O Vampiro De Konoha escrita por Caesarean Tolledus


Capítulo 2
O Sol e a Lua




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Konoha - Portão Norte - 23:45h

   
- Você tem certeza do que está dizendo, Naruto? Isso é muito grave e pode até comprometer a relação de Konoha com Suna!

   
- Olhe prá mim Shikamaru! Você já lutou com ela e conhece esse jutsu melhor do que eu. Essa é a técnica da Temari!

   
- Porém, para essa técnica, a Temari usa uma ferramenta que essa criatura não possui: o leque.

   
- Pode até ser, só que o efeito foi o mesmo, talvez até mais forte...

   
Apesar de querer achar alguma explicação mais lógica Shikamaru sabia que não havia engano, pois a técnica de Temari era única e também um segredo muito bem guardado pela shinobi. Os ninjas de Suna eram muito reservados com suas técnicas, o que as tornava únicas. Não se achava em nenhum outro país técnicas semelhantes aos dos shinobis da areia, o que os tornava temidos e respeitados pelas outras nações. Temari, particularmente, não ensinava as suas técnicas nem mesmo para os seus discípulos, apenas ajudando-os a desenvolver suas próprias técnicas. O fato de uma criatura tão poderosa estar usando um de seus jutsus para atacar shinobis de Konoha poderia facilmente ser interpretado como traição. Os amigos de Shikamaru sabiam que ele amava Temari, apesar dele não admitir isso para si mesmo. A última coisa em que ele queria pensar era na possibilidade da mulher que ele amava desonrar o pacto com Konoha.

   - Não podemos pensar nisso agora – disse Shikamaru – Precisamos capturar essa tal criatura e tirar isso a limpo! Se for preciso, forçaremos ela a dizer como conseguiu esse jutsu!

   
- É isso aí! Vamos pegá-lo! – completou
Naruto.


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Konoha - próximo ao Portão Oeste - 00:05h

“Isso não pode estar certo... Naruto disse que se tratava de um indivíduo e não de um exército!” – refletia Shino. Ele estava no alto de uma árvore para poder usar melhor o seu jutsu: milhares de insetos que respondiam aos seus comandos através de seu chakra. Nesse momento ele os usava para poder detectar alguma pista do inimigo, mas a estranha natureza daquele chakra atordoava os insetos fazendo com que voassem desordenadamente para todos os lados. “É inútil, não poderemos achá-lo assim...” concluiu, chamando seus insetos novamente para junto de si.

   - Achou alguma coisa Shino? – perguntou Asuma.

   - Não, nada. Esse chakra... é impossível alguém possuir um chakra assim!

   
- Eu sei. Também não consigo entender.

   
- Não pode ser mais de um inimigo? – perguntou Chouji.

   - Não. Os insetos não ficariam tão confusos, saberiam distinguir um grupo. Esse chakra múltiplo é único, mas sua localização não pode ser detectada com precisão – respondeu Shino.

   - Fiquem atentos! Se podemos sentir esse chakra significa que ele não está longe – advertiu Asuma.




   
Próximo dali, oculta nas sombras, a criatura encapuzada examinava seus perseguidores: suas aparências, seus cheiros e, principalmente, seus chakras. E sorria, ao pensar nas possibilidades...

   Deixou-os ali em sua busca inútil. Konoha era um menu diversificado que ele iria saborear aos poucos. E a noite era apenas uma criança...


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Konoha - região leste - 00:15h

   
- O que foi Neji? Você parece tão distante... - perguntou TenTen, estranhando o jeito de seu companheiro de equipe.

   - Hum? Ah, não é nada. Só estava pensando nesta criatura que atacou Ino . As características que Naruto descreveu... acho que eu já tinha ouvido algo parecido, só não me lembro onde e nem quando...

   
- Conhece essa coisa que atacou a Ino?

   
- Talvez. Em meus sonhos de infância ou, mais provável, em meus pesadelos...

   
TenTen olhava para Neji, sem entender ainda onde ele queria chegar. Era raro o Jounin se expressar tão espontaneamente e ainda mais dessa forma tão misteriosa. Por alguns segundos, TenTen demorou seu olhar na fisionomia intrigante - e bela - de seu amigo.

   Enquanto isso, Rock Lee - " a Besta Verde de Konoha" - saltava como um louco entre os telhados, mal parando para
respirar. "Se eu não pegar esse monstro, darei cem voltas pela vila, plantando bananeira" - pensava.


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Konoha - região sul - 0:20h

   
- É sério, eu nunca tinha visto ele desse jeito! - Espantava-se Kiba ao ver o comportamento de Akamaru. O enorme cão branco, famoso por sua inteligência, força e coragem, encontrava-se encolhido e ganindo como um filhotinho assustado. Ele havia farejado algo que o assustara intensamente. Kiba, que também tinha um olfato apuradíssimo, não captara nenhum cheiro.

   - Fiquem atentos e concentrem-se aos sinais do inimigo. Seja lá o que for essa coisa, é provável que ela esteja próxima - disse Kurenai.

   - Eu também vou tentar ajudar, Kiba - disse Hinata, saltando para cima de um edifício a fim de usar seu jutsu: - BYAKUGAN!!!

   
O olhar da jovem kunoichi assumia o aspecto característico conferido pelo jutsu do clã Hyuuga: as íris prateadas e quase
brilhantes e as veias salientes ao redor das órbitas. O mundo assumia outro aspecto para os usuários do Byakugan: qualquer detalhe, por menor que fosse, tornava-se nítido. As maiores distâncias tornavam-se pequenas e a escuridão nada significava. E foi graças a esse poder que Hinata pôde ver a criatura.

   - ALI! NAQUELE TELHADO!!! - gritou Hinata para a sua equipe que imediatamente avançou para o lugar que ela indicava.

   - Akamaru! Procure Asuma-sensei e os outros. Vá!!! -ordenou Kiba. Imediatamente, Akamaru disparou vila adentro como uma flecha para cumprir as ordens recebidas.

   A criatura não podia acreditar naquilo. Ele, que fundia-se às sombras de tal forma que era como se fizesse parte delas, havia sido descoberto! Seu corpo tremia de tanta fúria, mas não pode deixar de admirar a inimiga que o havia sobrepujado. Quem era aquela jovem, com seu estranho olhar, que pôde enxergá-lo nas trevas? Que jutsu maravilhoso era esse? Além de ter um poder singular a jovem era bela: Pele alva; cabelos negros e compridos; uma face que irradiava uma inocência quase infantil; seios fartos em um corpo esguio e bem definido. Imediatamente, ele a desejou e decidiu que ela seria sua de qualquer forma: teria para si aqueles olhos belos e exóticos bem como o seu sangue.


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Hospital de Konoha - 00:30h

   Naruto e Shikamaru foram os primeiros a chegar ao ponto de encontro, apesar de Naruto estar furioso por querer continuar procurando o inimigo. Shikamaru, como Chuunin, liderava e portanto decidiu que deveriam voltar no horário combinado por Asuma.

   Logo em seguida chegaram Neji e TenTen, seguidos por Rock Lee, que vinha plantando bananeira (como todos já conheciam as excentricidades do "clone em miniatura do mestre Gai", ninguém perguntou nada). Depois, chegou a equipe de Asuma. A equipe de Kurenai estava atrasada...

   Antes que qualquer um deles pudesse iniciar uma
fala, Sakura apareceu na porta da sala de emergência e sua fisionomia não era animadora. Ao vê-la, todos pensaram no pior, mas Shikamaru foi o único que deu voz ao que todos pensavam:

   - Sakura! Ino.. por acaso ela está...

   
- Ela está viva - disse a jovem médica para alívio de todos - Porém, não sabemos ainda a que custo - completou.

   - O que quer dizer, Sakura-chan? - perguntou Naruto.

   - Ela perdeu muito sangue, de uma forma que não conseguimos entender. Ela fraturou duas costelas, mas não houve hemorragia interna e o único ferimento visível são duas pequenas perfurações no pescoço que também não explicam a quantidade de sangue que ela perdeu. É como se... como se ela tivesse sido drenada...

   
- ...

   
- Ela está em coma. O chakra dela...não conseguimos senti-lo! É como se ela fosse uma casca vazia! - disse Sakura, com os olhos lacrimejando - Mesmo que ela acorde, o mais provável é que ela nunca mais possa ser uma shinobi...- Sakura, agora, chorava livremente, amparada por Naruto. Apesar de serem rivais no amor e da conturbada e geniosa relação mestra-discípula que tinham, elas se conheciam desde a infância. Sakura sentia amargamente a impotência de não poder ajudar sua amiga...

   Naruto abraçava Sakura, desejando ter o poder de afastar toda e qualquer dor que ela pudesse estar sentindo. Seus sentimentos em relação a ela já não eram tão confusos como antes. Durante muito tempo ele a desejou - e agora entendia pelo menos isso: desejo não significa amor - mas agora, não sabia definir exatamente o que sentia. O fato de haver descoberto recentemente o que toda a Vila da Folha já sabia (menos ele), ou seja, a paixão que Hinata nutria por ele desde a infância, fez com que ele olhasse com mais atenção para ela e passasse a entender um pouco melhor os seus próprios sentimentos.

   Todos estavam arrasados. Um intruso havia invadido a Vila, atacado e quase tirado a vida de uma shinobi e fugido sem que ninguém pudesse detê-lo. Todos sentiam-se culpados. Até mesmo Asuma derramou uma lágrima por sua discípula.

   A chegada abrupta e barulhenta de Akamaru desviou o pensamento de todos. Ele latia e uivava desesperadamente, correndo para a rua e voltando repetidas vezes.

   - Ele está querendo nos dizer alguma coisa! - disse Rock Lee.

   - Ele quer que o sigamos! - deduziu Shikamaru - Para Kiba se separar de Akamaru, isso só pode significar que eles estão com problemas!

   
- ELES ACHARAM AQUELE MONSTRO!!! VAMOS NESSA!! -
explodiu Naruto, disparando porta afora. Retornou cinco segundos depois:

   - Ahnn.... onde eles estão, Akamaru?

   
- Auuuuuuuu!!!! (tradução: Baka!)


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Clareira da Floresta de Konoha – 0:40h

   
Kurenai atacava frontalmente enquanto Hinata atacava juntamente com Kiba visando os flancos da criatura, que movia-se com velocidade sobrehumana. Até mesmo a experiente Jounin percebia que dificilmente aquela luta teria um resultado favorável à sua equipe. Sua especialidade, o Genjutsu, parecia inútil contra a criatura. Kiba, sem Akamaru, não podia usar seu principal trunfo ofensivo: o Gatsuuga. A única que parecia levar alguma vantagem contra o inimigo era Hinata. O Byakugan permitia-lhe antecipar os movimentos do adversário, equiparando-os em velocidade. Mesmo assim, não era uma luta equilibrada. A força física sobrenatural da criatura, superior até mesmo à força da Hokage, tornava seus ataques devastadores. Um único golpe poderia ser mortal. Hinata sabia disso e tentava manter a luta a uma certa distância:

   - SHUGO HAKKE ROKUJUYON SHO! – Hinata usava suas lâminas de chakra para afastar seu inimigo mas, da mesma forma que ocorreu com Naruto, as lâminas passavam pelo corpo da criatura como se ela fosse imaterial.

   “Maravilhoso!” – pensava a criatura, cobiçando sua presa.

   Súbito, Kurenai e Kiba viram quando Hinata parou de atacar. Seus braços caíram ao longo do corpo e seus olhos estavam focados intensamente na criatura. Ela não mais se movia.

   Percebendo que sua discípula estava numa espécie de Genjutsu, Kurenai imediatamente tentou libertá-la, mas foi inútil: ela também não podia se mexer! Na ânsia de salvar as duas mulheres, Kiba investiu furiosamente contra o inimigo. Não conseguiu enxergar o golpe que o atingiu de baixo para cima, fazendo-o voar desacordado por vários metros.

   Professora e discípula encontravam-se na mesma situação: imóveis e à mercê do monstro. Por mais uma vez naquela noite a criatura seguiu seu ritual: aproximou-se lentamente de sua vítima, ao mesmo tempo em que baixava o capuz de seu manto negro expondo suas feições diabólicas.

   - Talvez você mereça um destino melhor... – dizia a criatura, acariciando o rosto de Hinata – Ao meu lado, você desabrocharia todo o seu potencial. Seria linda e poderosa, e a morte jamais a tocaria. Tudo o que peço é que me alimente...

   
Hinata já podia sentir o hálito gélido da criatura em seu pescoço quando, subitamente, a criatura também paralisou-se.

   Haviam chegado à clareira no exato instante em que a criatura preparava-se para atacar Hinata. Sakura e Asuma socorriam Kurenai e Kiba enquanto os outros cercavam o inimigo. Distraído com sua vítima, o estranho ser não percebeu quando a sombra de Shikamaru o envolveu paralisando-o.

   - Peguei sua sombra, desgraçado! Agora você é nosso...

   
- Tolo! EU SOU AS SOMBRAS!!! – respondeu a criatura com os olhos queimando de fúria.

   Todos se surpreenderam quando a sombra do monstro
expandiu-se em todas as direções, como lanças negras. Defenderam-se como puderam, mas as lanças feitas de escuridão sólida atingiram Shikamaru e Chouji. Não era grave, mas estavam fora de combate.

   - Maldito!!! KONOHA SENPUU!!! – gritou Rock Lee atacando com grande rapidez. A criatura foi arremessada para cima com o golpe, mas Rock Lee não pretendia dar tempo para que ela se recuperasse. Atacou novamente em pleno ar, mas desta vez a criatura esquivou-se emendando rapidamente um contra-ataque. Desta vez a criatura, atordoada pelo golpe recebido, manteve-se sólida. Os dois lutavam freneticamente, numa velocidade absurda até mesmo para os padrões de um shinobi de alto nível. Rock Lee, “a Besta Verde de Konoha”, havia encontrado um adversário à altura do seu Taijutsu.

   Os outros apenas observavam; qualquer interferência numa luta desse nível só atrapalharia Rock Lee. Aproveitando esse tempo, Sakura tentava socorrer Shikamaru e Chouji, enquanto Naruto amparava Hinata que ainda sentia-se atordoada após libertar-se do genjutsu do inimigo.

   - Hinata-chan, você está bem? Ele te machucou? – Naruto perguntava, com as mãos na face de Hinata.

   - Naruto-kun?! – conseguira dizer o nome dele sem gaguejar, mas sentia-se meio tonta. Não sabia dizer se era efeito do poder da criatura ou a surpresa por ter o homem que sempre amou assim tão próximo dela, tocando-a e demonstrando tanta preocupação com ela. Sentia sua pele arder em brasas, seu coração palpitava... não! “Não vou desmaiar desta vez!!!” – dizia para si mesma.

   - Eu estou bem Naruto... só um pouco tonta. Ele é um monstro! Nem Kurenai-sensei conseguiu detê-lo!

   
- Se o “sobrancelhudo” não der um jeito nele eu mesmo dou, eu prometo! Agora descanse, tá bem?- disse, abrindo aquele sorriso enorme que ela tanto adorava...

   - T-tá bem...

   
Lee e seu adversário continuaram lutando por um
longo tempo, mas logo ficou evidente que a criatura começava a levar vantagem. Enquanto Rock Lee respirava com dificuldade e estava encharcado de suor, seu inimigo não demonstrava o menor sinal de cansaço.

   - Foi divertido – ouviram a criatura dizer cinicamente – mas esta brincadeira termina aqui: AKUMA NO KAGE!

   
A sombra do inimigo espalhou-se rapidamente pelo solo como se fosse líquida. Rock Lee tentou saltar para fugir, mas era tarde demais: a sombra o havia apanhado e o puxava para dentro do solo, como areia movediça. Em desespero, Lee afundava no abismo negro sem conseguir se salvar. Foi quando a criatura desconcentrou-se devido ao ataque súbito de Neji, dando tempo a TenTen de laçar o braço de Rock Lee com uma de suas correntes, tirando-o de perigo.

   - JUUKENHOU HAKKE - SANJUUNI SHOU!!! - Neji atacava com as palmas das mãos tentando paralisar o fluxo de chakra do inimigo. Mas logo percebeu que era inútil: a criatura não possuía um fluxo de chakra. Seu chakra era como um incêndio incontrolável dentro de seu corpo; um caos de energia, sem forma, mas extremamente poderoso. Para zombar do ataque infrutífero de Neji, a criatura atacou-o com a palma da mão num golpe fulminante: atingiu o peito de Neji arremessando-o a metros de distância.

   Imediatamente Shino também atacou, cobrindo o corpo da criatura com uma espessa nuvem de seus insetos, tentando sufocá-la. Após alguns segundos em que a criatura permaneceu imóvel, todos pensaram que Shino havia conseguido mas, subitamente, um clarão emanado do corpo da criatura desiludiu a todos. Para desespero de Shino, seus insetos ardiam em chamas.

   Naruto, que até então mantivera-se longe do combate, não mais se conteve:

   - TAJU KAGE BUSHIN NO JUTSU!!

   
Após uma grande explosão, dezenas de cópias de Naruto surgiram simultaneamente e lançaram-se sobre o inimigo num ataque suicida. Os bushins atacavam furiosamente mas sem nenhuma coordenação. Um a um eram repelidos pela força da criatura, desaparecendo em pequenas explosões de
fumaça. Quando o último bushin foi derrotado a criatura sorria ironicamente: - Essa é toda a sua força, bufão loiro?- dizia a criatura com desprezo. Tarde demais para qualquer reação, percebeu que ainda havia dois bushins de pé a alguns metros acima dela. Um deles manipulava rapidamente uma bola de energia brilhante que o outro segurava em sua mão direita.

   - Não me subestime, maldito! RASENGAN!!!

   
O ardil de Naruto foi perfeito. Enquanto lutava com os bushins o inimigo não percebeu que Naruto preparava seu jutsu mais poderoso. Literalmente mergulhando em cima do inimigo, Naruto lançou a esfera de chakra concentrado atingindo em cheio o peito do inimigo. Arremessado de encontro ao solo, a criatura soltou um grito bizarro, mais parecido com o urro de um animal ferido.

   Pela primeira vez, a criatura demonstrou alguma surpresa. Até mesmo um pouco de medo podia ser visto em sua expressão. Parecia que tentava dizer alguma coisa, mas uma golfada de sangue sufocou-lhe a voz. Lentamente, tentava levantar-se. De joelhos, tirou o manto negro, agora em trapos, expondo todo o horror de sua figura: um corpo marcado por uma infinidade de cicatrizes: pescoço, braços, mãos, peito... parecia haver sido retalhado e costurado novamente como um boneco macabro. A palidez fantasmagórica da pele deixava transparecer veias e artérias que formavam um desenho ilógico, como o mapa do inferno. E, do lado direito do peito, ostentava um terrível ferimento: um buraco, literalmente, que lhe atravessava o corpo, do diâmetro de um punho fechado. A criatura sangrava descontroladamente pelo ferimento.

   Por um momento, a horrível visão perturbara a todos. Mesmo Asuma e Kurenai, jounins experientes, sentiram um calafrio ao ver aquela figura demoníaca. Sakura, uma ninja-médica, sentiu-se igualmente perturbada. Hinata fechara os olhos, não conseguindo encarar a terrível criatura que quase a matara. Até mesmo Naruto ficou surpreso, tanto pela visão
monstruosa quanto pelo efeito devastador do seu Rasengan.

   - Agora eu me lembro... a lenda... ela é verdadeira!!! – balbuciava Neji.

   - Lenda? O que quer dizer Neji? – perguntava TenTen.

   - Meu pai havia me falado dessa criatura quando eu era criança! Até hoje, eu achava que a lenda do “Kyuketsuki” era apenas uma estória para assustar crianças desobedientes... Mas ele existe!!!

   
O monstro encarava Naruto com olhos que mais pareciam duas chamas vermelhas. O ódio que emanava daqueles olhos era quase palpável.

   - M-maldito... ousa me ferir? Vou fazer com que
implore prá que eu te mate! SEU SANGUE SERÁ MEU!!!

   
A sombra da criatura envolveu-a completamente, fundindo-se às sombras da floresta.

   - Ele fugiu! – lamentava-se Rock Lee.

   - DE JEITO NENHUM!!! – explodiu Naruto, saltando para a floresta na direção em que a criatura havia desaparecido.

   - NARUTO, ESPERE!!! – gritou Asuma. Tarde demais.

   - Ah, Naruto... sempre agindo por impulso! – lamentou-se Kurenai.

   - Vamos atrás dele! – disse Sakura, já correndo para a floresta.

   - NÃO! Chega de atitudes impulsivas! Todos viram do que esta criatura é capaz. Não podemos nos dar ao luxo de atacar sem um plano – dizia Kurenai, refreando os ânimos dos jovens shinobis.

   - Correto! TenTen, Rock Lee e Shino virão comigo e Kurenai atrás de Naruto. Sakura levará os feridos de volta para a vila. – ordenou Asuma.

   - Esperem! – disse Neji – Onde está Hinata?


*******************


Floresta de Konoha – 02:20h

   
Naruto saltava entre as árvores tentando captar algum sinal do chakra da criatura, sem nenhum sucesso.

   “Droga... devia ter trazido o Akamaru comigo. Pelo menos algum cheiro aquela coisa deve ter” – pensava.

   De repente, parou colocando-se em guarda. Sentia que alguém o seguia. Após alguns segundos reconheceu, surpreso, o chakra que se aproximava rapidamente.

   “Hinata!”

   
A kunoichi aterrisou graciosamente no mesmo galho onde ele estava. Encararam-se por alguns instantes, sem saber exatamente o que dizer. Foi Naruto quem acabou quebrando o silêncio.

   - Hinata-chan! O que faz aqui?

   
Era a segunda vez que ele a chamava assim: “Hinata-chan”. Gostaria de dizer que estava ali porque ele significava tudo para ela. Queria dizer que ele foi o único que acreditou nela quando ninguém mais acreditava; que o exemplo dele lhe deu forças para continuar sendo uma shinobi e se aprimorar mais e mais a cada dia. Queria dizer que estava ali
porque sempre estaria ao seu lado e ficaria mais forte a cada dia apenas para poder ajudá-lo. Mas, acima de tudo, queria muito dizer que estava ali porque o amava.

   - Vim ajudá-lo a procurar aquele monstro, Naruto-kun – foi tudo o que conseguiu dizer naquele momento.

   - Ótimo! Com o seu Byakugan poderemos achá-lo fácil!

   
- Hai! – sentia-se feliz em poder ajudá-lo.

   - E quanto aos outros?- questionou Naruto.

   - E-eu não sei muito bem... eu vim antes que eles decidissem o que fariam...

   
Naruto olhava curiosamente para Hinata, fazendo-a corar. Era notório que Hinata era “super-certinha”. Sabia cumprir ordens e seguir as regras. E lá estava ela, agindo por conta própria, apenas para acompanhar o ninja mais impulsivo e irresponsável da história da Vila da Folha.

   - Hinata, eu... eu gostaria que pudéssemos conversar com calma quando tudo isso acabar. Primeiro eu quero pegar esse
monstro que machucou a Ino. Depois, tem muitas coisas que eu preciso lhe falar...

   
- C-claro, Naruto! – respondeu Hinata com o coração quase saltando pela boca.

   Naruto segurou delicadamente as mãos de Hinata. Olhava para a bela shinobi como se a estivesse vendo pela primeira vez. Hinata, por sua vez, tentava a todo custo sustentar aquele olhar lutando desesperadamente contra sua timidez. Para não desmaiar naquele momento, soltou penosamente as mãos de Naruto, desviando o foco de ambos de volta para a
missão.

   - Vou tentar achar nosso alvo. BYAKUGAN!!!

   
Rastreava cada palmo do território, forçando ao máximo suas habilidades. Percorreram a floresta por quase duas horas. Estavam a ponto de desistir quando Hinata gritou do alto da árvore em que se encontrava:

   - ACHEI!

   
- Grande Hinata! Qual a direção?

   
- Está ao norte, indo para os campos de arroz!

   
- Vamos lá!!!


********************


Escritório da Hokage – 03:30h

   
- Se preza sua vida, acho bom ter um ótimo motivo para me tirar da cama a esta hora, Nara Shikamaru! – Tsunade não era conhecida pelo seu bom-humor; ainda mais quando era acordada em horas tão impróprias.

   - O assunto é urgente, Hokage – dizia, com segurança, Shikamaru – Como já sabe, Ino foi atacada por um elemento não identificado e encontra-se em coma no Hospital de nossa Vila. Nós rastreamos esse suposto shinobi espião e conseguimos encurralá-lo na clareira da floresta. Porém, não sabemos nem mesmo se aquela coisa contra a qual lutamos é humana. O fato é que trata-se de um ser extremamente poderoso que conseguiu sobrepujar a todos nós. Mas o que mais me chamou a atenção foi o que Naruto nos contou no Hospital, após lutar com essa criatura – nesse ponto, Shikamaru hesitou em continuar.

   - E o que foi que Naruto disse, Shikamaru? – perguntou Tsunade.

   - Bem, ele afirma que a criatura usou um jutsu de controle do vento. Mais especificamente um jutsu de Temari da Vila da Areia...

   
-...

   
Tsunade nada disse. Tentava assimillar essa informação a fim de entender suas implicações. Suna e Konoha tornaram-se aliadas há pouco tempo e Suna já havia traído Konoha no passado. No entanto, achava improvável que a orgulhosa Temari ensinasse a um estranho seu jutsu pessoal.

   - Tem certeza disso, Shikamaru?

   
- Fiz a mesma pergunta ao Naruto. Ele afirma com certeza que o jutsu é de Temari.

   
- Precisamos tirar isso a limpo. Chame o Sai.

   
- Sai? Por que ele?

   
- Essa deve ser uma missão de espionagem. Apesar da pouca idade, Sai é o melhor espião da ANBU. Se Suna estiver nos traindo, ele conseguirá a prova dessa traição.

   
- Hokage, eu discordo! – disse, corajosamente, Shikamaru – Acredito que um rosto conhecido terá maior êxito nesta missão. Os shinobis da areia são reservados mas prezam suas amizades. Deixe-me ir nessa missão. Se algo estiver errado, eu saberei!

   
- Se a traição da Vila da Areia for real, você correrá grande perigo, Shikamaru. Você já se feriu hoje e, o mais provável, é
que eles o matem. Está ciente disso?

   
- Hai! – disse, seguramente, Shikamaru.

   - Então está resolvido. Descanse um pouco e parta para a Vila da Areia assim que puder!

   
- Hai! Obrigado, Hokage – agradecia sinceramente, Shikamaru.


****************


Konoha – Campos de Arroz – 04:30h

   
Naruto e Hinata corriam habilmente entre os alagadiços dos campos de arroz, apesar do cansaço já começar a cobrar seu preço. A cabeça de Hinata doía devido ao uso contínuo do Byakugan. Mas, vendo a determinação de Naruto, ela não tinha coragem sequer de sugerir descansarem por alguns minutos. Naruto, porém, que a todo momento olhava discretamente para sua companheira de luta, já percebera que o ritmo de Hinata diminuíra um pouco.

   - Hinata-chan, vamos parar um pouco – disse naruto, sentando-se na margem do alagadiço.

   - Tem certeza, Naruto? Eu posso continuar...

   
- Precisamos estar inteiros para encarar aquele monstro, né? – dizia Naruto, com seu enorme sorriso.

   - Hai! – respondeu Hinata sentando-se ao seu lado. Retribuiu timidamente o sorriso.

   Mais uma vez, passaram por alguns momentos de silêncio constrangedor. Desta vez, surpreendentemente, foi Hinata quem quebrou o silêncio.

   - Olhe Naruto! – Hinata apontava para a água, que refletia com fidelidade o céu de Konoha – A lua... dá impressão que se estendermos a mão podemos tocá-la...

   
Era uma noite bonita. Não fossem os horrores que tinham presenciado nas últimas horas, seria uma noite perfeita para dois jovens darem vazão a seus sentimentos. Naruto via a grande e brilhante lua refletida na superfície da água, que não podia se comparar à beleza do olhar prateado da jovem kunoichi ao seu lado. Ele ainda não conseguia entender como pudera ser tão cego durante tanto tempo...

   Lembrava-se da infância, nos primeiros anos de treinamento, quando não passava de um aspirante a genin rebelde e desajeitado. Era motivo de piada para todos, menos para ela. Ela sofria junto com ele.

   Lembrava-se da Prova Chunin, quando viu ela lutando
até o limite de suas forças contra Neji. Lembrava-se do medo que havia sentido quando Neji quase a matou e da fúria com que lutou para vingá-la.

   Lembrava-se dos raros momentos em que estavam próximos um do outro; seu rosto intensamente corado de vergonha; seus desmaios na sua presença... Mas naquela época ele não enxergava Hinata. Tudo o que ele via ao seu redor era Sakura.

   Sabia que Sakura amava Sasuke desde o início da formação da equipe. Ela sofria nas missões quando Sasuke se feria e sempre buscava uma atenção que Sasuke só sabia retribuir com frieza e indiferença. Mesmo assim, ela o amava. Mesmo agora, que ele desertara e se unira ao maior inimigo de Konoha, ela ainda suspirava de saudades por ele.

   Foi então que Naruto decidira que não sofreria da mesma forma que ela. Ele viveria somente para buscar seu sonho: tornar-se Hokage. Nunca permitiria que a amizade de ambos se abalasse, mas não criaria mais expectativas. Mas não esperava que seu coração fosse lhe pregar outra peça tão cedo, quando abriu seus olhos para a presença de Hinata...

   Delicadamente, mas sem hesitação, Naruto segurou a mão de Hinata sobre a sua. A bela shinobi olhava-o com espanto e expectativa. Tocou-a em seu rosto, sentindo o calor que lhe corava a face, e perdendo-se em seu belo e exótico olhar...

   - Não preciso olhar para a água... Toda a beleza da lua não pode se comparar a isto...

   
- Naruto-kun...

   
Suas faces se aproximaram lentamente. Era um movimento quase inconsciente, como se houvesse uma força gravitacional que os impelia um para o outro; como se aquele momento fosse inevitável. Hinata fechara os olhos, seu coração batendo de forma tão feroz que sentia seu corpo inteiro tremer. Esperara tanto por aquele momento! Sentia o hálito dele em seu rosto, seus lábios há poucos centímetros...

   Um grito excruciante rasgou o silêncio da noite, trazendo-os de volta à realidade. Estavam tão sintonizados um no outro que demoraram a perceber novamente onde estavam e o que precisavam fazer. Naruto foi o primeiro a conseguir se concentrar.

   - Um grito! Esse maldito atacou mais alguém! Hinata, precisamos achá-lo!

   
Ao ouvir seu nome, Hinata também se recompôs.

   - BYAKUGAN!!!

   
Não foi necessário procurar muito. A criatura encontrava-se a poucos metros dali e não estava sozinha...


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Hospital de Konoha – 04:50h

- Como ela está Sakura? Não me esconda nada! - perguntava Sai com visível aflição.

   - Ela ainda não acordou Sai. Não sabemos, na verdade, se ela acordará... – respondia Sakura, surpresa com a reação de
Sai que, normalmente, tinha extrema dificuldade para demonstrar qualquer emoção. Chouji e Kiba, que ainda estavam no hospital, também ficaram espantados ao vê-lo.

   - Deve haver algo que possamos fazer!!! – insistia Sai.

   - Nossa esperança é capturarmos aquela coisa que a atacou. Se pudermos interroga-la, poderemos saber que tipo de jutsu ele usou para deixá-la neste estado.

   
- Hai! Cuide dela, Sakura. Vou me juntar à caçada! – despediu-se Sai, desaparecendo em seguida.

   “Que pena que você está dormindo, minha amiga... você adoraria ver isso!” – pensava Sakura.


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Konoha – Campos de Arroz – 05:00h

   
Decidiram que não dariam tempo da criatura reagir. Naruto atacaria frontalmente com os bushins enquanto Hinata o cercaria por trás e usaria as lâminas de chakra. Não esperavam ver aquele pesadelo...

   O pobre camponês, cujo grito haviam escutado, estava imobilizado nos braços da criatura. Seu rosto era uma máscara de terror, com a boca aberta num grito mudo e os olhos arregalados e fixos. O pescoço quebrado fazia sua cabeça pender num ângulo impossível e, sobre a pele rasgada, cujo sangue jorrava como uma fonte aberta, a criatura bebia avidamente, emitindo sons guturais.

   A primeira reação dos jovens ninjas foi de puro terror. Hinata ofegava, sem acreditar no que via. Se Naruto não estivesse ali, talvez teria desmaiado. Mas logo o terror de ambos foi substituído pela raiva.

   - Naruto-kun! E-ele é um Kyuketsuki!!

   
- Seja lá o que esse desgraçado for, ele vai morrer!!! TAJU KAGE BUSHIN NO JUTSU!!!

   
O exército de bushins atacou com ferocidade. Mas o vampiro, agora fortalecido pelo sangue do camponês, não se intimidou. Com um único gesto dizimou os bushins de uma só vez. Hinata tentava seguir o plano, atacando com as lâminas de chakra, mas a criatura era muito rápida. Súbito, agarrou Hinata pelo pescoço com a mão esquerda, enquanto que a mão direita fazia um gesto na direção de Naruto.

   A sombra da criatura, fria e incrivelmente sólida, envolveu quase todo o corpo de Naruto, comprimindo e esmagando-o lentamente. Tentava desesperadamente se libertar, mas todo o seu esforço era inútil. “Droga... não morrerei nas mãos deste monstro!!!”

   
Vendo que seu inimigo estava completamente dominado, o vampiro voltou sua atenção para Hinata.

   - Você é especial... Valeu a pena perder tempo com estes insetos só para tê-la assim como a tenho agora. Olhe para mim, querida!

   
A mão da criatura apertava o pescoço de Hinata sem
piedade. A jovem tentava gritar inutilmente, sufocando, sem conseguir se libertar. Naruto, preso, assistia a tudo impotente.

   - LARGUE ELA MISERÁVEL!!!!!! – gritava desesperadamente. Somente quando seu olhar encontrou o de Hinata e ele viu as lágrimas em seus olhos de prata, foi que sua fúria finalmente despertou a raposa dentro de si.

   A Sombra que o envolvia consumiu-se na luz das chamas que agora emanavam do seu corpo. Como o vampiro à sua frente, ele também, agora, tinha presas afiadas. Seus olhos assumiram um vermelho demoníaco e duas caudas formadas por uma aura vermelha brotaram de seu corpo. A Kyuubi manifestava seu poder.

   O monstro olhava confuso para a criatura demoníaca á sua frente. Instintivamente soltou Hinata e recuou frente à luz escarlate que lhe feria os olhos. Não teve tempo de se defender quando o soco atingiu seu rosto, lançando-o no vazio. Levantou-se rapidamente apenas para ser atingido novamente por outro soco que afundou metade do seu corpo no solo. A expressão do vampiro era de medo. Sabia que precisava fugir ou aquele demônio vermelho o mataria. Foi quando, à leste, a criatura percebeu a claridade que tomava conta dos céus, anunciando o nascer de mais um dia. Desesperado o vampiro tentou fugir, mas foi impiedosamente atingido por um chute que quase partiu seu corpo ao meio.

   Naruto rosnava, totalmente tomado pelo chakra selvagem da raposa, encurralando seu inimigo. Hinata, já recuperada, viu Naruto naquela forma mas não se intimidou. Ela conhecia o fardo suportado por Naruto. Sabia o que o seu amado carregava dentro de si e já o havia visto assim em batalha. Corajosamente, juntou-se a ele no cerco ao vampiro.

   O sol agora despontava nos céus, à leste. Naquele momento, a criatura experimentou uma parte do desespero das suas vítimas, pois tudo o que pôde fazer foi gritar.

   Hinata viu, com horror, a criatura definhar rapidamente até que seu corpo não passasse de um esqueleto coberto por uma pele envelhecida e acinzentada. Os cabelos negros, enbranqueciam e caíam em chumaços. Seu rosto transformava-se numa substância enrugada e asquerosa.

   O vampiro olhou pela última vez para os dois shinobis: Naruto, envolto pelo chakra vermelho da Kyubi, com o sol nascendo sobre seu ombro esquerdo. Hinata, com seus olhos de prata, e as últimas estrelas da madrugada desaparecendo sobre seu ombro direito. Reunindo suas últimas forças, a criatura falou:

   - Ha... vejam isso... O Sol e a Lua... juntos à minha frente.... maravilhoso!!! – e tombou, sem vida.


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Hospital de Konoha – 05:30h

   
- S-Sakura...

   
- Meu Deus! INO!!! - gritou Sakura, esquecendo-se completamente que estava em um hospital – Você voltou!!!

   
Ino olhava confusa para a amiga que a abraçava e para Chouji e Kiba, que vieram correndo ao ouvir o grito de Sakura. Aos poucos, seus pensamentos ficavam mais claros e ela se deu conta de que estava num hospital. Ao tocar as bandagens que protegiam o ferimento em seu pescoço, todas
as lembranças dos horrores daquela noite emergiram impiedosamente. Chorava como uma criança, abraçada a Sakura. Lembrou dos olhos daquele monstro; de como esteve indefesa; da boca medonha sobre seu pescoço...

   - Não chore, Ino! Estamos aqui! Você está segura.

   
- Você não entende... Eu não pude fazer nada! NADA!!! Eu sou fraca! Inútil! – chorava convulsivamente, despejando toda a sua frustração naquelas lágrimas. Chouji e Kiba olhavam penalizados, jamais imaginavam que a kunoichi, aparentemente tão segura e confiante, pudesse se sentir assim.

   - NÃO DIGA ISSO!!! – Sakura dizia, encarando Ino com severidade – Se você já se esqueceu de tudo o que já fez por mim, eu não esqueci! Eu era uma criança insegura, tímida, humilhada pelas outras... Você foi a única que viu algum potencial em mim! A única que me defendia! Eu não sei se teria me tornado uma shinobi se não fosse pelo seu apoio, portanto, NÃO DIGA BESTEIRAS!!!

   
Ino se surpreendeu de verdade. Não imaginava que Sakura se importava tanto com ela. Haviam sido grandes amigas na infância, mas se afastaram na adolescência devido a rivalidades fúteis. Agora ela sabia que aquela amizade jamais acabaria, não importando os rumos que suas vidas tomassem.

   - O-obrigada, “testuda”...- disse Ino, com um sorriso tímido.

   - De nada, “porquinha”! – respondeu Sakura, abraçando mais uma vez sua amiga.


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Konoha – Campos de Arroz – Amanhecer

   
Hinata olhou para Naruto, ainda tomado pela Kyuubi. Não sabia bem o que fazer ou o que dizer a ele naquele estado.

   - Naruto-kun, sou eu! Hinata-chan! Você se lembra de mim?

   
Naruto a olhava com uma expressão de dor.
Lentamente, o chakra vermelho dissipava-se e ele retomava o controle:

   - Hina-chan... – foi tudo o que disse antes de desmaiar exausto aos pés de Hinata. A aura escarlate e as caudas desapareceram. Sua expressão voltava a ser serena. A Kyuubi adormecera novamente.

   Hinata ajoelhou-se junto a Naruto. Suas roupas, mais uma vez, estavam em frangalhos e havia queimaduras em seus braços e rosto. Chorou em silêncio, desejando ardentemente aliviá-lo daquele fardo. Delicadamente, aninhou sua cabeça sobre seu colo. Seus dedos enrolavam-se na cabeleira loira e rebelde, velando seu sono. Estavam assim quando Kurenai, Asuma e os outros os encontraram...




(continua...)


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Notas finais do capítulo

Os nomes em japonês referem-se aos jutsus dos personagens. Resolvi não traduzir por uma questão estética. O "AKUMA NO KAGE" ("SOMBRA DO DEMÔNIO") é criação minha.
Comentem, por favor!
Obrigado por lerem!



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