Que Chegue Até Você. escrita por L-chan_C-chan


Capítulo 29
Parte IXXX – Minha Menina.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus adoráveis bolinhos de arroz!
Hoje eu tive duas surpresas maravilhosas. Uma de madrugada, com uma IN-CRÍ-VEL declaração da biscoitinha HeyNingenSucker, em MP, que me emocionou muito, e eu tinha que agradecer publicamente. i.i
A outra, foi a fofíssima recomendação da Thaay Coutinho! A taradinha que me pediu hentai (HAHAHA).

Muito obrigada, meus amores! Realmente me animaram! :)
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Voltando à fic...
Eu betei duas vezes, mas se houver algum erro.. Perdoem a tia Candy, certo?! :3
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Obrigada à todos os comentários estimulantes!
Mais uma vez, gostaria de perguntar o que acham das minhas novas ideias para duas futuras fics: Uma curta, musical. E outra longa, de título "The King" (Ou Queen. Ainda não decidi direito! XD), que penso em postar depois do término de Que Chegue Até Você. :)
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Divirtam-se com o capítulo!



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Parte IXXX – Minha Menina.

Era uma tarde qualquer... Ensolarada e tediosa para qualquer uma das garotinhas do Lar das Joaninhas.

Rikka estava sentada num dos sofás, chutando o ar e chupando um pirulito doce que ganhara de presente da professora por acertar a resposta da chamada oral. Estava bocejante, chateada... E sem nenhuma vontade de brincar com as outras crianças. Mas tudo aquilo estava para mudar.

Konan entrou na sala de brinquedos com um olhar muito sério, que foi notado por todas as órfãs. Ela seguiu em silêncio até a pequena Takagi; agachou-se e murmurou que a notícia de uma visita. A menina não estava interessada... Imaginou ser algum casal interessado em adotá-la, ou Naruto. Por via das dúvidas, acabou seguindo a diretora até a saleta que eles usavam para que pais em potencial pudessem conversar com suas possíveis adoções, e os olhinhos azuis se petrificaram diante da visita.

Hinata estava tensa... Sentada em um dos sofás do lugar, olhando para todos os lados de maneira analítica. Usava uma saia social azul e uma camisa branca de algodão com um cinto preto que demarcava a cintura. Levantou-se imediatamente, assim que a porta se abriu, ansiosa para ver a menina, e sorriu com a certeza de que era, de fato, aquela visita inesperada de alguns meses atrás.

Rikka estava tão chocada que não conseguiu se mover até que Konan a empurrasse com leveza; até que mãe e filha estivessem próximas o suficiente. A diretora agachou até a altura da menor. – Rikka, querida... Essa é a senhorita Hinata Hyuuga. – Explicou com gentileza. – Ela é...

– Mamãe... – A menor murmurou com emoção; tanta que fez os olhos da Hyuuga marejarem. Com um sorriso terno e constrangido, a mãe se agachou, assim como Konan, e ergueu a mão na direção da filha.

– É um prazer-... – Para sua surpresa, foi agarrada pelo pescoço com um abraço forte e possessivo da menor.

– Você não me ignorou! – A pequena exclamou chorosa. Quase trêmula, Hinata abraçou-a com toda a força que pôde, sentindo todo o calor que a sua menina... Sua pequena e adorada menina poderia dar. Tê-la em seus braços era a sensação mais maravilhosa do universo.

A diretora do orfanato, mesmo ressentida com a mãe da menina – pois não sabia da história completa – concluiu que seria melhor deixá-las a sós. Depois de alguns minutos de choro incansável pela parte de ambas, elas se sentaram no sofá de veludo vermelho; Hina não conseguiu, nem por um segundo, cessar as carícias no rosto da filha. Ela era tão linda... – Mas... O que você faz aqui?! – Perguntou com os olhinhos azuis cheios de curiosidade. Hinata riu; sentia cada nervo de seu corpo.

– E- Eu vim vê-la, oras... Preferia que eu não viesse? – Só a ideia a desolou; por sorte, Rikka negou imediatamente.

– Eu estou feliz. – Respondeu com sinceridade e timidez. – Mas... Pensei que nunca mais ia vê-la, depois daquilo... – Hinata beijou a cabeleira azul da pequena.

– Ah, querida... Se você soubesse... – Ela inspirou o perfume de xampu infantil e riu só com o aroma. – Escute... Aquele dia... Aquele dia, você me perguntou o porquê de eu abandoná-la... – Ela negou freneticamente com a cabeça. – Meu amor, acredite quando eu digo que nunca... Jamais poderia abandoná-la. – Sua voz saiu esganiçada pela emoção, e os olhos de Rikka se iluminaram. – Eu só... Só não sabia que você estava aqui... Não sabia que você estava perdida. – E ela riu para conter as lágrimas.

– Mas... As mães tem que assinar aqueles documentos e... – Hina negou.

– Eu não sabia, meu amor... Nunca soube... Enganaram-me do jeito mais cruel que se pode existir, acredite em mim... – Mas a pequena balançou a cabeça, confusa.

– Não entendo. – Confessou.

–... Sabe, não precisa entender. – A mãe beijou-lhe a testa saudosamente, como se precisasse daquilo para sobreviver. – O que tem que saber, minha querida... É que eu vou tê-la de volta, custe o que custar, minha pequena Yume. – A menina fez careta.

– Mamãe, meu nome é Rikka. – O rosto de Hinata corou um pouco, mas depois ela riu. Beijou a testa da filha mais uma vez e a abraçou, apertando-a como se a vida de ambas dependesse daquilo.

– Rikka ou Yume... Tudo o que me importa é que eu te encontrei, minha menina. – A porta se abriu naquele momento, mas Hina não conseguiu soltar a filha.

Konan entrou com uma postura reta impenetrável. – Desculpe senhorita Hyuuga, mas o tempo de visitas acabou.

– Por favor, senhora, se puder me permitir mais cinco minutos...

– Desculpe, mas são ordens do juiz. O primeiro contato é sempre o mais curto, por isso nem tente discutir Rikka. – A menor fez um beicinho chateado, e Hinata sentiu-se um pouco ofendida com o olhar estreito que lhe era oferecido pela outra mulher.

– Tudo bem, mamãe. Você vai voltar, não é? – A vozinha esperançosa era tudo o que Hina precisava ouvir para se acalmar. Ela segurou o rosto pequeno entre suas mãos e sorrindo, assentiu.

– O mais rápido que eu puder. – Garantiu, fazendo a pequena abraçá-la.

– Eu sabia que, no fundo, você me queria. – Ela murmurou apenas para a mãe ouvir, e ela assentiu.

– Sempre, meu amor... Sempre. – Sussurrou em resposta, antes da pequena se afastar. Despediram-se com acenos tímidos, e Hina não esperou ser guiada para se retirar do local. Pôde sentir, pelos olhares, que Konan a crucificavam pelo suposto abandono à filha, então preferiu não discutir, e sair antes de um bate-boca que poderia dificultar suas visitas.

Depois que a senhorita Hyuuga deixou o local, a diretora pôde enfim se sentir a vontade para expressar o seu incômodo. Ela se trancou no escritório e ligou para o único que poderia dividir suas frustrações. -... Senhor Uzumaki! Não vai adivinhar quem acaba de sair daqui! A mãe de Rikka!

– O quê?! – Naruto praticamente gritou do outro lado da linha.

– Exatamente. Parece que, de fato, ela conseguiu contatar a mãe. A mulher deve ter se sentido arrependida e veio atrás da menina... Claro. Depois de crescida, não é? Não precisa mais trocar fraldas, nem dar de mamar... Francamente, esse tipo de pessoa me enoja! – Naruto estava mais assustado com a ideia de perder a menininha do que com qualquer outra coisa, então não pôde fazer nada além de perguntar.

– Mas... Mas por quê?! O que ela disse?! Por que mudou de ideia tão de repente?! – Konan suspirou.

– Não sei dos detalhes, mas ela deve ter dinheiro... O juiz deixou-a ter contato com a menina antes do que deveria ser o certo.

– Tem dinheiro...?! Então é aí que deveria se afastar mesmo! Se ela tinha condições, deveria ter ficado com a Rikka!

– É, eu penso da mesma forma. – O silêncio se estiou, fazendo a mulher suspirar tristemente. – O que você vai fazer? Você estava ajeitando o seu apartamento para recebê-la, não é? – Naruto demorou um pouco para responder.

– Esse sempre foi o sonho dela, não é? Então, eu apenas... Vou deixá-la. Quem sabe essa mãe não mereça uma segunda chance, no final das contas?

~

Hinata estacionou o carro em um hotel próximo ao orfanato; foi até a recepção e pediu um quarto, que por sorte, era o último vago. Depois de pegar as chaves, seguiu imediatamente para o segundo andar, já que precisava ligar para Sasuke urgentemente.

Após abrir a porta, jogar a bolsa sobre a cama e tirar os sapatos, puxou e procurou o número do advogado na agenda; não demorou muito, já que ela não tinha lá muitos contatos. -... Sasuke? – Ele respondeu no primeiro soar.

– Boa tarde, Hinata. – Sempre educado... – Foi como você esperava? – Ela podia escutar o barulho rápido das teclas do computador do velho amigo.

– Constrangedor. A diretora não pareceu gostar de mim...

– O processo está correndo em sigilo, já que você decidiu assim. – Os olhos perolados se reviraram. – Bem, acho esse é o único jeito que você conhece... – Ouviu-o murmurar, mais para si do que para ela. – Mas não se preocupe com ela. Você quer conquistar sua filha, não a diretora.

– Minha menina foi doce, como eu imaginei que fosse. – Só a lembrança a fez sorrir. – Quando eu vou tê-la, Sasuke?! Eu preciso da minha filha...

– Conseguimos a primeira visita em poucos meses... Se dermos sorte, em um ano você a terá de volta.

– Um ano?! – O tom dela aumentou dois décimos. – Eu não tenho um ano, eu quero estar com a minha filha! – O barulho do teclar cessou, e ela soube que ele estava hesitando sobre algo.

–... Sabe, como seu advogado... Eu tenho que dizer isso. – Começou com cautela. – Sinceramente... Você está processando o hospital como “um erro”, mas não foi um erro. Isso foi corrupção. – Ele afastou a mesa da cadeira e se levantou. – Falando como seu advogado... Se você tem mesmo tanta urgência, só há um meio de conseguir isso. – Ela não respondeu então ele continuou. – Você é vista pela sociedade como “a mãe arrependida por deixar a filha”, é por isso que não vai conseguir a guarda da senhorita Takagi até, no mínimo, um ano... Mas se você fosse vista como a vítima que é... Se todos vissem você como a enganada... Se todos soubessem da sua história...

– Espere. – Ela interrompeu. – Está falando que eu devo recorrer à imprensa?! – Ele franziu a testa.

– Acredite em mim quando eu digo que esse é o caminho mais difícil para um advogado... Mas é a forma mais rápida do Estado agir. Você tem as provas, Hinata... Tem a assinatura falsificada, o atestado de óbito falso, até mesmo o túmulo falso! E eu posso apostar que existe uma transferência antiga para a conta do tal médico.

– Quanto tempo? – Ouviu-o suspirar.

– Difícil dizer. Creio que, no pior dos casos... Seis meses.

– E no melhor? – Estava ansiosa.

– Em cinco semanas é possível anular um documento alterado. – O rosto dela empalideceu. – Mas para isso...

– Eu sei. Tenho que denunciar meu pai. – Ela escondeu o rosto, e o silêncio soou por alguns minutos. -... Faça.

– O quê?

– Faça vazar pra imprensa. Tudo o que eu quero é a minha filha o mais rápido possível. – O Uchiha sorriu de soslaio. Hinata Hyuuga, egoísta... Quem diria, hm?!

– Então você devia ligar para o Naruto. Ele não vai gostar de saber que a filha está viva pelos jornais.

–... Deixo você vazar isso também. Eu deveria continuar em Okinawa?! – A proposital mudança súbita de assunto foi perceptível.

– Sim, continue aí. Eu vou te passar a agenda das visitas do orfanato. Aqui, e em Kyoto... Eu posso resolver isso sozinho. – “Com Naruto também”, ele quis adicionar, mas sabia que ela estava sob muita pressão para ser irritada com mais uma dor de cabeça.

– Obrigada, Sasuke-kun. – Ela sorriu.

– Até mais, cliente. Boa sorte com a diretora. – Ela riu, despediu-se e desligou. O Uchiha suspirou profundamente antes de continuar; encarou o celular como se fosse algum tipo de inimigo, e depois de trocar olhares com a tela do iPhone, mandou uma inocente mensagem para o melhor amigo. “Encontre-me num café, daqui a meia hora.”. A resposta foi um “(y)”, e ele suspirou mais uma vez. Aquilo definitivamente seria cansativo... Muito cansativo.


Embora pedisse que o encontro acontecesse em meia hora, em vinte minutos Sasuke já estava na cafeteria próxima dos escritórios de ambos. Vez ou outra eles passavam a tarde ali, bebendo café ou para beber algumas cervejas enlatadas.


Já estava tomando sua terceira xícara de cappuccino quando viu o loiro entrar pela porta de vidro. Ele acenou e deu um sorriso desanimado para o melhor amigo, que ergueu a xícara como cumprimento.

O Uzumaki seguiu até a cadeira vaga; ajeitou o paletó nas costas dela e se sentou. – Me trás uma cerveja! – Ele pediu erguendo a mão, a atendente assentiu. Não demorou muito até que ela chegasse e servisse a latinha em um copo de vidro.

– Não é costume seu beber de dia. – O moreno observou, mas o outro deu os ombros. Deu um gole na geladinha e bufou.

– Acabei de ter uma grande decepção... Você se lembra da garotinha que eu queria adotar? – Sasuke franziu as sobrancelhas.

– Duvido que você lembre depois do que eu tenho a contar. – Murmurou baixo, e viu as sobrancelhas do loiro se estreitarem. – Você soube que o Hyuuga enfartou?

– O que é que eu tenho com isso?! – Naruto riu. – Você está parecendo a Ino, Sasuke. Falando da vida dos outros desse jeito... – O Uchiha bufou.

– O fato de ele ter desmaiado realmente não tem nada a ver com você, mas o motivo sim. – O rosto do outro empalideceu, e ele se levantou.

– O que aconteceu com a Hinata?! – Ele perguntou imediatamente, sentindo as entranhas se revirarem em seu estômago só de se lembrar do último encontro com a amada. – Ela não tentou nada de louco, não é? – Sasuke riu.

Ainda não, mas vai tentar. – Debochou ao se lembrar da decisão quase precipitada de recorrer à sempre apelativa imprensa.

– Teme! Você está me assustando! – O noivo de Sakura riu de novo, mas fez menção para que ele tornasse a se sentar.

– Não é uma notícia ruim, então se sente. – Hesitante, ele obedeceu. – Enfim... Ele enfartou porque a Hinata veio confrontá-lo. – Os olhos azuis se arregalaram. – E ela fez isso porque descobriu que seu velho ex- sogro entregou sua filha para a adoção. – Naruto não respondeu. – Sua filha está viva, Naruto. – Visto que ele não teria uma reação tão cedo, o advogado prosseguiu. – Hina decidiu recorrer à imprensa para que os processos corram mais rápidos. Isso vai ser barulhento... Então concluímos que seria melhor avisar você antes de descobrir sozinho. – O Uzumaki ergueu a taça e bebeu todo o conteúdo em um só gole, transtornado.

Sasuke se levantou; pôs o dinheiro da conta sobre a mesa e deu duas batidas no ombro do melhor amigo. – Francamente, eu acho que isso tudo está tornando essa garota mais forte... Mas se você vai ou não se envolver, isso é decisão sua. Não me ouviu quando eu disse para não se meter com ela, mesmo... – Riu com a lembrança. – De qualquer forma, fique ligado nas noticias. – E foi isso que ele fez.

Apenas uma semana se passou, o suficiente para os processos contra o hospital e os Hyuuga fossem de “erro técnico” para “proposital”. Sasuke, como havia planejado desde o começo, fez um belo escândalo deixando vazar informações confidenciais sobre o que a imprensa intitulava de “Caso Hyuuga”.

Hinata foi à quantas entrevistas achou necessária; deu muitas declarações e diversas vezes contou seu testemunho sobre os piores dias da sua vida. O Dr. Kabuto Yakushi foi demitido do hospital assim que as notícias chegaram aos ouvidos da senhora Tsunade Senjuu, e teve sua licença retirada quando a farsa foi comprovada. A saúde de Hiashi piorou, e Hanabi e Neji se tornaram os encarregados de seguir em frente com os negócios que, graças ao escândalo, estavam em péssimo estado, e no coração da mais jovem das irmãs Hyuuga, um rancor surpreendente cresceu pela mais velha, mesmo que ela tivesse motivos para tudo aquilo.

Em cerca de dois meses, tudo foi resolvido e Rikka Takagi tornou-se Rikka Yume Hyuuga. Por um motivo que até ele desconhecia, Naruto não se envolveu.

Era uma manhã de domingo, e como era de costume, o Uzumaki entrou na sala de jogos do Lar das Joaninhas, sendo recebido por uma cambada de abraços das pequenas garotinhas que tanto o adoravam. A sua favorita, entretanto... Não estava ali.

Depois de conversar muito com as garotas, ele foi até o quarto feminino para vê-la por uma última vez, já que segundo Konan, não demoraria muito até que deixasse o lugar. Aquilo era triste, realmente triste... Mas era o que ela queria, então ele se sentia na obrigação de apoiá-la, como um pai faria com sua filha. Como ele faria com sua filha.

Rikka estava arrumando a mala, assim como ele havia imaginado. Eram duas malas médias cor-de-rosa novas que, ele imaginava, deviam ser presentes da mãe. Sentou-se na cama dela e foi recebido com um sorriso doce e alegre. – Você veio se despedir! – Ela exclamou, e ele fez uma careta.

– Eu vim te desejar boa sorte. – Não gostava da ideia de “despedida”. – E como você se sente? Animada? – Forçou seu melhor sorriso.

– Sim, muito! – Ela assentiu rápida e feliz. – Amanhã a mamãe disse que eu oficialmente vou virar a filha dela. – A pequena sentou-se ao seu lado, e abraçou sua cintura. – Eu quero muito que vocês se conheçam! – Ele ergueu uma das sobrancelhas.

– Não sei se quero conhecê-la tanto assim... Ela vai te tirar de mim, afinal. – Rikka riu, e negou com a cabeça.

– Ela é muito bonita. Eu aposto que você vai se apaixonar por ela, assim que a ver. – E os olhinhos azuis pequenos se iluminaram com uma ideia repentina. Ela pulou da cama e abriu a mala já feita; depois de vasculhar muito, esticou um porta-retratos de gesso enfeitado para o mais velho.

– Veja! Você não é casado, não é?! A mamãe também não! Eu gostaria que vocês se apaixonassem. – Rindo da ideia, Naruto puxou o porta-retratos. Quando o virou, entretanto, teve que se conter para não soltá-lo. Na imagem, sua Hinata sorria... Sorria como antes... Não, sorria como nunca havia sorrido antes. Mesmo por foto, ele pôde notar que os olhos grandes e perolados estavam preocupados, enquanto limpava o shoyo do rosto da pequena garotinha que Naruto sempre adorou. – Você já se apaixonou pela mamãe?! – Ela perguntou ansiosa, e os olhos azuis do pai lentamente se ergueram até o rosto da pequena.

–... Ela é a sua mãe...? – Ele perguntou debilmente, enquanto juntava aos poucos as diversas peças do quebra-cabeça. Sim... Rikka tinha exatamente a mesma idade de sua filha. Também tinha os mesmos cabelos, e o formato dos olhos de Hinata. O rosto, entretanto... Parecia-se muito com o de Kushina – ou seja, muito com o dele.

A mãe dela morava em Kyoto, e Hinata morava em Kyoto. Ela achara a mãe no mesmo período em que Hina encontrara sua filha, e francamente, apenas uma criança com o teimoso e idiota sangue Uzumaki teria coragem para fugir de trem-bala até uma cidade desconhecida... Tudo, tudo fazia sentido, agora. Como ele podia ser tão idiota a ponto de não notar inicialmente?! A ponto de ouvir Sasuke e não se envolver, deixando que a amada resolvesse tudo sozinha para que amadurecesse?!

Os olhos dele estavam fixos no rosto da filha. A garota que ele sempre amou... A garota sempre esteve ao seu lado... A menininha que o fascinou à primeira vista. Ele a amava... Amava-a muito, com toda a sua alma, sempre foi assim. E agora podia entender o porquê. Entendia o porque de alguma força divina colocá-la em seu caminho justamente quando ele mais se sentia sozinho, o porque de tanto amor e carinho... Porque, por algum milagre – e nenhuma outra palavra descreveria aquilo tão bem -, ele estava destinado a ficar ao lado da pequena. A apoiá-la, a amá-la.

Quis abraçá-la com todas as suas forças; quis pegá-la nos ombros e correr por toda Okinawa, gritando “Ela é minha filha!”, mas não conseguiu. Na verdade, não conseguia pensar em nada realmente concreto. Por não querer assustá-la, ele se levantou lentamente, pousando a foto na cama dela sem olhá-la uma segunda vez. O sorriso de Rikka... De sua menina cresceu. – Você já se apaixonou por ela? – Ela quis saber com a vozinha animada. Naruto riria, gargalharia pela ironia do destino, se não estivesse tão chocado com aquilo tudo. Por estar chocado, ele respirou lentamente; virou-se e depois de um acenar lento, se retirou do quarto.

Ele precisava de uma bebida urgentemente.

~

Em um lindo dia de primavera, enfim foi permitido que mãe e filha vivessem juntas. Hinata estacionou ao lado do Lar, sorrindo ao ver, pela janela lateral, a filha ser agarrada pelas antigas coleguinhas, que pareciam sinceramente tocadas por sua ida.

Ela desceu do carro com um sorriso, e com a ajuda da arrependida Konan – que repensara a todos os seus julgamentos para com a mulher depois de conhecer de fato a sua história – colocou as duas malas não muito grandes na porta traseira do carro. Esperou até que as despedidas fossem feitas, e depois de um último longo abraço em Konan, a garotinha entrou no carro; sentou-se num banquinho especial muito constrangedor em sua opinião, mas ela não podia reclamar de nada.

Depois de um aceno amigável para todos no Lar, Hinata ligou o carro com um prazer imenso. – Para onde vamos, mamãe? – Era delicioso ser chamada daquele jeito.

– Para Konoha, querida. Precisamos assinar alguns papeis, e eu preciso pagar o nosso advogado.

– Depois disso, nós vamos para a sua casa? – A curiosidade era palpável, e aquilo fez a mais velha rir.

– Sim, querida. Creio que sim. Você está curiosa para ver o seu quarto? – A pequena assentiu animadamente. Hinata parou no sinal e puxou um tablet que descansava no banco passageiro; ligou, colocou numa das pastas e entregou a filha. – Aí está. Tem algumas fotos do que eu comprei para pôr lá. – Curiosa, a menina passou as imagens e divertiu-se, tanto com o aparelho quanto ao imaginar como os móveis lindos estariam colocados.

– Eu sempre quis ter um quarto só pra mim. – Ela comentou, depois fez uma careta. – Mas também queria dormir com a mamãe...

– Você pode ter o seu quarto e dormir comigo. Não tem nenhum problema. – Hina respondeu com um sorriso.

– Não, não. – Rikka negou. – Mamãe, logo você vai ter um namorado, então eu tenho que dormir no meu quartinho. – As sobrancelhas escuras da Hyuuga se estreitaram, só ao imaginar.

– Querida, eu não pretendo ter um namorado tão cedo... – Pensou que aquilo fosse tranquilizá-la, mas ao invés disso, pelo espelho, viu a filha formar um biquinho nos lábios.

– Eu queria que a mamãe casasse com meu bem feitor... – Hinata riu, imaginando um homem velho gordo que dava presentes às crianças carentes no natal.

– Desculpe querida, mas sem namorados por enquanto. – No lugar do beicinho, Rikka sorriu feliz.

– Tudo bem, mamãe. Melhor pra mim, já que vai ser só minha.

Ouvir aquilo era realmente maravilhoso. Saber que ela queria ser sua filha tanto quanto ela queria ser a sua mãe... Era mais que um alívio, era a sensação mais maravilhosa que ela já sentira desde sempre.

Finalmente... Ela tinha a sua menina ao seu lado. – Minha menina...


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Notas finais do capítulo

Naruto está chocado! O que será que ele vai fazer para entrar nessa nova família que está se formando?! q
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Ainda faltam alguns capítulos para o término da fic... Mas já estamos na etapa final! :D
Agradeço, mais uma vez, aos meus queridos leitores por sempre comentarem, deixando seus mais calorosos sentimentos para que eu possa me deleitar, e criativar!
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Agora vou começar o meu nada agradável trabalho de Estatística. Espero terminar logo para, assim, começar a escrever "The King" (Ou Queen, ainda não decidi. XD). Ontem a noite, depois de ler a emocionante declaração da Ningen-chan, tornei a trabalhar no primeiro capítulo, mas não cheguei a concluí-lo.
Semana que vem vou tentar trazer algumas informações base da história, se vocês quiserem! :)
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Dúvidas? Críticas? Sugestões?! Estou sempre disposta!
Não se esqueçam que comentários lindinhos e construtivos são o combustível para qualquer autor!