Que Chegue Até Você. escrita por L-chan_C-chan


Capítulo 35
Parte XXXV – O Sumiço de Rikka.


Notas iniciais do capítulo

De algum modo eu consegui!
Foi uma meia-semana difícil, mas eu ainda não consegui montar nenhuma das apresentações, nem nenhum dos trabalhos. Acreditam nisso? Estou muito mais irritada do que ocupada, e isso me irrita ainda mais. T-T
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Esse capítulo foi escrito hoje, das três às cinco da manhã, e betado nessa tarde, antes desta que vos fala betá-lo.
Eu gostei muito, só fiquei na duvida se devia ou não colocar mais coisas... Mas vai assim mesmo. Qualquer coisa, sempre posso fazer mais um capítulo, hahaha. XD
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Boa leitura!



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Parte XXXV – O Sumiço de Rikka.

Sasuke adentrou ao escritório bocejante. Graças à adorada esposa, que há algumas noites tinha uma estranha crise de febres, ele não conseguia dormir direito.

Quem diria! Sasuke Uchiha, o Grande Advogado formado no exterior... Não conseguir se concentrar em trabalho nenhum, porque a esposa está doente. Ele mal podia acreditar em suas próprias ações! Todas as noites ele acordava por volta das uma e quarenta e cinco, media a temperatura da amada que se mantinha encolhida embaixo dos lençóis e, depois de medicá-la, aquecia de todos os jeitos possíveis. E então, ficava acordado, alisando a cabeleira rosa e murmurando alguma conversa, até que ela dormisse profundamente em seus braços. Claro que, cauteloso como sempre foi, sempre esperava cerca de meia hora para que tivesse certeza de que ela não acordaria.

Ele deu bom dia à Karin e Suigetsu, que conversavam na recepção. O auxiliar quase cuspiu o café ao rir da expressão sonolenta do chefe, mas Sasuke preferiu ignorar. – Naruto está na sala! – A ruiva avisou antes de ele virar o corredor, e o moreno respondeu com um aceno.

Ele bocejou mais uma vez ao entrar no escritório exageradamente organizado. Naruto ergueu ambas as sobrancelhas, surpreso por aquela cara de “quero voltar para a cama” que Sasuke nunca havia esboçado, nem nas correrias para o vestibular. – Quer meu café? – Questionou o loiro, realmente preocupado. Sasuke dispensou com um aceno e sentou-se em seu lugar.

- Bom dia. – Ele murmurou enquanto ligava o computador.

- Bom dia... – Naruto ainda estava preocupado, mas resolveu deixar isso de lado. – Você já tem a papelada? – O moreno assentiu.

- Quem você pensa que eu sou? – Reclamou baixo. – Vocês combinam e nós quatro vamos ao cartório. Eu e Sakura vamos servir de testemunhas. – O loiro riu.

- Você quer é ser o padrinho. – Sasuke não respondeu, apenas continuou procurando na pasta até encontrar. Puxou um portfólio fino e entregou ao melhor amigo.

- Aqui está. É pouca coisa... Muito simples. Acho que a Hinata não vai se interessar em pensão, então... – Naruto bufou.

- Ela não precisa pedir. Quero que você cuide disso também... Eu posso pagar a escola da Rikka e o que ela precisar. – O moreno assentiu.

- Eu já sabia que você ia decidir algo assim, então já está tudo pronto. – Ele entregou uma planilha. – Eu tomei a liberdade de fazer alguns cálculos com seu salário. Acho que essa quantia é necessária para pagar a escola... As roupas... Até o aluguel. – O loiro riu, e analisou os papeis.

- Era de se esperar do meu advogado. – O Uchiha deu os ombros. – Então? Por que está com essa cara de morto? – Ele deu os ombros mais uma vez.

- Sakura está doente.

- Ah, claro. É inverno, não se preocupe muito. – O loiro esboçou um de seus sorrisos mais tranquilizadores, que funcionavam em qualquer um... Exceto com Sasuke.

- Obrigado. – Eles apertaram as mãos amigavelmente. – Como anda as coisas com a... Como é que você a chama?

- “Rainha das Insinuações”. – O loiro falou suspirando. – Eu não faço a mínima ideia. – Sasuke ergueu a sobrancelha. – Quero dizer... Nós nos beijamos há alguns dias, mas... Nada, amigo. Mais nada! Ela simplesmente finge que não aconteceu.

- E o que você vai fazer? – Ele pousou a cabeça em uma das mãos que estavam apoiadas na escrivaninha. Naruto deu os ombros.

- Nada.

- Nada?

- Nada. – Pontuou. Sasuke não parecia acreditar muito nisso. – É sério, Sasuke. Eu não vou ficar correndo atrás dela!

- Mas sabe que ela é tímida... – O loiro bateu um punho sobre a mesa.

- Não quero saber! Se ela quiser algo comigo, vai ter que dizer. Estou cansado de tomar a iniciativa! É sempre assim! A única coisa que ela é boa em iniciar são as discussões... Sempre insinuando tudo! Que eu dormi com a Shion,

- Mas você dorme com a Shion.

- Que eu dormi com aquela repórter.

- Mas você também dormiu com aquela repórter. – O rosto de Naruto enrubesceu, e ele desviou o olhar.

- Isso não vem ao caso. – Praticamente tropeçou nas palavras. – Eu não vou e ponto. Só vou dar atenção à minha filha. – Sasuke riu.

- Eu gostaria de ver isso. Agora vá trabalhar, Naruto. – Ele se levantou e praticamente puxou o amigo para fora da cadeira.

- Eu vou falar com a Hinata e hoje à tarde, antes do fórum fechar, vamos tentar... – Sasuke assentiu sem ele sequer concluir o pensamento. Eles se despediram com duas palmadas nas costas e o moreno quase o chutou para fora da sua sala. 

- Enfim sozinho... – Ele expirou com felicidade, e deitou-se sobre o pequeno sofá que deveria ser para visitas. Esticou-se e escondeu o rosto com o braço, no intuito de fugir da claridade.

Mal se sentiu confortável, e o insuportável telefone tocou no seu bolso. Ele puxou o aparelho preguiçosamente. – O que é?! – Perguntou irritado depois de atender.

- Sasuke! A Sakura desmaiou! – A voz desesperada de Shizune soou do outro lado do fone. O Uchiha se levantou de súbito.

- O quê?! – Exclamou enquanto imediatamente procurava as chaves. – Como assim?! – Ele não conseguia não ser grosseiro.

- E- Eu não sei! Ela estava trabalhando, reclamou por sentir-se mal e... Caiu!

- Aquela idiota foi trabalhar?! – Ele parou e pisoteou o chão, furioso com a esposa.  – Eu a mandei ficar em casa, descansando!

- Ela estava aqui! Nós a deitamos numa maca, mas...

- Entendi. Estou indo pra aí. – Desligou o celular e correu para fora do prédio sem sequer dar explicação aos empregados, que apenas observaram abismados.

~

Amor. Segurança... Durante toda a sua longa – longuíssima, na opinião dela – estadia no Lar das Joaninhas, Rikka sempre imaginou que tudo seria um conto de fadas depois que encontrasse a mãe, e apenas a mãe, porque ela francamente não era muito animada com a ideia de dar o cargo de pai para outro, além de Naruto. Por sorte, o destino lhe sorriu. Seu bem feitor, seu melhor amigo, seu pai de consideração... No fim das contas era mesmo o seu pai!

Mesmo que ela tivesse ficado confusa inicialmente, agora, três dias após a descoberta, estava verdadeiramente feliz. Ela sempre se divertia com os pais durantes os fins de tarde e os pais sempre revezavam nas horas de contar histórias para dormir. Era simplesmente... Mágico.

Amor.

Sim, ela sentia que era amada. Sentia que era a pessoa mais feliz do universo, por ter dois pais “incrivelmente incríveis”, sempre ao seu lado, sempre lhe sorrindo. Era tudo como ela sempre havia sonhado... Exceto, é claro, pelo constante medo de ser separada da mãe mais uma vez.

Mesmo que Hinata afirmasse com todas as forças de seu coração que elas jamais se afastariam de novo, Rikka não podia sentir-se da mesma forma. Desde que o pai lhe revelara que ela, na verdade, era uma indesejada da família Hyuuga, a pequena não mais conseguia sentir-se segura. Mesmo com a mãe sempre dormindo ao seu lado todas as noites, a pequena não conseguia deixar de pensar naqueles terríveis olhos de lua maléficos que, a qualquer hora, estavam prontos para pegá-la.

Aquilo não era bom. Rikka nunca fora uma garota covarde, na verdade chegava a ser tola, de tão corajosa. Talvez fosse por esse motivo que se sentia tão inquieta pelo fato de não ser forte o suficiente para enfrentar aquele medo.

Hinata estava na lavanderia do prédio, e Naruto trabalhando... Ela deveria estar dormindo, lendo, jogando, ou qualquer coisa que uma criança pequena faria em férias. Entretanto, estava matutando se devia ou não fazer o que estava prestes a fazer; se deveria ou não enfrentar seu medo. Quando enfim decidiu-se, não conseguiu mais se conter. Procurou um bloquinho e escreveu um recado para a mãe. “Fui dar um passeio”, era o que o bilhete dizia. Ela sabia que se escrevesse o que estava prestes a fazer, a mãe ficaria preocupada. Claro que ela não considerou que ela ficaria preocupada de qualquer maneira, então após colocar uma roupa de esportes e ajeitar o cabelo curto, ela saiu; sem brinquedos, sem dinheiro. Simplesmente saiu.

Hinata não demorou mais de uma hora até retornar ao apartamento com uma montanha de roupas de criança limpas e cheirosas. – Filha, eu cheguei! – Ela exclamou ao abrir a porta, mas não houve resposta.

Estranhando, deixou a pilha de roupas sobre o sofá e seguiu para procurá-la. Não a encontrou em nenhum dos dois quartos; nem escondida na cozinha, nem tomando banho no banheiro. Ela não estava assistindo, e também não estava no escritório, jogando no computador.

Aquilo já estava começando a preocupá-la, mas antes de surtar, ela preferiu procurar no apartamento de Naruto. Não havia ninguém, e a porta estava trancada.

Tentando se acalmar, procurou pelo corredor, pelo elevador e pelas escadas... Finalmente, quando resolveu perguntar ao porteiro. Ela tentou manter-se calma, e voltou ao apartamento. Pegou o telefone e ligou para o número que o amado havia lhe deixado para qualquer eventualidade. – Naruto! – Ela praticamente gritou quando a ligação foi atendida, no segundo toque.

- Hinata? – Ele parecia surpreso.

- A Yume está com você? – Ele não respondeu imediatamente. Praguejou, quando a ficha caiu e suspirou.

- Não. – Confessou, e enfim Hinata surtou. Caiu de joelhos no chão e não conseguiu formular uma resposta aos chamados dele. – Mas acalme-se. Ela não deve estar muito longe... Ligue para Suzuki, Neji, para sua irmã... Peça para procurarem-na, mas não saia de casa. Ela pode voltar. Eu vou até aí para te ajudar a procurar alguma coisa. – Hinata assentiu, mas ainda não conseguiu responder com a voz. Estava à beira de um ataque de nervos. – Hinata. – Ele falou de novo, firme. – Acalme-se. – Mandou.

- Sim... – Ela murmurou depois de muita luta, e ouviu-o desligar o telefone.

~

Desde o ataque cardíaco, Suzuki comandara não só a dieta, como todas as horas vagas do marido. Agora ele tinha agendado a hora de comer – e o que comer -, a hora de trabalhar e principalmente, as horas dos exercícios físicos.

Todos os dias, de manhã, por volta das nove ou dez, ou de noite, antes das nove, ele deveria fazer uma longa caminhada, passando por três quarteirões depois de sua casa e voltando a pé, correndo em um ritmo exato. Era óbvio que apenas a ideia de ter alguém controlando sua vida era insuportável, mas não havia outra maneira para se lidar com Suzuki Hyuuga além de escutá-la. Além disso, ele tinha começado a entender que ela sempre estava certa. Afinal, ele verdadeiramente se arrependia amargamente por não tê-la escutado antes, em outros conselhos que fariam não só sua consciência, como seu coração e sua família continuar caminhando bem.

Mas ele era teimoso, cabeça dura e idiota. Tanto, que não sentia coragem para revelar a filha mais nova o verdadeiro motivo da mais velha abandonar tudo e sentir-se tão rancorosa a respeito dele e de tudo o que estivesse relacionado a ele. Muito menos se reaproximar de Hinata para pedir desculpas.

Não... Aquilo tudo era impossível, impensável para qualquer Hyuuga.

Ele estava no meio de sua corrida matinal; usava calças de moletom pretas, uma camiseta branca, bonés e óculos para não ser flagrado pela imprensa, que se antes da neta era chata, agora era insuportável.

A neta... Como seria essa menina? Suzuki lhe dissera que Hinata a batizara como “Yume”, o nome de sua eterna amada. Hiashi podia apostar que ela era inteiramente parecida com a falecida esposa, completamente igual à Hinata, e um pouco parecida com Hanabi. Duvidava que a menina tivesse qualquer traço seu, e recusava-se a imaginá-la com qualquer herança dos Uzumaki.

Estava pensando nisso, enquanto corria, quando viu uma imagem que para ele era um tanto peculiar: uma garotinha, que ele nunca havia visto antes, sentou-se na grama da calçada, visivelmente chateada com alguma coisa.

Os cabelos dela eram azulados e curtos; seu rosto redondo e sua pele branquinha. Todas aquelas características fizeram o Hyuuga diminuir a corrida... Mas ao vê-la abrir os olhos com grandes pedras safira redondos, ele não conseguiu continuar. Pôs a mão no peito e rezou para não ser visto; mais que isso: rezou para não ter outro ataque cardíaco!

Ele estava pronto para fugir; para continuar correndo... Mas os olhos da menina encontraram os seus. Ela deu um sorriso tímido, levantou-se e se aproximou.

~

Naruto bateu na porta apressado, e bastou que ela se abrisse para sentir Hinata agarrar sua cintura com força. O loiro alisou a cabeleira azul com cautela. – Acalme-se... – Ele pediu com gentileza. Hina não conseguia erguer o olhar.

Naruto a guiou para dentro de casa e sentou-a no sofá. – Você chamou a Suzuki? O Neji? – Ela assentiu timidamente. O Uzumaki suspirou, sem cessar as carícias, e notou, enquanto pensava, um pequeno vidro de remédio sobre a mesa de centro. – Hina, o que são esses remédios. – Ela respirou fundo, e se encolheu nos braços dele.

- Calmantes... – Murmurou. Ele estava pronto para dar uma bela bronca, quando ela prosseguiu: - são naturais. – Disse baixinho. – Eu não quero chorar. Quero ir procurá-la! – Pela expressão dele, não parecia concordar muito com aquilo e ela se irritou com isso. Ele beijou a cabeleira azulada com carinho e ergueu o rosto pálido e choroso. – Por que não está assustado...? – Naruto sorriu.

- Eu já te disse, não é? Rikka é uma fujona. Como a Mayuki era antigamente. – Hina não respondeu. – Não se preocupe... Nós vamos encontrá-la. – Ela assentiu lentamente. – Você achou alguma coisa? – Do bolso, a mulher tirou uma pequena folha de papel colorido; Naruto leu o recado da filha atentamente, e suspirou. – Viu só? Ela só foi dar um passeio. – Murmurou otimista, mas não estava sendo sincero.

Se fosse só um passeio, ela não avisaria. Ele sabia disso. – Fique aqui. – Pediu gentilmente, e a encobriu com uma manta recém-lavada, que estava dobrada no sofá.

- Aonde você vai? – Ela pareceu assustada só com a ideia de vê-lo se afastar.

- Vou ligar para os meus pais. Fique ai. – Ela concordou com um aceno e se encolheu no sofá. Ele se afastou, trancou-se em um quarto e puxou o celular no intuito de ligar para Sasuke.

O moreno pousou a amada sobre a cama, e Sakura gemeu com desagrado. Aquilo o fez rir, porque ela parecia uma criança insatisfeita. – Fique quieta. – Mandou; ajeitou as almofadas da cama e encobriu as pernas dela com a colcha. – Se sente melhor? – Ela respondeu com um assentir.

O Uchiha seguiu até o banheiro, ajeitou uma bolsa de gelo e entregou à rosada, que imediatamente colocou na cabeça. – Muita dor? – Ele perguntou, e ela assentiu mais uma vez. Sentiu os lábios finos de o marido comprimir sua testa, e não pôde deixar de sorrir. Estava realmente feliz com a atitude do amado.

- Você saiu do trabalho para me buscar...  – Ele a censurou com um olhar.

- Não precisaria, se você tivesse me escutado e ficado em casa. – Ela fez um beicinho que foi prontamente beijado. Ele sentiu o celular vibrar no bolso; deu um último beijo na esposa e se afastou para atender o amigo. – Naruto?

- Sasuke, eu preciso da sua ajuda... – Ele parecia desesperado, o que era preocupante, se considerasse que a menos de uma hora, eles tinham se despedido bem.

- Algum problema?

- Rikka sumiu... Eu não sei, ela deixou um recado dizendo que ia sair, mas... Isso não é do feitio da Rikka. Se ela fosse só sair por sair, não teria avisado.

- Ela pode ter avisado para evitar a preocupação da mãe... – Naruto suspirou.

- O que não adiantou muito, já que a Hinata está meio que dopada por calmantes. – Sasuke não teve coragem de responder qualquer coisa. – Eu vou ficar no apartamento com ela, porque estou realmente preocupado. Vou ficar aqui, pelo menos, até a irmã dela chegar... Não acho que outra pessoa possa segurá-la.

- Pode deixar amigo. Eu estou indo. – Eles se despediram e desligaram os celulares; enquanto Sasuke inventava à esposa uma desculpar para “voltar ao trabalho”, Naruto procurava na agenda o celular de Mayuki.

- Mayu! – Ele exclamou quando ela atendeu, no segundo toque. – Preciso que você procure a Hanabi!

- Ela está comigo agora. Estamos almoçando juntas na cafeteria perto da empresa... Pode vir aqui nos ver. – Ele suspirou.

- Não, eu estou no apartamento da Hinata. Preciso que a traga aqui agora. – Pôde ouvir a voz da irmã falando com a amiga; depois vê avisá-la, ela pareceu irritada e disse algo como “ele não ligaria se não fosse importante!”, depois tornou à linha.

- Onii-chan, ela quer saber por quê. – Naruto respirou fundo. Adorava Hanabi desde sempre, e não queria tratá-la mal.

- Rikka sumiu. – A irmã não conseguiu responder. – A Hinata está desesperada, e eu não quero que ela saia do apartamento. Entretanto... Se eu sair, ela vai querer vir comigo. Ela tomou alguns remédios, e eu...

- Eu entendi. – Mayu o cortou. – Nós estaremos aí em vinte minutos. – E desligou o telefone. O loiro conseguiu enfim respirar, pois sabia que se a irmã estava decidida, ela conseguiria. Guardou o telefone no bolso e voltou à sala.

Hinata estava sentada em posição de feto; os olhos de lua bem abertos, visivelmente desesperados. Suspirando, ele se reaproximou; sentou-se ao lado dela e enlaçou seus ombros. – Tudo vai ficar bem...

~

- Bom dia, senhor. – A menininha falou num tom gentil e educado. – Poderia, por favor, me dizer onde fica a residência Hyuuga? – Hiashi não conseguia se mover. Não conseguia respirar, nem fazer qualquer coisa. Estava petrificado... Porque aquela menina era como um retrato da infância de sua Yume, só que com olhos falsos, olhos azuis. – O senhor está bem? – Ela questionou preocupada ao notar os lábios tremulantes. Hiashi engoliu em seco, e assentiu.

- Posso saber para quê deseja a informação, garotinha? – Os olhos dela caíram ao chão, e ele se arrependeu de fazer a pergunta naquele mesmo instante.

- Eu quero... Esclarecer uma coisa... Com alguém. – Ela se sentou, chateada. Incapaz de conter sua curiosidade, ele sentou-se ao lado dela. A garotinha abraçou suas próprias pernas e olhou para o horizonte. – Você já foi odiado por alguém? – Ele riu.

- Por mais pessoas do que você pode imaginar. – E olhou para o chão de maneira solitária. Rikka o olhou de canto, surpresa por aquela resposta. – As pessoas não costumam gostar de velhotes rabugentos que só fazem besteiras. – Ele murmurou.

-... Mas... Eu também só faço besteiras. – Ela coçou o rosto, corada ao se lembrar de cada uma das suas traquinagens. – Você não precisa se achar rabugento só porque faz bobagens. – Ela lhe deu um sorriso animador. – Você só tem que pedir desculpas, e tudo vai ficar bem.

-... Como se chama? – Ele sentia o coração titubear.

- Rikka. – Por um segundo, ele ficou aliviado. – Quero dizer, Yume. Rikka Yume. Ou é Yume Rikka...? – Ela colocou o indicador sobre os lábios, pensativa, e ele não pôde mais se mover.

-... Pequena, por quem você procura?

- Ah! – O rosto dela avermelhou-se. – Eu procuro a casa Hyuuga. Quero falar com o dono de lá. – Explicou timidamente, sem olhar nos olhos do velho.

Hiashi tirou os óculos lentamente, e fitou-a com uma gentileza nunca vista por ninguém antes, a não ser suas filhas, quando eram muito pequenas para se lembrar. – Eu sou Hiashi Hyuuga. – Ela não conseguiu falar nada. – Antes que você fale, Yume... Eu tenho que dizer... Desculpe-me. – Os olhos de safira, tremeluzindo com as lágrimas quentes, olharam-no de canto.

Ela não respondeu, apenas assentiu, antes de começar a chorar. Não de medo, mas de alívio. Porque aqueles olhos de lua não eram malvados, nem cruéis. Eram cheios de culpa, cheios de arrependimento, e aquilo a deixou feliz.


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Notas finais do capítulo

Agora é só torcerem pra eu ter tempo de escrever no sábado! q
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Obrigada a todos que comentaram e perdoem-me os que não pude responder. Eu li todos, podem ter certeza. Estou muito feliz por sempre deixarem seus sentimentos tão carinhosos com os capítulos!
Obrigada também às opiniões, elas sempre são construtivas. :)
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Dúvidas? Críticas? Sugestões? Não hesitem!
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Até domingo! :*