— Não vai mesmo me chamar para dançar, Scorp? — disse a voz melosa e enjoativa de Alice.

Ah, tava bom demais. Virei-me lentamente e a vi ali, com os cabelos negros presos em um coque, um longo vermelho-vinho e uma maquiagem fortíssima.

Nenhum som saiu da minha boca, apenas fiquei ali, encarando-a.

— Não vai mesmo chamar sua namorada para dançar? ─ ela passou o peso da perna direita para a esquerda ─ Tsk, tsk, que deselegante!

─ Você tem namorada Scorpius? ─ me perguntou Teddy.

─ É... eu.... ─ comecei.

─ Sim, ele tem! Vai dançar com ela, Malfoy. ─ Rose disse num tom frio e seco.

Então Alice me puxou pela mão e me guiou até a pista de dança. A musica que estava tocando era lenta, ela se pendurou no meu pescoço e eu segurei na sua cintura, sem a menor vontade, olhei no relógio, onze e meia, não era possível que eu iria passar a virada dançando com esse projeto de Bellatrix Lestrenge. Então, pelo canto de olho vi Rose saindo do salão.

POV ROSE.

— Não vai mesmo me chamar para dançar, Scorp? — virei a cabeça rápido, pensando que meus ouvidos tivessem me pregando algum tipo de peça.

Claro que não, era ela ali, em carne e osso, pronta para estragar a minha noite.

— Não vai mesmo chamar sua namorada para dançar? Tsk, tsk, que deselegante! ─ disse ela, me encarando com um olhar de puro desprezo. Devolvi o olhar com tal intensidade.

─ Você tem namorada Scorpius? ─ perguntou Teddy.

─ É... eu.... ─ começou Scorpius, mas eu interrompi, com o olhar ardendo de raiva.

─ Sim, ele tem! Vai dançar com ela, Malfoy. ─ disse ríspida.

Então ela o puxou e eles deslizaram para a pista. Virei um copo da bebida de Teddy, que estava ao meu lado.

─ Você sabia que isso é fire whisky? ─ perguntou ele, incrédulo.

─ Sabia... ─ respondi.

─ Você sabia que eu sou seu responsável por você e não deveria deixar que tomasse isso, ainda mais no meu copo? ─ perguntou ele, novamente.

─ Sabia...

─ Quem é você e o que fez com Rose Weasley? ─ disse ele.

Então Domi tossiu algo como “ciúmes”. Eu já estava com raiva demais daquela mortiça para ficar ali, ouvindo provocações dos meus primos.

─ Vou tomar um ar. ─ falei e me retirei do salão.

A noite estava fria, mas eu não me importei, comecei a andar, fala sério, aquela casa é tão gigante que da para se perder facinho, então cheguei aos jardins, eles são extremamente bem cuidados, muito diferente dos jardins d’A Toca. Me sentei à um banco observando as belas flores que ali haviam, muitos Lírios, Margaridas, Rosas e Tulipas. Comecei a pensar em tudo que estava acontecendo. Seria possível? Seria possível que eu, Rose Weasley, estivesse apaixonada por ele, por Scorpius Malfoy? O menino que eu odiara com todas as minhas forças? Mas e se eu estivesse? Provavelmente ele me vê apenas como uma ruiva sem-graça, e a prova disso? Está nesse momento se agarrando com a Mortiça Peterson. Uma lagrima solitária caiu.

─ Dez galeões pelos seus pensamentos. ─ disse a voz dele. Me virei e ele se sentou ao meu lado.

─ Ahn... nada. ─ menti. ─ Só queria tomar um ar.

─ Você está com frio. ─ disse ele olhando para o meu braço arrepiado pelo vento.

─ E você deveria estar com a sua namorada. ─ disse sem fita-lo.

─ Que namorada? ─ perguntou ele, sorrindo.

─ A Mor... Alice Peterson, ué. ─ falei, finalmente fitando-o.

─ A projeto de Bellatrix? ─ perguntou divertido. ─ terminei com ela, de uma vez por todas.

Lancei a ele um olhar incrédulo.

─ Sério? ─ perguntei. ─ pensei que gostasse dela.

─ Eu? ─ ele gargalhou. ─ Jamais.

Não teve como não sorrir. Então ele colocou uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha e passou o braço cautelosamente pelos meus ombros. Me aconcheguei no abraço, porque afinal, eu estava com frio. Ficamos em silencio.

─ A propósito ─ disse ele depois de algum tempo. ─ eu já falei que você está excepcionalmente linda hoje? ─ disse ele com um sorriso de canto. Corei até a alma.

─ Bom... ─ fingi pensar. ─ na verdade não. ─ conclui.

─ Pois você está, excepcionalmente linda.

Eu sorri, ele retribuiu apertando mais o abraço em volta dos meus ombros.

Ficamos mais uns instantes em silencio, quando ouvimos gritos de dentro do salão.

─ CINCO, QUATRO...

─ Três, dois, um. ─ contamos juntos, e os fogos explodiram no horizonte.

─ Feliz ano novo, Rose.

─ Feliz ano novo, Scorpius.