PARTE III – Representante estraga prazeres.

O domingo chegou, e quando Hinata abriu os olhos, sorriu como nunca antes. Estava tão feliz... Tinha amigos, uma irmã maravilhosa e um amor. Tudo o que ela tinha desejado quando mais jovem.

Sentou-se a cama e se esticou preguiçosamente. Depois de uma rápida olhada na direção da cama da irmã, se levantou e entrou na suíte para o ritual matinal.

Enquanto penteava os cabelos e escovava os dentes, pensou em sua conversa com Sakura no dia anterior. Será mesmo? Poderia ser verdade que ela estava apaixonada por Naruto? Na verdade, nunca tinha pensado na possibilidade, mas estaria mentindo para si mesma se dissesse que não se sentia nervosa perto do loiro. E ele era tão simplesmente incrível...!

Com um suspiro ela voltou a mundo normal. Saiu do quarto e pediu para os empregados servirem o café da manhã as nove, quando Hanabi provavelmente acordaria.

Depois, ao lado de um dos braços direitos de seu pai, caminhou por todo o clã pela primeira vez desde que chegara. Mesmo que ele explicasse os mínimos detalhes, ela não conseguia entender o motivo de supervisionar todos os empregados em todas as tarefas, sendo que todos eles entendiam muito mais sobre os seus serviços do que ela. Ainda assim, assentia a cada explicação dada, mesmo sabendo que não saberia identificar erros caso presenciasse algum.

Às nove e meia se juntou com a irmã e tomaram um delicioso café da manhã, deliciando-se com a presença uma da outra. – Eu ainda prefiro a comida da onee-chan. – Hanabi reclamou com os biscoitos na boca.

- Hanabi... – A voz de Hinata soou reprovativa, e os olhos da mais nova reviraram-se.

- Ah, não! Onee-chan também não! – Foi como se ela implorasse aos céus. Hinata riu.

- Só estou dizendo que não pode falar de boca cheia. Já pensou se você deixa escapar com o papai por perto? – A outra fez uma careta.

- Não quero nem pensar. – Confessou. – Né! Onee-chan! – Ela disse de repente, enquanto a mais velha passava geleia na torrada. – A Mayu vai vir aqui pra fazermos o dever de casa, tudo bem? – O rosto de Hinata enrubesceu.

- H- He? – Hanabi sorriu e ergueu o polegar.

- Já que não tem nenhum ditador em casa, eu disse que podia ser aqui! Sabe, na verdade as pessoas são muito curiosas para conhecer o clã. – Ela cochichou a última parte, quase se pondo sobre a mesa para que a irmã ouvisse.

- É. Mal sabem que quando se conhece se sente vontade de fugir. – Não foi exatamente uma piada, mas Hanabi gargalhou tão alto que alguns empregados foram até a sala de jantar. Hinata se desculpou, dizendo que tudo não passava de uma brincadeira com a mais nova, e mesmo estranhando, os guardas saíram do lugar.

A de cabelos azuis suspirou. – Bando de estranhos. – Hanabi comentou bicuda. – Nunca ouviram ninguém rir? – Hinata virou o rosto na direção da mais nova, com um sorriso e uma expressão sugestiva. – É... – Hanabi assentiu. – Nunca devem ter ouvido mesmo. – Pousando as mãos sobre o ombro da mais nova e com o rosto levemente corado, Hinata não pôde deixar de perguntar.

- Que horas a Mayu-chan chega? – Começou para que ela não desconfiasse.

- Acho que depois do almoço.

- Hm... – Ela precisou de muita coragem pra prosseguir. – Sabe se o Naruto-kun vai trazê-la? – Coçou o rosto. Hanabi deu os ombros.

- Não sei. Talvez... Ou talvez a mãe dela. – Isso fez a mais velha corar mais ainda.

- A- A mãe? – Hanabi assentiu, animada.

- Eu soube que ela é linda! Não tanto como a minha onee-chan, claro... Mas é muito linda! A Mayu disse que ela é muito parecida com o Naruto nii-chan, mas tem cabelos ruivos... Eu nunca vi nenhuma ruiva. – Colocou o indicador nos lábios e olhou para o teto, pensativa. – E você, onee-chan? Já viu alguma? – Hinata negou com a cabeça, mas a verdade era que estava nervosa demais para pensar em qualquer outra coisa. – Onee-chan! – Hanabi chamou mais uma vez, com um sorriso gigante. – Pode fazer um bolo? A Mayu adorou daquela vez!

- Vai acabar ficando gorda de tanto pedir bolos, hein. – Brincou enquanto bagunçava a cabeleira castanha. Hanabi deu os ombros.

- Serei uma gorda feliz!

- Vá tomar banho e escovar os dentes. – A mais velha mandou, e com um “Ok!” animado, Hanabi saltitou até o quarto. Era tão fácil ver a diferença na personalidade da irmã mais nova... Perto do pai, Hanabi não ria nem sorria, e mal falava. Era óbvio que a menina tinha medo de Hiashi, mas ela orgulhosa demais para admitir.

Afinal, que Hyuuga não tinha orgulho? Hinata não conhecia nenhum. – Hinata-sama? – Uma das empregadas chamou sua atenção.

- Sim?

- Posso tirar a mesa? – A filha de Hiashi assentiu.

- Claro... Fique a vontade. Sirvam o almoço às treze horas, está bem? E depois disso estão dispensados.

- Vai fazer o lanche da tarde? – A mulher pareceu chocada.

- Sim. Algum problema? – Mesmo que a intenção fosse somente uma pergunta, a empregada se encolheu como se fosse uma bronca, o que fez a garota se sentir mal. – Apenas... Faça o que eu pedi, está bem? Vou dar uma sondada. – A mulher assentiu, e com um sorriso agradecido, Hinata deixou a sala de jantar.

Ela não pôde dar atenção à irmã durante a manhã inteira. Queria ficar livre dos deveres que seu pai havia lhe encarregado para que pudesse dar total atenção às garotas a tarde.

E após finalmente terminar as supervisões, almoçaram juntas, exatamente como faziam em Kyoto, contaram piadas e histórias da escola. Depois do almoço, as duas tiraram a mesa e lavaram a louça para começarem as aulas de culinária de Hanabi. Divertiram-se fazendo o bolo e a mais jovem se lambuzou com as sobras e parte dos confeites, obrigando Hinata a fazer uma cobertura mais simples.

Quando a campainha soou, a ansiedade cresceu dentro de Hinata. Hanabi correu de avental e tudo em direção à sala, mas a mais velha tirou o seu e as luvas, deu uma ajeitada nos cabelos azuis e correu para alcançá-la. Mas, para sua decepção, Mayuki estava sozinha. – Hina-nee! – Ela gritou da porta, acenando e arrancando um dos seus sorrisos doces.

- Entre. – Pediu, e ela o fez. As mais jovens foram seguidas até a sala de estar, onde começariam seus desenhos para a aula de arte. – Mayu-chan, você veio sozinha? – Hinata questionou depois de pensar um pouco.

- Sim! – A loirinha respondeu.

- Eu já disse que não pode fazer isso. É perigoso... – A mais velha bronqueou. – Da próxima vez, traga seu irmão.

- He... – Os olhos azuis da Uzumaki fitaram os perolados da Hyuuga, desconfiados e com um sorriso sugestivo. – Hina-nee quer ver o onii-chan! – Acusou a base de gargalhadas.

Hinata enrubesceu. – N- Não é isso! – Se defendeu. – Só que não é certo uma garotinha do seu tamanho andar sozinha por aí! – Mesmo que não percebesse, ela estava com as sobrancelhas juntas.

Com mais uma gargalhada, Mayu pulou sobre a mais velha. – Tudo bem! – Ela disse em meio aos risos. – A Hina-nee é gentil, educada, cozinha bem e é inteligente... – Contava as qualidades nos dedos. – Diferente do onii-chan, que é grosso, impulsivo e desastrado. – Hina desviou os olhos, escondendo o incômodo que sentiu ao ouvi-la falar dos defeitos que ela julgava tão encantadores. – Vocês se completam! – Ela disse, erguendo o dedinho indicador. – E eu adoraria ser irmã da Hina-nee, então aprovo você como noiva! – Bateu palma para si mesma pela conclusão tão infantil e precipitada.

- Ei! – Hanabi reclamou. – A onee-chan é só minha! – Mayuki deu a língua na direção da amiga, e apertou mais a cintura da Hyuuga.

- Mas ela vai ser a minha irmã depois de se casar com o onii-chan! – A de cabelos castanhos suspirou.

- Tudo bem, eu também vou apoiar isso. – Falou, surpreendendo a mais velha. – Só porque é o Naruto onii-chan. 

~

- Não entendo, não entendo, não entendo! – Enquanto dizia, Naruto bagunçava seus cabelos de forma frenética e irritadiça.

Sasuke suspirou, e após apoiar a cabeça na palma da mão, encarou o amigo. – Claro que não entende, não está prestando atenção em nada.

- Claro que estou! – Ele exclamou alto. -... Ou tentando. – A segunda frase resultou em Sasuke dando uma pancada com o caderno em sua cabeça.

- Então pare de tentar e preste atenção. Como você quer passar de ano desse jeito? – O loiro fez um beiço e desviou o olhar com os braços cruzados.

- Eu sei que sou idiota, não precisa jogar na cara. – Sasuke ergueu os olhos na direção do amigo.

- É sério que você vai deixar tudo pra sua irmã? – Perguntou de repente.  Naruto deu os ombros.

- Ela parece querer suceder meu pai mais que eu. Mas não quero que ela pense que eu estou jogando toda a responsabilidade pras costas dela... Eu quero ajudá-la, só acho que isso vai ser mais fácil pra ela do que pra mim. – Sasuke assentiu lentamente.

- Por isso se esforça tanto, hm... – Concluiu. – E a Hinata Hime? – Ele corou só com o nome.

- O que tem a Hinata-chan? – Perguntou com uma expressão tímida.

- Você vai mesmo flertar com ela? – O loiro se levantou subitamente, rubro.

- COMO FAZ UMA PERGUNTA DESSAS COM TANTA CALMA, TEME?! – Gritou frustrado. Sasuke deu os ombros.

- Só responda idiota. E pare de fazer escândalos desnecessários, sua mãe vai ficar preocupada. – Naruto voltou a se sentar.

- Isso não é da sua conta, teme. – Respondeu com os olhos na parede. O moreno suspirou mais uma vez.

- Sabe... Eu normalmente não ligaria... Mas essa garota é inocente, e se você se envolve com alguém inocente, você tem que se envolver pra valer. – Os olhos do Uzumaki fitaram os de ônix. – Ela não é como a sua prima. Ela é sensível...

-... E se eu quisesse algo sério com ela? Não teria problema, certo? – Os olhos de Sasuke se tornaram mais sérios.

- Esse seria o maior problema. – Naruto se surpreendeu. – Hinata é a filha mais velha daquele velho, e ele é simplesmente o líder do clã mais anormalmente tradicional de Konoha. Com certeza, na cabeça dele, Hinata vai acabar se casando com Neji para que os dois cuidem do clã e continuem a linhagem pura. E o jeito que o Neji a trata... É claro que ele também sabe disso, e parece não se opor.

- E você acha que ela iria se casar com o Neji só pra agradar o pai?

- Você não ouviu o que ela disse ontem? – Automaticamente, as palavras do dia anterior martelaram na cabeça do Uzumaki.

“- Mesmo casada, se eu engravidasse de uma garota meu pai provavelmente me mandaria abortar, já que há poucos rapazes no clã... Também me faria abortar se o pai não fosse um Hyuuga, ou se eu não estivesse na idade certa.”

Ele enfim entendeu a preocupação do amigo, mas aquilo não foi exatamente confortador. Ele afundou na cadeira. – Ela tem medo do pai. – O moreno pontuou. – Eu só estou falando pro seu bem, antes que seus sentimentos se tornem irreversíveis. Mesmo que ela também goste de você, eu duvido muito que iria contra a vontade do pai. – O outro não respondeu. – Enfim... – O Uchiha se levantou. – Eu tenho que ir agora. – Disse, colocando as mãos no bolso. – Assentindo, Naruto se levantou.

Ajudou Sasuke a recolher seu material e o levou até a saída. Depois de se despedir e fechar a porta suspirou pesadamente e encostou a cabeça na madeira a sua frente. Fechou os olhos e se lembrou de todos os sorrisos, do rosto tímido, e de todos os “Naruto-kun” ditos até o momento. Ela era encantadora... Mas achar isso não significava que ele estava apaixonado, certo? E ao convidá-la pra o cinema, não tinha que ser exatamente com o intuito de beijá-la, certo? Ele só queria passar um tempo ao lado de uma amiga. Uma amiga linda, gentil, inteligente... Suspirou mais uma vez. Maldito Sasuke que sempre tem razão!

- Naruto. – A voz da mãe soou, fazendo-o se afastar da porta.

- Aqui! – Ele respondeu, e Kushina seguiu a voz até a entrada da casa.

- Pode buscar a Mayuki? – O loiro fez uma expressão interrogativa. – O que? Não foi você quem a levou até a casa da amiguinha? – Ele balançou a cabeça negando. Kushina bateu na própria testa. – Bendita garota esperta! – Reclamou. – Me enganou direitinho...

- Ela saiu sozinha de novo? – A mãe assentiu.

- Essa garota não toma jeito, viu... Enfim, ela está no clã Hyuuga. – O loiro arregalou os olhos como se a mãe tivesse dito o pior absurdo do universo. Kushina riu. – Eu também fiquei surpresa, mas parece que seu pai levou Hiashi e o cão de guarda pra viagem, então permiti. A Mayu parece adorar as irmãs Hyuuga.

- Não tem como não adorá-la... – Ele murmurou, mais pra si mesmo do que pra mãe.

- He?

- Nada. Eu vou buscá-la. – E pegando a jaqueta laranja no closet, saiu sem mais explicações.

~

- Oishi! – A loirinha exclamou com o rosto rosado após a primeira mordida no bolo de sorvete feito por Hinata e Hanabi. A morena cruzou os braços e assentiu.

- Não é? – Dizia orgulhosa de si mesma. – E nós demoramos só uma hora para terminá-lo. – Sentada no outro sofá, Hinata bebericava uma xícara de chá e com um sorriso já natural observava a alegria da mais nova. Era incrível como Mayuki contagiava a todos com aquela energia! Até Hanabi, que sempre fora mal humorada e respondona parecia uma criança divertida ao lado da loirinha.

- Definitivamente a Hina-nee tem que ser a minha irmã. – A Uzumaki concluiu mais uma vez. – Hina-nee, você salvaria os nossos estômagos da comida da mamãe.

- He? Sua mãe não cozinha bem? – Foi Hanabi quem perguntou. A irmã de Naruto balançou a cabeça negativamente.

- Muito mal, na verdade. – Ela ria enquanto falava. – A única coisa que a mamãe faz bem são biscoitos. Sempre têm gotas com mais chocolate espalhadas. Mas quando decide fazer o jantar... – Ela colocou a mão no estômago e fez uma careta. – Hina-nee tem que me ensinar a cozinhar. – Ela decidiu de repente. – Porque se eu for aprender com a mamãe, meu noivo vai sofrer! – Hinata riu e a campainha soou.

A mais velha se levantou e deixou as mais novas brincarem. Foi até a porta e quando a abriu, quase deixou a xícara cair. O rosto enrubesceu-se de forma violenta ao ver o loiro ali, parado, com as mãos no bolso e sorriso calmo no rosto. Ela não conseguiu ver o desânimo nos olhos dele. – N- Naruto-kun!

- Desculpe por chegar tão tarde. Eu vim buscar a Mayuki.

- Ah... – Ela sorriu do mesmo jeito. – Ela e Hanabi estão tomando um lanche. Entre! – Pediu dando espaço. Hesitante, ele acabou obedecendo e seguindo a Hyuuga mais velha até a sala de estar.

- Onii-chan! – Mayu exclamou com a boca suja de chocolate. O mais velho cruzou os braços e, pela primeira vez na frente de Hinata, olhou para a irmã com uma expressão repreensiva.

- Você pode parar de andar sozinha? Qualquer dia vai acabar se perdendo. – A mais nova deu os ombros.

- Eu conheço a cidade melhor que o onii-chan, então isso é impossível. – Ele suspirou.

- É sério. Quando quiser sair, peça pra alguém ir com você. – Ela fez um biquinho.

- Onii-chan! – Praticamente gritou ao mudar de assunto. – Prove isso! – Ela estendeu na direção do irmão uma colher cheia com o doce. Ele se aproximou e obedeceu, corando ao sentir o gosto.

- P- Perfeito...

- Não é?! – O sorriso de Mayu aumentou, e o rosto da Hyuuga mais velha queimou. – A Hina-nee fez especialmente pro onii-san. – O loiro corou.

- O- O que está dizendo, Mayu-chan?! – A de cabelos azulados questionou com o tom de voz nervoso, o que fez a gargalhada de Mayuki se tornar alta.

- Só estou brincando. – Ela confessou, fazendo o irmão desviar o olhar.

- Você é muito chata, garota... – O mais velho murmurou e se levantou. – Vamos! Mamãe está esperando! – A loirinha assentiu e se levantou, assim como Hinata e Hanabi.

Os quatro seguiram para a entrada da casa, mais uma vez, e depois de saírem, os Uzumaki fizeram mesura às Hyuugas. – Obrigado por cuidar da minha irmã. – O rapaz agradeceu.

- Mayu-chan não incomoda em nada. – Hina garantiu.

- Espero que possa vir brincar logo, Mayu! – Hanabi desejou, e a amiga assentiu. Depois de um abraço entre as garotas e um assentir dos mais velhos, os loiros seguiram para sua casa, enquanto as morenas adentraram na delas.

Àquela noite, Hinata sonhou com o encontro de domingo.

O dia raio cedo, e a Hyuuga mais velha não queria levantar. Mas foi só lembrar que era segunda, que veria as amigas novas e o loiro, que o ânimo voltou.

Ela penteou os cabelos da irmã mais nova e a ajudou a vestir o uniforme. Depois de um belo café da manhã feito pelas empregadas, seguiram para as escolas juntas. Hinata deixou a irmã na porta do fundamental e seguiu para o colégio. Mas para a surpresa da Hyuuga, foi só entrar na sala para sentir um corpo pesado cair sobre o seu. Aquilo parecia... Um abraço?

Sim! Era um abraço! Um abraço forte e animado, bem típico da senhorita Yamanaka. Típico e constrangedor... Pelo menos pra uma Hyuuga tão tímida. – Bom dia! – A loira exclamou com felicidade.

- B-Bom dia... – A resposta de Hinata não foi exatamente o banho de energia que ela esperava. – C-Como foi o seu domingo, Yamanaka-san? – Definitivamente, Hinata não queria que a loira pensasse que ela estava com má vontade.

- Foi normal. – A outra confessou desanimada. – E o seu? – Ela aproximou o rosto da orelha da menina. – Eu soube que teve uma visita muito desejada... – Murmurou, fazendo a morena corar feito um tomate.

E foi só fazer o comentário que a segunda vítima dela chega.

Naruto se aproximou hesitante de seu lugar, claramente assustado com a energia de Ino. – B-Bom dia, Naruto-kun...

- Bom dia, Hinata. – E ele se virou para a lousa. A voz dele foi tão comum, tão... Sem graça, que ambas as garotas ficaram em silêncio. Entreolharam-se por um segundo, até Ino decidir mandar mais um de seus pescotapas no Uzumaki.

- EI! – Ela berrou. – Cumprimenta direito! – Exigiu irritada. O loiro fez um beicinho e suspirou.

- Desculpe. – Ele pediu. – Só não consegui dormir direito hoje... – E era verdade. Ele tinha passado a madrugada inteira pensando na conversa que tivera com Sasuke na tarde anterior. Inconscientemente, os olhos azuis seguiram até os perolados, e após ver as maçãs do rosto da Hyuuga queimando, e de sentir seu peito queimar por presenciar aquela simples reação, ficou com medo do Uchiha estar certo.

O professor entrou na sala e todos foram para seus lugares. No meio da aula, Sasuke e Sakura – que a propósito eram representantes da sala – chegaram e pediram o resto da aula para o professor. E claro: como o professor não era ninguém mais ninguém menos que Kakashi, o Rei da preguiça, ele permitiu.

Os representantes foram até a frente da sala e pediram silêncio e atenção. – Os preparativos para o festival vão começar essa semana! – Sasuke avisou, enquanto Sakura escrevia alguma coisa sobre votação no quadro. – Hoje nós vamos fazer uma votação e decidiremos o que fazer. – Todos assentiram e a votação começou.

As opções eram: Host Club – indicado por Ino -, Café Maid – indicado por Kiba e Naruto -, Teatro – surpreendentemente indicado por Chouji – e Casa Mal Assombrada – indicada por Shino. No fim das contas, o Host Club e o Café Maid acabaram empatados, apenas Hinata, Shikamaru e Chouji votaram pelo teatro e a Casa Mal Assombrada foi deixada de escanteio, fazendo com que Shino se isolasse ainda mais – se é que isso é possível.

Depois de uma longa discussão, foi decidido que as garotas se vestiriam de maid e os garotos de mordomo, e que a cozinha seria dividida por dois turnos, e após provarem um prato de cada um dos alunos, eles decidiriam as equipes da manhã e tarde. – Bom, - Sasuke prosseguiu depois da discussão. – Hinata, Naruto, Sakura e eu vamos esse domingo fazer pesquisas para as fantasias.

- ESPERE! – Naruto bateu na mesa repentinamente, e se levantou. O rosto estava vermelho e veias pulsavam em sua testa. – Por que nos incluir assim, do nada? E se já tivermos compromissos? – Sasuke sorriu de maneira assustadora.

- Por acaso algum de vocês tem? – O sorriso congelou qualquer reação dos dois.

- Não senhor. – Foi Naruto quem respondeu, e se sentou quase instantaneamente. Os olhos azuis olharam de canto para a Hyuuga, que respondeu com um sorriso desanimado e compreensivo.

- Bem, então está decidido por enquanto. Ino, Shikamaru e Kiba vão procurar a decoração e Chouji pode decidir um grupo para começar uma pesquisa sobre o que podemos colocar no cardápio e os custos. – Todos assentiram.

Quando os representantes voltaram para seus lugares, Hinata e Naruto não conseguiram esconder o desânimo. Enquanto ele olhava para ela pelo reflexo da janela, ela, com a cabeça deitada no caderno se entristecia com fato de seu sonho não se tornar realidade.

Mas de qualquer forma, eles sairiam juntos... Com amigos, o que devia ser mais certo, não é?

Mas então... Por que não conseguiam parar de pensar o quão inconvenientes eram aqueles representantes?