fazia ficar lindo. Apenas enfatizava o fato de estarem sendo super cruéis com ele. Dylan entrou na cela suja, e sua expressão suavizou de um jeito forçado, como um ator muito ruim.


-Sua namoradinha consegui acabar com Sísifo - Única boa notícia do dia. - como?
-Oi? - Nico falou sínico. Até machucado daquele jeito, ele conseguia ter esse humor.
-Não se faça de sínico seu idiota. Você fez alguma coisa? - Ele se aproximou um pouco mais de Nico.
-Não. - Ele respondeu falando devagar.


Dylan chutou Nico com força na barriga. Nico se contorceu de dor, e eu queria que Dylan sentisse a dor no lugar de Nico.


-Vamos ver se vai estar sentindo apenas isso de dor amanhã. - Dylan rosnou em fúria.
-O que vai fazer? - Nico falou, e eu sentia que ele não estava preocupado consigo mesmo, e sim comigo.
-Você vai ver. Alias, talvez você já esteja morto na hora que ela chegar.


Ele saiu estupidamente da cela, e eu acordei com o baque alto da pesada porta de ferro.

Acordei sobressaltada, ofegante, e assustada. Lágrimas haviam escorrido enquanto eu dormia, e apenas me fizeram derrubar mais daquela tristeza líquida. A cena de Dylan falando "talvez você já esteja morto na hora que ela chegar" estava sendo remoida.

Quando o meu choro chegou em soluços altos, decidi ir tomar água. Passei pela cama de Ana, e dei falta da mesma. Ela devia estar no banheiro. Beatrice ainda dormia pesadamente. Abri a porta do quarto, sai e a fechei. Caminhei lentamente pelo corredor, tentando não soluçar alto. A luz da sala estava acesa, e pude ver isso de longe porque a luz iluminava o corredor. Eu não lembrava de alguém ter deixado a luz acesa. Ouço algumas vozes da sala e decidi parar pra ouvir quem era.


Ana


Eu não estava com sono. Na verdade, eu nunca fico com sono quando realmente preciso dormir. Fiquei até tarde no computador, e depois que a Giovanna começou a murmurar umas coisas como "eu quero te estapear" e depois começar a chorar baixinho eu decidi ir pra sala arrumar alguma coisa pra fazer.

Assim que saio do quarto e dou de cara para o corredor escuro (e eu ainda conseguia ouvir os barulhos que Charlie faz enquanto dorme, que deixava mais assombroso ainda). Procuro o interruptor para ligar a luz.
Fico tateando a parede do lado da porta com desespero por não achar. Vai que um ladrão acende a luz pra mim, me captura, me joga na banheira cheia de gelo e joga meus orgãos ali? E se for o tio da foice? Puta merda.

Desisto de ligar a luz e ando até a sala, que estava iluminada por uma luz azul e depois ia pra roxa. Televisão? Quem estava acordado à essa hora?

Ando na ponta dos pés até ao lado do sofá. Era algum dos garotos. E eu estava com um pijama não muito... Favorável? Decente?

-Ah, é só você, Harry. - Suspiro aliviada. Coloco as mãos na cintura e vejo o que ele está assistindo. - Gosta de The Big Bang Theory?

E foi com essa pergunta que ficamos ali na sala por vários minutos conversando sobre coisas de nerd.

Até ele tentar fazer algo não muito agradável pra mim (mesmo que lá no fundo, eu estava implorando pra isso acontecer) e Alex aparecer.

São cinco horas da manhã, só duas pessoas estão acordadas. Você e um cara gato. E aí, será que chove?

-Ana, por que você não vai dormir? - Alex diz, me assustando.

Quase caio do braço do sofá. Depois de respirar bem fundo para não espancá-lo, viro o rosto pra ele. Estava com os olhos semi-cerrados, desconfiando de algo.

-Então, você gosta de física e química? - Harry pergunta.

Minha expressão muda. Arqueei as sobrancelhas. Eu disse que gostava de The Big Bang Theory, não que eu gostava de ir pra escola e ficar ouvindo a voz daquelas bruxas.

Alex atravessa a sala e vai até a cozinha. Consequentemente, acompanho-o com o olhar. Mas Harry me chamou.

-O que? É, é sim. - Respondi sem nem saber o que ele queria.

Quando fui olhar pra ele, vi que ele estava quase em cima de mim.
Minha expressão de confusão ficou maior e eu me afastei.
O ruim era que se eu fosse me afastando, ia quebrar o abajur da casa do garoto, coisa que eu não estava disposta a pagar.
Quero dizer, eu estava juntando minhas economias para comprar um mouse. Sim, um mouse. Ser pobre é difícil, ok?

-Ok, querido. Pode sair daí de perto. - Alex diz e puxa Harry pela camiseta branca que ele usava. - Pode ir vazando. Sai, evapora.

Continuei calada, com a mesma expressão. Ia demorar pra eu voltar ao normal.

-E você também, pode voltar pro seu quarto!


Alex pegou em meu braço, e me arrastou para (não literalmente) para o corredor. Paramos e ele encostou o ombro na parede irritado.


-O que você pensa que está fazendo?
-É da sua conta?
-Claro que é. Já que eu sou seu namorado.
-Errado. Você me beijou uma vez e isso não comprova merda nenhuma. - Gaguejo na último frase. - Quem é você na fila do pão pra dizer com quem eu posso me envolver ou não?
-Que? - Ele arqueia a sobrancelha, confuso. Seus dentes brancos com o aparelho de borrachinhas roxas quase me hipnotizaram, mesmo no escuro. - Não disse que você pode se envolver com alguém ou não! E que diabos é fila do pão?
-Nem vou zoar, vai que é doença!
-Que?
-Cala a boca e vai dormir! - Aponto para o lado.
-Você que devia ir dormir!
-E daí? Continuo linda!
-Cara!

Ele bufa e vai para seu quarto. O acompanho com os olhos até ele sumir e depois vou até o quarto.

Fila do pão? Vai que é doença? Continuo linda?
Bem que minha mãe dizia que "aquele tal de Twitter" me fazia mal.

Abri a porta, e me joguei na minha cama. Droga. Eu esqueci a porta aberta. Me levantei da cama, e sem querer dei de cara com Harry passando pelo corredor. Droga de sentimentos confusos, droga de Alex que apareceu na hora errada, droga de Harry que era tão lindo. Sem pensar novamente, apenas lhe dei um olhar triste e fechei a porta.


Giovanna


Eu fui deitar assim que notei que os donos das vozes na sala eram Harry e Ana. Eu não queria entender aqueles dois justo naquela hora. E eu faria Ana me contar de um jeito ou de outro. Depois que deitei dormi quase na hora.

Acordei e bati o olho no relógio. Eram 7:12. Minha respiração estava fraca e difícil. Ótima hora pra minha asma atacar. Sim, asma. Coisa de gente nerd eu sei, mas a gente não escolhe as doenças que iria sofrer. Fiquei na cama, deitada quase em decomposição pelo fato da cama ser muito macia, e eu estar começando a ficar ofegante.

Me levantei da cama sem tentar fazer barulho e não acordar ninguém. Peguei uma toalha, shampoo e condicionador, minhas roupas, e fui tomar um banho. Minha mãe sempre disse que o vapor da água ajudava um pouco na respiração e eu não acreditava. Naquele dia eu acreditei.

Por alguma razão eu estava com vontade de colocar um vestido. Então coloquei a droga de um vestido. Era um vestido de tweed, preto e branco (N/A: É o da capa se querem saber). Coloquei um tênis preto e não notei se combinava ou não. Quando sai do banheiro estava um pouco melhor comparado ao jeito que eu acordei. Peguei todas as minhas jóias que estavam em cima do criado mudo e as coloquei. Sai do quarto em silêncio e vi que não era a única pessoa acordada.

Fui para sala, e encontrei Alex sentado no sofá olhando pra parede infeliz.


-Ah, oi. - Falei me sentando no sofá ao lado.
-Oi. - Ele falou tentando dar um sorriso simpático. - Dormiu muito?
-Não. - Fui sincera. - E você?
-Nem um pouco.
-Porque?
-Falta de sono, só isso. - E meu sensor psicológico de mentiras apitou.
-Ah. - Eu não tinha o que dizer. Se ele estava mentindo pra mim, é porque não queria contar. E eu não ia pressioná-lo.


Eu já estava começando a sufocar novamente. Me levantei e abri a janela fazendo o ar circular. Aquilo também me ajudava um pouco. Se eu não conseguia ficar sentada no sofá sem ter um treco, como eu poderia empunhar uma espada e lutar? Eu não iria deixar ninguém fazer nada por mim.


-Tá tudo bem? - Alex perguntou erguendo a sobrancelha direita. (N/A: FINALMENTE EU APRENDI QUAL É A DIREITA E QUAL É A ESQUERDA. MEREÇO UM PRÊMIO POR ISSO JFJCSKDKDD)
-Eu só estou com um pouco - Mentira. Era MUITA. - de falta de ar. Só isso.
-Ah. - Ótimo nosso relacionamento entre meio-irmãos.


Me sentei no sofá denovo. Só que dessa vez no mesmo que o de Alex. Eu estava concentrada, tentando normalizar minha respiração aí ele vem e me assusta.


-O que é fila do pão? - Me virei pra ele com a melhor cara que eu tinha de: mas que droga de pergunta é essa?


Eu tentei explicar. JURO que tentei. Mas não deu muito certo. Eu não sabia o significado correto, e ele não prestava a atenção. No fim eu apenas tinha desperdiçado meu frágil fôlego, e ele não havia entendido nada.


-E com a sua ótima explicação, eu vou trocar de roupa e acordar os outros. - Eu ri leve.


Alex levantou do sofá, e entrou no quarto que ele estava dividindo com Charlie. A tarefa difícil de acordar Ana e Beatrice era minha. Já que eu era a única menina acordada, e elas não ficariam muito felizes em ver algum indivíduo do sexo masculino em cima delas as acordando. Me levantei preguiçosamente do sofá, e fui direto pro quarto. Quando entrei me assustei com alguém sentada na cama encarando a porta. O quarto estava completamente escuro, mas eu ainda podia ver a sombra da pessoa e podia sentir seus olhos me esquadrinhando. Me localizei com as camas, e as contei pra saber quem era.


-Já acordada Ana? - Perguntei achando que não obteria uma resposta.
-Falta de sono.
-Falta de sono, ou falta de Alex?
-Um pouco de cada. - Ela respondeu infeliz.
-O que aconteceu?


Ela suspirou triste, e me contou tudo. E eu ainda não acreditava que Harry havia tentado beijá-la. E.eu pensei que ele era um bom garoto. Mas olhando por outro lado, ele nem devia saber de Ana e Alex. Dessa vez eu não ia interromper nada. A cabeça de Ana era tão complicada, que se um filho de Hipnos tentasse entrar em sua mente teria um ataque.


-Então foi por isso que Alex me perguntou o que é fila do pão. - Conclui minha pequena questão. Ana riu sem humor.
-Eu vou tomar um banho, e acordar Beatrice. Se quiser espera lá fora.


Eu não contestei. Aquele quarto escuro e abafado estava me matando. Literalmente, porque o ar abafado estava me dando falta de ar. Sai, e me sentei na mesa.

Nada de ninguém aparecer. Eram 8:00,e eu estava quase tendo um treco. Tínhamos que fazer de tudo ainda. Tirei meu anel e o coloquei na mesa. Coloquei a ponta de meu dedo dentro do anel, e o girei. Fazendo-o soltar um som estranho no raspar no vidro.

Depois de menos de um minuto fazendo aquilo, eu já estava morrendo de tédio. Quando parei, fiquei encarando o anel, como se ele fosse me ajudar em algo. Levei um dos maiores sustos possíveis. O barulho do leve metal e da pedra verde raspando no vidro me fizeram sentir que eu estava vendo uma possessão. Mas uma possessão de um anel. O anel, que antes estava com a pedra verde apontada para o oeste havia invertido os lados. Sim meu anel se mexeu. E sim, ele deveria estar possuído.

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Eu queria pedir desculpas, e preciso avisar que o capítulo de Nico não será o próximo, e sim o posterior. Quero saber a opinião de vocês. Gostam de: Alex/Ana ou  Harry/Ana? Ah, e se vocês ainda não votaram se querem pov no Nico ou da Giovanna respondam.


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