Ele É Um Gato! Literalmente... escrita por Femme


Capítulo 21
Dias de cão.


Notas iniciais do capítulo

Olha, estou muito feliz com tds os coments que recebo. É sério!!
Pessoas felizes, para que leiam este capítulo eu reservei uma seleção de músicas para que ouçam numa porrada só enquanto leem. É pra tipo: bota o play das músicas e vai lendo. (foram as mesmas músicas que eu ouvi quando escrevia, tá?)
1- Broken Strings
2- I'm with you
3- Wish you were here
4- Don't forget
5- Love don't live here anymore
E só!



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Cada dia tem sido mais difícil viver com ele.

Não olhamos mais na cara um do outro. E quando olhamos, temos o mesmo olhar de dor e sofrimento. Me lembro do dia da briga...:

FLASHBACK ON:

Eu estava lavando a faca de mesa, tentando conter as lágrimas, inutilmente. Ele entrou na cozinha, com os olhos vermelhos.

Parecia que ele queria falar alguma coisa, mas não tinha palavras suficientes. Kujo passou os olhos pela extensão do meu corpo, e pousou as belas orbes no meu braço marcado.

O que é isso?—Ele se aproximou. Eu puxei a manga do meu moletom e me virei de costas para ele, na defensiva.

Nada que lhe interesse Kujo —Falei o máximo seca que podia— Por que não vai ficar com o seu amor, a Ingrid?

Cala a boca.—Ele me virou de frente para ele. E me prendeu na bancada da pia. Em outro momento eu acharia aquilo excitante, ou até romântico; mas me lembrei que o amor é para os idiotas. —Me mostra essa merda logo, cacete.

Ele pegou o meu braço e puxou a manga do moletom, dando de cara para o meu machucado.

VOCÊ TEM MERDA NA CABEÇA?—Ele me empurrou na bancada, furioso.—ESTAVA SE CORTANDO, É SUA RETARDADA? MEU DEUS QUE ÓDIO DE VOCÊ, DEVIA TE BATER. VOCÊ SABE QUE ISSO É UM DISTÚRBIO PSIQUÍCO, ENTÃO TRATE DE PARAR OUVIU BEM?—Ele pegou a faca na pia e jogou no chão. Depois me pegou pelos ombros, forçando-me a olhar para ele.

Não...—Eu sussurei.

AH, VAI FALAR QUE NÃO SABIA? ME ENGANA QUE EU GOSTO, ELIZA. EU POSSO ATÉ SER DESCUIDADO, MAS IDIOTA OU INGÊNUO NÃO SOU.

Eu ia dizer...—Olhei bem para seu rosto—QUE NÃO LIGO PARA O QUE VOCÊ PENSA, SEU TRAIDOR. VAI COMER AQUELA VACA DA INGRID E ME DEIXA.

COMO VOCÊ PODE SER TÃO IDIOTA, MEU DEUS, VOCÊ QUER MESMO FICAR DEPENDENDO DISSO PARA ALIVIAR AS MÁGOAS E ACABAR SE MACHUCANDO DE VERDADE?

E PORQUE VOCÊ SE IMPORTA TANTO?

COMO VOCÊ PODE DISER QUE EU NÃO ME IMPORTO? EU SÓ ME IMPORTO COM VO-

Não o deixei terminar, dei um tapa muito forte, que reunia toda a minha frustração e ódio. Quando olhei novamente dava para ver algo molhado na marca de dedos de seu rosto.

Lágrimas.

Nunca havia visto um menino chorar, até agora.

Não me diga que se preocupa comigo.—Eu falei, em tom baixo.—Não minta para mim nem para si mesmo.

Olhei para seu rosto indecifrável, só havia uma expressão, de dor.

Eu...—Ele tentou falar. Calei seus lábios com meu dedo indicador.

Não tente me enganar. —E saí correndo para o meu quarto. Só ouvi o barulho de Kujo socando a pia, e dos soluços entre seu choro.

FLASHBACK OFF:

Nós nos distanciamos muito, muito mesmo. E essa distância machuca, pois, como eu já havia dito antes, ele é o meu melhor amigo.

Ou era.

Os dias que se sucederam foi ainda piores. Kujo não tinha forças para se levantar da cama, e eu não tinha forças para encará-lo. Num dia, quando eu estava fazendo um lanche na cozinha, ele apareceu no batente e me pregou seus olhos, que uma vez eram cheios de alegria, e agora estavam cheios de tristeza.

‒ Não vale. —Ele falou— Porque tem que ser você?

‒ Porque a Ingrid? Era para machucar mais?—Eu larguei o sanduíche na bancada, sem fome, e saí da cozinha.

Na escola, minhas amigas não estavam sabendo, mas a notícia se difundiu pela Ingrid, fazendo boatos que ela havia catado um moleque lindo e chifrado a própria prima. A primeira que veio tentar desmentir foi a Isa.

‒ Eliza, diga que os boatos são mentira. —Ele flou com um tom preocupado na voz. Eu não respondi, só olhei culpada para ela, ela já sabia o significado desse olhar.

Ela me deu um abraço amigo, sabendo que eu passava por tempos difíceis. O resto delas veio tentar me consolar, sem sucesso.

Por que ele fez tanto impacto?

Chegou o primeiro fim de semana depois da briga. Minha mãe já estava ficando preocupada com o meu comportamento, e pelo fato de que eu estava atualmente sempre com blusas de mangas compridas. Não é que eu estava me cortando, só não queria outro sermão.

As meninas me levaram até um karaokê, na Liberdade. Entramos na sala pequena e Helena fez alguns pedidos de bebidas. Isa e Camila começaram a cantar alguma música, que eu nem me dei ao trabalho de ouvir.

Depois de todas já terem cantado pelo menos ma música, Helena me puxou para que eu cantasse alguma coisa. Elas colocaram no random, que foi direto em Wish You Here Here. Devia ser obra do destino.

Eu comecei a cantar colocando os meus sentimentos naquela música. Cada letra tinha mais emoção, mais saudade dele.  Minhas amigas me olharam preocupadas, sabiam que eu estava muito mal.

Júlia, veio e me deu um abraço, depois pegou um microfone e cantou comigo a música inteira até o final. Quando deu a última nota, eu deixei o microfone lá e fui para casa, ainda pior.

No domingo, Hector tentou ser um primo legal ao me levar até o zoológico, museus e parques. Em outras ocasiões eu teria adorado o programa, mas não estava no clima.

O zoo estava incrivelmente quente, e minha camiseta larga de manga comprida por cima da regata começou a me incomodar. Hector, estranhou isso e tentou tirar a minha camiseta para guardar na sua mochila, como eu não deixei, ele arregaçou as minhas mangas e viu o machucado cicatrizando.

‒ Eliza.— Ele falou sério como um homem mais velho. —Preciso perguntar?

‒ Não.

‒ Isso é por causa do Kujo?—Ele forçou a curiosidade.— Encontrei sua amiga Isa no mercado e ela me contou.

Eu continuei em silêncio.

‒ Eu posso ajudar...—Ele começou.

‒ Na verdade, não pode. Você nunca se apaixonou, portanto não tem um pingo de moral aqui.—Eu deixei ele falando sozinho e fui sentar num banco, emburrada. Hector só veio pedir uma desculpa e segurar a minha mão depois disso.

Dias assim foram se arrastando, já haviam duas semanas depois do ocorrido. Cada dia que se passava eu estava pior. Numa terça-feira, saí mais demoradamente da escola do que o de costume; uma onda de depressão havia me encontrado.

No pátio da escola, perto da mesma árvore que Kujo estava no amasso com a vaca da Ingrid, minhas amigas me chamaram para perto. Quando eu estava à um metro delas, Kujo apareceu de trás da árvore.

Meu coração deu um salto. Não sei o porque, mas passei a mão nos meus cabelos agora sem brilho, e olhei para as minhas roupas instintivamente. Kujo estava como sempre, todo de preto, sem boné nos cabelos rebeldes, mas não era possível ver suas orelhas.

Depois de me dar conta que era ele, dei meia volta e comecei a ir embora. Minhas amigas começaram a me chamar, mas o que me deteu realmente foi uma mão forte, segurando meu pulso.

‒ Você não me deixou falar com você por duas semanas. —Kujo falou sério.—Agora você vai ter de me ouvir.


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Notas finais do capítulo

UIUIUIUIUIUIUI. AGORA A COISA ESTÁ PEGANDO FOGOOOO!!