Crossfire escrita por Jones, isa


Capítulo 10
Capítulo IX




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– Senhora Melanie, pela sétima vez, eu já lhe disse que não posso escoltar o seu marido do bar para casa e... Ah. Você. – As sobrancelhas de Ronald se juntaram até ser uma coisa só quando ele finalmente notou que a visita em especifico não era daquela simpática – mas irritante – vizinha do apartamento da frente e sim da pessoa mais improvável em toda Londres.

Até tentou ser discreto, mas seus olhos correram em direção ao relógio de parede, só para conferir que era realmente tarde da noite, o que tornava a cena toda ainda mais surreal.

Hermione parecia consciente disso, porque seu rosto ruborizou levemente enquanto ela parecia muito concentrada em trocar o peso do corpo de um pé para o outro, evitando contato visual com o detetive.

– Me desculpe. Eu apenas não consegui esperar por um horário adequado. – Ela estendeu uma pasta preta que levava junto ao colo e, apesar de se encontrar ainda num estado de semi letargia pela surpresa, Ron conseguiu ter o senso de espírito necessário para se lembrar dos bons modos e abrir a porta para ela. – Obrigada. – Hermione murmurou, colocando o cabelo para trás da orelha.

De repente pareceu se lembrar de algo muito importante, porque o rosto se tornou instantaneamente pálido.

– Lilá está?

Era para estar, Ron se lembrou. O dia fora cansativo e só agora se recordara que não retornara as ligações da noiva durante o dia inteiro. Ela andava particularmente paranoica com coisas absurdamente entediantes referentes ao casamento que nem tinha data definida ainda. Pinçando o nariz com o indicador e o polegar, esforçou-se para achar qualquer memória que pudesse lhe trazer a tona alguma pista de onde ela estaria e, felizmente, não demorou muito para lembrar que ela passaria a noite na casa da amiga Parvati Patil, uma subcelebridade obcecada por cirurgias plásticas que, naquele momento, deveria estar se recuperando de mais uma leva de aplicação de toxina botulínica. Sentiu um tremor só de pensar em como o rosto dela estaria quando ela fosse fazer o discurso em sua festa de matrimônio.

– Ham, não. – Coçou a cabeça. – Fique a vontade. – Ele apontou para o sofá, incerto do que fazer em seguida. Não achava que sabia muitas coisas sobre como ser um bom anfitrião. Geralmente esse era o papel de sua mãe ou de sua namorada. Alem do mais, seu relacionamento com Hermione se baseava em implicância mutua e desdém sem propósito.

Se a história daquele anel maldito de alguma forma fizesse com que eles virassem amigos...

Ah, ele mataria Voldemort apenas por isso.

Respirando fundo, esfregou os olhos, forçou-se a manter a mente desperta e então se aproximou enquanto a advogada tirava papeis aleatórios de dentro da pasta pessoal.

– Bom, eu fiz umas pesquisas. – Explicou-se com a empolgação de uma criança inteligente que acabou de completar a tarefa de casa sozinha. – Aqui. – Ela estendeu a foto do anel que julgavam ter visto no dedo do falecido Tom Riddle. A imagem era bem mais nítida e ampliada e Ronald percebeu que realmente havia a insígnia que Hermione desenhara. – Acredita-se que esta é uma peça única, criada no inicio do século 20 por uma empresa suíça especialmente para... – E então ela lhe estendeu outra fotografia em preto e branco. Desta vez, Ron se deparou com um homem semi calvo, de olhos frios e barba tão grande que o fez ponderar se era para compensar o cabelo que não tinha. – Salazar Slytherin.

– Se você vai me fazer trabalhar agora, eu espero que tenha tempo para me esperar ligar a cafeteira.

Granger não tirou os olhos dos papeis, mas, surpreendentemente assentiu e sorriu.

– Vá em frente.

– Eu vou mesmo. – Sentiu a necessidade de repetir, só para não parecer que precisava da permissão dela.

Seguindo para a cozinha, constatou com estranheza que Hermione ficava bem quando sorria também. Meneando a cabeça, ele pressionou as mãos contra as pálpebras fechadas.

Ah, ele com certeza mataria Voldemort.

A desculpa era o caso, mas eles com certeza estavam se falando muito mais do que deveriam. No fundo, Gina estava completamente consciente disso, mas, sete infernos, de jeito nenhum ela conseguiria manter as coisas a um nível mais seguro: devagar e casual, como em regra eram todos os seus outros relacionamentos.

Havia algo sobre Harry que ela não tinha a menor ideia de como evitar.

E era exatamente por isso que eles estavam ali, sentados na cama dela, divididos entre o reality show culinário que reprisava na TV e a pesquisa sobre os cassinos em Londres.

– Sem chance! Ele não pode levar essa! – Ela gritou de súbito, apontando indignada para a tela. Potter a olhou de esguelha e abriu um sorriso de deboche que parecia ter sido criado especialmente para a jornalista. Gina poderia socá-lo por isso, se, sobrepondo essa vontade, não houvesse a de beijá-lo até ele desfazer aquela cara irritante. – O que foi? O bolo de Caroline estava umas mil vezes mais apresentável. – Justificou-se.

– Eu gosto do seu senso de justiça, Ginevra. – Implicou, fazendo-a revirar os olhos.

– Eu tenho certeza de que aquele bolo poderia salvar a humanidade. - Dessa vez ele sorriu de verdade e ela precisou ignorar (pelo bem da própria sanidade mental) o looping que seu estomago sofreu.

– É claro. – Harry fechou o computador e se inclinou sobre ela porque sentia certa necessidade em encostar os lábios naquela boca petulante.

Gina achou um péssimo sinal quando, por motivos inexplicáveis, as notas iniciais de ‘love me tender’ começaram a tocar insistentemente em sua cabeça.

Parecia que tinha acabado de fechar os olhos quando o toque do celular o acordou. Não demorou muito para atender, pois Gina se remexia ao lado dele na cama e ele não queria acordá-la.

– Por Deus, Tori, são quatro horas da manhã. – Harry sussurrou reclamando. – O que você tem para dizer de tão importante que não poderia esperar até meu turno começar?

– Para começar, antes que você me venha se achando cheio da razão, eu não deveria nem estar falando com você. – Ela disse levemente aborrecida. – Então não seja ingrato e fale direito comigo.

– Você me liga às quatro da manhã e ainda briga comigo. – Harry bufou. – E que diabos eu te fiz?

– Me enfiou em um encontro arranjando com Playboy Malfoy. – Astoria disse, levemente aborrecida. – Mas eu não te liguei para trocar figurinhas e comparar tamanhos, e sim para dizer umas coisas que eu descobri.

–Vai valer a pena ter me acordado a essa hora? – Harry perguntou.

– Você decide depois, reclamão. – Astoria respondeu rudemente. – E o que foi? Eu não tenho culpa se você ficou brincando de papai e mamãe com a ruivinha Weasley madrugada adentro e fica rabugento quando acorda.

– Eu não... O que você tem a dizer mesmo? – Harry agradeceu aos céus por estar em uma ligação telefônica e não no necrotério vendo-a encará-lo com um sorriso divertido e constrangedor nos lábios.

– Pisei no seu calo, ponto pra mim. – Astoriu riu. – Então, você se lembra que você me deixou uma lista extensa de mortes para investigar, e então eu disse que tinha mais o que fazer, e que se você quisesse uma escrava estava vindo ao lugar errado?

– Sim.

– Então, eu fiquei sem o que fazer nessa madrugada...

– Pessoas normais tentariam dormir.

– Pessoas chatas tentariam dormir. –Astoria o corrigiu. – Continuando... Muita gente morreu, mas tem uma em especial que eu estou chutando que não morreu.

– Você está chutando? Você?

– Baseada em fatos, logicamente. – Harry imaginou-a prendendo o cabelo e girando os olhos. – Peter Pettigrew. Não sei quem é a figura e obviamente eu não tenho os restos mortais do cara, mas se ele for o cara da foto... Nunca que o corpo analisado nesse laboratório foi o dele.

– E como você sabe disso?

– Bom, eu chamo isso de fazer serviço de porco. – Astoria falou. – Porque eu não sou especialista em ossos, e eu vi pelas radiografias que apenas jogaram um tanto de ossos aqui e deram como morto, porque... Obviamente estava morto. Mas é também óbvio que queriam dificultar o reconhecimento do corpo, já que colocaram fogo e etc, mas as radiografias apontam uma pessoa da mesma estatura, mas bem mais velha e do sexo feminino. É claro que a gente vai precisar de um ortopedista ou alguém que goste de ossos, mas é isso aí. Em minha opinião, fingiram que o cara morreu.

– Como isso aconteceu? – Harry massageou as têmporas com o indicador e o polegar.

– Suborno, propina, ameaças, trocas de favores, descaso... – Astoria listou. – As possibilidades são infinitas.

– Você... Você tem certeza?

– Não, eu ligo para as pessoas de madrugada para fazer alarde sem motivos. – Ele podia idealiza-la girando os olhos novamente. – De qualquer maneira, eu vou ter que fazer uma ocorrência e investigar o responsável, porque...

– Não! – Harry a interrompeu rapidamente. – Não. – Voltou a sussurrar ao ver Gina franzir o rosto de olhos fechados.

– Por quê? – Astoria perguntou. – E se você não pretende parar de gritar, acho melhor se levantar da cama. Não basta ter que dormir com você, agora ela é obrigada a acordar quando você acorda?

– Engraçadinha. – Ele disse entredentes. – E eu não posso me levantar, ela está me abraçando.

– Awn. Já estão dormindo agarradinhos? – Astoria riu. – Que gracinha e que precoce! Não dorme no ponto.

– Que petulante e que inapropriada! – Harry falou, no mesmo tom que o dela. – Conversaremos pessoalmente ás sete. Por favor, não mencione essa conversa a ninguém e nem o que você descobriu, pelo menos por enquanto. É melhor guardarmos a vantagem.

– Droga, Potter. Eu queria tanto um motivo para demitir alguém!

– Talvez na próxima. – Harry riu. – E obrigado, Tori.

– Ok, ok. – Ela disse e desligou.

Ao escutar o telefone tocar ás quatro da manhã, seu primeiro instinto foi lança-lo na parede. Passara boa parte da noite em claro, dividido entre toneladas de trabalho e uma maratona pessoal de Doctor Who, portanto, receber aquele telefonema quando tinha ido se deitar a menos de meia hora era no mínimo inconveniente.

Rolou na cama e pegou o celular no intuito de desliga-lo. Porém, ao ver a foto de Luna, esqueceu os xingamentos que se passavam em sua cabeça e agradeceu como nunca a tecnologia por inventar um identificador de chamadas.

Então, ignorando o horário incomum, ficou feliz e surpreso; tinham trocado telefones e uma boa conversa naquela galeria, agora trocavam torpedos algumas vezes ao dia. Por isso Neville se sentia especialmente otimista ao receber a ligação dela. Estava tão exultante que mal conseguiu deslizar o dedo para atender o celular e quando o atendeu, conseguiu derruba-lo em baixo da cama.

– Hey. – Ele falou, enquanto procurava o celular. – Hey Luna, eu tô aqui ainda, ok? Não desliga! Não desliga!

Maravilha, agora ela vai achar que eu estou desesperado.

– Oi, oi! Alô. – Falou ofegante.

– Hey Neville! – Luna disse, com o tom de voz usual: sereno, monótono e doce. – Eu acordei agora e acho que vai nascer uma manhã linda, então estava pensando em tirar umas fotografias. Me pergunto se você não gostaria de fazer isso comigo.

– Eu... Adoraria. – Neville disse, sorrindo como se ela pudesse vê-lo. – Seremos apenas nós dois... Como em um encontro?

– É, talvez. – Ele percebeu certo nervosismo na voz sempre calma dela. – Me encontra aqui no meu prédio? Pensei no terraço... Tem uma vista linda.

– Sim, estarei aí! Ok? – Neville disse, animado.

– Ok. Tchau. – Ela disse e desligou rapidamente.

Depois de vestir cinco camisas xadrez diferentes, acertar o cotovelo na porta e topar com o dedo mindinho no armário por três vezes seguidas, ele finalmente saiu de casa. Já estava quase alcançando o elevador quando percebeu que estava apenas de meias, o que o obrigou a voltar e fazer o ritual novamente, o que, por sua vez, o levou a dirigir como um possuído até a casa dela.

– Aquela foi uma curva perigosa. – Foi a primeira coisa que Luna lhe disse, referindo-se ao modo como ele entrara na avenida cantando pneu.

– Eu... Ham... É. Acho que foi. – Murmurou, sentindo o rosto esquentar. – Mas eu não acertei nenhuma arvore no percurso. – Defendeu-se, o que a fez sorrir com mais vontade.

– Eu estava preocupada com você. – Partindo dela, aquele era um comentário realmente grandioso. Neville pensou que aquilo era como ganhar o dia, mas então ela excedeu as expectativas se aproximando e passando a alça de uma câmera digital por seu pescoço, antes de beijar o canto da sua boca de modo delicado. – Nós deveríamos ir agora. – Disse, puxando-o pelo braço como se estivessem quase atrasados para um espetáculo grandioso.

E de fato era um grande espetáculo.

De pé contra a murada do terraço (que Neville suspeitava ser proibido àquela hora) ele observou o céu atingir inacreditáveis tons de laranja a medida que sol se levantava preguiçosamente no horizonte.

Luna parecia seriamente concentrada em cada segundo e só se permitia parar quando sentia necessidade de ajustar o foco da lente da câmera, mas o alvo era um tanto quanto diferente para Longbottom: ele apenas não conseguia tirar os olhos dela. Simplesmente não pôde evitar. Os feixes de luz eram bonitos e tudo mais, mas eram incríveis refletidos no cabelo loiro claro que caia em cascatas pelos ombros e costas da artista. E sim, a cidade tinha um aspecto interessante quando estava silenciosa assim, mas isso não era tão digno de nota quanto o sorriso que ela prendia no rosto toda vez que encontrava um bom ângulo.

Não era como se tivesse se esquecido que a ideia inicial era fotografar o amanhecer. Mas de qualquer modo, fora ela que o instruíra a tirar fotos do que mais lhe chamava atenção e Neville estava começando a ponderar que talvez a resposta fosse ela em qualquer hipótese.

A questão é que ele era um homem habituado a paixões platônicas: com um histórico como o dele, era difícil pensar que poderia ser diferente. Convivera boa parte de sua vida com quilos a mais – cortesia do transtorno de ansiedade nunca tratado – e com a consciência de que até havia herdado alguns traços bonitos dos pais, mas que juntos, nele, pareciam apenas esquisitos. A única namorada que tivera na adolescência, Ana Abbott, fora uma jogadora assídua do RPG que ele costumava fazer parte e, mesmo assim, nem moravam no mesmo país. Precisara de um ano inteiro – e três campeonatos do clube de matemática – para juntar o dinheiro necessário para visitá-la na Irlanda. Juntos, descobriram coisas importantes: Neville, o sexo. Anna, a sexualidade (definitivamente ela não gostava tanto assim de garotos).

E essa foi só a estrutura inicial para o que viria se tornar o circo de horrores que era a sua vida amorosa. De lideres de torcida (em recuperação) à estudantes universitárias de engenharia de software com possíveis problemas com os pais, Neville decidira que poderia viver muito bem com eventuais sonhos eróticos com elfas e seres místicos de sua preferência.

Estava pensando justamente sobre isso quando foi puxado de volta à realidade com o flash batendo em seu rosto.

– Wow!

– Você parecia distante. Não pude resistir. – Luna desculpou-se, sorrindo.

Neville piscou até ajustar a visão e então sentiu o estomago embrulhar por conta de uma constatação simples, óbvia e maravilhosa: ela era real. E por algum motivo que ia alem da sua capacidade de compreensão, parecia gostar de sua companhia.

– Obrigado.

– Por te assustar? – Riu de modo leve.

Ele ponderou por um instante, antes de responder:

– Especialmente por isso.

Estava sendo difícil. A luz agredia seus olhos habituados a escuridão e a comida – comida de verdade, consistente e saborosa – pesava em seu estomago desacostumado, levando-o a abraçar a privada com uma frequência maior do que quando tinha dezoito anos e quase entrava em coma alcoólico diariamente.

Era engraçado pensar no passado; Sirius sempre soubera de algum modo que teria um futuro duvidoso. Mas se pudesse palpitar sobre os motivos, teria chutado sexo, drogas e rock n’ roll, não em conspiração, traição e treze anos de reclusão social.

“Tempo pra caralho, hein?”, havia dito o amigo podre de rico de seu afilhado, o mesmo que lhe arranjara aquele duplex discreto em um bairro tranquilo. Sim, - ele pensara diversas vezes depois – era tempo para caralho e ele ainda não tinha certeza do quanto de sua sanidade mental havia sido comprometida ao longo daqueles anos. De vez em quando ele tinha histéricas e incontroláveis crises de riso. Sem contar as frequentes alucinações de que estava desaparecendo. As vezes, era só um braço, mas em outras era o corpo inteiro.

Ele não precisava de um terapeuta para saber que isso era consequência de estar preso, mesmo agora em que estava tecnicamente livre.

Vivia sob o medo constante de sucumbir a loucura. Não podia se dar ao luxo, não agora que Harry precisava dele.

Alias, Harry era a razão para ele ter acordado disposto pela manhã e também o motivo para Sirius estar andando de um lado para o outro como um possesso. O garoto estava atrasado e ele estava extremamente ansioso para exibir sua nova figura: já havia tomado banho duas vezes e talhara o rosto na fracassada tentativa de se barbear com a mão permanentemente tremula. Alem disso, decidira que aquele não era o cabelo adequado para um padrinho que queria ser levado a sério, por isso o cortara do melhor jeito que conseguira com o único objeto de cortar do qual tivera a permissão de dispor atualmente: uma tesoura escolar sem ponta.

– Sirius. – Harry saudou, sem ter certeza de como deveria agir ou se sentir em relação ao homem que parecia concentrado em brincar com uma tesoura.

– Você está atrasado. – Ele respondeu, sem encará-lo.

– Sim, eu tinha papelada administrativa para dar cabo antes de vir. – Enfiou as mãos no bolso, incomodado ao perceber que estava se explicando.

– Papelada administrativa. – Sirius resmungou como uma criança chateada, o que fez Potter se conter para não revirar os olhos.

– Como você está? – Gina o havia instruído a ser gentil, então ele preferia tentar a ter que lidar com peso na consciência depois.

– Nada mal. – O outro encolheu os ombros, mudando sutilmente de postura. – Mas provavelmente estaria melhor se tivesse whisky. – Palpitou.

– Já não basta o titulo de fugitivo degenerado, gostaria que colocássemos bêbado na conta também? – Irritou-se e Sirius apenas encarou as unhas, atualmente aparadas e limpas.

– Você está atrasado. – Repetiu.

– Sim, e eu sinto muito, está bem? – Respirou fundo – Será que podemos pular para o próximo tópico agora?

– Ok. – Sirius largou a tesoura e se levantou do chão, onde estava sentado.

– Você está com a lista que eu te pedi? – Os olhos de Black brilharam como se tivesse esperando por aquele momento. Ele assentiu com a cabeça e tirou do bolso um papel um pouco gasto.

Enquanto Sirius se acomodava com as pernas cruzadas na egg chair preta, Harry lia os nomes com uma crescente sensação de perda de tempo. Naturalmente sabia que os homens de Voldemort dispunham de identidades falsas garantidas e codinomes, mas era difícil acreditar que fossem nomes tão esdrúxulos quanto aqueles que estava lendo. Na tentativa de querer ajudar, a verdade é que Sirius podia ter simplesmente inventado todos aqueles apelidos ridículos e listado-os para Harry.

– Você não parece animado. – O prisioneiro constatou, com as mãos entrelaçadas.

Harry fez um esforço sobrenatural para não descontar sua frustração nele. Passando a mão pelo rosto, apenas negou com a cabeça.

– Eu estou apenas cansado. Mas ficarei com isso. Obrigado.

– Eu precisei me esforçar muito para me lembrar. Eu espero que os nomes sejam uteis. – Esperar por isso era como esperar por um milagre, mas Harry achou melhor simplesmente concordar. Para todos os fins, aquele era o homem que tinha escapado de uma prisão de segurança máxima apenas porque acreditava que precisava protegê-lo. – Você está mais perto dele agora, não está, Harry?

– De um modo ou de outro... Sim, eu estou. – Mas ele não sabia se merecia o sorriso orgulhoso que o padrinho lhe lançou.


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