Crossfire escrita por Jones, isa


Capítulo 12
Capítulo XI




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Neville deu um longo gole no seu frappuccino de framboesa – a única cafeína que seu estomago aceitava desde que Luna resolvera limpar seu organismo das toxinas do café expresso – enxugou o suor de sua testa, bufou e girou os olhos quando Gina se inclinou para checar o que ele estava fazendo, como se ela entendesse algo sobre cracks, vírus e bem, qualquer tipo de coisa relacionada a um computador, além do botão de ligar e como abrir um arquivo do word.

– Falta muito? – Ela perguntou, se sentando na mesa dele.

– Sim. – Neville respondeu simplesmente.

– Ah vamos lá, Nev. – Gina cruzou os braços impaciente. – Você já está fazendo isso há horas.

– Há 40 minutos. – Ele replicou, sem desviar os olhos do computador. – E você se lembra que eu não trabalho para você, não é? Você chega aqui, me pede para invadir o sistema de um cassino e acha que eu vou fazer isso em cinco minutos.

– Você costumava ser mais rápido nessas coisas. – Gina observou. – Acho que o amor muda mesmo as pessoas.

– Você me diz. – Neville girou os olhos. – Detetive Gina.

– Haha. – Ela deu um gole no frappuccino dele, fez uma careta de reprovação e alfinetou. – E isso aqui, meu amigo, é coisa de gente esquisita.

– Por que você não vai dar uma caminhada? O céu está incrivelmente menos cinzento hoje, Gin. – Ele girou a cadeira, com os indicadores nas têmporas.

– Não eu prefiro... – Ela arregalou os olhos de repente. – Hey, a tela ficou toda azul Nev. Toda azul. Isso tá certo?

– Sim! – Neville comemorou. – Sim! Isso!

– Ok, então está certo.

– Preciso de cinco minutos de silêncio absoluto Gina. – Neville falou com o rosto colado na tela do computador. – Absoluto.

Gina observou apenas enquanto Neville olhava compenetrado para o computador, por vezes digitava feito um louco uma sequencia bizarra de números e letras, anotava algumas coisas e depois voltava sua atenção ao computador. Mais de vinte e cinco minutos se passaram até Gina tentar abrir a boca e Neville levantar o dedo indicador pedindo silêncio.

Ela nunca o vira tão concentrado, mas também nunca tinha pedido para que ele invadisse o computador de algum outro lugar. A verdade é que ela nem sabia se ele podia fazer isso e se não era arriscado demais pedir que ele o fizesse, era ilegal e ela estava colocando todo mundo em uma situação criminosa com aquele pedido, porém algo dizia que aquela era a melhor chance que eles teriam.

Afinal, qual era a probabilidade de entrarem em um cassino, saberem exatamente aonde ir e o que procurar? Seria uma busca sem saída, sem achados e sem sentido. Neville era a melhor chance deles, mesmo que Harry não concordasse e quisesse ir pelos instintos de policial. Como se ele tivesse algum tipo de Sensor Aranha Peter Parker. Gina repetiu para si, massageando as têmporas e se justificando pelo pedido ilegal. Não que o fato de ser ilegal a tivesse impedido antes, mas agora ela meio que trabalhava para a polícia, tinha um caso – em ambos os sentidos – com um policial e a coisa toda parecia errada.

Ótima hora para desenvolver uma moral, Ginevra. Conversou consigo mais uma vez. Não vai acontecer nada com ninguém, você nunca foi pega, Neville nunca foi pego e não vai acontecer agora.

– Gina? – Neville chamou. – Gina?

– Sim. – Gina acordou do transe.

– Conseguimos. – Ele sorriu, coçando a cabeça com um lápis. – Agora temos total acesso ao Sun’s Town Hotel & Gambling House.

– Total acesso?

– Sim, câmeras, plantas e qualquer coisa que tenha no computador principal.

– Como?

– Primeiro eu descobri o endereço IP, agora, só o IP não é bastante... A gente tem que encontrar alguma brecha e etc, depois com alguns códigos a gente cria alguns tipos de vírus. A minha qualidade de hacker e a de quem está do outro lado determina se seremos descobertos ou não, mas julgando pela ausência de firewalls simples, duvido que eles tem alguém qualificado o suficiente na manutenção ou algum tipo de técnico pelo menos. – Neville olhou para os próprios pés – Eles tiveram sim cuidado com alguns arquivos criptografados, nesse caso eu levaria mais tempo para descobrir, mas com os computadores: nenhum.

– Se eles contratassem alguém... Eles descobririam que foi você?

– Dificilmente. – Neville fez uma careta. – Apesar de que alguns hackers tem uma assinatura, mas eu não costumo fazer esse tipo de trabalho... Alem disso, nenhum computador Malfoy jamais será rastreado, lembre-se que essa é a empresa de Draco.

– Ok. Tudo bem. – Gina inspirou e expirou. – Ok. Ok, vamos lá. O que temos aqui?

– Devido ao horário, seguranças e centenas de jogadores de poker. – Ele movia os olhos rapidamente. – Ninguém nos escritórios.

– Aproxima essa câmera aqui. – Ela apontou. – Tem alguma câmera atrás daquela porta?

A filmagem mostrava um corredor escuro aparentemente deserto, com paredes verde musgo. Parecia o tipo de lugar ao qual os possíveis clientes não teriam acesso.

– Ao que tudo indica, nada, Gina. – Neville encostou as costas na cadeira. – Nem há pessoas aqui!

– Tá vendo aquilo ali? Sombras. – Gina sorriu. – Aposto em dois seguranças, um de cada lado do corredor... Agora, o que seria tão importante para eles precisarem de dois seguranças?

– De acordo com a planta oficial, ali tem um armário de casacos. – Nev acessou a alguns arquivos. – Apesar de que houve uma licitação para obras há dois anos e quase nada mudou.

– Subterrâneo. – Gina começou a andar de um lado para o outro. – Ninguém manda seguranças rodearem um armário de casacos. A pergunta é, como eu faço para entrar lá?

– Se há um cômodo subterrâneo, talvez haja passagem em algum lugar, ou alguma outra maneira de acesso. – Neville fechou os olhos, pensativo. – Pense bem, se essa galera é do mal como você falou, eles não arriscariam trazer os negociantes e os bandidos pela porta da frente... Tudo tem que parecer legítimo e livre de suspeitas.

– Verdade. – Gina sorriu para Neville. – Isso foi genial, Neville.

– Sim. – Ele cruzou os braços. – Agora, o que exatamente você está procurando?

– Não sei. Qualquer coisa que ligue Tom Marvolo aos Lestrange, qualquer prova de algum esquema ou assassinato... No momento, qualquer coisa.

– Qualquer coisa é difícil. Não tenho como procurar.

– Eu só sei que ela disse para ficarmos longe do Tom e do cassino dela. – Gina o olhou, pensativa. – Tem alguma coisa lá... Eu só não sei o que.

– Talvez tenha algo aqui em que eu possa ajudar... – Neville voltou a olhar para o computador.

Gina voltou a encarar a parede pensativa enquanto Neville digitava rapidamente.

– Nada demais, somente registros financeiros, listas de pagamentos e etc. Normal de qualquer empresa. – Neville disse, olhando para Gina.

– Imprime pra mim, por favor? – Gina pediu. E quando ele o fez, ela o abraçou com força. - Obrigada Neville. Você sempre salva a minha vida.

– Eu diria ‘sempre que precisar’, mas eu acho que você faria mais proveito disso que o necessário então: de nada. – Neville girou os olhos. – Por favor, vê se não se mete em nenhum problema, Gina... Esse povo é perigoso.

– Me ama demais. – Gina sorriu e piscou. – Mas eu tomarei cuidado.

Ele assistiu Gina sair de sua sala e depois criptografou com cautela os arquivos que abrira novamente, alem de apagar qualquer rastro da invasão que fizera. O próximo passo era conseguir acesso às câmeras da cidade e tentar encontrar algum tipo de movimento estranho fora do cassino. Algo que pudesse garantir uma dica para a entrada secreta que certamente deveria existir. Estava pensando no departamento de transito de Londres quando foi interrompido pela porta sendo aberta bruscamente.

– Esqueceu alguma coisa? – Perguntou sem tirar os olhos do computador.

– Talvez você tenha se esquecido das boas maneiras, Longbottom. – Draco falou, cruzando os braços.

– Eu... Eu pensei que era outra pessoa. – Neville, minimizou a tela rapidamente com um misto de embaraço por seu chefe estar ali e alívio por ele não ter visto Gina. – No que posso ajudar?

– Sou consciente de que seu horário já acabou, mas já que você está disposto a fazer hora extra, preciso que encontre algo para mim. – Draco encostou-se a uma mesa, olhou para o frapuccino de Neville com uma careta de repulsa e sorriu. – Se quiser terminar a sua bebida nojenta, eu aguardo.

– É porque eu não posso mais beber café, de acordo com minha namorada e tal. – Neville sentiu vontade de explicar, mesmo que os olhos de censura e a postura de Malfoy o aconselhassem do contrário. – Você não quer saber, certo.

– Tenho certeza que a história do casal é encantadora, mas não mesmo. – Malfoy reprimiu a vontade de rir, fingindo um bocejo. – Eu preciso de uma pesquisa sobre Astoria Greengrass: família, hobbies, gostos, ex-namorados, onde fez faculdade e esse tipo de coisa. Urgente.

– É pra já.

– Estou esperando. – Malfoy falou, com o nariz empinado, enquanto examinava o seu celular. – Eu poderia fazer uma pesquisa por mim mesmo, mas imaginei que você tivesse menos o que fazer, já que sua amiga ruiva acabou de sair daqui.

– Ela veio... Me pedir um favor. – Neville tentou se explicar de novo.

– Imagino. – Draco falou, sem tirar os olhos do celular. – Da próxima vez, apague também o histórico da impressora. Mas não se preocupe agora. Dessa vez, apago para você.

Malfoy imprimiu os últimos papeis que Neville enviou para a multifuncional e apagou o histórico.

– Sabe, Longbottom, eu admiro a amizade... Ainda mais quando estamos dispostos a arriscar nosso emprego e nossa carreira por ela, quer dizer que é forte. – Draco lançou um sorriso de escárnio. – E também que é estúpida.

– Não achei que seria arriscado atender ao favor de uma amiga que trabalha com o seu amigo. – Neville encolheu os ombros enquanto controlava a voz para responder Malfoy. – Provavelmente seria um favor ao qual teria que atender mais tarde.

– Ah, ela é irmã do policial que anda com o Harry não é? – Draco disse como se tudo fizesse sentido agora. – Harry e esse fraco por ruivos Weasley, apesar de que essa simplesmente não é de se jogar fora.

Neville preferiu não se dar ao trabalho de responder ao chefe e continuou sua pesquisa sem muitos dados por Astoria Greengrass, que tivera maior parte da vida sem graça como a dele. Formou-se com honras, foi a primeira da turma a vida inteira na mesma escola que Malfoy estudara, foi aceita muito cedo na faculdade, fez medicina nos Estados Unidos e estudou Criminologia em Cambridge. Milhares de multas de transito por excesso de velocidade, fora presa uma vez por dirigir com um nível de álcool acima do permitido... Nenhum namorado de longa data, nenhum vídeo embaraçoso e nenhum blog de adolescente, apenas uma página na internet com pequenos contos.

– Por que você estava pesquisando sobre o cassino da minha tia? – Draco perguntou, após ler os documentos com as finanças detalhadamente. – Se ter um cassino desse tanto dinheiro até eu teria comprado um desses.

– Foi o que eu pensei... Menos a parte de comprar um desses. – Neville disse, enquanto enviava as informações sobre Astoria para o tablet do patrão e preparava-se para mentir, mesmo não sendo muito bom nisso. – De qualquer maneira, eu não sei exatamente porque. O que sei é que o detetive Potter a prendeu dia desses.

– Ah, ela deve estar metida com algo nessa história. – Draco deu de ombros. – E provavelmente é culpada.

– Tudo está no seu tablet, Senhor Malfoy. – Neville falou com um sorriso. – Mais alguma coisa?

– Não. Não. – Malfoy se levantou. – Mas se você quer ter acesso às câmeras de Londres tente pensar um pouco mais alto que o Departamento de Londres, Neville. Você é capaz.

– ...Então de acordo com o relatório oficial atualizado e tendo em vista especialmente a ultima entrevista com a Sra O’Hare, a qual eu estive presente, é possível deduzir que o anel de Slytherin – ela apertou o controle e a imagem foi projetada contra a tela branca – foi retirado do poder do Sr. Riddle post mortem, em razão de convicções pessoais do suspeito. Suspeito esse que, de acordo com a corrente mais forte do caso até agora, viria a ser filho da vitima e de Mérope Gaunt, descendente indireta de Salazar Slytherin, primeiro dono do artefato aqui reproduzido.

– O que tecnicamente torna o suspeito herdeiro dessa parada. – Ronald concluiu de maneira informal, irritado por ter sua apresentação roubada pela advogada petulante. - Isso preenche a lacuna do motivo. E nos ajuda na construção da identidade de Vocês-sabem-quem, considerando que ele seja mesmo nosso homem.

– Ele é. – Granger disse com convicção exatamente o que Potter pensou, antes de enrubescer por ter cedido ao impulso. – Quero dizer, tudo nos leva a crer... – E parou no meio da justificativa por conta da mão estendida. – Sim?

– Desculpe, mas você é...?

– Hermione Granger. – Ela se empertigou toda, na defensiva.

– Ah, ok, certo. – Tonks anotou algo em um bloquinho. – Eu espero que não se ofenda, sou nova na equipe. – Explicou-se, animada.

– Ela também, aparentemente. – Weasley resmungou de mau humor.

– Boa sacada, vocês dois. – Harry cortou antes que aquilo virasse uma briga entre eles. – Weasley, será que nós podemos conversar por um segundo lá fora?

– Eu sei, certo? – Ron disse antes que o parceiro pudesse falar qualquer coisa assim que saíram da sala. – Eu também não queria ela lá! Mas ela é insistente e chata e irritantemente inteligente! Não teria conseguido essa brecha sem ela. Eu odeio admitir Harry, mas acho que precisamos dela.

Harry se permitiu apreciar a cena por um momento, rindo.

– Não tenho nenhuma objeção em relação a isso.

– Ah... Não?! – As orelhas dele ficaram instantaneamente vermelhas.

– Não, eu não tenho, embora isso já envolva mais gente do que gostaria de acordo com as normas da minha zona de conforto. – Deu de ombros. – Mas não está prejudicando a investigação, então não é uma enxaqueca. Por enquanto. De qualquer forma, nós temos mais uma... Hm... Testemunha. – Ele disse baixo. – Eu pretendo apresentar a você assim que... Inferno! – Ele sentiu o celular vibrar no bolso. – Assim que sua irmã parar de me telefonar! – Mas apesar de irritado, ele atendeu mesmo assim, fazendo sinal de espera para Rony.

– Gina, eu estou trabalhando.

– E eu também, só para constar. – Rebateu. – Mas achei que você deveria saber que há algo de errado com as finanças dos sócios envolvidos com o tal cassino da Sra Lestrange.

– Meu pessoal já estava investigando isso. – Disse entre dentes.

– É, é... – Ele quase conseguiu imaginá-la observando as unhas, na vã tentativa de esconder a expressão de desdém – Acontece que o meu pessoal trabalha um pouco mais rápido.

– Será que você poderia, por obsequio, parar de meter o seu nariz nas coisas em que você não tem minha aprovação prévia? – Ele pediu, sabendo que seria completamente em vão.

– Não. – Gina respondeu, sem se intimidar. – Há outra coisa. Lestrange é tia do seu amigo Malfoy por parte de mãe, então talvez ele pudesse te ajudar com alguma coisa. Só uma dica, não precisa agradecer. – E prevendo um xingamento, desligou antes que pudesse ouvi-lo proferir uma resposta.

Harry, de fato, recitou todos os palavrões que vieram em sua mente e saiu andando.

– Hey, hey, nós estávamos no meio de uma conversa aqui, lembra? – Ron gritou, já sabendo que o que quer fosse teria que ser deixado para depois.

– Eu preciso ir. Lide com elas – Apontou para sala. – E desconte em mim no jantar.

– No jantar? Que jantar?

– O que eu acabei de inventar. Na minha casa. Em... – Olhou para o relógio. – Três horas. Acrescente as novas informações ao relatório ou, se preferir, mande Tonks fazer isso!

– Malfoy, porque em 7 dos 10 casos que eu resolvo semestralmente você aparece como um dos envolvidos/suspeitos? – Harry perguntou no momento em que pisou no escritório elegantíssimo do amigo.

– Você acabou de inventar essa estatística. – Ele disse tranquilamente, as pernas cruzadas em cima da mesa escura.

– Sim. – Admitiu – Mas não seria surpresa se correspondesse com a realidade.

– O que eu posso dizer, Potter? Sou um rosto conhecido.

O detetive bufou enquanto o empresário sorria.

– Deixe-me adivinhar... Você está ai todo puto porque descobriu que aquela pessoa de sanidade mental duvidosa cujo nome é Bellatrix Deus-Nos-Livre Lestrange possui o mesmo tipo sanguíneo que o meu.

– Como você...?

– Vamos resumir assim: a fonte de informações da sua namorada é mão de obra minha.

– É claro. É claro que sim. – Harry escondeu o rosto numa mão por um instante, respirando fundo e quase se esquecendo da outra razão de querer socar a cara dele. – Entretanto, não é só disso que venho tratar. Sirius foi descoberto. – A genuína surpresa no rosto do milionário fez com que ele se explicasse: – Por um amigo, mas mesmo assim! Você me garantiu que ele estaria seguro, porra!

– Potter, eu...

– Foi descuidado e inconsequente, o que não me surpreende, para falar a verdade. – Vociferou.

– Ok, baixe sua bola. – Ele alertou. – Você está estressado com essa merda toda, eu entendo. Quem o descobriu?

– A porra de um professor de literatura de meio período.

– Me parece inofensivo. – Harry já abria a boca para rebater, quando ele continuou – De qualquer modo, nós vamos realoca-lo. Do seu jeito dessa vez. Saber que ele foi descoberto fere meu orgulho também, então cale essa maldita boca e me deixe resolver o problema.

– Tem outra coisa que eu preciso. – O tom de voz saiu bem diferente dessa vez.

– Você tem um jeito realmente especial de me pedir as coisas, Potter. – Malfoy ironizou.

– Eu poderia fazer sozinho. – Ele ergueu o queixo, na defensiva. – Mas eu estou correndo contra o tempo aqui, Draco. Tenho um caso fodido em mãos e nenhuma maldita previsão de resolução. A mídia está relativamente contida graças aos contatos de Dumbledore, mas não demorará muito tempo até que essa resistência cesse e o chefe de segurança caia com tudo em cima de mim.

– Eu não quero ouvir a triste história de quem vai ou não vai foder você. Seja especifico e posso te conceder meia hora desse dia – Ele analisou o relógio. – Depois preciso conquistar Astoria.

– Conquistar? – Harry fez uma careta – Você sabe que está falando de uma pessoa, não de uma civilização pré-colombiana, certo?

– Isso não é ser mais especifico. – Ignorou-o.

– Ok. Confio na sensatez de Greengrass – Disse mais para si mesmo do que para Draco. – Preciso que cave os negócios da Sra. Lestrange. Aquele cassino pode ser minha chave de portal e eu não pretendo deixar escapar nada. Encontre algo de podre para mim, Malfoy. Por favor.

– O que não faltam são coisas podres na minha família, meu caro. – Ele sorriu e tamborilou os dedos na mesa. – Eu farei isso. Com prazer, devo ressaltar. E quando eu te der sua maldita brecha, eu espero que você esteja mais agradecido do que hoje.

– Meia hora, você disse? – Harry pensou e então decidiu fazer uma jogada arriscada: - Que tal duas horas? E então você dirigiria até a minha casa, onde talvez eu estaria dando um jantar para minha equipe e onde existiria uma grande chance de você se encontrar com quem você quer. Esse alguém que me mataria depois, possivelmente. Mas estou disposto a assumir os riscos, tão solidário você terá sido a minha causa. Isso é ser grato o suficiente para você?

– Isso, meu amigo, é exatamente o conceito de gratidão que eu busco em você. – E estendeu a mão para ele, fechando o acordo.

Ela parecia um general ditando ordens ao telefone. Harry se permitiu relaxar por um instante enquanto a observava. Sabia que estava nervosa com ele da mesma maneira que sabia que não diria uma palavra sobre o assunto, uma vez que um dos convidados surpresa – na verdade, o convidado que era a razão para que ele decidisse um jantar de ultima hora – já estava presente.

– Bom... Eu deveria elogiá-la pela maneira incisiva e precisa com que ela pede comida por telefone? – Lupin perguntou a ele, cautelosamente.

– Melhor não. – Harry respondeu, sorrindo. – A propósito, obrigado por ter aceitado o convite, mesmo feito em cima da hora.

– Eu disse a você que estaria a disposição.

Potter concordou com a cabeça.

– Obrigado por isso também. E, por favor, sei que falamos disso no caminho, mas eu preciso de completa discrição em relação a Sirius quando todos estiverem a mesa. Nem todos da equipe sabem que estamos com ele e, por enquanto, eu acredito que seja melhor assim. – O homem assentiu e tomou mais um gole de vinho.

– Colaborarei com você da forma que preferir.

– O jantar chega em quinze minutos. – Gina voltou à sala, o semblante ainda contrariado. – O mínimo é quarenta, mas subornei o rapaz de entrega. – Então sorriu para Lupin antes de ameaçar Harry em um sussuro - É melhor que você tenha o valor que eu ofereci ou terei que fazer topless na frente de todos os seus colegas.

– Obrigado, querida. – Ele fingiu não escutá-la. – Meu parceiro deve estar aqui em breve. – Dirigiu-se a Remo. – E então a advogada Granger, a policial Tonks, a legista Grengrass e possivelmente um amigo, Malfoy. Não pretendia apresentá-lo a todos hoje, mas esse acabou se tornando o caminho sensato, no fim das contas. – Ele olhou para Gina, esperando que ela engolisse aquela rápida explicação. - São pessoas de confiança. Porem te cansarão até a morte com perguntas.

Lupin abriu um sorriso cansado.

– Eu leciono, caso você tenha se esquecido. Posso lidar com perguntas. – Ele coçou a barba e depois de um instante de silencio, prosseguiu: – Mas... Você disse Malfoy?

– Draco Malfoy. – Harry confirmou. – Ele é uma espécie de... Consultor civil. Como Gina.

– É um nome familiar.

– Eu sei, metade da cidade tem o nome dele. – Harry suspirou.

– Não por isso. – Lupin riu. – Eu estava pensando em Lucius Malfoy, na verdade.

– Lucius? É o pai dele. Ou costumava ser, anos atrás.

Ele observou o homem refletir um pouco sobre aquilo e por um momento achou que ele faria algum outro comentário. Ao invés disso, apenas bebericou mais um gole da taça que Gina lhe servira. Passados os minutos estipulados a campanhia tocou e Harry precisou pagar em dobro pelo pedido. Não muito tempo depois seus convidados começaram a aparecer, um por um.

– Primeiramente, gostaria de agradecer a todos pela presença. – Harry, se levantou, silenciando as conversas paralelas. – Eu imagino que não tenha sido fácil para vocês desmarcarem compromissos e comparecerem a um jantar de ultima hora, mas a verdade é que se todos vocês estão aqui é porque desempenham um papel fundamental na investigação que estamos conduzindo, e eu ainda conto com o apoio de vocês.

– Você quis dizer quase todos vocês, não é? – Astoria perguntou quase para si mesma, olhando para Malfoy, que sorria.

– Eu gostaria de apresenta-los ao Professor Remo Lupin. – Harry disse com cerimônia, enquanto vários pares de olhos ansiavam por uma explicação. – Ele estará nos auxiliando nessa investigação daqui para frente, como consultor civil.

– Difícil é apontar quem realmente é da polícia. – Ron falou, cruzando os braços.

– De qualquer maneira, - Harry coçou a garganta e retornou ao assunto. - Eu acredito que este seja o momento de definirmos algumas vertentes para esse caso, uma vez que estamos pisando em terreno cada vez mais perigoso e com muitas perspectivas, na verdade são tantos nomes e tanta merda junta que eu realmente vou precisar da ajuda de todos vocês.

– Tudo certo, falou como um político e eu achei bonito, mas onde o professor aí se encaixa? – Ron quis saber.

– Ele...

– Permita-me, Harry. – Professor Lupin o interrompeu, levantando-se e ajeitando o paletó surrado enquanto examinava o rosto de cada um ali com ar nostálgico. Talvez não fora há tanto tempo assim que se reunira com pessoas motivadas pelo menos objetivo de capturar um dos seres humanos mais inescrupulosos de toda Inglaterra. A única diferença é que muitos daqueles rostos do passado não sobreviveram àquilo tudo e quem sabe aquela não era a hora de eles saberem onde estavam se metendo. – Meu nome é Remo e eu estive em uma mesa parecida com essa há mais ou menos trinta anos quando nos reuníamos para a maior caça às bruxas de nossas vidas, aos quais muitos de nós não sobrevivemos...

– Quem são “nós”, Senhor Lupin? – Gina perguntou com ávido interesse, fixando os olhos nos do professor, era assim que determinava em que e, principalmente, em quem acreditava.

– Os pais de Harry, Sirius Black, Peter Pettigrew e eu estudamos na mesma escola e fomos grandes amigos enquanto o tempo nos permitiu, também dividimos o espírito idealista em alguma parte da vida, quando deixamos de sermos os adolescentes marotos do ensino médio e nos transformamos em jovens adultos. – Lupin respirou fundo para manter o autocontrole e afastar as lembranças que começavam a se juntar em sua cabeça como nuvens em um presságio de tempestade. – Lily trabalhava em um abrigo para crianças que foi fechado repentinamente sem aviso prévio e nem um outro prédio provisório. Então meses depois estavam construindo esse hotel gigante com um cassino nos primeiros andares, Lily não deixou barato e resolveu descobrir de onde vinha aquilo e quem estava por trás. Uma vez que um cassino se estabelecera, não demorou muito para outros surgirem também, sempre em áreas afastadas e em locais desapropriados por motivos nunca averiguados... Lily se aproximou muito da verdade e então tudo começou a desandar na mesma proporção a que muitas pessoas se mobilizaram a causa. Sabíamos que o aumento do tráfico de drogas, as pessoas desaparecidas e o numero de corpos encontrados tinham a ver com aqueles cassinos e com o homem por trás de tudo... Começamos a investigar os cassinos. Servimos de consultores para uma investigação da polícia, mas nem nós sabíamos em quem confiar, já que parecia que os dedos desse monstro estavam em todos os lugares.

Lupin bebericou um pouco do vinho e examinou o semblante de cada um deles.

– Então nos reuníamos apenas às pessoas de confiança e uma delas nos traiu, sendo essa a razão pela qual perdi parte dos meus amigos. – Lupin disse com pesar. – Mas, respondendo a Senhorita Weasley, no nosso pequeno grupo estavam Frank e Alice Longbottom. Alice era médica e Frank era policial como Harry e Ronald e batalhava ao nosso lado...

– Longbottom? – Malfoy estava legitimamente surpreso. – Eu achava que os pais dele estavam no hospital ou algo assim...

– Sim. – Lupin fechou os olhos. – Frank e Alice foram torturados à beira da morte... A essa altura eu não sei se eu preferia estar morto ou enterrado na cama de um hospital sem reconhecer meu próprio filho e minha própria família... Fiquei sabendo que o filho deles foi criado pela avó.

– Ele trabalha para mim. – Malfoy tentou não parecer abalado, mas a verdade é que tinha um misto de choque e talvez compaixão por Neville, o que honestamente o assustava, já que nunca pensara no seu empregado como humano, apenas como um robô em quem confiava de alguma maneira. – Eu não sabia.

– É incrível como o cérebro humano age e como as pessoas lidam com as perdas e acontecimentos da vida. – Lupin divagou, pensando em Neville, em Harry e até mesmo em Malfoy cujos familiares estavam envolvidos em parte da história, mas mesmo assim estava do outro lado. – Gostaria de saber mais sobre o menino Longbottom depois. Então, também contávamos com o na época detetive Dumbleodore, inspetor Moody e o senhor Arthur Weasley como nossa fonte no ministério. James usara todos os seus artifícios investigativos como jornalista para que conseguíssemos encontrar pistas... Estávamos perto, eu sinto que estávamos. E então fomos traídos.

– É quase um negócio familiar esse de pegar “Você-sabe-quem” – Tonks observou, mascando um chiclete. – Os pais do detetive Harry, do detetive Weasley... Agora vocês. Nós.

– Eu não sei como definir isso, aliás, é como se o desejo de justiça dos pais de vocês nos colocasse todos em uma mesma mesa. – Hermione falou, quase que introspectivamente.

– O domínio de Voldemort afeta a cada um de nós, vidas inocentes continuam sendo acabadas assim como todos os que cruzam o seu caminho. – Lupin disse com um suspiro, sentando-se novamente. – Mas nunca conseguimos o que era preciso para provar sua identidade e suas atrocidades, apesar de todos sabermos quem ele é e o que ele faz.

– Precisamos provar quem ele é. A chave disso é o assassinato de Tom Riddle. – Harry falou, assumindo o papel de investigador principal, olhou para Draco antes de completar seus pensamentos. – E os cassinos, principalmente o da Senhora Lestrange.

– Acho que estamos na pista certa para provar que Tom M. Borgins é filho de Tom Riddle. – Ron falou, ávido para mostrar serviço.

– É, na verdade, acho que seremos capazes de... – Hermione foi interrompida pelo toque do celular. – Preciso atender essa, só um minuto.

Enquanto Astoria colocava todos a par de suas ultimas descobertas e a possibilidade de Peter Pettigrew ainda estar vivo, Hermione parecia manter uma conversa tensa no telefone.

– O QUE? – Ronald ficou preocupado quando a viu elevar o tom de voz, que não era de seu feitio. – Isso não faz o menor sentido! É revoltante. – Hermione massageou as têmporas. – Não saia daí e não dê nenhum tipo de declaração, estou a caminho.

Hermione desligou o telefone e respirou fundo, procurando a bolsa.

– Harry, muito obrigada pelo convite, depois conversamos. – A advogada disse, respirando fundo e tentando sorrir. – E foi um prazer revê-los e conhece-los.

Antes de fechar a porta atrás de si, ela resolveu confidenciar a Harry:

– Agora talvez as coisas fiquem mais difíceis, Harry. – Ela falou, de olhos fechados. – Temos um problema e um problema dos grandes... Eu vou... Tentar contorná-lo.

Mas a verdade é que não tinha ideia de como conseguiria fazer isso.

Enquanto dirigia o mini Cooper o mais rápido que podia dentro do limite de velocidade permitido por lei, sua mente fervilhava com as novas informações recebidas no apartamento do detetive, misturadas com as recebidas pelo celular pelo capitão e, como se não fosse o suficiente, com o pressentimento latente de que agora não havia mais volta e ela se envolveria até o pescoço com aquela investigação, por mais comprometida que a mesma ficaria caso Hermione não conseguisse vencer a batalha judicial que enfrentaria.

Dumbledore estava em apuros.

Logicamente ele estava desde que a procurara, mas Granger acreditava que com um pouco de paciência, o caso se encerraria sem muitas dores de cabeça. Agora ela não tinha mais tanta certeza.

O homem era seu melhor cliente, sem sombras de duvida. Em toda sua vida, Hermione jamais conhecera uma pessoa tão integra quanto Alvo, mas nem seus feitos grandiosos na policia nem seu bom coração o impediram de ser acusado da morte de sua irmã mais nova, uma história que o assombrava a mais tempo do que os anos que a advogada tinha de vida.

Mesmo não sendo culpado, ele se culpava e Hermione tinha receio de como isso poderia repecurtir no caso, ainda mais agora com Aberforth convencido a tornar publica a história pelo seu ponto de vista.

Suspirando de frustração, Hermione parou o carro frente a casa de pedra, ornamentada com um jardim peculiar e bem cuidado. Ela passou pelo gnomo de porcelana tão concentrada que nem sentiu vontade de chutá-lo, como habitual. Subindo depressa os três degraus que separavam a grama verde da varanda, já se preparava para tocar a campainha quando notou o dono do local sentado de modo tranquilo em uma cadeira reclinável.

– Dumbledore.

– Srta Granger. – Ele abriu o habitual sorriso manso. Ela se perguntou como diabos ele conseguia sorrir daquele modo em uma situação como aquela. – Você deseja entrar ou podemos conversar aqui mesmo? Surpreendentemente temos uma noite bonita.

– Aqui está bom. – Se aproximou, sentando-se na cadeira que ele indicara com a mão. – Eu sinto muitíssimo pela reação do seu irmão, senhor.

– Aberforth está fazendo o que acredita ser justo. – Comentou, olhando para o jardim. Hermione não tinha ideia do que deveria responder.

– O senhor disse que uma jornalista tinha entrado em contato, certo?

– Rita Skeeter. – Assentiu. – Ela me informou que estava trabalhando com Aberforth e que seria melhor se eu cooperasse com a matéria que está redigindo porque a verdade vai aparecer de qualquer modo. – Sorriu de novo. Dessa vez havia um traço de genuína diversão em seus olhos. – Você me parece agitada. Gostaria de um pouco de chá?

– Não, eu estou bem, senhor. – Respirou fundo. – Preciso que esteja ciente do risco que corre, uma vez que esteja exposto a mídia. Nós faremos o que tiver ao nosso alcance para que Skeeter ou qualquer outra pessoa não se beneficie do seu caso pessoal, porque isso certamente poderia colocar em risco o seu cargo na força policial.

Ela era direta e honesta e essas eram as qualidades que Dumbledore mais apreciava nela.

– Eu estou ciente da quantidade de coisas que isto engloba, Srta Granger. E tenho convicção de que na hipótese de ser afastado... Serei substituído por alguem tão ou mais competente do que eu.

– Eu duvido, senhor, com todo respeito.

– E eu fico lisonjeado com o elogio velado, mas não é sobre isso que desejo falar. Em caso de Aberforth cumprir com o que pretende, quero estar ciente de que o meu afastamento não abalará a força policial. – Antes que Hermione pudesse abrir a boca, ele continuou - O detetive Harry me enviou uma requisição para a sua incorporação na investigação que está trabalhando. Nossa principal investigação, atualmente. É sobre isso que me preocupo. É a única e verdadeira coisa que precisa estar garantida para que ele obtenha sucesso.


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