Supernatural escrita por Sansa Thorne


Capítulo 1
And that blood is spilled of the liars.


Notas iniciais do capítulo

A festa de aniversário de Lola está chegando e Tessa e Helena estão planejando uma festa na macabra mansão dos Osborne. Uma antiga mansão abandonada escondida num matagal. É nesse grande evento que K fará seu primeiro ataque. Prepara-se, o sangue irá escorrer.



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A mansão abandonada dos Osborne fica nos limites de Landevil, á somente trinta minutos adentro da mata. A mansão estava aos pedaços. Foi construída no século XIX, portanto tinha um estilo arquitetônico vitoriano. Os enormes portões de ferro estavam com as dobradiças enferrujadas e perderam a tinta. As gramíneas se espalharam pelas escadas e por todo o terreno. O jardim que antes era bem aparado abrigava um matagal. As janelas estavam quebradas assim como as portas e eram vedadas por toras de madeira.

Dentro da enorme mansão, estava metade do grupo igétis e mais algumas garotas. As garotas enchiam algumas bexigas e os garotos moviam as esculturas de gelo para os cantos da porta. O enorme lustre de vidro novinho pendia sobre o teto. Algumas garotas varriam a sala de estar enquanto Mra. Ashley McFinn conversava com Helena e Tessa.

— Que horas irá começar esse evento? — indagou.

— No máximo 22hrs p.m. Calma, Ash, sabemos que não gosta que ela fique fora até tarde. Mas não se preocupe. A levaremos em segurança até sua casa. — tranqüilizou Helena.

Ashley sorriu falsamente. Não queria que acontecesse com a filha o mesmo de dois anos atrás. Aquilo fora um trauma sério.

Como ela pode ser amiga dessas garotas? Uau. Pensou Ashley.

— Ei, o que isso está fazendo aqui? — reclamou Tessa.

James e Nate pararam no meio do caminho.

— O que foi? — quis saber Nate.

— A mesa deveria estar aqui, atrás de mim. — disse ela apontando para um espaço frente às cortinas e aos sofás.

— Já comprou os copos plásticos? — quis saber Helena.

— Ahn... Não. Esqueci!

— Não se preocupem, eu irei! — avisou Ashley dando um beijo apressado em Helena e correndo até a saída. Seu salto afundou sobre uma fenda na varanda da mansão. Xingando, Ashley tirou o pé do salto e tentou arrancá-lo. Com um esforço extra, ela finalmente puxou o calçado.

Ashley olha em volta assustada e foi nesse momento que ela viu. Uma figura encapuzada perto de um pinheiro. O homem tinha algo escondido atrás das vestes. Ashley estreitou os olhos afim de ver melhor. Mas ainda continuou a ver aquela figura.

— Ei, você. O que está olhando? — gritou.

Então, a figura cintilou por alguns segundos e sumiu num clarão. Ashley ficou ali, parada frente à porta. Seu coração errou uma batida quando a porta se abriu bruscamente. Nate colocou a cabeça para fora.

— Algo de errado senhora?

— Não. Não... Na verdade. Quero saber, irá trazer Emily aqui hoje?

— Sim. Espero que ela venha.

— Hm, que bom. Deseje para ela cumprimentos. É a única que nunca foi lá em casa.

— Por que a senhora não dá por si? Ops, não me julgue mal. Não quero ser mal educado.

— Não foi, querido. É por... Sabe?

Nate riu. Seu sorriso de covinhas encantou Ashley.

— Sei exatamente o que quer dizer. Compromissos. Meu pai também tem o mesmo costume. Mas se quer saber, acho que deveria vir.

Ashley lhe deu uma piscadela enquanto calçava novamente o salto e andava reboliça até sua BMW X6. Já estava entardecendo e isso era preocupante. Onde estaria Lola? Ashley pensou por alguns segundos naquela garota. A tal de Helena Grayson.

A garota tinha aproximadamente 17 anos. Cabelos ruivos e encaracolados. Grandes olhos verde-musgo. Pele clara e lisa. Dentes brancos e ataviados. Rechonchuda e delineada. Óculos de grau forte. Mas tinha que confessar, aquela jovem tinha belos seios. Lola antes de perder a memória afirmara que ela só tinha uma função para Megan e as demais garotas: ser a faz-tudo. Isso mudara por qual motivo?

Ao entrar no carro, Ashley ajeita sua saia de cintura alta e desabotoa alguns botões de sua camisa. Ao ligar o ar-condicionado, ela sente um frio agradável envolver o veículo. Nervosa, ela pega seu telefone e vai até um aplicativo que ela e seu marido, Jonas baixara. Era um rastreador, que dizia onde sua filha, Lola, estava.

Ela tentou ler as letras pequeninas e finalmente entendeu.

Street Kiss Cold

“Lohana McFinn, telemóvel.”


A Rua Street Kiss Cold era interligada com a praça e a Avenida Apple Street, moradia das quatro garotas. A loja Starbucks Coffe estava amarrotada e Bonnie agradecera por isso. Isso só a dava ainda mais tempo com sua amiga, Lola. Lola observava todos os movimentos de Bonnie, sabia identificar quando estavam nervosas, e sabia que ela estava nesse exato momento.

Bonnie é uma garota pequena. Com pele negra cor de chocolate e amendoada. Olhos dourados e penetrantes. O seu cabelo era lindo, pequenas molas presas a sua cabeça pendiam em todas as direções, castanhas e amarronzadas. Corpo delineado como o de uma modelo. Seios pequenos sob as roupas. Seu sorriso era encantador. Suas bochechas eram grandes e isso a tornara ainda mais meiga. Sua voz, fina e baixa, tranqüilizadora. Era sua melhor amiga entre as três, e isso não era um segredo.

Sua amiga vestia um vestido curto e negro com alguns babados no final. Colado ao corpo e com um adereço na sua lateral com fios de prata e ouro. Sapatilha azul com fivela de prata da Gucci. Óculos DKNY com laterais douradas. O que mais chamava atenção era sua bijuteria em seu braço, uma pulseira negra com seu nome escrito “Bonnie T.” com um minúsculo coração de diamante pendente.

Já Lola, ou como era chamada, Queen Lola, era a perfeição personalizada. Assim como sua mãe, tinha cabelos longos e dourados. Olhos azulados e penetrantes, grandes. Cílios longos e prateados. Nariz de botão. Pele branca e translúcida. Biótipo físico exemplar. Coxas grossas e firmes. Braços delineados. Seios grandes e fartos. Lola vestia uma saia Henry Bendel e uma camisa decotada Chloé com uma bolsa Gucci. Sua pulseira era a mais recente, tinha sua cor favorita, rosa. O cristal reluziu pequenas luzes coloridas em sue rosto, dando-a um aspecto mágico.

Um dos funcionários da loja veio com seus pedidos numa bandeja.

— Um milk-shake de chocolate e um café frappé.

Lola bebeu um pouco do seu café frio. O líquido gélido desceu por sua garganta dando-a uma sensação gostosa.

— Aproveitando o verão? — perguntou Edward Simon.

Edward era um nerdzinho do colegial. Também era da faculdade Blanchard, mas não fazia parte do clube igétis e por isso é excluído. Tinha cabelo negro e encaracolado. Olhos castanhos. Pele branca. Baixinho. Vestia um pulôver de manga curta sobre uma camisa social, calças sociais e sapato lustroso. Olhava para Lola por debaixo dos óculos.

— Sério? Ainda não superou essa paixonite? Deus te ajude Lola. — disse Bonnie desdenhosamente.

— Shh, para.

Edward olhou para Bonnie debaixo dos óculos.

— Bonnie... Quem diria. Minha melhor amiga se tornando uma do grupo das garotas malvadas hein? Foi só sua personalidade ou foi suas notas que também entraram em decadência?

Bonnie ficou boquiaberta por alguns segundos. Não podia negar que aquilo era verdade. Edward se virou e saiu.

— Haha, ok. Adoro esse garoto. Deixou a matraca da Bonnie sem palavras. Oh. Meu. Deus! Talvez ele e o Tom Cruise façam dupla no próximo filme.

— Haha... Que engraçado. Epa!

O celular de Bonnie começou a tocar na bolsa. Ela vê o número de Tessa e um sorriso se alarga em seu rosto. Ela olha através da vitrine de loja, estava entardecendo. Chegara a hora.

— Oi linda. Hm... Ok, estou indo.

— O que foi?

— O carro da Tessa quebrou no meio da estrada. Antes da entrada da cidade...

— E...

— Bobinha, ela quer carona.

— Pede para a Emily ir, a casa dela é mais perto e...

— Lola? Calma, pode terminar de tomar seu café, ok?

— Mas é que...

Bonnie pega uma caneta em sua bolsa e escreve algo em sua mão. Curiosamente Lola tenta ver o que ela escrevia.

— Fala com minha mão.

Bonnie estende sua mão e nesse momento Lola vê uma carinha feliz desenhada na mesma.

— Vadia sem escrúpulos. — xinga Lola rindo.

Depois de terminarem seus pedidos. Deixaram alguns dólares sobre a mesa e saíram do estabelecimento. Lola e Bonnie se dirigem até o carro de Lola, um Bentley Continental branco. O sol se punha nos limites de Landevil, dando um ar sangrento ao horizonte. E elas nem sonhavam que era realmente sangue que esperava-lhes se elas seguissem esse caminho.

Lola acelerou o carro e passou a marcha. O motor roncou por alguns segundos chamando a atenção de algumas pessoas que estavam na calçada. Ao longe, na esquina, estava a mesma figura encapuzada. Os olhos dele estavam determinados. A cor original havia sumido, existia agora somente um negro profundo e infindável, como um abismo sem fim.

O carro disparou pela avenida como uma flecha. Passaram aproximadamente dez minutos de viagem como o som ligado no máximo tocando alternadamente entre Jack Johnson e Taylor Swift na rádio. Ao chegar ao arco que demarcava a entrada da cidade, Lola pode ver caricaturas desenhadas na enorme placa que dizia "Bem-Vindos a Landevil!".

— Meu Deus, James e Drake são realmente idiotas.

— Completamente. — concordou Bonnie — Ei, para.

Lola encostou o carro. Elas olharam em volta. Bonnie tirou os óculos e colocou na gola da camisa. Ela deveria estar aqui. Lola respirou fundo. Bonnie verifica a tela de seu celular e encontra uma mensagem de Tessa.

— Ela está na mansão dos Osborne, pensou que iríamos demorar e que já estava ficando frio.

— Ela tem sérios problemas, né?

— Tire sua conclusão por si mesma. Vamos...

— Ei, eu não vou entrar aí com meu carro.

— E irá deixá-lo onde? No meio da estrada?

Lola respira fundo e aceita a derrota.

Depois de cinqüenta minutos dentro do matagal entre sulcos, enlameadas, desfiladeiros, empecilhos e poças d’água, elas finalmente chegaram aos portões de ferro. A estrutura dos portões estava rígida e contorcida, tinha espaço somente para uma pessoa passar pela brecha entre os dois portões.

Lola estaciona o carro atrás do muro e passa pela brecha dos portões sendo seguida por Bonnie. Havia alguns currais e um emaranhado de cerca e arames ao longo da propriedade. Um carvalho era a única beleza que a propriedade possuí. Uma pilha de fenos estava enfileirada ao lado da casa.

Lola foi à frente. Pegou seu celular e apertou qualquer tecla. A luz era insuficiente, mas mesmo assim era de alguma ajuda. A porta se abriu com um ruído alto e audível. Estava tudo quieto demais. Ela ouvia somente o som de sua respiração. De repente, uma lanterna foi apontada para seu rosto.

— Parabéns! — gritaram todos os presentes de uma vez só.

Lola deu um salto para trás e gritou. Todos riram de sua cara de assustada e correm até ela. As luzes se ascendem. Bonnie foi a primeira a abraçá-la.

— É essa a parte que eu te mato? — indagou rindo.

— Não, essa é a parte que eu dou risada de sua cara de besta.

Elas continuaram rindo. James beijou-a apaixonadamente arrancando gritos animados da galera de adolescentes ali presentes.

— Oi, amor. — disse ela sensualmente.

— Oi, Lola.

James e Lola são o segundo casal perfeito de Landevil. O primeiro é Nate e Emily. James é alto, tem pele morena. Cabelo encaracolado e castanho. Olhos negros como a noite. Másculo. Ombros largos. Veste-se esportivamente.

A próxima ao dar-lhe o abraço foi Emily.

— Oi, linda! — disse ela. Atrás daquele cumprimento ela pode perceber toda a evidente timidez.

Nate deu um forte abraço de urso em Lola que fez suas costelas estalarem.

— Que saudade do meu ursinho! — sussurrou ela enquanto era erguida.

O garoto mais lindo de Landevil: Nate. Foi o único que ela manteve laços depois de sua evidente perda de memória. Onde de acordo com os médicos, ela sofreu um forte distúrbio de personalidade. Nate tem cabelos lisos e loiros, jogados esportivamente para o lado. Olhos azuis e gentis. Voz aveludada. Lábios grossos e vermelhos. Atlético. Por ser filho do prefeito de Landevil, sente a obrigação de ser exemplar e vestir-se socialmente. Mas isso aconteceu com a ajuda de Emily, pois antes, ele era o maior desordeiro de toda Landevil.

Já Emily tinha uma beleza compatível com a de Lola. Mesmo mudando bastante, Lola ainda possuía resquícios de sua personalidade anterior. E um desses resquícios, era o orgulho. O maior elogio que Lola poderia dar para Emily era: linda. Nada mais, nada menos. Emily tem cabelos negros e longos, encaracolados. Olhos violetas. Únicos e especiais. Pequenina e meiga. Pele branca. Seios fartos. Coxa larga e corpo modelar. Atrás de toda aquela beleza e aparente fragilidade, existia uma mulher forte e determinada, com garra e com segredos escabrosos.

Até o modo de Emily falar era fofo, com seus lábios fartos e rosados.

Depois de cumprimentar quase todos os presentes, inclusive Edward... Lola puxou James pela mansão e saíram. James corria aos tropeções enquanto tentava beber todo o seu copo plástico de uísque, mas acabou desistindo e arremessando o copo pelos ares. James possuía no rosto uma expressão de travessura e isso agradava e excitava Lola cada vez mais. James jogou Lola no tronco da árvore e beijou-a ferozmente. O desejo consumia-o e isso era evidente. Lola acariciou seu cabelo e quando chegou ao ápice do desejo, puxou a cabeça dele para trás apaixonadamente, descendo por seu pescoço com uma sucessiva linha de beijos apaixonados.

James segurava a cintura de Lola fortemente e essa pequena ponta de dor a agradara. Ela coloca sua mão por dentro da blusa de James e acaricia os gomos fortes de seu abdômen. Eles riem juntos e encontram suas testas para respirarem. Depois de alguns segundos ali parados Lola olha em volta e corre com James atrás de si até o celeiro.

A construção de madeira estava com a tinta descascando. Acima deles pontilhões de três andares estavam enfileirados ligando os cubículos onde ficavam os animais antigamente. O feno estava espalhado pelo chão e um pequeno montinho estava no lado sul da parede.

Lola puxou James até lá. De dedos entrelaçados, eles se deitaram sobre o feno. Lola sentou no colo de James e tirou sua camisa e jogou de lado. O zíper de sua saia ela lateral e isso facilitou para que ela a retirasse. Jogou seu calçado no chão e ficou só de calcinha e sutiã. O brilho de desejo e ferocidade nos olhos de James a assustou. Era um dia especial em todos os sentidos. Lola deslizou sua mão pela camisa de James e a tirou. Deslizou seu dedo indicador pela barriga dele fazendo cócegas.

Assim que desceu até o zíper da bermuda dele o seu celular apitou.

— Não, não pare.

— Deixe-me ver, é um segundo.

James suspirou. Lola o entendia, mas podia ser algo importante.

E pela primeira vez, K atacou.

A primeira, não a última.


Camisinha é essencial.

— K

Lola olhou em volta, assustada. Não havia ninguém no celeiro. Ela olhou para cima, para as plataformas. Nenhuma sombra era projetada nas paredes.

— Amor, você está bem?

— Não, eu acho que tem alguém aqui.

— Como assim?

— Olhe.

Lola jogou o celular até James. Ele o aparou no ar.

James verificou o que estava na tela e prendeu a respiração.

Nesse momento, a porta se abriu. O vento frio da noite invadiu a construção. O brilho da lua cheia foi à única luz que penetrou no celeiro. Uma figura encapuzada estava na porta. Não era nem baixa e nem alta. Vestia um moletom e um capuz negro. Calças de couro negro e coturnos. Tinha algo escondido atrás de si.

— Ei, cara! Está atrapalhando!

— Eu... Eu acho que foi ele que mandou a mensagem. — comenta Lola.

— Como assim? Hey, você! Você está brincando conosco?

O sujeito permaneceu imóvel.

De repente ele correu em direção a Lola tirando de trás de si um machado de madeira. A lâmina prata brilhava a luz da lua. Havia uma inscrição no machado, algo em latim.

“Ultionem in sanguis niger.”*

O sujeito manejou o machado habilmente tentando arrancar a cabeça de Lola. A garota pulou para trás e caiu de costas. O assassino correu até ela que por sua vez buscou uma das ferramentas acopladas na parede, escolheu na pressa um sacho de duas pontas. Quando ele tentou jogar o machado contra sua cabeça novamente, ela bloqueou o golpe. Sua mão tremeu quando ela recebeu choque.

O indivíduo tinha a força de um homem.

— Deixe-a em paz! — grita James se jogando contra o assassino.

Os dois rolam pelo chão. Com uma força sobrenatural, o indivíduo empurrou James que voou por alguns metros e se chocou contra as portas do celeiro. A cabeça de James se chocou contra uma pedra e ele ficou inconsciente. Lola gritou na esperança de alguém ouvir. Não houve resposta. Com as duas pontas do sacho Lola tentou machucar o seu inimigo que saltou mais de cinco metros acima e foi parar nas plataformas. Lola ficou absorta por alguns segundos e tentou ir até as portas. Mas antes que alcançasse o sujeito pulou a sua frente. Ela correu na direção contrária abandonando o sacho. Ela tentou raciocinar, mas seu cérebro parecia estabilizado. Correu até as escadas que levavam até a plataforma. Enquanto subia a escada desesperadamente o sujeito jogou o seu machado que cravou na parede a poucos centímetros do nariz de Lola.

Ela continuou subindo a escada e as plataformas seguintes. Ao chegar até a última plataforma percebeu que estava encurralada. Era isso que seu inimigo queria? Então ela viu uma janela aberta. Correu até ela e viu uma escada de madeira abaixo da mesma. Olhou para trás e identificou o indivíduo subindo a escada com o machado em mãos. Antes que conseguisse pensar ele chegou a ela numa velocidade paranormal.

Com força puxou os cabelos da garota para trás e com o machado golpeou seu corpo diversas vezes. O sangue espichou numa onda escarlate no rosto do assassino, mas ele continuou golpeando até que se satisfez e jogou o cadáver plataformas abaixo. O corpo de Lola caiu sobre o feno macio.

O assassino pulou da terceira plataforma e chegou ao chão. Andou calmamente e elegantemente até a porta fechando-a em seguida. Quando saiu do celeiro, pegou seu machado e com força o jogou longe. O machado voou até cair atrás de uma duna de areia. Com calma, o assassino andou até os fundos do celeiro onde achou sua garrafa de combustível. Ele pegou a garrafa e colocou debaixo do braço, com a outra mão livre pegou dois fenos encapotados e aprumou todos ao redor do celeiro.

Em seguida, jogou o combustível sobre o feno. Pegou algo do bolso de seu moletom, uma caixa de fósforos. Com um movimento lento, ele ascendeu vários fósforos de vez e os lançou no feno. O combustível entrou em combustão e se espalhou pelo feno que por sua vez incendiou a madeira. Pouco a pouco, toda a estrutura foi engolida pelas chamas.

As chamas iluminaram o rosto moreno de James. Ele vestia somente uma bermuda cargo e estava com sandálias. O zíper dele estava aberto. Com um movimento brusco, James abriu os olhos de gritou. Seus olhos negros e brilhosos foram iluminados pela claridade que as chamas produziam. O calor a três metros do celeiro era insuportável. O assassino sentia como se seu corpo estivesse em chamas.

Assim que James recuperou a consciência o sujeito andou até ele e o observou tentar se erguer. Quando James se ajoelhou, o assassino lhe deu um chute no peitoral.

Dentro do celeiro, um enorme pendural em chamas caiu em direção ao chão quebrando todas as plataformas. Os retalhos de madeira caíram em volta de Lola, mas ela não escapou do pendural que caiu sobre sua cabeça. O crânio da garota foi imediatamente esmagado. O sangue espichou por todo o celeiro e sujou o feno espalhado pelo chão.

Enquanto isso dentro da mansão dos Osborne os alunos da Blanchard curtiam a festa alegremente. Havia bebidas espalhadas pelo chão. Os animais empalados e empoeirados tinham sutiã e copos na boca, nos chifres e nas orelhas. O chão estava quebrado em alguns pontos e alguns lanches estavam jogados pelos cantos. Casais se imprensavam na parede como se estivessem sozinhos. Havia um enorme pula-pula no centro da sala de estar. Algumas garotas pulavam alegremente enquanto alguns garotos tentavam puxá-las. O idiota do Tyler Palmer subiu em cima da mesa de tirou a roupa dançando bêbado. Algumas garotas pularam em cima dele e a risada se espalhou pelo local.

— Mais putas e cretinos num lugar só é impossível. Só a mansão dos Osborne para abrigar tantos hormônios. — observou Emily enquanto se ajeitava na cama velha com Nate. O som alto e a gritaria eram estrondosos do outro lado da porta.

— Com certeza. Não sinto a menor falta dessa época de minha adolescência.

— Nem deveria. Haha. Ainda acho que não deveria vir.

— Ei, é o aniversário da Lola. Ignore-os.

Nate colocou uma mecha do cabelo de Emily para trás de sua orelha observando o brinco de coruja incrustado de rubis.

— Gostou disso? — pergunta.

— Amei.

— Lembre de mim sempre que usar isso.

— Claro. Penso em você em todos os momentos.

— Uh, é bom saber disso! Posso usar isso contra você, sabia?

— Mas não vai.

— Ah, vou sim.

— Como usaria?

— Irei contar para todos se você não me beijar agora.

Emily sorri.

— Eu não quero te beijar.

— Não?

— Não!

— Não?

— Sim.

— Foi o que eu pensei.

Nate e ela se olharam sorridentes. Seus olhos, sua boca, seus corpos, suas almas sorriam. Era o perfeito equilíbrio entre dois corpos. Duas peças de lego.

Foi nesse momento que Nate percebeu as chamas ondulando sobre a construção da parede.

— O que é isso? — quis saber ele.

As chamas foram refletidas na janela do quarto do segundo andar.

— Isso é... Fogo?

— Fogo! Isso é fogo sim.

Nate se levanta da cama abotoando sua camisa social e pegando seu blazer da cabeceira da cama. Foi até a janela e ficou atônito encarando aquela cena. O enorme celeiro era engolido pelas chamas completamente. O teto estava desabando. James estava gritando, chamando por ajuda.

— Espere... Aquele é o James?

Emily foi até a janela.

— Sim. Mas cadê a Lola?

Houve uma compreensão múltipla entre ambos. Eles se encararam e nenhuma palavra foi trocada. Emily e Nate saíram do quarto correndo derrubando qualquer um que entrava em seu caminho.

— Fogo! Fogo! — gritava Emily.

Tessa a parou no corredor.

— Acalme-se. Onde?

— No celeiro.

— Lola estava lá junto... — informa Bonnie.

— Junto do James. — completou Nate.

— Oh Meu Deus. Será que... — especulou Bonnie seus olhos enchendo de lágrimas.

O pânico silencioso se espalhou.

A multidão se moveu pela mansão correndo até o celeiro. James viu a multidão correndo até ele. Não agüentava mais gritar. Suas mãos estavam queimadas e vermelhas por tentar abrir as portas. A casca asquerosa de pele queimada estava se formando, rachada por entre as frestas de carne viva. Estava sem voz, sem lágrimas. Sentia-se nu sem sua Lola num momento como esse.

— Socorro! A Lola está lá dentro! — gritava ele.

O choque invadiu Emily repentinamente. Ela correu até o celeiro. Mas quando chegou a alguns metros o calor a fez recuar. Uma das portas enormes caiu. Nate se jogou contra ela tirando-a do caminho. O mar estava próximo ao celeiro. As ondas batiam violentamente na quebra mar.

— Busquem água! — ordenou Helena chorando e soluçando enquanto pegava um punhado de areia e jogava na porta. Uma explosão no celeiro fez todos recuarem.

Alguns garotos partiram em direção ao mar com baldes nas mãos. Outros pegaram um punhado de areia e jogaram na porta.

Isso é um sonho. Pensou Emily.

Bonnie e Helena se olharam. Sabiam o que aquele olhar significava.

Deviam usar seus poderes na frente de todos para salvar sua amiga?

Não podiam. Não praticavam. Seus dons adormeceram dentro de si.

As lágrimas desciam pelos rostos ali.

Os garotos jogaram água no celeiro. Mas as estruturas continuaram a ruir. James queria entrar dentro daquele celeiro e salvar sua namorada. Num surto de adrenalina, James se jogou dentro do celeiro. Nate e Drake correm atrás dele e pegaram seu ombro. Com um golpe de seu cotovelo, James quebrou o nariz de Drake. Nate socou James e conseguiu tempo o bastante para arrastá-lo para fora do celeiro.

Emily ouvia comentários como:

“Ela merecia morrer.”

“Rá! Puta exibida. Morrer queimada. Bem merecido.”

“Se eu pudesse vê-la, iria dizer o seguinte: Irá queimar aqui e o no inferno.”

Emily tentava ao máximo ignorar e parecer forte. Mas o quando mais tentava mais lágrimas se avolumavam em seus olhos violetas. Puxou sua jaqueta de couro para mais perto de si sentindo o cheiro de Nate. Roubara aquela jaqueta dele com a ajuda da Lola. Isso a fez desmanchar-se e cair ao chão. Suas lágrimas caíram na areia.

Jenna Cook e a outras líderes de torcida chegaram nesse momento. Com um grito mesclando horror e surpresa Jenna chamou a atenção de todos. Jenna desatou a correr desesperadamente, mas foi impedida por outras líderes de torcida.

Nesse exato momento James identificou a figura encapuzada observando-o de uma duna. Sua raiva explodiu.

— Você! Você matou a Lola!

Os olhares se voltaram para James que correu até o assassino. Nate, Drake, Tyler e outros garotos correram atrás dele. James se jogou contra o assassino e golpeou-o forte na cabeça repetidas vezes. Todos o observavam. Com um golpe forte, ele esmurrou a pessoa e retirou o capuz.

Sobre ele estava um nerdzinho desgraçado. Edward Simon!

Qual fora os motivos dele? O que ele queria fazendo aquilo?

Edward riu. Seus olhos tinham um brilho malévolo. Com um golpe forte, Edward esmurrou o peito de James e o arremessou contra os outros garotos. Nate se levantou e correu até Edward dando-o uma chave de braço eficaz. Ficaram atracados até que Drake foi até ele e deu-lhe um soco na barriga. Nate continuou forçando-o, deixando-o sem ar. Drake acertou-o com uma série de socos até arrancar-lhe alguns dentes. A multidão observava sem se mover.

— Eu... Sim, eu quero... Mas que droga! Aqui é Bonnie Thorne, se vocês não virem aqui agora meu pai irá acabar com esse departamento inútil. Mas que porra! Eu estou na mansão dos Osborne e o celeiro está pegando com minha amiga dentro! — Bonnie começou a chorar de novo.

De repente, algo apitou em seu celular.

Ela desligou a ligação com os bombeiros e viu uma mensagem na tela do seu celular. Os celulares de Helena e de Emily também apitaram. Elas se olharam por alguns segundos. Era anônima. Quando abriram a mensagem, havia algo inescrupuloso e sem sentido.

Que o sangue das mentirosas seja derramado.

— K

Elas se encararam por alguns segundos. Só podia significar algo. Eles sabiam do segredo relacionado ao caso de Lola. No dia do acidente... Mas quem? Ninguém estava observando-os. Ou estaria? As três se entreolharam. Seus olhos vermelhos e inchados. Os rostos máscaras indecifráveis. E que o sangue seja derramado!


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Notas finais do capítulo

"Vingança ao/pelo sangue negro."*
Espero que tenham gostado. Comentem!
Quero opiniões, sendo boas ou ruins.
Gostaram da foto da capa?
O nome do próximo capítulo é:
"Cry is useless."