POV LILITH

Segunda-feira. Chovendo.

Primeira aula do dia e do ano. História da Magia, dá pra acreditar? E lá estava eu, na sala de aula olhando para o nada. Sim, posso ser um gênio, mas peraí né, é a aula do Sr. Binns. Ele não é bem assim legal. Aliás ele é um chato. Nunca consegui prestar atenção na aula dele. Leio um livro depois e fica tudo beleza. A única coisa que gosto dessa aula é que os alunos ficam quietos. Dormindo né? Mas mesmo assim ter alunos da Sonserina sem perturbar você, ah, isso sim que é bom. A única coisa boa desta aula é que posso conversar com o único sonserino que presta: Lino Storval. Porém ele não apareceu ainda. Disse para ele não voltar tarde da festa que estavam dando... Aliás, oh turminha para dar festas. Por isso, apenas me resta ficar aqui pensando no nada. Mas quem disse que consigo ficar sem pensar em nada?

Pois bem lá estava eu vagando com meus pensamentos em minhas lembranças quando me deparei com ele. Tentei me lembrar do por que dele me odiar tanto. Ora, eu podia não ser a aluna exemplar, mas também nunca dei motivo para tanto. Ou dei? Talvez a minha primeira impressão não tenha sido boa aos olhos dele. Lembro que, quando o chapéu seletor me escolheu para a Corvinal, fiquei tão aliviada que acabei falando alto "Ah, que bom que não foi Sonserina". Ok, aquilo foi péssimo. Mas talvez não pare por ai. Teve aquela vez no segundo ano, quando uns garotos da Sonserina - sempre Sonserina - ficavam me enchendo a paciência. Então eu preparei, com carinho, uma poção para eles e misturei numas balas. Quando eles vieram me atazanar, pegaram minhas balas e comeram. Foram direto para a enfermaria - com manchas roxas pelo corpo, não paravam de vomitar sangue - tiveram que ficar tomando uma poção de reposição por uma semana. É, não previ uma reação tão forte da parte deles. Snape ficou louco, tentando achar uma solução. Quando tinha dado uma semana já, eu entrei sorrateiramente na enfermaria e apliquei a solução neles.

Diante da melhora deles, Snape desconfiou logo de mim. Afinal, desde sempre demostrei que sabia tudo sobre poções. Então ele me encostou na parede. Acho que, se o diretor não tivesse aparecido ele teria usado legilimência comigo e descoberto tudo. Desde então ele tem me vigiado. E bom, aconteceram outras situações assim também. Lógico que eu não me atrevi a usar esse tipo de poção novamente, porém, eu tenho que me divertir um pouco né? Já coloquei fogo na roupa de sonserinos, já quebrei alguns galhos do salgueiro lutador (foi sem querer), já transformei o professor de feitiços num ratinho, já azarei o Filch com o feitiço Tarantallegra- que aliás foi o melhor de todos; a detenção valeu muito a pena - , Já inundei o primeiro andar ( uma poção não deu certo e explodiu o banheiro) e outros feitos que não tem como me lembrar.

O problema é que o Snape quase sempre está por perto e acaba me dando detenção. Isso tirando as detenções que levo na aula dele. E também todas as vezes que ele por algum motivo louco me dava detenção também. Ora! Acho que Renata está certa: ele me ama. Só pode!!!

E que aula chata! Não acaba não? Quero ir logo para o almoço... Que fome!

POV SNAPE

Era Segunda feira, depois do almoço. Estava na sala do diretor.

– Soube que já aplicou uma detenção neste ano, Severus. - disse Dumbledore, sem levantar os olhos do papel que estava lendo.

– Merecida. - respondi.

– Será mesmo? - Dumbledore perguntou levantando os olhos e me encarando. Realmente, não gosto da sensação daqueles olhos azuis que parecem ler minha alma. Desta vez eles denotavam uma expressão divertida. - Penso eu que você tem tomado muito do tempo dela. Poderia até supor que... Faz de propósito.

– O que quer dizer com isso Dumbledore? - perguntei asperamente. Esse velho só pode estar ficando gagá. - Já disse à você que aquela garota é perigosa. Ela vive aprontando e algum dia ainda vai causar um grande estrago.

– Em todos esses anos Serevus, você vem me dizendo a mesma coisa. E não aconteceu nada. Acho que você está... Como posso dizer? Fissurado nela.

– EU? - Gritei - SÓ PODE ESTAR FICANDO MALUCO DUMBLEDORE! - E sai batendo a porta.

Andava apressadamente pelo corredor. Minha raiva por aquela garota só aumentava. Mas ela ia ver. Teria a pior detenção que poderia imaginar, no sábado. Iria desmanchar aquele sorriso debochado que ela tinha. Ah, se ia.

POV Dumbledore

– Como foi sua primeira segunda feira, minha cara jovem? - perguntei olhando para a srta. Devon, que acabara de entrar em minha sala.

– Bem, legal. - respondeu ela dando de ombros. - Tive aula de História da Magia, feitiços e Estudo dos trouxas.

– Sente-se - disse eu apontando para a cadeira a minha frente. - Realmente, é muito bom voltar a vê-la. Nessas férias, senti falta de nosso chá das cinco.

Ela riu. Lilith Devon era realmente uma menina interessante. Possuía uma grande cabeça, com uma habilidade sem igual de aprender, perceber e assimilar. Tinha extrema facilidade em decorar coisas, era uma perita em feitiços de todos os tipos, tinha o dom com animais e plantas e fazia poções como ninguém. Chego até a pensar que é tão boa quanto nosso querido professor de poções. Mas ele nunca iria admitir isso. Ela sentou na cadeira, colocando uma mexa do cabelo castanho atrás da orelha.

– e você professor, vai bem de saúde?

– Sim minha cara, melhor impossível. Acho que ainda irei viver mais alguns anos. - eu respondi, agitando a varinha fazendo aparecer um bule cheio de chá e xicaras. Nos servimos. - Mas o que eu quero lhe perguntar, é o que pretende fazer quando sair daqui.

– Não faço ideia. - respondeu ela. - Mas estava pensando em...bom, estudar alguma coisa. Para criar algo de bom entende. Algo de útil para a sociedade. Talvez a cura para alguma coisa. Mas não quero ficar muito presa a alguma coisa.

– A cura para alguma coisa. Já é um começo. Talvez eu possa...bem, se quiser uma sugestão é claro.

– Aceito sugestões sim, professor.

– Bom, a maneira mais fácil é fazer experimentos. Comece a estudar substâncias, descobrindo tudo que puder sobre elas. Quando menos esperar, a descoberta virá.

– Tem toda razão professor! Eu deveria mesmo começar por aí...bom, eu teria que ter algum lugar para fazer isso. E teria também que levar tais substâncias para o local. Bom, como ainda estou em Hogwarts, terei que esperar para me formar e...

– Não há necessidade. Concedo-lhe uma de nossas salas. Pode trazer tais substâncias para cá também, desde que não sejam muito perigosas. Para que não haja problemas, me comunique o que está sendo estudado, para eventuais problemas.

– Obrigada professor! - Ela gritou, levantando-se com um sorriso no rosto. - Já estou animada . Que sala poderá ser?

– Deixe-me ver. - parei e analisei as salas possiveis no castelo. -existe uma sala vazia nas masmorras. Antigamente era usada como depósito de um antigo professor de poções, mas faz tempo que não é usada. Vá para as masmorras e procura pela sala perdida de poções. Tome. - agitei a varinha - Pegue a chave.

– Muito obrigada! Irei agora mesmo ver a sala! - e ela saiu correndo de minha sala.

Ah jovens, são sempre tempestuosos. Fascinante. Fascinante.

POV LINO

Eu estava caminhando lentamente pelas masmorras. Estava com tanta fome...isso que dá ir a duas festas seguidas .Estava assim em meu torpor quando ouvi alguém chamando o meu nome. Parei e me virei, vendo Lilith correndo na minha direção, com um enorme sorriso no rosto. Lilith andando pelas masmorras com um sorriso? Aprontou de novo, só pode.

– Ei menina. Tudo bem? - perguntei.

– Sim! Preciso de um favor seu. Onde fica a sala perdida de poções? - perguntou ela, falando rapidamente pois estava ofegante com a corrida.

– Por que você iria lá? - desconfiei.

– Tenho permissão do professor. Até parece que eu iria aprontar alguma coisa. Nem parece que me conhece.

– Lhe conheço e por isso desconfio. Mas tudo bem, te levo lá.

– Mas me conte, por que não apareceu na aula hoje?

– Estava ocupado...

– Com uma garota né?

– Digamos que eu estava travando novas relações.

– Perdeu a aula, foi demais.

– Mas, não era História da Magia?

– Sim. O professor nos parabenizou, pois todos esses anos de aulas chatas foram um teste, e como chegamos ao ultimo ano, ganharemos um prêmio. Na proxima aula ele dirá o que é. Mas só sei que foi a melhor aula que eu tive. Passeamos por diversos lugares por meio de ilusão. Nem deu tempo para dormir.

– Caramba!!! Se eu soubesse não teria faltado. Mas é sério isso?

– Claro!! Até o Professor Snape apareceu na aula, estava com os cabelos lavados e sedosos. Quem nunca o conheceu não poderia imaginar que ele não é assim.

Essa é a Lilith. E eu estava quase acreditando.

– Cala a boca garota. Chegamos. É aquela sala ali...mas está sempre trancada...ei, o que pretende fazer?

Ela sorriu para mim e continuou indo até a porta. tirou do bolso uma chave e abriu a porta.

– Mas como...? - perguntei abobado.

– Deixe de besteira e entre, homem. - ela respondeu.

Entramos na sala. Estava tudo uma zona. caldeirões revidados, estantes derretidas ( sim, derretidas...estranho, mas estavam), livros rasgados e tudo empoeirado.

– Nossa. Acho que a sala se chama perdida porque foi onde o ultimo furação sumiu... - comentou Lilith me fazendo rir.

– Bom, não sei o que pretende. Mas eu acho, apenas acho, que primeiro você precisará limpar isso tudo aqui. E vai dar um pouquinho de trabalho...Apesar que não entendo de limpeza. - Nunca limpei nada na minha vida. Afinal, sou ou não sou um sangue puro? Tenho elfos para isso.

– Hum...valerá a pena. - ela disse. Mas dava para ver a palavra PREGUIÇA na testa dela.

Mas acho logo eu sair daqui...antes que sobre para mim.

– Então Lily, eu preciso ir...sabe como é...er...

– Tudo bem Lino. Não vou te pedir ajuda, pode deixar. - ela riu - Mas vai logo antes que eu lance um imperius em você e lhe controle em.

Não pensei duas vezes. Nada contra a Lily, mas ela é meio louca. Só as vezes...