O Pacto escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 11
Loucura e ciúmes




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Até a Mônica teve trabalho para segurar Denise, que se debatia e gritava como se fosse louca. As outras meninas ajudavam Maria a se levantar do chão. Seus cabelos estavam desalinhados por causa dos puxões e suas faces vermelhas de tantos tapas que ela tinha levado.


– Sua vagabunda! Pensa que eu não sei que você tá dando de cima do meu namorado? Sua quenga, safada, piranha sem vergonha! – ela começou a berrar todos os palavrões que sabia, assustando a todos ao seu redor. Pelo que eles sabiam, ela nunca fora desbocada daquele jeito.

– Denise, pára com isso agora mesmo! – Mônica gritava tentando chamá-la a razão, o que não adiantava nada. Ela parecia ter perdido completamente o juízo.


A ruiva só se acalmou um pouco quando Xaveco interveio, escandalizado com toda aquela agressão.


– Denise, o que deu em você?

– É essa sem vergonha aí que tá dando de cima de você!

– Pára com isso, não tem ninguém dando de cima de mim! A gente só tava conversando, não tem nada a ver!

– Tem sim, ela quer roubar você de mim, mas não vai conseguir não! Eu mato qualquer uma que tentar tirar você de mim, eu mato!


O rosto dela estava desfigurado, seus olhos saltavam das orbitas e um pouco de espuma saia da boca dela, deixando-o até com um pouco de medo da própria namorada. Onde ele estava com a cabeça ao se envolver com aquela maluca?


– A gente é só amigo, Denise! Eu juro! – Maria falou com a voz fraca tentando sensibilizar um pouco a amiga.


Ela pareceu não ouvir e continuou xingando e Xaveco se viu obrigado a levá-la para casa antes que ela enlouquecesse de vez. Quando ele pegou seu braço, ela se acalmou assustadoramente e se deixou conduzir sem protestos. Quando eles foram embora, Cascuda lhe falou.


– Você não devia ter ido ao cinema com o Xaveco. Pelo menos não sozinha. Viu só no que deu?

– Como é? Mas foi ele quem me convidou e a gente foi só como amigo!

(Marina) – A Cascuda tá certa! Namorado de amiga pra gente é mulher!


Ela olhou ao redor e viu que as meninas a olhavam de forma acusadora, como se ela fosse a única culpada de toda aquela confusão.


– Ei! Vocês ficaram doidas por acaso? – Mônica bradou furiosa com as amigas, sendo apoiadas pela Magali.

– Gente, que horror! Vocês estão jogando toda a culpa na Maria, mas foi o Xaveco quem foi atrás dela!

(Aninha) - Ela tinha que se dar o respeito e afastar! Agora criou um problema para ele!

(Keika) – Pobre Xaveco, é tão ocupado e agora tem que ficar lidando com essas picuinhas porque a Maria não sabe conhecer o lugar dela!

– Já chega! Se alguém falar mais um “a” sobre isso, eu encho a cara de tapa!


Todas se calaram diante da ameaça, pois sabiam que a Mônica sempre cumpria suas promessas.


– Vem, Maria. Vamos levar você pra casa porque isso aqui já está fedendo!

– Gente... eu não queria causar confusão nenhuma, é sério! – ela falou com o rosto banhado em lágrimas.

(Magali) – Eu sei, Maria. Elas é que ficaram sem noção de repente.


Quando as três foram embora, as outras garotas ficaram olhando para ela apertando os lábios com força. Quem aquela magrela pensava que era para atrapalhar a vida do Xaveco daquela forma? E aquelas duas traidoras ainda ficaram do lado dela? Aquilo não podia ficar assim, não podia mesmo!


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– Eu mato aquela vagabunda, eu mato! – ela repetia a todo instante e ele não conseguia tirar aquela idéia maluca da sua cabeça. Denise estava tão transtornada que sequer ouviu quando Xaveco sussurrou para Melina.

– O que deu nela? Que loucura!

– Você é tão especial, tão único, que agora ela está com medo de perder e pensa que aquela garota é uma ameaça.

– A Maria? Desde quando? Poxa, a gente tava só conversando! Eu tava tentando ajudar ela, só isso!

– Mas ela não entende.

– E o que eu faço agora?

– Simples: prometa que não irá mais falar com aquela garota e ela irá se acalmar.


Ele se indignou.


– Isso não! Quem a Denise pensa que é pra querer controlar minhas amizades? Ela fica de nhém-nhém-nhém com o Titi e eu não falo nada, então ela não tem que reclamar por eu ser amigo da Maria!


Melina fechou a cara, não gostando nem um pouco daquela rebeldia. Ela tinha esperanças de que um ataque de loucura por parte de Denise fizesse com que ele mudasse de idéia, mas aquilo não estava acontecendo.


– Eu mato aquela vagabunda, eu...

– Pára com isso agora, Denise! Você não vai matar ninguém e não vai mais encostar um dedo na Maria, deu pra entender?


Ela pareceu sair daquele transe e o olhou assustada.


– Mas ela...

– Mas o caramba! Você nunca gostou que controlassem suas amizades, então não vem controlar as minhas!

– Ela não é uma “amizade”! É uma piranha safada que quer roubar você de mim!


Por um instante, ele sentiu vontade de dar um tapa na boca dela. Ele só se controlou porque não fazia parte da sua natureza partir para a violência, especialmente contra uma garota. Mesmo assim, seu rosto ficou vermelho de indignação e ele decidiu que não dava mais para conversar com Denise daquele jeito.


– Escuta aqui, agora eu vou pra casa porque tô com a cabeça quente e eu posso acabar fazendo uma besteira. Depois a gente conversa. E vê se fica longe da Maria, ouviu? Se você encostar a mão nela de novo, vai ver só uma coisa!


Diante da ameaça, Denise começou a chorar copiosamente, se descabelando a ponto de desfazer as marias-chiquinhas.


– Por favor, faz isso não! Não me deixe senão eu me mato!

– Eu heim! Pára com isso, tá doida!


Ela se jogou no chão e agarrou sua calça, gritando e implorando. Era sorte dele a mãe dela não estar em casa, senão a situação seria duas vezes mais constrangedora.


– Denise, olha pra mim! Pára de chorar, eu não falei em terminar com você. Fica calma, vamos!


Foi com muito custo que ela parou de chorar e ainda soluçava bastante.


– Você não vai me deixar?

– Não, eu não vou. Prometo. Agora vai lavar o rosto e tenta dormir um pouco, tá? Eu também vou pra casa esfriar a cabeça. Depois a gente conversa.


Ainda levou mais meia hora até que ele conseguisse acalmá-la para poder ir embora dali e foi com muito alivio que ele saiu da casa dela. Melina o seguia mal disfarçando o riso, achando graça de toda aquela situação maluca.


Quando ele pôs os pés na rua, um grupinho de garotas o reconheceu e logo partiu para cima dele.


– Xavecoooo! Lindooo!

– Gente, peraí! Eu acabei de sair da casa da minha namorada, ela não tá bem e...

– Grrr! Aquela ruivinha desgraçada!

– Eu ainda dou uns tapas naquela baranga?


Ele levou as mãos a cabeça.


– O quê? Gente, peraí...


Uma das garotas jogou uma pedra na janela da casa, quebrando o vidro e acertando alguma coisa lá dentro. Xaveco ficou apavorado e com medo de que as garotas resolvessem invadir a casa e linchar Denise, ele tentou acalmá-las.


– E aí, meninas? Eu tô dando beijo de graça, mas só hoje! Quem vai querer?


A oferta fez com que todas esquecessem de Denise e saíssem correndo atrás dele, que procurou levá-las para longe da casa dela. Ele estava tão apavorado que sequer viu como Melina dava risadas de tudo aquilo.


Quando o grupo foi embora, Ivan saiu de trás de uma arvore e ficou olhando os jovens que se afastavam.


“Hum... parece que ela resolveu brincar com ele agora. Isso pode ser ruim, mas pode ser também que ele acabe acordando...”


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– E foi isso o que aconteceu. Ele acha que eu tô magra demais e está tentando me fazer comer direito.

(Magali) – Maria, ele tá certo. Você tá muito magra mesmo, a gente vive dizendo isso!

(Mônica) – Não é de hoje que a gente fala pra você comer direito!

(Maria) – Por que todo mundo cisma de querer acabar com o meu sonho?

(Mônica) – Ninguém aqui quer acabar com o seu sonho!

(Maria) – Querem sim, vivem me falando pra comer mais, só que comida engorda! Se eu comer do jeito que vocês falam, daqui a pouco vão me colocar no zoológico pra ficar com os outros elefantes!


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“Xaveco é visto no cinema com uma garota de longos cabelos negros. Namorada arma barraco.”


Ele olhava a tela do laptop com desgosto, onde via Denise estapeando Maria feito uma louca. A gravação tinha sido feita com celular e espalhou-se pela internet de maneira viral. E nos comentários, todos hostilizavam Maria de tal forma que ele ficou assustado. Já outros estavam contra Denise, que tinha descido do salto e agido feito uma doida barraqueira.


– Fala sério! isso tudo foi culpa minha, porque ninguém fala nada?

– Porque você é o astro, garoto. Elas que se arranjem, você não tem nada a ver com os ataques histéricos de ninguém.

– Isso não tá certo, poxa!

– Claro que está! Você está sempre certo! Agora vamos que está na hora daquela entrevista que marcamos na semana passada.

– Quê? Eles vão é ficar falando sobre essa briga da Denise!

– Deixe que falem. Vida de astro é assim mesmo.


O rapaz deu um suspiro cansado e perguntou.


– Escuta, e aquele pedido que eu te fiz outro dia, sobre a Maria Melo?

– Sei não... a garota até que é bonita, mas é magra demais. Aquela aparência de doente terminal não vai fazer nada bem para a sua imagem.


Por ter trabalhado em uma agencia de modelos no passado, Moreira tinha aprendido a identificar casos de distúrbios alimentares e aquela garota era um deles. Garotas assim não o interessavam. Se ela ao menos tivesse uma aparência mais saudável...


– Eu sei que ela tá magra demais, acontece que se ela conseguir encontrar um trabalho, talvez passe a se cuidar mais um pouco, sabe?

– Não acredito muito nisso não, acho até que pode piorar. Sua amiga precisa é de tratamento, não de um trabalho. Agora dê aquele sorriso que a gente já tá chegando.


Quando o carro parou em frente ao estúdio de TV, uma multidão de fãs se reuniu ao redor, gritando pelo nome dele. Ninguém sabia que aquele sorriso escondia grande tristeza em seu coração.


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