Acordei cedo, lá pelas nove horas. Bem, é cedo pra que acorda ás onze no sábado.

Levantei e vi que minha mãe e meu pai estavam ocupados, então deixei o convite do Kujo embaixo do meu abajur e fui me trocar. Depois de colocar um agasalho qualquer, desci para pegar um sanduíche e sair para comprar o material da minha fantasia.

Minhas amigas e eu saímos em busca de tecidos e ficamos rodando todo o centro, José Paulino, 25 de Março, fomos até no shopping atrás de tecido. Na José Paulino achamos o veludo vermelho para a capa e a linha branca para fazer o desenho, a linha era tão branca que chegava a brilhar no escuro.

Na 25, achamos dois botões dourados, compramos algumas lantejoulas furta cor, para ver se as usava no branco, depois achamos o tecido preto.

Chegando em casa, fomos direto ao meu quarto para começar o trabalho.

Minhas amigas me mandaram ficar só de lingerie para tirar as medidas, tirei o agasalho e notei que uma pequena bola de pelos estava sentada na minha cama me olhando fixamente.

Ô lá em casa, hein Liz? Kujo-Koban falou em meus pensamentos. Se eu te pegar você vai ver. Ele desceu da cama e caminhou até minha direção, se esfregando sugestivamente em minhas canelas.

‒ Que fofura!—Helena pegou Kujo-Koban no colo— Qual é o nome dele Eliza?

‒ Koban.—Eu respondi enquanto Camila, Isa e Mariana sibilaram para que eu parasse de falar.

Koban lambeu a bochecha de Helena e me olhou com seus lindos olhos, tentando me deixar claramente com ciúme. Ele esfregou o rosto no de Helena e desceu do colo dela.

Helena é bonita. Ele afirmou.  Mas a minha querida é só você, Eiza.

Ao ver que já podia me mexer pois já tinham tirado as minhas medidas, peguei Kujo-Koban pelo pêlo de sua nuca e o levei até o banheiro, deixando-o trancado lá.

‒ Que dó!—Todas falaram

‒ Dó nada, gato chato.

Recortamos o tecido e costuramos, fazendo um macacão meio apertado, depois Isa tirou a máquina de costura da caixa e começou a costurar a linha branca por todo o macacão. Logo a fantasia estaria pronta e Cecília tinha acabado de chegar.

‒Deite-se—Ele tirou preparou a minha pele e pegou uma base de cor preta a prova d’água.—Vou ser rápida, não vai dar tempo nem de você contar as manchas do teto.

‒ Seja delicada.—Pediu Júlia—Não machuque o rosto dela, por favor.

Em meia hora, já estava com o rosto totalmente pintado, e o macacão já costurado e prontinho. Vesti o macacão que serviu como uma luva, coloquei os grampos na capa e testei-os se estavam bem presos. Quando fui ver, já estavam todas arrumadas, belas e perfeitas.

A capa de Isa estava esvoaçante, ela estava uma linda vampira com as presas a mostra e o batom vermelho.

Helena estava bem bonita também, com o vestido comprido e rasgado, a pele toda pintada de verde-menta, com suturas e costuras falsas, com uma peruca preta e branca.

Júlia parecia mais branca que papel, os cabelos sem brilho e olheiras profundas, o vestido de sega branco e as correntes presas nos pés eram bem reais.

Camila, tinha orelhas falsas e unhas grandes e pintadas, tinha uma camiseta com uma lua, e a calça rasgada.

Lindas, todas estavam lindas.

‒ Quanto quer pelo trabalho—Perguntei para Cecília, antes mesmo de olhar no espelho.

‒ Benten já me deu seis meses de bebida de graça no seu bar. Não precisa de nada.—Ela deu de ombros— Aliais, ele foi comprar um ingresso pois queria ir na festa também.

‒ O BETEN VAI NA FESTA?—Eu gritei

‒ Estou brincando, mas ele falou que iria te buscar com o carro, para que você não fique andando na rua de noite. Bem, boa festa.

Ele desceu a escada e foi embora. Deixando-nos lá. Olhei no espelho de mão da Júlia e sorri. O desenho estava perfeito. Lindo em todas as formas. { N/A: prar se ter uma idéia de como a Liz ficou: http://www.youtube.com/watch?v=wV1FrqwZyKw , aos 4:15}

Minhas amigas foram pra o carro, me esperando. Eu abri a porta do banheiro e olhei para dentro. Kujo estava pronto, com calça rasgada, camiseta de banda de rock, tênis allstar, e uma corrente prateada com uma cruz. Suas orelhas estavam a mostra e ele tinha o convite nas mãos.

‒ Cabe eu também no carro?—Ele falou—Vamos no carro de quem?

‒ Vamos com a Tia K, que está levando na van, as amiginhas da Justina e queria nos levar também.

‒ E a Ingrid?

Dei um sorriso frio, calculista e muito, muito satisfeito.

‒ Vai sozinha.

OO__OO    

  Chegamos na festa, que estava de arromba.

A música eletrônica tocava loucamente nos auto-falantes e a visão de dezenas de adolescentes dançando loucamente, ao som da música frenética era ótima. Garotas jogavam seus cabelos para todos os lados, Garotos sacudiam os quadris envoltos de couro dentre outros tecidos, braços nus e suados se esticavam em direção aos céus. Era uma porta para um outro mundo. Um mundo único.

Minhas amigas se perdiam entre mil e uma sensações, a chegada do ápice da música, todos os corpos pulavam juntos, se esbarrando sem escrúpulos. Comecei a me mexer no meio da multidão, esquecendo do mundo lá fora, dançando sozinha.

Olhei para o lado e Helena tentava me acompanhar, mas como ela é digamos... Tem dois pés esquerdos, acho que ficou difícil. Isa, começou aquele passinho manjado de música eletrônica, Camila e Júlia se fingiram de papel de parede, sem saber o que fazer. Mariana dançava do mesmo jeito que Helena, as duas com olhares envergonhados.

Senti alguém me abraçando por trás. Quando olhei, Kujo me olhava com os seus lindos olhos. Ele se aproximou de meu ouvido e sussurou.

‒ Quer dançar?—Seu hálito quente me deu um arrepio, balancei positivamente a cabeça e ele me girou. Começamos a dançar do mesmo jeito de antes, não daquele jeito estúpido que os casais fazem, ignorando o ritmo da música e dançando colados.

Nossos corpos se chocavam de vez em quando, fazendo com que sorrisos fossem arrancados de nossos lábios. Ele envolveu seus braços em mim e ficamos a curtir a música, quase parados.

Abraçada a ele, vi Ingrid me olhar confusa,e com um pouco de repugnância. Ela tentou ver o rosto de Kujo, e nós nos viramos, para que ficasse bem visível que era ele. Ao virarem novamente, o rosto dela estava incrédulo, eu mostrei o dedo do meio prar ela com tanta vontade que até me senti mais leve.

O tempo na festa passou rápido. Mais rápido do que eu imaginava e queria. Helena conseguira conversar com Gabriel, e estavam voltando juntos até a frente da escola. O resto das meninas pareciam decepcionadas por não terem pego ninguém. Enquanto eu...

Andava abraçada com Kujo, de um modo muito fofo.

Deu para ver de longe que Benten estava nos esperando, sentado no capô do carro, as pernas a mostra faziam qualquer pessoa olhar fixamente para ele; a ponto de perder-se nelas.

Ele se levantou e olhou para nós, Gabriel sendo o idiota que é olhou para as pernas dele e soltou um:

‒ Cacete! Que pernas lindas! Madame posso te convidar a tomar um drinque?—Helena já começou a ficar roxa de raiva quando Benten deu um belo sorriso amarelo e falou com sua doce voz de machão.

‒ IDIOTA NÃO RECONHEÇE UM HOMEM QUANDO VE UM?! AÍ ACORDA NA CAMA AMARRADO COM UM TRAVECO DEITADO EM CIMA DE SI E FALA QUE NÃO SABE O PORQUÊ ISSO ACONTESSE!

‒ PORRA! Isso aí é um homem? Parece mais uma mulher!—Ele olhou mais uma vez para o meio das pernas de Benten e deu um grito— Tem bolas!

Benten já ia partir para cima dele, com toda a sua força e mata-lo de tanto bater. Quando Kujo o segurou e conseguimos voltar para casa.

No carro Benten olhou para Kujo e perguntou:

‒ Onde você mora Kujo?

‒ Deixa ele em casa Benten, por favor.—Eu me entre pôs na conversa.

‒ Hnm...—Ele me olhou malicioso— Danadinhos vocês. Prometa Kujo, que vai contar tudo para o velho Benten.

‒ Benten!—eu protestei.

‒ Chegamos. Tenham uma boa noite crianças.

Nos despedimos e vimos o carro indo embora. Kujo se transformou novamente em gato e começou a caminhar pelo jardim.

Eliza, Kujo chamou. Queria perguntar...

‒O que?.

Nada, depois te falo.

E entrou dentro de casa, me deixando com mil e um pensamentos na cabeça