Breath Of Life escrita por Writer, Apenas Ana


Capítulo 19
Baile - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Sério mesmo. Eu tô viajando, e tô escrevendo e postando pelo celular.



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O baile estava sendo perfeito para um primeiro baile. Eu estava me divertindo muito, e pelo menos as músicas estavam boas. Ana e Alex haviam saido pra dançar uma música lenta, e eu estava entediada. A mesa estava estranhamente silenciosa pra uma mesa que dois minutos atrás estava sendo a mais barulhenta. Eu ficava com mais sono a cada minuto, como se a maquiagem fizesse peso em minhas palpebras.

Sabe aquelas conversas que garotos tem, e se sentem super adultos por isso? Era o tipo de conversa que dava vontade de enfiar a cara em um buraco. "E eu disse isso para o senhor", "eles não podem falar assim com ninguém", "aquele tipo de pessoa não presta". Mas o bom (ou ruim, depende do ponto de vista), era que eu não estava sozinha.


-Você aguenta isso como? - Beatrice perguntou e eu esbocei um sorriso.
-Na verdade, eu nunca tive em uma situação assim. - Respondi sorrindo tentando ser simpática. Mas era mais provável que meu sorriso a deixava assustada, não confortável. - Dois garotos se sentindo adultos por falar: "Ah meus Deuses, ele disse isso?"
-E um deles está até dizendo errado. - Ela comentou. O sotaque de Harry fazia as palavras soarem estranhas e as vezes ele pronunciava errado.


Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas depois retomamos outro assunto.


-Você já conheceu Charlie em outro lugar não é? - Eu perguntei, e ela assentiu sugando um pouco da Coca pelo canudinho.
-Nós estudamos juntos quando éramos pequenos, até a quinta série.
-Então, você era amiga do Alex também? - Ela fez com que não com a cabeça, e me explicou.
-Alex estudava em outra sala. Os dois não gostavam de ser comparados.
-Hoje em dia a situação é a mesma. - Observei, e ela riu de leve.


Dessa vez o assunto acabou MESMO. Ela fez uma cara de brisa, e eu estava ficando com mais sono a medida que cada pessoa passava pela mesa.

Ana chegou na mesa, e se jogou ao meu lado. Parecia ter discutido com Alex, mas eu não podia confirmar. Ela era um pouco difícil de se decifrar em certas horas. Alguns segundos depois Alex apareceu e se sentou na mesa com a mesma delicadeza de Ana.


-Harry, - Ao ouvir seu nome ele olhou pra mim atento. - eu não sei se está se divertindo, mas eu quero ir embora.


Ele deu um sorriso tentando ser simpático, provavelmente, mas acabou saindo como um sorriso forçado.


-Claro. Vocês todos querem? - Ambas as meninas, e Alex, assentiram. Já Charlie deu de ombros.


Nos levantamos, Harry despediu de seus amigos, e fomos para a casa do mesmo caminhando.

As ruas estavam desertas, frias, e com um nevoeiro desconfortável. Clima perfeito para um monstro aparecer... Ou um assassinato.


-Credo. - Beatrice falou de repente, e eu como a pessoa esperta que sou, me assustei e comecei a procurar um motivo para aquele "credo". - As ruas são sempre assim de noite? - Abaixei a cabeça com um pouco de vergonha da minha lerdeza.
-Geralmente sim. - Harry respondeu como se falássemos sobre sabores de bolos.
-E você anda sozinho aqui? - Ana continuou a conversa.
-Não muito. - Que droga de resposta fôra aquela?


De repente passos ecoaram em uma rua a frente. Uma pessoa dobrou a esquina surgindo um pouco à nossa frente. O jeito de caminhar denunciava que era um garoto. Me parecia um pouco familiar até. Eu queria que a névoa se dissipasse para mim ver se reconhecia, então eu fiz uma leve brisa passar por ali. Aquele fôra o primeiro dos erros que eu cometi aquela noite.

Assim que a brisa passou, e o nevoeiro se dispersou por um momento pude ver o garoto. Acho que foi possível sentir o ar ficar mais frio ao meu redor, o meu coração interromper o ritmo normal que deveria bater, e acima de tudo, ouvir meu suspiro assustado.


-Não pode ser ele. - Ana sussurrou sozinha e não-tão-descrente como eu.
-Nico? - Disse, e ouvi o eco vazio de minha voz se espalhar pela rua.


Ele se virou para nós tão bruscamente que eu cheguei a me assustar. Era mesmo ele, mas de certo modo não parecia. Dei falta de sua jaqueta aviador, seu anel de caveira, nosso anel de compromisso, e até mesmo a presença da cor preta. Mas o que me importava era que ele estava ali, na minha frente. Ele não tinha cicatrizes, ou marcas de cortes recentes. Sua pele estava mais de um cinza transparente do que o habitual branco leite. Ele usava uma camiseta azul escura, e uma calça jeans cinza. Seu cabelo estava penteado.


-É você mesmo. - Falei, e ele sorriu. Seu sorriso pareceu um pouco mais aberto do que o de uma pessoa normal. Mas naquele momento eu não me importava com aquilo.


Eu corri e o abracei forte pra saber que ele estava mesmo ali. Eu queria beijá-lo, mas parte de mim ainda o encarava como algo irreal.


-O que aconteceu? - Eu perguntei me separando, e um pouco assustada com o silêncio das pessoas atrás de mim.
-Bom... Eu escapei da prisão obviamente. - Eu ri como uma retardada. Ele fazia eu me sentir como uma retardada. - Mas não era isso que eu queria mais lhe dizer.


Ele nunca dizia "lhe".


-Fala. - Eu falei ainda tentando cotrolar o sorriso.
-Eu quero terminar com você. - Eu tive um treco, mas ele logo continuou. - Eu não quero que você vá atrás de mim... - De repente, sua imagem tremeluziu. Me afastei assustada, batendo as costas em Harry.


Ele não se passava de um fantasma. Toda a esperança e alegria que havia queimado dentro de mim, havia se congelado instantaneamente depois de ver aquela imagem tremeluzir diante de mim. Meu nariz começava a arder denunciando lágrimas. Era irritante o fato de eu ser tão frágil à maioria do tempo.


-Quem é você? - Beatrice perguntou com sua voz soando firme.
-Eu não preciso responder suas perguntas. Você não tem poder algum sobre mim. - Sua voz me assustava, porque ele ainda mantinha a voz de Nico. O tom era um que eu nunca havia escutado. Era cheio de raiva, o que me fez chegar na óbvia conclusão de que ele não estava feliz pelo seu plano não ter funcionado.
-Quem é você? - Eu perguntei tentando fazer a voz soar mais forte do que a de Beatrice.
-Sísifo, filho do rei Éolo. E rei de Epyra. - Ele falou e eu me assustei com o fato de ele ter respondido.
-Nix já foi esposa de Hades, - Beatrice me explicou, quase sussurrando perto de meu ouvido. - talvez ele saiba disso, e lhe deu tal respeito.


Murmurei um "ah", e me voltei a situação. Eu queria perguntar tudo o que pudesse.


-O que você está fazendo aqui? - Retomei nossa 'conversa'. E o fantasma riu, ainda com a aparência de Nico, com certo divertimento.
-Só porque sua mãe é Nix, e eu lhe devo um pouco de respeito não quer dizer que eu tenho que responder todas as suas perguntas.


Minha respiração estava ficando alterada. Eu estava muito assustada por estar conversando com uma versão fantasma de Nico. Parecia que eu estava falando com Nico, em uma versão um pouco mais vazia. Saquei minha espada com puro medo, e a coloquei com medo no peito de 'Nico'. Se eu podia abraçá-lo, eu provavelmente podia matá-lo, ou mandá-lo de volta para o Tártaro. Mas ele riu com um imenso prazer.

Sua imagem tremeluziu, e se transformou na imagem da minha mãe mortal.


-Não vai matar a sua mãe. Vai? - A pressão da minha espada diminuiu.


Em um movimento assustadoramente preciso e rápido, Beatrice sacou uma faca e fincou no canto da barriga do fantasma. Ele desapareceu em fumaça preta que ao invés de subir desceu para o Mundo Inferior.

Minha respiração estava irritantemente falha. Eu não conseguia descrever, ou entender o que eu sentia. Mas acima de tudo, eu sabia que estava assustada. Eu era um alvo tão fácil, e eu não fazia idéia disso. As pessoas (ou monstros e deuses [e almas]), podiam me manipular pra fazer as coisas mais absurdas possíveis. Suspirei algumas vezes, e ficamos ali. Parados no meio da rua, todos um pouco assustados (mas Harry se sobressaia nesse quesito. Afinal, ele nunca houvera visto um fantasma), e com medo de algo pior aparecer. Como se existisse algo pior.


-Vamos? - Ana perguntou, e me encarou. Foi com tal ato que percebi que eu ainda empunhava Tempestade de Raios. Puxei as correntes (uma de cada lado) e ele voltou a ser um colar com pingente de raio. Coloquei o colar de volta, e eu me ocupei em responder Ana antes que tivesse um colapso nervoso.
-Claro. Vamos continuar.


Continuamos o caminho muito mais atentos do que antes.

Quando chegamos ao apartamento, todas as meninas tiraram o salto.


-Eu odeio usar salto. - Ana observou.
-Porque usou então? - Beatrice perguntou com a sobrancelha erguida.
-Eu não sei. - Ela respondeu, indignada consigo mesma.
-Pelo menos acabou. - Comentei infeliz. - Agora só preciso descobrir o que é a marca da união, encontrar Nico, salvá-lo, e tentar ser feliz.
-Que vida triste. - Harry falou.
-Não costumava ser assim. - Falei indo em direção a cozinha tomar um copo de água.


Todos me seguiram, porque obviamente estavam todos cansados e com sede. Bebemos a droga da água, e ficamos encarando uns aos outros sem saber o que fazer.


-Porque estamos nos encarando mesmo? - Beatrice perguntou.
-É bom pra achar defeito nos outros. - Ana respondeu avoada. - Como por exemplo: se o seu vestido fosse um dedo maior ficaria mais legal, Beatrice. Se Alex e Charlie cortassem o cabelo ficariam lindos. Se...
-Ok, já deu pra entender. - Harry falou rindo. Nem quero saber o porque.
-Eu to com sono. - Falei uma das minhas principais frases aleatórias. - E com fome.


Me virei e comecei a procurar algo gostoso. Na geladeira tinha um resto de macarrão, mas eu não me interessei muito. Harry me olhava como se quisesse saber qual era o meu problema.


-Tem cereal no armário de baixo, na primeira prateleira.


Me abaixei, abri a porta, e lá estava a coisa que devia ser considerada dada pelos deuses. Uma caixa fechada de algum cereal de chocolate.


-Onde tem leite? - Perguntei lesada.
-Talvez na geladeira, ou na lavanderia. É difícil saber. - Ana respondeu, e eu ri da piada podre.
-Vai a merda. - Falei rindo sozinha, e invadindo a geladeira de Harry. - Agora eu quero um pote.
-Na sua frente. - Harry respondeu, e eu olhei pra frente.


O armário era de porta vidro e eu não tinha visto. Eu merecia um tapa na cara. Peguei um pote redondo e coloquei em cima do balcão junto com o leite e o cereal. Enchi o pote até quase a boca, e coloquei leite.


-Cadê a colher? - Perguntei brava.
-Você não pegou a colher. - Alex respondeu.
-Ah. - Respondi desanimada por ter perdido a oportunidade de brigar comigo mesma.


Harry se mexeu, pegou a colher atrás dele e me entregou. Murmurei um "valeu" e comi com todo mundo me encarando.

Na metade do pote já estava cansada de todo aquele silêncio, e deles me encarando.


-Porque estão me encarando?
-Você não tá... Sei lá, abalada? - Charlie perguntou como se estivesse perguntando a cor favorita.
-Se lágrimas o trouxessem de volta mais rápido, eu estaria com ele ao meu lado há muito tempo Charlie.


Felizmente, ou infelizmente, eles ficaram quietos depois do meu comentário.

Mas... Se um dia Nico terminar comigo, eu aguentaria ficar sem ele?

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Só uma pergunta: vocês querem o próximo do próximo capítulo com o pov da Giovanna, ou do Nico? Eu pensei que vocês ficariam felizes em escolher. Então, vocês tem dois capítulos pra votarem (esse e o próximo). Me digam o que preferem nos reviews 


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