Estava uma manhã clara no Colégio Seika, com suas atividades regulares. Misa-chan estava analisando alguns mangás que confiscou de alguns garotos, sob suspeita de ser algo proibido pelas regras do colégio, quando o Yukimura-kun entrou desesperadamente na sala, choramingando com o cabelo (que está sempre tão arrumado) levemente bagunçado e a roupa um pouco amarrotada.

—Kaichoooou! — exclama desesperadamente — Usui-san sofreu um acidente!

Imediatamente, Misa-chan levantou-se abruptamente da cadeira e fitou Yukimura-kun com olhos arregalados e bochechas levemente coradas com sua própria reação.

— Como assim? — pergunta ela surpreendendo-se com seu tom de voz preocupado — Explique-se, por favor, Yukimura-kun.

— Eu estava vindo para a sala do conselho quando ouvi um barulho vindo do andar de baixo. Então fui verificar o que estava acontecendo e o vi estirado no chão no pé da escada.

— E então?

— Algumas alunas histéricas se aglomeraram ao redor dele e o levaram até a enfermaria.

Assim, Misa-chan saiu, rapidamente, da sala e se dirigiu até a enfermaria para verificar o estado de Usui. Ela percebeu que muitas pessoas (em sua maioria garotas) já comentavam o ocorrido. Por algum motivo que ela não sabia identificar, seu coração estava acelerado e parecia que iria saltar de seu peito a qualquer momento. E foi assim que ela atravessou o corredor ate chegar à enfermaria.

Ao entrar na enfermaria, ela percebeu que a queda fora feia. Usui recostava-se numa maca com uma atadura ao redor de sua testa. Ele virou-se para ela e fitou-a com aqueles lindos olhos verdes. Misa-chan logo corou.

— U-usui-san, você está bem? — perguntou Misa-chan com a voz alguns tons acima do normal.

Houve um silêncio profundo. Para Misaki, havia somente ela e aqueles lindos e penetrantes olhos verdes. Finalmente Usui quebrou o silêncio:

— Eu... — começou ele com a voz vacilante — Desculpe, não consigo te reconhecer.

Misa-chan sentiu-se como se jogada num abismo infinito. Uma tonelada de chumbo pesava no seu peito e ela sentiu seu coração descer até o estômago. Ela já havia ouvido falar de amnésia, mas... Isso era sério? Estava realmente acontecendo ali e naquele momento?

— S-seu alien pervertido, isso é algum tipo de brincadeira? — por favor, que fosse... Tudo que Misa-chan queria era que ele desse aquele sorriso idiota dele e dissesse que, de fato, tudo era um trote e que ela estava encantadora naquele momento.

— Des-desculpe, não sei quem você é nem por que me chamou de algo tão indecente... — Ele fez menção de se levantar, mas acabou somente sentado na maca. Havia uma clara curiosidade estampada no seu rosto.

Misa sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Imediatamente, sentiu-se arrependida e um sentimento de angústia percorreu seu corpo. Ela sentiu-se anestesiada pelo medo repentino de aquilo ser verdade.

— Perdoe-me — disse ela antes que pudesse refrear-se — não era minha intenção ofendê-lo. — sentiu seu rosto corando ainda mais.

— Tudo bem, eu também não queria deixá-la tão envergonhada. Eu... — seu rosto distorceu-se numa careta de dor e ele levou sua mão a cabeça. Misaki instintivamente deu um passo a frente, mas parou.

Então Usui ergueu sua cabeça e olhou ao redor.

— Espera um pouco — disse ele — Eu... Eu acho que conheço esse lugar... Por acaso, eu estudo aqui?

Misa alegrou-se um pouco e tentou se controlar.

— Claro que sim, já esqueceu? — depois, percebendo que talvez tenha sido um pouco rude, falou mais educadamente — D-dói?

— O quê?

— Sua cabeça... Ela está doendo?

— Está latejando um pouco, mas... Espera aí... Eu nem sei seu nome.

— Oh! — Misa foi pega de surpresa — Meu nome é Ayuzawa Misaki. Se você não lembra, seu nome é Usui Takumi.

— Obrigado, eu não me lembrava...

— Ora, é minha obrigação como presidente do Conselho Estudantil.

— Você pode me dizer o que aconteceu? Por que minha cabeça dói tanto?

— Você caiu da escada e está sofrendo de um lapso de memória — disse a enfermeira vinda de algum lugar. — Não creio que seja muito grave, levando em conta que a pancada não foi tão forte. Mas talvez demore alguns dias para você se lembrar de tudo.

— E há alguma coisa que nós possamos fazer? — perguntou Misaki, novamente com a voz preocupada. — Digo... Como presidente do Conselho Estudantil, tenho que ajudar os alunos que estão passando por qualquer dificuldade.

— Bem, como eu disse não é muito grave, mas talvez se ele visitar lugares do seu cotidiano ou reviver situações do dia-a-dia, talvez, ele poderia lembrar-se das coisas mais rapidamente.

— Então, como presidente do CE, devo te levar a alguns lugares para que você possa recuperar sua memória.

Usui olhou fixamente para Misaki e deu um sorriso tímido. Ela sentiu seu coração martelar seu peito novamente com aquela visão do paraíso. Sua bochecha se avermelhou e, percebendo sua cara de idiota, ela desviou o olhar e encarou o chão.

— Obrigado por sua gentileza, Ayuzawa-chan — ele alargou o sorriso, o que realmente alegrou Misaki.

“Por que me sinto estranha quando ele não me chama pelo primeiro nome?” pensou Misaki, mas ela repentinamente foi empurrada para o lado quando um grupo de garotas abriu a porta e invadiu a sala.

— Usui-kun, você está bem?! — disse uma das garotas.

— Se machucou? —perguntou outra.

— Você prefere garotas de cabelos longos ou curtos? — disse uma terceira.

Usui ficou chocado com o interrogatório, mas logo adquiriu um sorriso jovial e começou a conversar alegremente com as meninas. Misa-chan, claramente incomodada, talvez com um pouco de ciúmes, imediatamente ordenou a saída das garotas, pois “o paciente não se encontra em condições de visitas”. Na sua cabeça, ela imaginava milhões de maneiras para reverter a situação e trazer a memória de Usui de volta. Seus pensamentos foram atrapalhados quando Yukimura entrou na sala se forma exagera-damente barulhenta.

— Kaichou, está tudo bem? — perguntou ele preocupado.

— Não creio, Yukimura-san, Usui-san parece estar com amnésia...

— Quem é essa pessoa? — perguntou Usui interrompendo Misa — Tão lindo... Parece-me familiar... Perdoe-me mas, nós já nos beijamos?

O rosto Yukimura ficou vermelho como um vulcão em plena erupção. Ele emitiu um gemido envergonhado e começou a tremer com se tivesse Parkinson. Misa também ficou chocada com o que acabaram de ouvir e não conseguiu fechar a boca. Usui apenas manteve sua calmaria usual, mas com um leve toque de curiosidade pelo seu rosto.

— Perdoe-me novamente — Usui quebrou o silêncio — Mas, nós somos um casal? Qual o seu nome?

Sem conseguir se controlar, Yukimura emitiu um ganido e lágrimas saíram de seus olhos. Seu rosto parecia um tomate, enquanto ele dava as costas a Usui e fugia daquela sala como uma garotinha assustada. Misa-chan, recuperando-se do choque, disse:

— O-o quê foi isso? — Usui continuou com seu rosto curioso — Bem, como presidente do CE devo levá-lo em lugares que são familiares a você para que você possa recuperar sua memória. Você já se sente melhor?

— Talvez consiga levantar — disse Usui enquanto tentava levantar-se da maca. Misa foi logo ajudá-lo e, juntos, conseguiram pô-lo de pé.

— Pronto. Agora, vamos primeiro à sua sala: 2-2!