Pequena Travessa escrita por Arline


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei! Ainda tenho leitoras? Tenho?
Eu estava com taaaaantas saudades de vocês e desse Ed pirado! Bem, agradeço a todas e peço mil desculpas pela enooooorme demora.
Tia Arline ainda está tentando retomar o ritmo e acho que o cap tá bem meia boca, mas espero que gostem e comentem! Por favor, qualquer erro ou incoerência, me avisem que eu arrumo, ok?
bjus!!!!!!! ♥



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CAPÍTULO 6

Enfim eu poderia voltar pra empresa e minha mãe parecia bem feliz com aquilo; segundo ela, eu estava mais insuportável que o normal e pra mim, voltar seria mesmo muito bom. Preferi esperar até que eu retirasse a imobilização; ter que depender dos outros não seria legal. Meu pai ainda não havia contado a ela sobre meus sentimentos com relação ao Jasper e até fiquei feliz com isso; eu não queria que ela passasse a me odiar ou algo assim...

Ao chegar à empresa, todos me receberam muito bem e desejaram melhoras. Dulce foi a que mais me apertou; ela ainda se sentia culpada, coitada... Evitei fazer as mesmas coisas que havia feito em minha tentativa frustrada de voltar; vai que outra pessoa me acerta a cabeça novamente? Poderia ser irreversível!

Jasper não estava por ali, o que agradeci muito; eu teria mais tempo para pensar em como encará-lo e o que eu lhe diria. Por alguns minutos eu rodei pra lá e pra cá, sem rumo certo. Mais uma volta e meu corpo se chocou contra Jasper, que caiu sentado no chão. Me apressei em ajudá-lo e perguntei se o havia machucado. Se ele quisesse, eu poderia até fazer uma massagem...

— Me desculpe. — disse ele, levando a mão para a parte de trás de seu corpo.

— A culpa foi minha. — respondi e me afastei rapidamente, antes que fizesse alguma besteira.

— O senhor já está bem, então?

— Sim, sim. — tentei soar indiferente, mas estava exultante por ele se preocupar.

— Eu vou buscar sua agenda, com licença.

Minha agenda... Eu não gostei de ouvir aquilo, não mesmo... Teria trabalho pra uma eternidade ali e eu não estava com a mínima vontade de assinar, ler ou entender qualquer contrato.

Toda a manhã passou bem calma e nem havia tanto trabalho assim; meu pai e Emmett deram conta de tudo e os assuntos pendentes eram os de sexta-feira apenas. Pensei em convidar Jasper pra almoçar comigo, mas repensei e achei melhor passar mais um tempo remoendo minhas inseguranças; levar um pé na bunda não me faria bem... Tomei mas duas ou três doses de whisky e esperei que aquilo me desse coragem suficiente pra despejar tudo de uma vez; não dizem que os bêbados e as crianças são as pessoas mais sinceras que existem? Ou eram só as crianças? Bem, não importava. Eu ficaria bem bêbado e falaria com ele.

Ao retornar à empresa, informei a Jasper que não queria ser interrompido por ninguém, nem mesmo por ele, e recebi um aceno em concordância. Melhor assim... Passei a andar de um lado pra outro, pensando em formas de dizer a Jasper que eu o queria pra mim. Sim, mesmo se ele não soubesse disso ainda, ele era meu! E eu era muito possessivo com o que me pertencia...

Bem, o que me restava fazer? Ensaiar tudo o que eu diria era uma boa ideia... Como eu falaria? De uma vez?

Jasper, eu quero seu corpo. — Não cairia muito bem...

Jasper, você é o homem da minha vida. — Não... Idiota demais.

Jasper, que tal eu e tu, tu e eu, nós dois? — Pior do que adolescente analfabeto que passa o dia inteiro na internet.

Jasper vem “ni mim” que eu te quero! — depois dessa, eu levaria um soco bem no meio da cara!

Deus! Melhor parar com os pensamentos! Eu jamais saberia como falar com ele! Só me restava mesmo esperar o que aconteceria... Seria no susto. Eu falo, ele se assusta e me enche de pancada. Simples. Só não indolor...

Como eu queria não ser eu! Essas coisas de amor não eram mesmo pra mim! As mulheres só se aproximavam de mim por livre e espontâneo interesse, outras eu tinha que pagar e algumas... Algumas faziam parte da vasta lista de boas moças que minha mãe mantinha escondida no cofre. Mas, para melhorar ainda mais, eu me apaixonei! Claro que sendo eu, tinha que ter algum tipo de esquisitice... Eu tinha mesmo que me apaixonar por um homem! Que merda, hein?

Muito tempo depois, Jasper entrou em minha sala com um amontoado de papéis e aquilo não me animou... Eu teria que trabalhar! E eu bem pensando que não tinha mais nada a fazer...

— Algum problema, senhor? Quer que um café, água...? Ou algo mais forte, quem sabe?

Senti uma pontada de ironia na última parte, mas preferi não comentar. E eu queria alguma coisa sim, alguma coisa tipo ele, mas falar não seria legal.

— Posso ajudá-lo em alguma coisa? O senhor quer conversar?

— Me ajude não me chamando de senhor e agora não é o momento de conversar; mas se você puder ficar aqui após seu expediente, eu agradeceria muito.

Melhor chutar logo a porra do balde e quebrar o pé, a cara e o corpo todo. Daquele jeito, cheio de dúvidas é que eu não ia ficar! Não mesmo!

— Claro senhor. Não haverá problemas.

Fui deixado sozinho e não pude deixar de sorrir. O cara não conseguia me chamar pelo nome! Talvez, se eu implorasse... Quem sabe?

Como uma criança que aguarda a chegada do Papai Noel, a ansiedade tomava conta de mim. Cada mísero segundo que o ponteiro do relógio andava, meu coração acelerava mais. Eu ia falar com Jasper! Eu finalmente diria o que estava sentindo. E era tão assustador! Mais assustador do que Rosalie quando está com fome e na TPM.

Aos poucos as pessoas iam embora, Emmett se despediu de mim, assim como Rosalie. Aquela era a hora... Eles eram os últimos a sair, antes de mim... Em breve Jasper entraria em minha sala... Procurei por uma garrafa de whisky e um copo e tomei um grande gole. Porra, como aquilo ardia! Eu já tinha quase certeza que era falsificado mesmo.

A batida na porta fez com que uma gotinha de suor deslizasse bem pelo meio das minhas costas, causando uma cosquinha chata... Eu odiava aquilo. Jasper ficou da porta, me olhando, esperando que eu o mandasse entrar. Cara, se ele soubesse a vontade que eu estava dele... Eu não confiava em mim naquele momento.

Indiquei a cadeira pra que ele se sentasse e tornei a encher o copo, bebendo.

— Senhor... Está acontecendo alguma coisa? Algum problema?

— Sim. Está acontecendo alguma coisa e há um problema. — falei e coloquei mais bebida no copo, ingerindo logo em seguida.

Jasper ficou me olhando e eu fazia o mesmo; olhava pra ele. Nem se eu bebesse a garrafa inteira a coragem apareceria... Eu só teria uma dor de cabeça no dia seguinte.

— Eu sei que minha vida fora daqui é bem tediosa, mas ver o senhor bebendo é mais tedioso ainda. — disse ele e eu ri. Como era abusado! — Vai passar um especial com três filmes do Chaplin e vou acabar perdendo... Então, se o senhor puder adiantar o assunto, eu agradeço.

O Chaplin! Ele era tão legal! Aquele bigodinho engraçado... Eu gostava dele. Assisti muito aos filmes. Mas não era sobre isso que eu queria falar...

— Bem, eu vou falar o que é, mas lembre-se que estou bêbado e bater em alguém nessas condições é covardia. É um segredo! Shhhh... Não pode contar a ninguém.

— Tudo bem. Não contarei a ninguém. O senhor pode falar logo?

— Eu estou apaixonado! Não é o máximo?! Cara, eu estou apaixonado!

— Parabéns ao senhor e sua namorada. Mas acho meio complicado guardar um segredo assim por muito tempo.

Ué... Eu não havia dito que estava apaixonado por ele?

— Não tenho namorada. Estou apaixonado por um homem.

— O senhor é gay?!

Nossa! Como ele gritava!

— Shhhhh. É um segredo, lembra? E sim, eu sou gay. Olha o preconceito... Elton John é até casado e ninguém fala nada.

— Não é preconceito; foi surpresa mesmo. Mas, de qualquer forma, desejo felicidades.

Deitei minha cabeça sobre a mesa e suspirei. Como estava sendo difícil!

— Acho que sou a vergonha da comunidade gay, sabia? Como eles chamam? Comunidade, movimento, liga...? Enfim, sou a maior vergonha de todos os tempos! Não consigo dizer pra ele que o amo!

— Bem, sinto muito, mas não posso ajudá-lo com esse assunto. O senhor é quem deve contar e não o faça esperar muito.

Apenas fiz um sinal afirmativo com o dedo e ouvi sua cadeira sendo arrastada. Não, ele não podia ir embora! Eu era um bêbado, mas ainda não era um covarde! Levantei, tropecei no pé da mesa — pelo menos isso fez com que ele parasse pra me olhar — e segui meio torto em sua direção. Eu não ia conseguir falar mesmo... Mas ele ia saber... E depois, ele que me acusasse de assédio sexual!

O puxei pela camisa e nem dei tempo pra que pensasse; praticamente o ataquei. Enquanto eu o beijava, meu cérebro já estava maquinando formas de pedir desculpas... Mas... Tinha uma língua estranha dentro da minha boca. Jasper estava me beijando? Ele estava?! Então, vamos aproveitar!

Sua mão agarrou meus cabelos um pouco forte demais, mas não me importei; aquilo estava bom pra cacete. Quando eu pensei que não poderia melhorar; ele sugou minha língua e eu joguei tudo pro alto mesmo. Ou melhor... Jasper praticamente me atacou e me jogou contra a parede. Puta que pariu, puta que pariu, puta que pariu! Por que eu tinha esperado tanto? Aquilo era o paraíso!

— Mas o que é isso?!

Um grito fez com que nos afastássemos e quando vi quem era, tive ímpetos de jogar meu irmão pela janela. Ele não tinha ido embora? Ele tinha noção de que estava simplesmente atrapalhando meu momento love com meu futuro alguma coisa?

— Isso foi você interrompendo duas pessoas que estavam se beijando. — respondi e Jasper riu.

Por que ele ria de tudo? Eu nem era engraçado!

— Você sabe que ele é homem, não sabe? Sabe que ele tem as mesmas coisas que você, não sabe?

— Nem notei... É claro que eu sei que ele é homem! E eu estou apaixonado por ele, ouviu? Eu estou amando, cara!

Meu irmão ficou pálido e Jasper engasgou. Era hora da respiração boca-boca? Porque eu estava super disponível...

— Diz pra mim que esse é meu pior pesadelo, que estou sob o efeito de alguma droga que não me lembro de ter usado... — Emmett era dramático! — Como assim vocês estavam se beijando? Desde quando vocês são gays?!

— Senhor Emmett, creio que seja melhor conversar com seu irmão amanhã. Talvez o senhor não vá entender muita coisa, mas prometo que depois nós também conversaremos.

Como assim o Jasper, o meu Jasper queria conversar com meu irmão? Não pode! Homem meu não fica de papo com qualquer um!

— Gente, pelo amor de Deus... Isso é bizarro demais! Ed, irmão, todas aquelas vezes que eu te chamei de gay... Aquilo era brincadeira, cara! Não era pra você levar a sério.

— Emmett, eu sou gay! Aceite isso, mano. Nosso pai já sabe e até aceitou... Olha... Juro que quando me casar, você será o padrinho.

— Senhor Edward, é melhor irmos pra casa e amanhã resolveremos essa situação, ok?

Meu irmão gargalhou e eu fiquei sem entender. O álcool me deixava lesado.

— “Senhor Edward”? Depois de enfiar a língua na boca dele? Não me faça rir! Mas concordo que o melhor a se fazer agora é irmos pra casa. Deixo o Edward em casa e depois... Depois nós vamos conversar; senhor Jasper.

— Não! Vocês não vão ficar pertinho um do outro não! Ainda nem estamos juntos e já querem tirá-lo de mim? Homem é tudo igual! Nenhum presta!

— Edward, cale a boca e vamos embora. Juro por Deus que na próxima asneira, você vai levar um soco tão forte, que a bebedeira vai passar em dois tempos.

Me calei. Emmett tinha a mão bastante pesada e eu não queria sentir todo aquele peso. Minha cabeça já doeria o suficiente no dia seguinte.

— Senhor, acompanhe seu irmão, sim? Depois conversaremos.

Assenti e, antes de sair, ainda peguei Jasper e o beijei mais uma vez. Eu dormiria com os anjos...

Ignorei todas as perguntas de Emmett e os olhares estranhos de Rose. Eu estava amando, porra! Eu tinha beijado o cara por quem eu era apaixonado! Existia felicidade maior? Existia? Eu desconhecia...

Meu irmão me deixou em casa e ouvi um puta de um sermão de Alice, porém, quando eu disse o que havia acontecido, ela pulou sobre mim, fazendo com que caíssemos. Bêbados não possuem um bom equilíbrio. Pena que descobri isso quando minha cabeça já tinha batido no chão.

Alice? O que Alice estava fazendo em casa e por qual motivo eu contei aquelas coisas pra ela? Por qual motivo ela ficou feliz? Meu pai já tinha aberto a boca? Nada daquilo importava... Eu só sei que antes de dormir, mandei uma mensagem ao Jasper, dizendo apenas: eu te amo!

No dia seguinte parecia que tinha uma escola de samba batucando dentro da minha cabeça, meu estômago... Sabe quando a gente sai de uma montanha-russa? Então, estava pior do que isso. Não daria pra ir à empresa daquele jeito e, mesmo sabendo que não conseguiria comer nada, acabei descendo.

Meu pai estava radiante, assim como minha mãe, que só faltou ajoelhar e acender velas em agradecimento pelo milagre. Minha família era estranha. O tema central do café foi o que eu havia feito na noite anterior e ainda tive que ouvir minha mãe dizendo que eu tinha que falar com Jasper e pedir desculpas por ter me declarado estando alcoolizado. Bem, ela havia percebido que Jasper era homem e que homens não ligam pra essas coisas? É quando estamos bêbados que ficamos mais sinceros, que viramos melhores amigos, que encontramos parceiros de bar pra vida toda. Pelo menos havia isso de bom; eu não precisaria me desculpar por chegar tarde, não precisaria mandar flores, bombons... Eu não precisaria dizer “eu te amo” a cada meio segundo...

E minha mãe estava feliz! Cara, ela havia mesmo aceitado aquilo! Que loucura...

Antes de sair, meu pai me chamou no escritório e não pude definir o que vi em seus olhos, mas tinha algo parecido com sacanagem.

— Você finalmente se declarou! — disse ele e sua voz era tão irônica que pensei ter perdido algo — Agora é que vem a parte boa...

— E você já namorou algum homem pra saber qual seria essa parte?

— Não meu filho, mas é a mesma coisa que acontece em um relacionamento heterossexual... Romance, beijo, amasso... Os “finalmente”... Espero que você esteja preparado pra isso.

Puta que me pariu ao quadrado! Eu não tinha pensado no assunto por esse ângulo... Posso voltar atrás e deixar de ser gay? Porque, sinceramente? Eu não estava mesmo preparado pra nada, absolutamente nada entrando em parte alguma do meu corpo.

Não... Eu não queria aquilo pra mim. De forma alguma. Jamais. Nunca. Não, não e não! Definitivamente, não!

Mas... Eu amava Jasper, não? Sim, sem sombra de dúvidas. Então, eu seria muito macho e... Aguentaria qualquer coisa.

— Pai, eu realmente amo o Jasper e bem... Sexo faz parte.

— Claro, claro. Repete isso pra mim depois da primeira noite de vocês. — porra, meu pai queria acabar comigo! — Bem, fique em casa. Mais tarde nos falamos.

Eu fiquei ali, parado, fitando o nada e pensando em tudo. Mas que merda! E o pior é que eu nem sabia se tinha qualquer relacionamento com Jasper! Ele simplesmente não disse nada! E eu muito menos sabia que ele era gay ou algo assim. Aquilo estava estranho... Ou, como diria minha mãe: tinha caroço naquele angu.

Alice entrou com uma xícara em mãos e a estendeu pra mim. Eu já sabia que o gosto daquilo seria péssimo, mas aceitei e bebi assim mesmo.

Ela me abraçou, beijou, disse que me amava, que estava feliz por mim, que nosso pai havia contado tudo e que não nos avisou de sua chegada porque queria fazer surpresa. Eu realmente estava feliz por vê-la, por ouvir suas maluquices...

— Vai ficar tempo suficiente pra fazermos um programa de irmãos? — perguntei e ela sorriu, beijando minha bochecha.

— Eu vim pra ficar, maninho!

Aquilo me deixou mais feliz ainda. Ter minha irmã perto de mim...

— E eu quero conhecer esse Jasper!

— Nem sei se ele vai querer olhar na minha cara amanhã... Eu o ataquei, Alice. Enfiei minha língua dentro da boca dele!

— Hum... E ele te afastou, te bateu ou fez algo assim? Não! Ele te quer, seu idiota!

Era muito melhor acreditar naquilo, muito melhor mesmo!

Passei o dia inteiro sendo paparicado por minha mãe e minha irmã e confesso que já estava morrendo de saudades de Jasper... Eu queria saber como ele estava depois de tudo aquilo, se gostava mesmo de mim, essas coisas...

Eu já estava adormecendo no sofá quando meu celular apitou e eu dei um salto ninja, evitando que Alice o pegasse antes de mim. Se fosse meu Jasper me mandando alguma foto sensual, eu não queria mesmo que minha irmã visse... Cliquei pra abrir a mensagem e sorri, o nome dele estava ali.

“Eu também te amo, senhor Cullen.”

Puta que me pariu! Os pelinhos da minha nuca arrepiaram com aquele “senhor Cullen”... E ele me amava! Rá! Ele me amava! Levantei e fiz a dancinha da vitória; minha mãe e Alice riram de mim... Elas não me entendiam... E eu estava ansioso... Quando me encontrasse com Jasper, o pegaria de jeito! Ah, se pegaria...


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