Konoha

– É muita cara-de-pau sua aparecer aqui desse jeito!!! Vou mandar prende-lo por deserção e por traição! – esbravejava Tsunade.

– Como se pudesse... – respondeu Sasuke, com notável desprezo.

Shizune olhava horrorizada enquanto as veias da testa da Hokage pareciam querer explodir. Ou o rapaz era louco ou não conhecia o poder de Tsunade.

– Antes de ter o seu “chilique” saiba que estou aqui pelo bem de Naruto e também de Konoha. Há um inimigo de poder incomparável atrás de Naruto e de todos os jinchuurikis e tenho certeza que, mais cedo ou mais tarde, ele aparecerá por aqui.

– Se fala dos kyuketsukis chegou tarde. Eles já vieram até a Vila e fizeram um grande estrago. Mas como sabe sobre eles?

– Foi Orochimaru quem despertou o primeiro deles...

“Despertou?” – pensou, surpresa, Tsunade – “Isso é impossível! Não podem ser os mesmos de trinta anos atrás... Eles estão mortos! Seus corpos foram reduzidos a cinzas, espalhadas pelas cinco nações...”

– Como isso aconteceu? Como Orochimaru conseguiu isso? – questionou Tsunade.

– Não sei lhe dizer porque não participei disso. Tudo o que sei foi que ele sacrificou Kabuto, seu servo mais fiel, para poder libertar aquela coisa...

Tsunade não se surpreendeu tanto. A loucura e a sede de poder de Orochimaru eram motivos suficientes para que ele cometesse tamanha insanidade. Ele também lutara contra os kyuketsukis no passado, quando ainda era fiel à Konoha, e mesmo conhecendo o infinito poder dessas criaturas ele ousou libertá-las.

No entanto, quem lhe trazia essa informação também era um servo de Orochimaru. Alguém que se entregara voluntariamente ao maior inimigo da Vila Oculta da Folha. Poderia ser uma armadilha de Orochimaru para subjugar Konoha, da mesma forma que ele fez quando matou o terceiro Hokage.

– Terá que fazer melhor do que isso para me convencer Uchiha. Até onde eu sei você é um dos brinquedinhos de Orochimaru. Seu futuro “recipiente”...]

– Não mais... – respondeu Sasuke

– Como assim?

– Orochimaru está morto...


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País do Fogo, em algum lugar próximo à fronteira com o País do Vento

– Você abusa de sua sorte, verme! – dizia o shinobi mais alto, de rosto coberto e de aparência sombria. Vestia um manto negro com figuras de nuvens vermelhas e carregava nos ombros o corpo de um shinobi jovem, muito ferido.

– E você blasfema sem motivo! – dizia o shinobi de belas feições, que portava uma grande foice com três lâminas e vestia um manto igual – Jashin-sama irá puni-lo por essa heresia, Kakuzu.

– Não me encha o saco com essa merda, Hidan! Ou eu provarei de uma vez por todas que você não é imortal...

– Devia ter deixado eu fazer meu ritual. Fui eu que peguei esse inútil aí prá você. Vai receber a recompensa às minhas custas!

– Não temos tempo para isso. Recuperar a “Duas Caudas” é prioridade para a Akatsuki. Vou trocar esse corpo pela recompensa e partiremos em seguida...

Seguiam discutindo intensamente sem perceber que eram observados por três figuras negras encapuzadas. A um sinal do encapuzado do meio, os outros dois desapareceram, reaparecendo em seguida frente aos dois Akatsukis. A surpresa não poderia ser mais notável. Eles, dois Akatsukis, ninjas com habilidades incríveis, não perceberam em nenhum momento a presença das figuras encapuzadas à sua frente até que elas se revelassem. E, após se revelar, tudo o que podiam sentir era um chakra estranho, que parecia emanar de dezenas de pessoas, mas à frente deles havia apenas uma bela mulher de cabelos loiros, pele muito branca e olhos vermelhos e um homem muito magro, de longos cabelos negros e pele igualmente branca.

– Veja só Kakuzu! Eis que uma oportunidade de me redimir surge assim, de repente! Eles darão uma bela oferenda a Jashin-sama...

– A única coisa que você irá oferecer, a mim, é o seu sangue, baka!!!

Antes que Hidan pudesse pensar em reagir a mulher já havia atingido seu estômago, com um soco tão poderoso que imediatamente ele sentiu que algo havia rompido dentro de si, cuspindo uma grande golfada de sangue e perdendo sua foice de três lâminas. Sem conseguir revidar devido à rapidez incrível e à intensa força da criatura, Hidan foi agarrado por suas vestes e jogado violentamente contra uma árvore.

Kakuzu, que assistiu a tudo atônito, largou ao chão o corpo que carregava e dispôs-se a ajudar Hidan, mas foi igualmente surpreendido pelo companheiro da loira que o envolveu numa névoa negra e sólida, confundindo completamente seus sentidos. Envolto pela densa escuridão, foi golpeado uma infinidade de vezes pelo inimigo invisível, sem conseguir reagir àquela velocidade absurda. Quando a névoa se dissipou seu olhar encontrou o de Kuroi e ele percebeu, tarde demais, que não podia mais se mexer, preso num poderosíssimo genjutsu...

– Kakuzu, seu imprestável, me ajude! – dizia, debilmente, Hidan

– Não se preocupe, querido... Prometo que será rápido – dizia a poderosa mulher que o havia derrotado – Feche os olhos, assim será mais doce...

Os afiados caninos da vampira cravaram-se sem piedade no pescoço de Hidan, revelando o precioso sangue que a criatura necessitava... Ele, que tantas vezes derramara e provara do sangue de seus inimigos para seus rituais macabros, estava agora indefeso frente à vampira que sorvia avidamente seu sangue...

Kuroi, líder dos amaldiçoados, interrogava Kakuzu, ainda imóvel, enquanto realizava selos estranhos com suas mãos.

– Vocês têm algo que eu quero e você me dirá onde está. Eu poderia obter a verdade através do seu sangue, mas creio que você não merece tal piedade de minha parte. Diga, renegado, onde estão os outros Bijuus que vocês roubaram?

– Foda-se, filho da...

Kakuzu não conseguia mais falar, consumido por dores tão intensas, tão insuportáveis que aceitaria a morte, de bom grado, apenas para que aquilo parasse. Enquanto o jutsu de Kuroi o torturava, Kakuzu se perguntava como aquelas criaturas desconhecidas puderam derrotar tão facilmente dois Akatsukis. O líder dos amaldiçoados ironizava friamente seu sofrimento.

– A noite está apenas começando, renegado. Aprenderás que a dor é a melhor amiga da verdade...


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Suna

– Você cresceu Naruto. Tanto fisicamente como em habilidades, pelo que vejo. Você e Hinata conseguiram derrotar sozinhos uma criatura que quase matou a mim e meus irmãos... - dizia Gaara a Naruto.

Estavam todos no hospital, esperando notícias de Kankuro. Sakura e os outros médicos de Suna ainda não haviam terminado a cirurgia.

– Só consegui derrotar aquela coisa porque usei a força da Kyuubi - confessou, constrangido, Naruto. - A verdade é que perdi o controle quando ele pegou a Hinata e a Raposa Demônio acabou saindo, do contrário o mais provável é que estaríamos mortos.

– Não se lamente por isso, Naruto - disse Temari, que ouvira a conversa - Só quem lutou contra aqueles monstros sabe o poder sobrenatural que eles têm...

Naruto assentiu com a cabeça, mas a verdade é que ele tinha bastante consciência da sua dependência do poder da Kyuubi e isso o irritava. "Preciso me tornar mais forte!"– pensava -"Não posso depender do poder desta maldita raposa toda vez que eu estiver em perigo!".

A atenção de todos se voltou para as portas da sala de cirurgia quando Sakura apareceu. Sua expressão era neutra, mas longe de ser tranquilizadora. Parou diante deles permanecendo em silêncio...

– E então? - perguntou Gaara.

Sakura respirou profundamente, como se estivesse cansada.

– FALA LOGO, MULHER!!! Como está meu irmão??? - esbravejou Temari.

– Ele vai ficar bem. A operação foi um sucesso! - respondeu, finalmente, Sakura para alívio de todos.


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Já haviam se passado três dias desde que chegaram a Suna.Tsunade fora bem clara quanto à necessidade de retornarem para Konoha o mais breve possível, por isso partiriam no dia seguinte, ao nascer do Sol, logo após Sakura reavaliar Kankuro. Ele recobrava aos poucos a consciência, demonstrando visível melhora. Logo estaria de pé...

– Eu disse que você dava conta, Sakura-chan! - dizia Naruto.

– Você tinha razão. Eu só precisava acreditar um pouco mais em mim mesma. Obrigada!

– É isso aí. E amanhã voltamos para Konoha!

– Você parece bastante ansioso para voltar, Naruto... Algum motivo em especial? - questionou Sakura.

Ao invés de responder, Naruto ficou com a face intensamente vermelha. Uma atitude bem parecida com a daquela que era seu "motivo" para voltar rapidamente para casa. Sakura o olhava surpresa. Naruto era o maior "cara de pau" que ela conhecia, nunca o tinha visto se envergonhar por nada.

– Bem...- "Conto ou não conto???" – pensava Naruto. Resolveu contar.

– Bem, a verdade é que não vejo a hora de voltar prá casa para ficar com a Hinata, sabe... Eu estive com ela pouco antes de sairmos para essa missão. Nós... é... nós nos beijamos!

O queixo de Sakura quase caiu. Finalmente, depois de tantos anos ele finalmente percebera que a Hyuuga era apaixonada por ele?

– N-nossa, Naruto-kun!!! F-finalmente, hein?- dizia Sakura com a voz, surpreendentemente, embargada. Estava feliz por seu amigo mas, ao mesmo tempo, algo a incomodava lá dentro, não sabia definir exatamente o que era.

" O que é isso? Eu, Haruno Sakura, estou com... ciúmes????"– pensava, confusa.

– Pois é! Sei que demorei mas você sabe melhor do que ninguém como eu sou meio devagar, não é?- dizia Naruto com aquele sorriso enorme e irreverente que conquistava a todos.

– Estou muito feliz por vocês! - dizia Sakura, abraçando o amigo e disfarçando, como podia, seus sentimentos. - Mas se você magoar a Hinata, eu parto você ao meio, hein?! - dizia rindo, mas mostrando o punho fechado para ele.

– N-não, Sakura! Vou fazê-la feliz, eu prometo! - respondeu Naruto, meio trêmulo...


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– Gaara autorizou isso?

– E quem disse que eu vou pedir autorização a ele? - dizia Temari enquanto embrulhava cuidadosamente sua arma: o leque gigante que estava sobre a cama de seu quarto.

Os sentimentos de Shikamaru eram contraditórios. Seria bom tê-la ao seu lado em Konoha, havia muitas coisas que ainda gostaria de dizer a ela. Mas ela havia acabado de se recuperar de um longo e doloroso trauma. As marcas da mordida ainda eram visíveis em seu pescoço...

– Ele é seu irmão e também o Kazekage da Vila da Areia. Não acha que deve alguma satisfação a ele? - insistia Shikamaru.

– Não. - respondeu, secamente, a kunoichi. - Eu vou para a Vila da Folha com vocês e pronto! Se existe alguma chance daqueles monstros desgraçados aparecerem de novo, eu vou estar lá esperando por eles! - dizia Temari, com o olhar cheio de fúria.

Shikamaru suspirou, colocando as mãos atrás da cabeça. Ele não conseguiria fazê-la mudar de idéia. Não que isso o deixasse triste, mas ele realmente se preocupava com ela. Aproximou-se dela, que estava de costas para ele, e colocou as mãos em seus ombros.

– E se eu lhe pedisse para ficar?

Surpresa, Temari arrepiou-se levemente ao toque. Os kyuketsukis não eram o único motivo dela querer acompanhá-lo, mas ela não daria o braço a torcer.

– Pensei que ficaria feliz se eu fosse. Afinal, estarei lá para salvar sua pele mais uma vez...- disse rindo, ainda de costas para ele.

– Eu ficarei feliz se você for comigo. Gostaria, inclusive, que ficasse para sempre lá comigo. O tempo que passo longe de você é simplesmente insuportável...

As palavras saíram de forma tão natural que Shikamaru não teria conseguido dizê-las se tivesse ensaiado para esse momento. Temari, paralisada de surpresa, não sabia o que dizer. Apenas absorveu extasiada aquelas palavras que tanto desejou ouvir.

– Eu... também senti sua falta "preguiçoso"...- disse, finalmente.

Ainda às costas dela, Shikamaru abraçou seus ombros, afundando o rosto entre seus cabelos. Temari sentia novamente seus olhos quase transbordarem.

– Droga! Você não vai me fazer chorar de novo!!! - esbravejou Temari. Então virou-se bruscamente de frente para ele e o beijou com paixão e intensidade, enquanto as lágrimas finalmente transbordavam...


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Konoha

Tsunade estava brava consigo mesma, pois estava triste pela morte de um verdadeiro demônio. Havia muitos anos já que Orochimaru não era mais seu amigo e companheiro, mas ela ainda tinha vivas as lembranças de quando ela, Orochimaru e Jiraya eram discípulos do Sandaime. Tentou afastar essas lembranças para poder concentrar-se no relato de Sasuke.

– Orochimaru nunca aceitou a derrota pela invasão frustrada de konoha, apesar de ter conseguido matar o Sandaime. Ele jurou que ainda destruiria Konoha e acredito que todas as ações dele até o dia de sua morte, inclusive me escolher para seu recipiente, foram para levá-lo cada vez mais perto deste objetivo.

Tsunade olhava para Sasuke tentando entendê-lo. "Como alguém aceita pagar um preço como esse, abrir mão de si mesmo, apenas por vingança?"– pensava.

– Foi então que um dia Orochimaru recebeu de um de seus espiões a informação de que havia um grande poder escondido no Templo do Fogo - prosseguia Sasuke - Com a ajuda de seus lacaios ele capturou um dos monges do Templo e fez com que ele lhe contasse tudo, usando um jutsu de controle da mente. Foi aí que ele soube que os seres conhecidos como kyuketsukis estavam sepultados nas catacumbas sob o Templo, protegidos por selos e jutsus poderosíssimos. Soube também, através deste monge, como poderia despertar estas criaturas. Aquele tolo arrogante achava que poderia controlar o poder deles. Mas para isso ele precisaria do chakra dos Bijuus. Sabíamos que a Akatsuki estava capturando os jinchuurikis para roubar seus Bijuus, mas não faziamos a menor idéia de onde a Akatsuki estava. Orochimaru resolveu, então ir atrás dos Bijuus que ainda não estavam nas mãos da Akatsuki. Seu primeiro impulso foi procurar Naruto mas ele desistiu quando soube que Naruto estava viajando em treinamento com Jiraya. Então ele foi atrás de Yugito Nii, a jinchuuriki do Bijuu de Duas Caudas, e a matou, selando temporariamente o Bijuu em Kabuto. Dessa forma, ele já tinha o que precisava para despertar os kyuketsukis.

Tsunade sentia ainda mais raiva por ter sentido, mesmo que por um breve instante, a morte de Orochimaru. A vida nunca significou nada para ele. A única coisa que ele sempre prezou em vida, foi o poder...

– Com as informações que ele extraiu da mente do monge, ele e Kabuto invadiram o templo e quebraram os selos e jutsus que protegiam o túmulo dos kyuketsukis. Mas o poder do Bijuu de Duas Caudas foi suficiente para despertar somente um deles: aquele que é chamado de Kuroi. Outra coisa que Kabuto desconhecia mas Orochimaru não, é que as criaturas tem uma necessidade primal, acima de todas as outras: sangue. Kabuto não teve tempo de se defender quando a criatura dilacerou sua garganta e sugou seu sangue até matá-lo. Orochimaru oferecera seu servo mais fiel como alimento, como se oferecesse um pedaço de carne a um cão selvagem - disse, com ódio e desprezo visíveis, Sasuke.

– Nunca participei das atrocidades de Orochimaru e ele também não fazia nenhuma questão da minha participação. Tudo o que lhe interessava era o meu corpo, seu futuro recipiente. Quando ele chegou naquela noite, sem Kabuto e acompanhado daquela criatura bizarra, percebi que meu tempo junto a ele havia chegado ao fim. Eu procuraria minha vingança sozinho. Tive mais certeza ainda da minha decisão quando ele me contou, rindo, o que havia feito a Kabuto. Nunca gostei de Kabuto, mas aquilo foi cruel ao extremo, até mesmo para ele. Sabia que ele não me deixaria partir tão facilmente, então esperaria o momento certo para fugir. Mas aquele desgraçado, parecia que ele lia meus pensamentos:

" - Desaprova meus atos Sasuke? Não sabia que tinha uma "quedinha" pelo Kabuto...

– Não estou nem aí para aquele imbecil. Mas ele era seu servo, era fiel a você. É isso o que também devo esperar? Serei também alimento para o seu novo "bichinho de estimação"?"

– Ele riu ao me ouvir dizer isso. A criatura, sentada sobre uma pedra e com o rosto oculto sob o capuz, mantinha a cabeça baixa como se estivesse cansada, parecendo uma estátua de tão imóvel. Não sabia dizer se ela prestava atenção em nossa discussão. Desde que chegara, permanecera daquela forma: silenciosa e imóvel.

" - Sabe que meus planos para você são outros. Não deseja mais poder? Acha que já está pronto para enfrentar seu irmão? Há muito que você ainda não sabe...

– A única coisa que eu preciso saber é como encontrar a maldita Akatsuki, e nisso você não pode me ajudar...

– Ah, mas eu posso... Eu sei onde a Akatsuki se esconde. Aliás, eu sempre soube."

– Naquele momento senti minhas mãos tremerem de tanto ódio. Então ele havia mentido para mim. Sabia onde meu irmão estava todo esse tempo e não me disse, certamente com medo de que eu fosse morto ou me ferisse, danificando assim o seu precioso "recipiente"...

" - POR QUÊ? Por que mentiu para mim? Se sabia onde Itachi estava, por que não me disse?!

– Como eu já disse, tenho outros planos para você ou já se esqueceu do nosso acordo? Eu lhe daria o poder e os meios para realizar sua vingança e em troca você me serviria. Se você soubesse, antes de estar preparado, o paradeiro de Itachi, teria ido atrás dele e frustrado meus planos. Você não é o único a ter interesse na Akatsuki...

– O que quer dizer com isso?

– Além desse kyuketsuki que aqui está, há ainda mais quatro sepultados sob o Templo do Fogo. O poder do "Duas Caudas" só foi suficiente para despertar um deles. Preciso do poder dos outros Bijuus para despertar todos e a Akatsuki, atualmente, detém a posse da maior parte dos Bijuus."

– Percebi que, naquele momento, algo do que dissemos havia chamado a atenção da criatura. Ela finalmente havia se movido, erguendo a cabeça, e agora nos observava atentamente...

" - Trata-se disso, então? Usar monstros para despertar outros monstros?

– Sim. Mas, acima de tudo, usar monstros para destruir de vez Konoha..."

– Ko... no... ha...."

– Eu e Orochimaru olhamos espantados para o kyuketsuki, que havia finalmente quebrado seu silêncio. Ao mesmo tempo, ele se levantou e andou em direção a Orochimaru. Instintivamente, levei a mão à minha espada, pois nem mesmo em Orochimaru eu já havia sentido um chakra tão hostil. Ele parecia confuso ao falar com Orochimaru.

“- Ko... noha... Onde?

– Acalme-se, meu amigo. Ainda está fraco pelo despertar. Talvez precise de um pouco mais de energia... YORU! VENHA CÁ!”

– Yoru, uma das várias shinobis que Orochimaru adotara por ter enxergado nelas algum potencial, apareceu com presteza.

“ – Chamou, Orochimaru-sama?

– Sim, minha cara. Quero lhe apresentar um novo amigo...”

– Ela nem teve tempo de gritar. O kyuketsuki envolveu-a como uma serpente, numa velocidade impossível de acompanhar, mesmo com meu sharingan. Ele fazia um som nojento enquanto sugava o sangue dela. Orochimaru apenas sorria. Para mim, aquilo foi meu limite. Saí da presença deles, sem olhar para trás, decidido a deixar aquele lugar para sempre. O problema era como eu faria isso? Como eu enfrentaria Orochimaru? Estava deitado em meu quarto, pensando sobre isso, quando ouvi Orochimaru chamar o nome de Richi, outro de seus servos menores e amigo íntimo de Yoru. “O maldito monstro ainda está com sede” – pensei. Tive o impulso de me levantar e avisar Richi do perigo mas sabia que seria inútil. Ele não deixaria de atender a um chamado de Orochimaru... E assim, enquanto aquele vampiro maldito se alimentava dos lacaios de Orochimaru eu me perdia em meus pensamentos de fuga e nas minhas lembranças de quando era apenas um gennin em Konoha. Pela primeira vez desde que deixei a Vila da Folha, eu me questionei se aquilo tudo valia a pena. Acabei pegando no sono...

Tsunade ouvia incrédula. Não chegara a conhecer Sasuke antes dele deixar a Vila. Pouco depois que ela assumira como Hokage ele partira. Sabia que ele tinha mais ou menos a idade de Naruto, mas sua fisionomia e atitudes sugeriam um amadurecimento precoce, como alguém que se tornara adulto forçadamente. Continuou a ouvi-lo:

– Acordei mais tarde, já de madrugada, com gritos e sons do que parecia ser uma batalha ocorrendo lá fora. Levantei-me rapidamente e corri para fora do esconderijo. O que vi, então, parecia uma imagem do próprio inferno: dezenas dos servos de Orochimaru mortos, totalmente drenados, alguns mutilados de tal forma que era impossível dizer que se tratavam de seres humanos. Os únicos em pé eram o kyuketsuki chamado Kuroi e, ao seu lado, Yoru e Richi, que também já não eram mais humanos. O mais inacreditável foi o que eu vi aos pés dos três: Orochimaru, mortalmente ferido. Vi quando Kuroi ergueu Orochimaru pelo pescoço e ouvi quando Orochimaru, perdendo todo o orgulho e dignidade, pedia pela própria vida:

“ – E-eu o libertei! C-como pode... fazer isso... c-comigo? Eu posso.... leva-lo até... até os B-Bijuus! N-não... não me mate!

– Sim, você me dirá onde estão os Bijuus. Você me dirá tudo o que eu preciso saber sem precisar proferir uma única palavra...”

– E então a criatura projetou sua mão direita contra o peito de Orochimaru, trespassando seu corpo como uma lança. Quando ele soltou o corpo, deixando-o cair no chão, Yoru e Richi avançaram sobre o corpo como cães avançando sobre migalhas caídas de uma mesa. Kuroi ainda segurava algo em sua mão direita que eu não consegui identificar imediatamente. Quando ele levou aquilo à boca, mordendo avidamente, foi que eu percebi com nojo que aquilo era o coração de Orochimaru...

Tsunade engoliu em seco, sentindo-se nauseada. Em mais de cinco décadas de vida nunca havia ouvido algo semelhante. Ela que já havia lutado em guerras, que já lutara contra os kyuketsukis, sentia calafrios ao ouvir o relato de Sasuke.

– Aquilo era um pesadelo. Kuroi percebeu minha presença e sorriu, certamente querendo meu sangue também. Mas o céu tornava-se cada vez mais claro com o nascer do dia e isso pareceu fazê-lo hesitar. Chamou Yoru e Richi que ainda bebiam do corpo de Orochimaru e então partiram, desaparecendo numa densa névoa negra. Vaguei desde então, procurando pelas criaturas pois sabia que elas procurariam a Akatsuki e, consequentemente, me levariam até Itachi, mas um dia, percebi que um deles se separou do grupo tomando o rumo de Konoha. Segui seu rastro até aqui, mas cheguei tarde demais pelo que você me contou...

Um silêncio incômodo pairou sobre o escritório da Hokage, enquanto Tsunade e Shizune digeriam todo o horror do relato de Sasuke. O maior inimigo de Konoha estava morto, mas um outro, mais perigoso e mortal tomara o seu lugar...

– Sasuke... – disse finalmente, Tsunade – Diga-me a verdade: por que voltou para Konoha?

– Porque, de um jeito ou de outro, a Akatsuki e os kyuketsukis acabarão chegando a Konoha. Naruto é o jinchuuriki do mais poderoso Bijuu. Mais cedo ou mais tarde eles virão atrás dele e da Raposa de Nove Caudas. Minha esperança é que a Akatsuki chegue aqui primeiro e por isso quero estar aqui esperando por eles...

– Escute com atenção, Uchiha Sasuke. Você é um desertor. Abandonou Konoha e uniu-se a um de nossos maiores inimigos. Porque devo aceitá-lo de volta a essa vila?

– Porque é certo que vocês enfrentarão uma guerra contra um inimigo poderosíssimo e precisarão da ajuda de aliados. Não precisa me aceitar de volta, apenas permita que eu fique e lute por vocês. Depois, eu partirei novamente.

– Está bem. Mas eu o proíbo de usar a bandana da Vila da Folha. Ficará na Vila como um hóspede e será constantemente vigiado pela ANBU. Concorda com essas condições?

– Concordo.

– Muito bem. Shizune providenciará acomodações para você. Acompanhe-a.

– Obrigado, Hokage.

Já estavam quase saindo do escritório quando Tsunade chamou-o novamente:

– Sasuke!

– Sim, Hokage?

– Guarde minhas palavras: se trair essa Vila novamente eu vou matá-lo com minhas próprias mãos. Entendeu?

– É claro, Hokage... – respondeu Sasuke, com uma insinuação de sorriso.

– Shizune, assim que Jiraya chegar mande-o à minha presença imediatamente!

– Sim, Hokage. Devo adiantar-lhe o assunto?

– Não...- respondeu Tsunade, com uma expressão sombria – Só quero que ele me explique alguns acontecimentos de trinta anos atrás. E, depois que ele me explicar, eu vou matá-lo!!!




(continua...)