Na manhã seguinte ele não estava mais lá, mas sempre voltava durante as noites e começaram a conversar mais, Luna novamente insistiu para que ele entrasse, jantavam juntos, ele mantinha uma distância segura das crianças.

— Às vezes, parece que você tem até medo delas. – disse Luna enquanto jantavam, se referindo às crianças.

— Não tenho medo, só não gosto, no orfanato elas eram bem desagradáveis.

— Você também já foi criança. – rebateu.

— É, mas eu não chorava tanto quanto as outras e me virava sozinho em quase tudo.

— Uhm...

— Você parece menos di-lua do que antes.

Luna suspirou.

— Eu não era... – começou, mas deu de ombros, ela não se importava mesmo e se perguntou como ele podia saber como ela era antes já que não se conheciam, mas deixou pra lá. – Bom eu tenho que confessar que algumas das crenças minhas e de meu pai não eram tão verdadeiras assim, tive que confessar depois que virei naturalista, descobri tantas coisas maravilhosas. Sr. Riddle, nunca pensou em que poderia ser além de um dos maiores bruxos das trevas de todos os tempos?

— O maior. – ele a corrigiu e arqueou a sobrancelha de forma arrogante. – Nunca foi uma opção, mas quem sabe professor, um inominável no Ministério, embora teria que ficar longe das salas das profecias, odeio profecias.

— Eu imagino que sim. – Luna desviou os olhos para a própria comida contendo uma risada baixa pelo nariz.

— O que é isto?

— Bem, é natural que odeie, uma vez que foi derrotado por um adolescente de 17 anos por causa de uma. – a loira tinha adquirido o jeito zombeteiro com Ralf Scamander e com os Weasley e não perderia a chance de provoca-lo.

— Está zombando de mim. – ele disse semicerrando os olhos e olhando-a intensamente de modo que Luna se empertigou na cadeira à sua frente e prendeu a respiração por alguns segundos antes de voltar a sua atenção para o jantar.

— Eu... Bem, você me chamou de di-lua, então eu acho que estamos quites. – disse Luna lançando um olhar de esguelha para ele e reparando ele sustentava um quase sorriso no canto dos lábios, um belo sorriso em sua opinião.

Na noite seguinte, Luna se sentia culpada, muito culpada por reparar na beleza de Riddle, não por ele ter sido Voldemort, ele tinha se redimido quanto a isto, mas por Ralf, nunca imaginara que se sentiria atraída por outro homem que não fosse ele, e era mais do que isto, as conversas eram interessantes e divertidas, ele lhe fazia companhia e talvez até por ele conhecer tanto de magia negra, ela se sentisse protegida com ele.

Então, quando ele chegou na noite seguinte, encontrou Luna debruçada sobre a escrivaninha na sala onde o Xenofílio Lovegood costumava escrever suas matérias.

— Srta. Lovegood? – ele a chamou.

— Estou aqui. – ela disse sem tirar os olhos do pergaminho.

— O que está fazendo? – ele perguntou tombando a cabeça para o lado e apoiado no batente da porta, céus por que apenas sua presença fazia tanta diferença para ela, por que ela se sentia quente só de sentir seu olhar em cima dela.

— Escrevendo uma carta, para o Ralf.

— Ah claro, o marido que não se importa com você. – ele disse com indiferença e desdém.

— Ele se importa comigo. – retrucou Luna se levantando e abandonando o ar sonhador.

— Não é o que parece.

— As coisas nunca são o que parece.

— Tanto faz.

Luna suspirou, deixou o pergaminho em cima da mesa, estava na hora de dar leite às crianças, ouviu o choro de Lorcan, ela conseguia identificar as crianças pelo choro, o choro dele era mais agudo.

— Não vai enviar a carta? – perguntou Riddle.

— Não. – disse enquanto saía da sala e ia para a cozinha, evitando olhar para Riddle, evitando aquele meio sorriso desdenhoso, evitando aqueles olhos negros que às vezes pareciam tão frios e às vezes tão calorosos.

Luna começou a esquentar o leite, a panela voou sozinha até o fogão enquanto ela pegava o leite na geladeira, ela o colocava na panela quando sentiu Riddle atrás de si.

— Por que está me evitando? – ele sussurrou próximo ao seu ouvido, sabia que isso a provocaria e estava certo quando viu a garota se arrepiar, Luna engoliu em seco.

— Não estou.

— Não minta para mim Lovegood, mentir não é do seu feitio.

— Eu... – ela se virou para encará-lo, estavam tão próximos que ela podia sentir sua respiração e seus olhos se fixaram nos lábios finos curvados em um meio sorriso. – Sou uma mulher comprometida, você não pode ficar fazendo isto.

— Isto o que?

— Tentando me conquistar. – ela disse com sinceridade, os olhos arregalados e tom achou graça.

— Está dando certo?

— Esquentei o leite demais... Droga.

— Luna...

— Sr. Riddle, agora não, eu estou um pouco ocupada.

— Luna...

— É melhor sair, vou pedir a Harry amanhã que peça a um auror de verdade que fique de guarda.

— Luna se afaste da janela agora! – ele ordenou, não olhava para ela, mas sim para algo do lado de fora, vários vultos negros, dementadores se aproximavam de sua casa, Luna arregalou os olhos e ficou paralisada de modo que Tom teve que afastá-la, ele pegou a varinha que ela usava atrás da orelha, era bom com feitiços sem varinha, mas com uma era mais fácil. – Pegue os garotos! – ordenou novamente e seu grito a fez acordar do transe e correr para pegar Lysander e Lorcan, ele sabia que ela era competente, já lutara com seus comensais da morte e ela daria conta dos dementadores que certamente não estavam do lado do Ministério, mas ela tinha que se preocupar com os gêmeos agora. – Expecto Patronum!

Ele não sabia se daria certo, nunca realizara o feitiço antes e a primeira vez que tentara fora um fracasso, era feitiço de magia branca, ele não precisava usar, antes os dementadores estavam do seu lado, agora ao que parecia, estavam ao lado de Alícia Montgomery, mas para a sua surpresa o feitiço funcionou, e uma serpente prateada afastava os dementadores, a lembrança que ele usara fora a dele na sala precisa, com uma garota de grandes olhos azuis arregalados lhe dizendo que ele precisava cumprir cinco passos para ter sua amizade, ele precisava de lembranças felizes, lembrou-se dela voando com ele por cima do lago negro de Hogwarts e aquelas lembranças sustentavam bem o feitiço.

Luna segurava os dois garotos.

— Aparate para longe daqui. – ele ordenou novamente.

— Não sem você.

— Luna faça o que estou mandando, agora!

— Não adianta, eu não vou.

— Argh, teimosa. – ele desfez o feitiço e os dementadores avançaram, ele teria pouco tempo, segurou Luna no braço e aparatou, tinha que leva-la para longe dali, para onde os três ficassem seguros e o primeiro lugar que pensou foi sua casa, em Little Hangleton.