Pequena Travessa escrita por Arline


Capítulo 20
Capítulo 20 - SEGUNDA TEMPORADA


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Demorei, eu sei, mas cheguei com o último capítulo da fic! Espero que vocês gostem e não queiram me matar, pois ele, por inúmeras razões, foi muito difí­cil de terminar.

Como eu sei que a maioria não lê as notas finais, agradeço aqui a todas que me acompanharam ao logo de todo esse tempo, que aguentaram bravamente a demora e surtaram comigo a cada nova maluquice desse casal. Pode não parecer, mas vocês me ajudaram muito durante o tempo que estivemos juntas aqui.

Assim como Edward e Bella, tentem levar a vida com mais leveza e graça, senão a gente pira com esse mundo louco que temos que enfrentar todos os dias. Garanto a vocês que não é nada fácil colocar a cara na rua todos os dias e enfrentar o mundo inteiro, depois voltarmos pra casa e fingir que nada acontece.

Espero ter levado um pouco de riso a vocês e que mesmo não parecendo, a história tenha lhes ensinado algo, porque sempre aprendemos alguma coisa, por mais que pensemos que algo seja insignificante.

Obrigada por cada comentário. Vocês foram incríveis comigo e com esses personagens loucos.

Obrigada por cada uma das recomendações - Kah, a sua foi a última, então eu deixo aqui meu muito obrigada, Trombadinha! E obrigada pelos banners, pela paciência e por surtar comigo a cada trechinho escrito.

Bruna, eu nem tenho palavras pra agradecer. Juro por Deus.

Teremos um bônus, mas aqui nos despedimos oficialmente de PT.

Agora, deixo com vocês o último capítulo de uma fic que meu deu um imenso prazer em escrever.

A todas, um beijo e meu muito obrigada.

Vamos surtar?



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CAPÍTULO 9

Mais um montão de anos depois...

Eu olhava bem sério pra cara de cada um dos meus filhos, querendo saber se eles haviam entendido direito o que eu acabara de lhes dizer. Samara, Clara e Lara balançavam a cabeça como se eu fosse algum retardado, enquanto Charlie, Anthony e Raphael prendiam o riso e olhavam pra mãe.

— Quem está falando com vocês sou eu! Olhem pra mim! — gritei, chamando a atenção deles — Vocês entenderam bem o que eu disse, não entenderam?

— Claro! Depois da gritaria, é lógico que entendemos! O senhor pode estar velho e surdo, mas nós ainda escutamos.

Samara me chamou de velho surdo ou eu não ouvi direito?

— Garota, eu acho bom você pensar bem antes de me chamar de velho! O velho aqui paga a fatura do seu cartão de crédito, e eu vou adorar ligar pra cancelá-lo.

Aquela menina era pior que Charlie. Eu sabia que aquele nome não nos traria coisa boa... Capeta igual ao irmão e assanhada igual a mãe. Linda, mas assanhada.

— Quer que eu anote o número pra que o senhor ligue depois? Eu faço isso com o maior prazer!

Ah, filha da mãe! Ela achou que eu estava brincando? Imediatamente pedi que Bella me trouxesse o telefone e liguei para o banco, onde pedi o cancelamento do cartão de crédito. Os olhos verdes brilhavam por causa do choro contido, mas ela não abaixava a cabeça e ainda empinou mais o nariz como se me desafiasse. Aquela peste estava com quinze anos, mas me dava muito mais trabalho do que quando era criança... Chegou em casa com um furo na língua e uma tatuagem na bunda. Quase arranquei sua pele de tanto que esfreguei até aquela merda sair. Se ela tivesse dito que era temporária, eu não teria esfregado tanto... E eu digo pra vocês que não foi nada agradável entrar no quarto da minha filha e pegá-la nua. Pelo amor de Deus... Eu passei talco naquela bunda branca, mas não queria ver mais não... E aquela merda daquele piercing era de pressão, mas deve ter doído bastante quando eu o puxei de sua língua. Bem feito.

— Pronto. Agora que já resolvi esse problema, volto a perguntar: vocês entenderam o que eu falei?

— Entendemos. — a resposta veio dos seis de uma só vez, me deixando até tonto.

Eu havia conversado com eles muito seriamente a respeito de suas vidas e pedi pelo amor de todos os santos que eles conheciam, que nunca, nem se estivessem passando fome, aceitassem um emprego na empresa que foi do meu pai. Trabalhar lá dá muitos frutos... Eu tinha seis bem na minha frente.

— Podem sumir agora. Já foram?

— Velho esclerosado. — Samara resmungou.

— Esclerosado, Sammie? — usei o apelido que ela odiava mais que tudo no mundo — O velho esclerosado aqui está te colocando de castigo por dois meses, meu amor. Sem celular, sem internet, sem shopping, sem casa de coleguinha no final de semana... Papai te ama, está bem?

— Claro.

Ela saiu da sala muito puta da vida e batendo o pé, mas não me xingou mais. Bem, não pra que eu pudesse escutar...

Bella me olhava não muito satisfeita, mas nada do que ela fizesse poderia mudar minha decisão quanto ao castigo. Samara era terrível demais pra que eu a deixasse solta. Eu queria que meus filhos fossem boas pessoas e depois que meu pai morreu, percebi o quanto seus puxões de orelha me faziam falta; eu não queria que meus filhos sentissem minha falta só depois que eu morresse. Eu os queria bem, sabendo que eu os amava e que tudo o que eu fazia era para que eles não precisassem sofrer com erros que poderiam ser evitados com uma conversa.

O que me consolava era saber que meu pai morreu feliz e sorrindo. Eu estava com ele quando aconteceu; era um domingo raro de sol e estávamos todos em sua casa para a reunião do terror — família reunida é o terror mesmo — e quando ele disse que ia tirar um cochilo, algo me impulsionou a subir com ele. Nós conversamos por longos minutos, talvez horas, relembramos fatos engraçados, eu agradeci por ele ser meu pai e ele disse que me amava, depois riu e disse que aquela coisa de muito amor estava estranha demais e riu outra vez. Um segundo depois ele fechou os olhos e sua mão meio que escorregou das minhas, e eu vi que nada mais poderia ser feito.

Emmett me zoava, mesmo sofrendo. O infeliz dizia que eu matei nosso pai de rir. Minha mãe dizia que ele preferiu morrer a ouvir minhas piadas sem graça. Todos nós sofríamos muito com a perda, mas se não levássemos a vida com bom humor, acabaríamos por enlouquecer ao imaginarmos que tínhamos mãe, irmãos, filhos e que qualquer coisa poderia tirá-los de nós. E eu não me sentia culpado ou coisa assim; ele me viu nascer e eu o vi seguir para uma nova vida.

Papo sério pra um cara retardado como eu, não é? Pois é... Eu envelheci e passei a acreditar em coisas que antes me pareciam besteira. Se antes eu não tinha certeza sobre o Deus do qual tanto falavam, depois dos meus filhos eu passei a acreditar n’Ele piamente e até frequentava a igreja aos domingos. Percebi que eu precisava agradecer por ter tido tanto na vida. E eu gostava de acreditar que o passar dos anos me transformou em um ser humano melhor. Claro que minha idiotice seguiria comigo até meu último suspiro, mas alguma coisa mudou.

Bella continuava sendo a melhor coisa em minha vida, e mesmo dez anos mais nova que eu, não existia o medo de que ela pudesse se interessar por um idiota mais novo. Nós nos amávamos. Aquele tipo de amor que só acontece uma vez na vida e dura até que a vida acabe. Talvez continue depois dela também.

— Ei... Você está bem, amor? — e lá estava ela, preocupada e com a mão entre meus cabelos já não tão dourados assim... Muitos fios brancos pra um cara só. O primeiro foi doloroso...

— Tudo bem. Só me lembrei do meu pai.

— Você o teve por muitos, muito anos, Edward, e foram felizes. Já passei por isso e sei o quanto dói, mas você ainda tem sua mãe e precisa ser forte, sim?

Minha mãe... Dona Esme estava se mantendo de pé, mas eu não sabia até quando e não estava preparado para perdê-la. Eu amava aquela velhinha de cabelos brancos e mais rabugenta que tudo. E nós ainda brigávamos! Ah, brigávamos! Ela não queria morar comigo nem com Emmett, e como Alice resolveu mudar-se novamente para Paris levando o encosto do marido, minha mãe ficava sozinha em casa.

— Eu acho que virei um velho saudosista, sabia? Tenho pensado muito no meu pai.

— Claro que tem... Samara é igualzinha a você até no retardamento e na mania de chamar o pai de velho. Nossa menina te faz lembrar como você era com ele, só isso.

— É, mas não é por eu estar velho que ela vai me sacanear não! Eu ainda posso dar umas boas palmadas naquela bunda branca!

Bella riu e escorregou do braço do sofá para sentar-se em minhas pernas. Ela ainda era bem gostosa e eu ainda tinha muita força nas pernas e no meu pinto torto.

— Você é um cinquentão bem gostoso, amor. Semana passada, quando os meninos trouxeram as meninas da faculdade aqui, eu vi como elas te comiam com os olhos. Essas meninas de hoje em dia... Juventude perdida essa, viu?

— Não seja cretina, Bella... Você era pior do que elas, amor.

— Eu era, mas nunca olhei pra homem casado não! Se eu respeito os homens alheios, quero que respeitem o meu, ora essa!

Eu ri. Os anos passavam e Bella ainda não conseguia assimilar que eu era dela e que nenhuma garotinha de faculdade chamaria minha atenção.

— O que elas fazem com os olhos não me interessa nem um pouco; o importante é que eu te amo e jamais te desrespeitaria desse jeito. Passamos por tanta coisa juntos... E continuamos aqui, juntos. Você acha que qualquer garotinha de faculdade teria aguentado?

— Só se fosse louca como eu. Então eu acho que não corro risco algum, porque a única pessoa do sexo feminino que é tão louca quanto eu, tem o seu sangue e te chama de pai. E era pra eu ter sido uma garotinha de faculdade, ok? Mas você resolveu me engravidar...

Tive que rir... Eu resolvi engravidá-la! Como se eu pudesse conversar com meu pau e dizer: vamos lá, cara! Hoje nós vamos engravidar a Bella! E eu tinha pena do cara que entrasse na vida de Samara... Esse ia sofrer, viu? Lara e Clara eram tão calmas que às vezes eu me esquecia de que elas estavam em casa. Todas elas eram a cópia da mãe; loiras, olhos verdes e um temperamento do cão, mas eu as amava, por mais que me atentassem de vez em quando.

Se eu chorei quando os meninos nasceram, com elas foi muito pior... Eu queria abraçar a qualquer pessoa que me aparecesse pelo caminho e tomei o último porre da minha vida. Bebi muito mesmo. Emmett teve que me dar banho e me deixar na cama, porque eu não sabia nem onde estava. E minha promessa de capar o engraçadinho que se metesse com elas ainda estava de pé! Um moleque sem mãe se atreveu a ligar pra minha casa e pedir pra falar com Clara, e eu o deixei ciente de que se ele ousasse ter pensamentos libidinosos com a minha filha, ele não teria uma ereção nunca mais.

Bella dizia que uma hora ou outra as meninas começariam a namorar, isso se já não estivessem com seus namoradinhos às escondidas, e que eu tinha que estar preparado pra quando um cara meio estranho batesse à porta e viesse pedir formalmente para apertar os peitos de uma delas. Nunca que eu estaria preparado! O pai de Bella já estava morto quando nos conhecemos, mas Jasper, que ainda era um homem honrado, não um golpista, me ameaçou e fez o papel de pai. Os meninos apoiariam as irmãs, claro, mas a coisa ficaria muito séria pra qualquer engraçadinho...

Dos meninos, apenas Charlie não parava com namorada nenhuma. Eu sabia que ele não valeria muito, sempre soube. Enquanto Anthony e Raphael estavam namorando a mesma menina desde os dezoito anos, Charlie apresentava uma a cada semana, e eu já não tinha mais o que dizer a ele. Conversar e explicar que mulher não era nem nunca seria um objeto que ele trocaria sempre que se sentisse enjoado já não adiantava mais, então eu o proibi de levar qualquer garota pra casa. Eu ainda não havia aberto nenhum motel pra ter que aturar rodízio e gemidos que não fossem os meus e os de minha mulher.

E o assunto virgindade também rondava minha casa ultimamente... Minha esposa gostava mesmo de me lembrar de que eu tinha TRÊS filhas e que mais cedo ou mais tarde, tudo começaria a desandar... Bella gostava de me torturar, era isso. A única coisa que eu disse quando tivemos “A” conversa foi: apareçam grávidas e eu não quero olhar pra vocês nunca mais. Casadas e na casa delas, tudo bem, mas engravidar de um estranho qualquer e largar pra eu criar? Nem morto! E não foi diferente com os meninos não... Eles sabiam que se colocassem aqueles pintos pra trabalhar sem capinha de proteção e rendesse frutos, eles teriam que arcar com as responsabilidades e meter o pé da minha casa. A gente explica e ensina, mas se não quiserem dar ouvidos, que se lasquem sozinhos.

— Edward, eu acho melhor subirmos. Você saiu de órbita, amor.

— Estava pensando. Os meninos já estão com vinte e dois anos... Parece que foi ontem que nós descobrimos que eles estavam chegando. E nossas meninas...

— Demos conta do recado direitinho, sabia? Eles são incríveis, querido.

Uma coisa boa que o passar dos anos trouxe foi que Bella já não me chamava mais de jumento, idiota, ogro... Agora eu era “amor”, “querido”, “meu bem”... Ser velho é bom, gente! As pessoas de nossa família nos tratam melhor por acharem que velhinhos podem se magoar com qualquer coisa. Tirando Samara, claro. Aquela ali era capaz de chamar de velho só pra magoar mesmo. Bicha ruim, viu?

— E continuamos loucos por eles.

Sempre seríamos, por mais que eles estivessem grandes.

Antes de chegar ao meu quarto passei pelo quarto de cada um dos filhos e verifiquei se estavam cobertos. Todas as noites eu fazia aquilo, e não dormia enquanto os meninos não estivessem dentro de casa. E eu tive mesmo que comprar outra casa... Embora Renée tivesse resolvido morar com Charles, ainda não teríamos quartos suficientes pra todos e eu sempre achei que eles precisavam de privacidade; se quisessem dormir no mesmo quarto uma vez ou outra, tudo bem, mas era importante que pudessem ter cada um o seu cantinho. Eram iguais na aparência, mas muito diferentes no resto. Anthony não mais jogava vídeo game, mas Charlie era viciado naquilo e ficava horas jogando. Raphael adorava ler e ficava até de madrugada com a luz do quarto acesa, sempre com um livro na cara. E Anthony escutava umas músicas estranhas onde ninguém cantava e achava que todo mundo era obrigado a ouvir com ele. Daria certo deixar os três em um só quarto? E as namoradas? Não... Melhor mesmo cada um em um canto.

As meninas também eram parecidas e diferentes. Lara e Clara gostavam de ler, ver televisão e ouvir música — tudo ao mesmo tempo. Mas Lara não gostava de rock, enquanto Clara só ouvia a esse estilo. Lara adorava filme de terror, mas Clara só assistia a filmes de romance. E eu nem procurava saber muito sobre os livros, só pagava a conta das compras. E Samara não gostava de nada. Aquela menina era do contra.

E eu estava justamente saindo de seu quarto quando a ouvi me chamar. Os cabelos longos e loiros estavam espalhados pelo travesseiro, e a luz do corredor me deu um pouquinho do brilho dos olhos verdes. Voltei para perto de sua cama e me sentei quando minha pequena se afastou um pouco.

— O que foi? Não consegue dormir?

Ela só balançou a cabeça, respondendo afirmativamente à minha pergunta.

— Está sentindo dor? Quer que o pai conte uma historinha? Os Três Porquinhos ou Cinderela?

Ela riu e revirou os olhos igual sua mãe fazia.

— Pai, eu sou uma boa pessoa?

Aquela pergunta me pegou de surpresa. Claro que ela era uma boa pessoa. Meio atentada, mas isso não queria dizer que ela era ruim.

— Pequena, é claro que você é uma boa pessoa. A não ser que esteja matando gatinhos por aí, mas porque a pergunta?

Ela riu outra vez, me fazendo rir também.

— Eu estou sempre brigando com você e as pessoas dizem que eu pareço estar sempre de mau humor... Acho que não gostam muito de mim.

Merda, merda, merda! O quê estava acontecendo à minha filha? Ai daquele que a estivesse fazendo sofrer!

— Eu te amo e já sou muita coisa, ok? Seus irmãos também te amam, então somos quatro homens te amando; você não precisa de mais nenhum. — ela riu — E nós brigamos porque somos parecidos demais, meu amor. Não chega a ser uma briga; eu só quero o seu bem e acabo me excedendo um pouco no cuidado.

— Eu sei. Eu também amo você, velho.

Aí! A gente dá amor e carinho e a desgraça nos chama de velho!

— Seu jeito é assim mesmo, meio retraído quando não conhece alguém de verdade, e sempre que olha para os outros, uma ruguinha se forma bem no meio da sua testa. Talvez seja por isso que estão achando que você vive mal-humorada.

— Está bem. Você pode ficar aqui até eu dormir?

Nem falei nada, já fui tirando meu chinelo e empurrando aquela coisinha mais um pouco até que fiquei sentado com as costas apoiadas à cabeceira da cama. Samara me olhava sem entender muito bem, mas nada disse. Não precisei de muito esforço para arrastá-la e deixá-la em meu colo, como eu fazia quando ela ainda era um bebê branquelo e sem dente. Ela ainda era meu bebê — um pouco casca grossa, mas meu bebê —, e eu a ninaria até que dormisse.

— Prontinho. O pai está aqui e agora você pode dormir.

— Obrigada.

Fiquei ali até um pouco depois de Samara estar dormindo tranquilamente. A danada era durona e não gostava muito de demonstrar seus sentimentos, mas era uma manteiga derretida e quando gostava de alguém, era pra valer. Éramos mesmo muito parecidos, talvez por isso nos amássemos tanto.

Eu lembrava perfeitamente da noite em que ela nasceu; o frio, o medo de Bella não conseguir, os meninos sentindo meu nervosismo... Samara foi a primeira a nascer, e quando eu vi aquela coisinha miúda que chorava a plenos pulmões, não tive dúvidas quanto ao nome... Só poderia ser minha pequena meliante. Mas suas birras sempre eram esquecidas quando ela, já um pouquinho maior, me dava sorrisos bonitos e me chamava de “Edadi”. Nada no mundo fazia aquela menina me chamar de pai! Eu tive que começar a subornar com doces pra que ela dissesse meu tão sonhado “papai”.

Em meu quarto, Bella estava deitada e coberta até o queixo quase, me fazendo sentir saudades da época em que ela preferia ficar nua. Meu Deus... Fazia tempo! Dali um ou dois anos estaríamos transando por pensamento — isso se eu conseguisse manter de pé o meu companheiro imaginário.

— Demorou, hein? Será que já é reumatismo?

Era melhor ignorar, não era? Não, não era. Mesmo velho e com um pinto mais ou menos, era comigo que ela ainda transava e eu não poderia dispensar sexo naquela idade. Chegaria a época em que sexo seria igual ao Natal: uma vez por ano.

— Eu estava vendo filme pornô, uma vez que minha mulher não se interessa mais por atividades sexuais. Nenhuma delas.

— Você já foi engraçado, Edward... Na sua idade, assistir a filme pornô pode causar infarto.

Filha da mãe. Filha da mãe. Filha da mãe. Eu não me achava velho realmente, mas como todos diziam que eu já era um ancião, preferi acompanhar a maioria. Nem era pela idade que falavam isso; era por eu ter me tornado um chato mesmo.

— Meu consolo é saber que continuaremos juntos, querida. Nenhum garotão vai te querer... Mãe de seis filhos? Nem um garoto de programa! Sua bunda está murcha, seus peitos caíram, as celulites batem papo uma com a outra...

Tudo mentira, mas era bom zoar a cara de Bella. Ela fazia aquilo comigo toda hora... Ficava dizendo que eu estava barrigudo, ficando careca e com incontinência urinária. Resumindo: me chamava de velho.

— Sabe o que eu acho, velho? Você continua apaixonado por mim, eu não teria mais pique pra correr atrás de um garotão, então teremos que nos aturar até que um de nós fique tão velho que nem lembraremos mais o caminho de casa.

— Assim está bom pra mim.

Ela deu de ombros e sorriu. Eu sabia que estava ótimo pra ela.

Os cabelos longos sumiram há tempos atrás, deixando a nuca à mostra, mas o que eu gostava mesmo era de ter seu pescoço mais disponível. Como eu não havia percebido antes que cabelos curtos também eram bons? Então eu me aproveitei disso e, me deitando ao lado de Bella, passei a distribuir beijos por ali, mas sem outra intenção senão a de fazer um carinho. Sexo era importante, claro, mas aprendemos que não era a única coisa que mantinha nosso casamento.

— Amor, o que está acontecendo? Hoje você está me parecendo tão triste...

Bella virou-se para mim e enfiou os dedos por entre meus cabelos, me fazendo lembrar o quão branco eles já estavam. Será que ficaria estranho se eu os pintasse?

— Não estou triste, só me dei conta de que estou envelhecendo.

E isso me dava um medo desgraçado! Eu não tinha medo de morrer, esse é o fim de todos nós, mas o medo de ficar velho e dependendo dos outros me deixava mesmo nervoso. Eu ficava pensando como seria se eu não conseguisse mais levantar da cama ou comer sozinho, ou então, se Bella ou meus filhos precisassem me dar banho, remédios... E quando eu começasse a me esquecer de tudo? Quando eu não enxergasse mais direito?

— Eu também estou. Querido, nós vamos continuar a aproveitar nossa vida como sempre fizemos; só que agora sabemos como fazer isso de verdade. Não fique se preocupando com a velhice; isso é psicológico.

Psicológico... Vou passar a conversar com meu pau e dizer que não funcionar é psicológico, coisa da cabeça dele... Que psicológico que nada! Envelhecer estava acontecendo bem diante dos meus olhos! Mas Bella estava certa ao dizer que sabíamos aproveitar a vida. Eu preferi não continuar aquela conversa e acabei me levantando para escovar os dentes e colocar meu pijama. Agora era assim... Nada de dormir sem camisa; velhinhos ficam doentes com facilidade, e ainda bem que meus dentes ainda eram meus, porque seria mesmo o fim eu ter que tirá-los e deixá-los em um copinho com água. Meu Deus, que isso jamais aconteça...

Duas semanas depois...

Gritaria. Assim era o café da manhã aos finais de semana... Pareciam um bando de esfomeados. Eu não mandava mais que comessem de boca fechada ou que parassem de gritar e xingar um ao outro; que se matassem!

Lara e Clara comiam migalhas de pão e tomavam uma vitamina muito nojenta, mas que diziam ser para manter a forma. Pra quê, meu Deus? Se emagrecessem mais um pouco, eu veria os folículos capilares de cada uma delas com clareza. A participação delas no falatório se dava por um ou outro “aham”, “idiota é seu rabo” e “vá se ferrar”. Meus filhos se amavam.

Samara estava estranhamente calada e só respondia se um dos irmãos a atacasse com pedaços de pão ou chamando-a de menina do poço. Aquilo me deixava puto, muito puto. Dizer que eu ficava puto era ridículo pra um velho? Enfim.

Os meninos falavam por todos, e eu juro que nunca ouvi tanto palavrão em um curto espaço de tempo. Qualquer um ficaria tonto com a quantidade de palavras por minuto que eles conseguiam falar. Quer dizer... Não Bella. Ela simplesmente usava um tampão no ouvido e só o retirava depois que os meninos saíssem. Boa estratégia...

— Ah! Pai, eu me lembrei de uma coisa. — olhei bem pra Anthony. Aquele menino estava com cara de quem não dormiu.

— E você consegue pensar, falar, comer, xingar e ainda se lembrar de alguma coisa? — Lara se meteu na conversa.

— Cale a boca, espiga de milho desidrata! Ninguém falou com você. — foi a vez de Charlie e eu concordava com ele.

— E alguém te chamou na conversa, seu babaca ridículo? — Clara...

— Ou vocês calam a boca agora ou vão calar quando perderem os dentes. Isso cansa, sabia? — foi minha vez.

— Mas eu tenho algo a dizer, os outros que se meteram. — e volta Anthony...

Melhor deixar falar e acabar logo com aquilo... Eu estava pensando seriamente em abolir o café da manhã em família. Nunca deu certo mesmo!

Fiz um gesto qualquer e que não queria indicar nada, mas Anthony tomou aquilo como consentimento e voltou a me olhar.

— Eu só quero pedir, pai, que o senhor e a mamãe sejam mais silenciosos, sabe? Eu não sou obrigado a ouvir certas coisas durante a noite.

Ele estava mesmo falando sério? Depois de meses eu consegui ter uma noite de sexo selvagem com a minha mulher e meu filho estava reclamando? Eu não escutei aquilo...

— Engraçado... Eu pensei que a casa ainda era minha... E mais uma coisa, Tonyzinho, prefiro ouvir ao que acontece em meu quarto a ter que escutar os apelidos carinhosos que você troca com a sua danadinha assanhada. O pior de todos foi o pituquinho... Nem quero imaginar ao que ela estava se referindo, Pituco.

Era pra sacanear? Eu ainda era bom naquilo! A prova era todos rindo enquanto Anthony parecia que ia explodir de tão vermelho.

— Raphael, pare de rir, sim? A sua delicinha branquinha te chama de Buzinho. Juro que eu ri quando descobri que era uma homenagem ao Buzz Lightyear.

Mais risada e mais um filho vermelho... Ainda faltava um.

— E você, Charlie? Ou seria Jimmy Ringo, O Gatilho Mais Rápido do Oeste?

No dia que eu escutei uma menina reclamando e o chamando de Jimmy Ringo, logo vi que o menino tinha sido muito, muito rápido mesmo com a coisa toda... E a menina era sabida! Citar um personagem de um filme de 1950 não é pra qualquer um...

— Foi uma maldita vez, pai! Uma!

— Não interessa. E espero que tenha ficado claro que aqui é a minha casa, não o motel de vocês.

Não precisei dizer mais nada; eles se calaram e terminaram o café em paz, sem um pio sendo ouvido. Até as meninas se calaram e eu fiquei preocupado... Seria ruim para meu coração se eu imaginasse o que era dito dentro daqueles quartos...

O dia foi silencioso em sua maioria. Os meninos foram encontrar com suas namoradas e as meninas, exceto Samara, foram perturbar a avó. Pobre da minha mãe... Eu pedi que ela viesse passar o fim de semana conosco, mas ela fincou os pés no chão igual mula brava e disse que não, então suas netas foram até ela. Bem fazia Renée que se mudou e estava muito bem sem ninguém azucrinando sua paciência.

Bella pouco falou, parecia meio aérea, e eu preferi deixá-la quieta, mas o estranho mesmo era ter minha filha tão calada e amuada no sofá, olhando o nada. Samara nunca foi de ficar daquele jeito, estava sempre rindo e falando alguma besteira, e eu preferi acreditar que sua reação não era por causa do castigo.

Eu estava quase tirando meu cochilo da tarde, mas daquele jeito, com minha filha e minha esposa tão estranhas, eu não conseguiria dormir em paz.

— Está bem. Vocês estão estranhas e eu não estou gostando disso. Podem colocar pra fora. — eu falei tudo de uma vez, assustando as duas e a mim mesmo. O silêncio era mesmo silencioso...

Samara olhou pra mãe, que olhou pra Samara, que me olhou. Certo. Fodeu. Ela estava grávida e eu ia matar o desgraçado que tirou a inocência da minha pequena e esquisita filha.

— Samara Cullen Swan, eu espero mesmo que você não esteja querendo me contar que eu serei avô.

Que nome de peso, hein? Eu ainda não gostava dele nem um pouco... E de todas as piadas de Charlie, aquele nome era a piada mais sem graça! Ele soube sacanear a irmã direitinho.

— Grávida ela não está, mas que já arrumou um candidato, isso é verdade!

Ah, minha nossa senhora protetora dos pais de meninas, dai-me forças!

Apertei meus dedos em minha grande cabeça e respirei fundo, não querendo acreditar que minha pequena estava namorando. Logo ela?

Não! Minha filha era linda e qualquer um poderia gostar dela, mas das três, Samara era a única que não demonstrava, ainda, interesse por garotos. Ela não demonstrava interesse por nada na verdade, sendo uma típica adolescente alienada.

— Menina, como isso foi acontecer, pelo amor de Deus?

— Eu segui seu conselho, pai. Eu sorri!

Dor. Coração doía? O meu estava doendo bem naquele momento. Era minha culpa que um safado mirim estivesse atrás da minha filha! Minha culpa!

— Pois tire o sorriso da cara e volte a ser só a minha filha!

Bella me olhou feio. Samara me olhou feio. Eu olhei feio pra elas.

Era por causa do namoradinho que Samara estava com aquela cara triste... Sem celular e sem poder sair, ela só podia se comunicar com ele na escola, e isso só aconteceria na segunda-feira.

— Não volte a ser um idiota, Edward... Nossa filha merece um namorado.

E ele merecia que eu o matasse.

Pensei por uns dez ou vinte minutos. Talvez uma hora. Não ia adiantar proibir, me desesperar ou brigar; era hora de orientar.

— Filha, eu quero esse menino aqui em casa em meia hora. Teremos uma conversa muito legal.

Eu quase vi o diabinho em meu ombro, me dando ideias bem aprazíveis... Arrancar o filhote de pinto daquele menino me pareceu uma boa saída... Nada de bebês, nada de netos, e minha filha virgem como deveria ser até o dia em que ela morresse.

Bella pediu que eu fosse mesmo legal, Samara correu para o telefone o foi muito melosa ao dizer um simples “oi”, e eu estava sentado, maquinando como dar aos pais daquele menino a notícia que ele estava morto. Ou capado. E chegar em menos de meia hora seria sua primeira prova... Se demorasse trinta e um minutos, já estava mais lascado.

— Qual é o nome do futuro defunto?

— Pai... — Samara quase gemeu de dor ao dizer isso e sentou-se em minhas pernas, afundando a cabeça em meu peito — Seja legal com o Harry, ele gosta de mim.

Esse nome não me era estranho... As meninas falavam muito de um tal de Harry que era bruxo e viviam lendo os livros e vendo filmes sobre ele. Isso! Minha filha enlouqueceu e namora o personagem de um livro! Melhor ter uma filha louca do que ter uma que não seja mais virgem. Mas não... Samara não lia nada e não era muito de filmes. Infelizmente, o garoto existia mesmo.

— Serei tão legal que ele nem vai querer gastar sola de sapato vindo aqui para me ver outra vez.

Mesmo um tanto insatisfeita, ela agradeceu por eu não ter pirado e aumentado seu castigo. Ah, mal sabia ela que eu estava bolando um cinto de castidade... Era só o meliante tentar ultrapassar a barreira da calcinha pra que seu filhote de pinto fosse espetado. Os pais de meninas me agradeceriam por essa ideia.

A campainha de casa soou um minuto antes da hora estipulada, me fazendo resmungar. Eu disse MEIA HORA, não vinte e nove minutos. Menos um ponto pro safado.

Samara correu pra atender e foi bem sabida ao não beijar a criatura que se apresentava; um tico de gente que não batia no meu peito nem com aqueles cabelos espetados. Tive vontade de rir. O menino mais parecia uma lagartixa albina e eu pensei que minha filha merecia coisa melhor.

— Pai, esse é o Harry. Ele não é bonitinho?

Sério isso, Samara? Não precisava de mais nada pra que a criatura soubesse que poderia fazê-la de empregada e ela sorriria.

— Boa tarde se...

— Não, não é uma boa tarde. Sente-se e fique calado.

Bella me deu uma cotovelada nas costelas, quase causando uma fratura. Eu era velho e não podia mais sofrer esse tipo de impacto.

— É o seguinte; eu vou enumerar a lista pra você, ok?

Ele assentiu e eu me preparei:

1. Ela é minha filha, não sua garota.

2. Mantenha seu filhote de pinto dentro das calças.

3. Não pense nela quando estiver aprendendo a se divertir sozinho, porque eu vou arrancar sua mão fora e enfiar seus dedos em sua garganta.

4. Você não é bem-vindo aqui.

5. Não sorria pra mim, porque eu não gosto de você.

6. Nunca, jamais, em tempo algum, pense em ter qualquer tipo de intimidade comigo. Ao referir-se a mim, me chame de senhor, não de Ed, sogrão, seu Ed, Edzão ou qualquer outra coisa que pode causar a sua morte.

7. Ser namorado da minha filha não te dá o direito de apertar os peitos dela. Nem a bunda. Nem as coxas.

8. Se você pensar em ultrapassar a barreira do cós de qualquer roupa que ela esteja usando, saiba que estarei lendo seus pensamentos e farei com você o mesmo que você queria fazer com ela.

9. Lembre-se de que se eu não puder matá-lo, ela tem três irmãos grandes e fortes, e sua morte parecerá um acidente causado por um caminhão com carregamento de madeira.

10. Só irão ao cinema mediante minha supervisão e nem pense em convidá-la pra qualquer festinha. Nunca.

11. Suas mãos e língua também estão correndo risco, então eu acho bom que você pense bem em como e onde vai usá-las.

12. Se eu disser “não”, é “não”, e nem adianta apelar pra minha esposa.

13. Se você se arriscar a vir aqui outra vez, lembre-se de manter seus pés longe da mesinha de centro e do meu sofá. Também não pense em se deitar nele.

14. Minha filha é a coisa mais importante da minha vida, então não pense em magoá-la, porque seus pais vão sofrer se não tiverem um corpo pra enterrar.

15. O quarto dela é local proibido pra você.

16. E antes que eu me esqueça: não há a mínima possibilidade de eu vir a gostar de você algum dia.

17. Não mexa no controle da minha televisão nem abra a minha geladeira.

18. Minha mulher é a minha mulher, e ai de você se ousar olhar pra ela. Também não ouse ter pensamentos impróprios.

19. Drogas, bebidas, tatuagens e piercing me farão te odiar mais, então não dê drogas ou bebidas à minha filha e não a encoraje a fazer tatuagens ou furar o corpo, porque eu também posso te furar com minha pistola de pregos.

20. Tentar me impressionar não dará certo, poupe o esforço. E por enquanto é só, mas assim que eu me lembrar de mais alguma coisa, esteja ciente de que a informação chegará até você.

Acabei de falar e o menino me olhava apavorado, deixando claro que só não havia fugido porque Samara apertava a mão dele entre as dela. Isso, lagartixa, tenha medo de mim.

— Tem alguma coisa a perguntar, garoto?

— Não senhor.

— Já pode voltar pra casa, mas antes, deixe comigo seu número de telefone, o da sua casa e dos seus pais.

— Tudo bem, senhor.

Por dentro eu estava morrendo de rir, mas me mantive firme e com a cara feia. Também ri quando vi a mão do menino tremer ao anotar os números em um papel e me entregar. Era mesmo bom que seu medo durasse por muito tempo... Melhor ainda seria se ele dissesse que não queria mais namorar minha filha, mas esse milagre não aconteceria...

— Só mais uma coisa, garoto, vocês só se verão na escola mesmo ou aqui em casa, debaixo dos meus olhos.

— Sim, senhor.

Eu nem me dei ao trabalho de olhar pra ele mais uma vez, apenas o expulsei com um aceno, mas fiquei de olho enquanto Samara o levava até a porta, só para o caso de ele querer beijar minha filha... Do sofá, Bella me lançava olhares ameaçadores, tentando me fazer sentir medo, mas sem resultado algum. Meu maior medo envolvia meus filhos, não olhares tortos da minha esposa.

— Você foi ridículo com o menino, sabia? Nem deixou o pobre coitado falar! — Bella começou seu discurso, mas eu nem prestava muita atenção já que meus olhos estavam vidrados na mão de minha filha segurando a mão do garoto estranho.

— Samara, feche essa porta. — eu falei alto mesmo, pra eles saberem que eu estava ali — E Bella, eu sou pai e não vou deixar um aprendiz de adolescente se aproveitar da minha filha.

Proferindo uma meia dúzia de palavrões, Bella saiu da sala e me deixou sozinho com minha pequena, que veio sorrindo até mim e sentou-se em minhas pernas outra vez. O cheiro doce de seus cabelos me levou até a época em que ela ainda era uma coisinha miúda e que adorava shampoo com cheirinho de frutinhas. Uma época onde meninos não se interessavam por ela e minha maior preocupação não era uma gravidez, mas qual seria o próximo dente a cair e quanto mais eu teria que desembolsar ao fingir ser a fada do dente. Com seis filhos, um cara pode falir ao querer tomar o emprego do Dwayne "The Rock" Johnson. Pois é, gente! Eu tive que assistir O fada do dente com minhas filhas...

— Obrigada, pai. Mesmo deixando Harry bem assustado e nervoso, você foi muito legal por não me proibir de ter um namorado.

Eu sou incrível...

— E adiantaria proibir, meu amor? Você me odiaria se eu fizesse isso, e eu teria que te transferir de colégio porque continuariam a se ver e a namorar escondido... — o sorriso de lado me deu a certeza de que ela faria mesmo isso — Fiquei surpreso com tudo isso, eu nem sabia que você gostava de alguém, mas quero que você seja feliz.

— Então você pode imaginar como eu fiquei, certo? O Harry sempre foi na dele, todo calado e ficava vermelho quando percebia que eu estava olhando, e eu ficava mais vermelha que tudo quando via que ele também me olhava...

Samara parou de falar quando eu ri. Ela era uma adolescente normal, com toda aquela coisa de coraçõezinhos e florezinhas.

— Nem acreditei quando ele veio falar comigo depois da aula e disse que era pra eu rir mais, porque isso me deixava mais bonita.

Aquele garoto era safado mesmo... Sabia falar bobagens românticas. PERIGO.

— E você riu mais, não é? Não tinha que ter rido!

— Pai! Eu ri porque achei engraçado; ele estava tão vermelho! A gente conversou e ele disse que gostava de mim, eu disse que gostava dele... Aí ele me pediu em namoro. Mas fique tranquilo, ok? Nós nem nos beijamos ainda, só no rosto.

E já era muito! Aquele menino tinha que manter distância da minha garotinha. Samara parecia ser durona, mas era muito sensível e se magoava fácil, então eu mataria alguém logo, logo.

— Tudo bem, querida. Só não deixe de ser minha pequena, está bem? Continue pedindo que eu te espere dormir, continue me pedindo ajuda pra estudar...

— Eu amo você, está bem? E pode me fazer cafuné enquanto eu tiro um cochilo.

Era abusada! Ela simplesmente pegou minha mão e colocou em sua cabeça, como se me chamasse de lerdo ou coisa assim, e eu não negaria um cafuné, não quando ela precisava de um pouco de carinho.

Não pensei em levá-la para o quarto, eu queria ter um pouco mais daquela garotinha de cabelos loiros e sorriso encantador, e ficamos ali, juntos, por horas... As meninas chegaram e ainda estávamos ali.

Claro que elas estranharam ver a irmã daquele jeito, mas não disseram nada, apenas sentaram no sofá e ficaram nos olhando como se fôssemos ET’s. Pra melhorar a situação, meus filhos chegaram poucos minutos depois e sentaram-se também, assim como a mãe. Pronto, viramos atração turística.

— Vão ficar olhando? — sussurrei, não querendo acordar minha pequena.

— É estranho, não é? A Sammie nunca foi disso...

Charlie gostava mesmo de sacanear a irmã... Além de escolher o nome mais feio do mundo, ainda deu um apelido pior ainda.

— Ela sempre foi disso. — Bella falou por mim, olhando feio pra nosso filho — Vocês, homens, acham que mulheres são fresquinhas demais... A irmã de vocês cresceu ouvindo-os dizer que chorar era coisa de idiotas e babacas, e ela só queria não chorar na frente de vocês, não mostrar que é uma menina encantadora.

— Eu não ensinei vocês a serem assim; ter sentimentos e demonstrá-los não nos faz menos ou mais homens. E eu não quero mais ouvir vocês falando que suas irmãs não podem chorar ou fazer coisas de meninas. Estamos entendidos?

— Não precisa brigar, pai! A gente só estranhou.

— E eu não briguei não, só refresquei a memória de vocês. E mais uma coisa: Samara está namorando.

Exceto Bella, todos me olharam como se eu estivesse louco. Ah, era muito ruim que as meninas não soubessem... Fofocavam por horas e horas...

— Ela não pode namorar! — Raphael se manifestou, quase gritando mesmo — Nossas garotinhas não serão sacaneadas por caras que não valem nada.

Caras iguais a Charlie, porque Raphael e Anthony até que valiam alguma coisa. Não muito, mas valiam.

— Ela vai namorar e eu já cuidei do meliante, vocês só ficarão de olho.

Qualquer uma delas poderia namorar, claro, mas sob minhas especificações. Realmente não adiantaria eu me desesperar e querer trancá-las em casa, então só me restava aceitar e cuidar pra que nenhum neto viesse antes do casamento. E por cuidar vocês podem entender por capar os namorados e colocar cintos de castidade nas meninas.

Os meninos resmungaram, xingaram e quase destruíram as almofadas de Bella, mas não havia nada que eles pudessem fazer quanto a isso. Como pai eu posso dizer que dói muito quando passamos à situação de fornecedores... Deus meu... Tudo que eu fazia com minha esposa vinha à mente, e ao mesmo tempo em que eu sabia que era bom, não me agradava saber que os outros quereriam fazer aquilo com minhas garotinhas. Eu ia morrer no segundo mês daquele namoro.

E Samara virou uma espécie de ser superior moldado especialmente para a apreciação alheia, porque todos nós paramos de conversar e ficamos olhando enquanto ela se mexia e piscava os olhos repetidamente, saindo de seu sono.

— Credo, gente! Parece que eu morri e vocês estão velando meu corpo.

Começamos a rir, mas ela estava certa; aquilo estava estranho mesmo.

— Nós só estávamos vendo o quanto você é linda. — Raphael.

— E como nosso pai ficou meio idiota te olhando... — Anthony.

— E maquinando a morte do infeliz que está pensando em passar a mão na sua bunda... Mas a gente te ama, ok? — Charlie.

— E a gente quer saber de tuuuuudo! — Lara já saiu puxando a irmã pela mão e correram escada acima. A fofoca renderia uma noite inteira...

— Me esperem! Eu quero saber também! — a doida da Bella correu atrás, tropeçando pelo meio do caminho.

Minha família era louca. E meus filhos me olhavam com uma cara...

— Pode chorar agora, pai... A gente sabe que está doendo.

Raphael tinha razão, estava mesmo, então eu chorei. Pra cacete.

— Velho, nós vamos cuidar de tudo, não se preocupe. Nossas garotas ficarão bem.

Eu estava mesmo contando com eles pra isso...

Um mês depois...

O dia amanheceu com sol, mas nem por isso eu estava feliz. Era meu aniversário de cinquenta e um anos.

Bella me presenteou com sexo matinal e depois, café da manhã na cama, mas isso também não me animou.

Charlie me sacaneou e me deu um pijama novo. Anthony achou que meias novas seria legal e me deu meia dúzia delas, e Raphael me deu um conjunto pra cortar pelos da orelha e do nariz. Eu ia matar meus filhos. SÓ isso.

De Lara eu ganhei uma carta que me fez chorar por horas; aquela menina tinha o dom das palavras! Ressaltar que eu era um ótimo pai foi bem inteligente da parte dela...

Clara me deu uma coleção contendo todos os livros lançados do Stephen King e eu achei que serviriam bem como suporte pra alguma coisa, porque eu simplesmente detestava Stephen King.

Samara fez um álbum de família bem grande e pesado com fotos desde quando minha mãe estava grávida até alguns meses atrás, em um momento meio estranho... Eu estava quase babando no sofá. Com certeza não foi minha melhor pose. E minha filha estava toda sentimental por causa do namoro e tudo era lindo e cor-de-rosa... Mas, de todos os presentinhos, o seu foi o que mais me agradou, porque ela teve o cuidado de escolher as fotos, montar o álbum, fazer umas colagens engraçadas... Ela quis me agradar de fato, e conseguiu.

Minha mãe nos convidou para um almoço em sua casa e eu aceitei rapidinho; meu irmão estaria lá, assim como os gêmeos e Rose. De Alice eu não esperava nada, nem mesmo uma ligação, mas Lucca me ligou e falou por quase uma hora; ele estava com saudades e queria nos ver, mas eu não sairia da minha casa pra olhar pra cara de uma irmã ingrata.

Recebi ligação de Renée e Charles, o Judas, e eles me encheram de felicitações e palavras que não entendi direito; estavam bem velhinhos mesmo e já falavam baixo. Os problemas de audição faziam-nos pensar que estavam falando alto. E de pensar que eu ficaria assim...

Muitas pessoas estavam na casa de minha mãe, mas faltava meu pai ali. As primeiras vezes depois de sua morte foram tão estranhas quanto aquele aniversário, mas estava ficando mais aceitável com o passar dos anos. Todos nós estávamos sentindo, mas ninguém falou nada; os presentes cuidavam de animar um pouco as coisas, embora eu só quisesse sentar no sofá e dormir.

— Velhinho, o almoço está pronto. Vamos? — minha mãe me sacaneou, bagunçando meus cabelos que, graças a Deus, não estavam caindo.

Eu nem falei nada, só olhei pra ela, vendo seus cabelos completamente brancos e rareando em alguns lugares. Minha mãe estava ficando careca!

— Ainda bem a que eu tenho cabelo pra senhora bagunçar, não é? — não resisti, tive que falar alguma coisa.

— Faça mais uma graça e eu raspo sua cabeça. Eu estou mais velha que tudo, então é normal que meus cabelos estejam mais ralos. Agora, cale a sua boca e vamos comer.

Não pensei em retrucar, pois era bem capaz de minha mãe me dar umas vassouradas e me chamar de menino bagunceiro.

Todos estavam me esperando chegar para se sentarem e eu os olhei de cara feia; me senti um velho chato que obriga a todos a esperarem para poder comer. Nada de agregados por ali, os meninos não levaram as namoradas e Samara não era louca de inserir aquela lagartixa albina em comemorações familiares; ele nunca teria minha simpatia. Nunca.

Eu falei alguma coisa? Nadinha. Me sentei e me servi, sem me importar com os outros. Com fome não se brinca, minha gente! E ainda dizem que o amor é cego... Mais cega é a fome!

— E então, como você está se sentindo? — Emmett perguntou e tentou esconder uma risada — Além de mais velho, claro.

— Me sinto ótimo! Mais forte do que nunca. Acho que poderia até quebrar alguns de seus dentes...

— Calados. Nem depois de velhos vocês conseguem respeitar a hora das refeições?

Minha mãe dizendo isso? Logo ela, que era a primeira a proferir os mais diversos palavrões? Mas nos calamos e voltamos a comer. Os anos poderiam ter levado a pele lisa e os cabelos de minha mãe, mas a mão boa pra comida continuava intacta, graças a Deus.

Depois, já com todo mundo de barriga cheia, Samara volta da cozinha com um bolo muito bem decorado e parecendo apetitoso. Eu ia matar aquela garota... Velho não pode comer doce e gordura; temos que tomar mais cuidado com o diabetes, colesterol, impotência... Mas essa parte ainda estava funcionando bem. Bem, quando Bella queria, mas eu ainda funcionava.

— Vamos cantar parabéns! — anunciou Lara, já separando pratinhos e refrigerante. Ela não estava de dieta?

— Se colocar cinquenta e uma velas aí em cima, o bolo some. Só estou dizendo, sem problemas...

— Cale a sua boca, Charlie. Vamos cantar logo!

Bella puxou a cantoria e eu me senti bem ridículo ali, de pé enquanto todos batiam palmas e cantavam. Na hora de apagar as velas, não fiz pedido nenhum, também não dei o primeiro pedaço do bolo pra ninguém. O aniversário não era meu? Então pronto!

— Gente, vocês poderiam me dar alguns minutos de atenção? — Anthony falou, largando o bolo e ficando de pé. Não gostei da cara séria dele... — Quero aproveitar que todos estão reunidos e comunicar algo a vocês.

— Ih, vai dizer que é gay? A gente já sabe! — Samara se meteu na conversa e ganhou um beliscão da mãe — Ele é mesmo! Me beliscar não vai mudar isso.

— Samara, cale a sua boca, sim? Deixe que o outro idiota fale. Vai, filho, diga de uma vez.

Anthony puxou a camisa umas quatro vezes e olhou para os irmãos; dando-me a certeza de que uma merda muito grande foi feita... E eles estavam acobertando.

— Pai, mãe, vó... Eu vou me casar com a Daisy.

— Como é que é? Quem vai se casar?

Enquanto Bella gritava e se levantava, eu permaneci sentado e comendo. Com certeza ele aprontou algo... Com certeza.

— Eu vou me casar, mamãe. Na verdade, nós vamos morar juntos por um tempo e depois, quem sabe, poderemos fazer como manda o figurino.

— Garoto, você é idiota ou está doido? Quem disse que eu vou deixar?

Aquilo ia longe... Bella logo encarnaria a mãe mexicana e o drama seria digno do Oscar. O menino ia casar e pronto.

— Mamãe, eu só estou informando a vocês. Eu tenho meu trabalho e meu dinheiro, a Daisy também... Podemos comprar um apartamento e começar nossa vida tranquilamente.

— Isso é um absurdo, sabia? É isso que eu ganho por todas as noites em claro, por todas as fraldas que troquei, por passar pomada nessa bunda branca... — um soluço mais falso que uma nota de mil dólares. E eu avisei que o drama ia começar... — Eu deixei de comer e cuidar de mim pra brincar com você, pra te ajudar com os deveres de casa... Eu sou sua mãe e não vou permitir que aquela branquela tire você de mim, entendeu?

— Isabella, já chega. — minha mãe se pronunciou e até estranhei a voz bem séria — Edward é meu filho e passei pelas mesmas coisas que você passou para criá-lo, mas não fui contra o casamento de vocês. Anthony merece ser feliz e se eu tiver que brigar com você pra que ele se case, assim será.

— E o placar informa: Esme dispara na frente enquanto Isabella tenta entender de onde veio a patada.

Emmett poderia ficar quieto... Aquilo ainda ia piorar, meu sexto sentido estava gritando isso.

— Vamos felicitar o menino, não é mesmo? — Rosalie tentou amenizar a situação, mas nem os beijos e abraços infinitos foram capazes de desfazer a cara feia de Bella. E era minha vez de falar...

— Clara, levante sua bunda e faça alguma coisa por alguém, por favor. Coloque mais bolo pra mim.

Mesmo reclamando ela levantou e me deu um pedaço de bolo capaz de me deixar satisfeito por três aniversários seguidos. De onde saía tanta má vontade?

— Muito bem. Anthony vai casar! Que legal, não é? — eu estava sendo cínico é óbvio — Mas eu acho que ele poderia nos contar o real motivo pra esse casamento, porque eu tenho certeza de que não é por causa dos lindos olhos de Daisy.

Meu filho empalideceu e puxou mais a roupa, um tique que ele carregava desde criança e sempre que ficava nervoso.

— A Daisy... Ela... Nós... Então.

— Então o quê, garoto? Estou doidinho pra ouvir...

Eu adorava torturar meus filhos... E quando eu já sabia do que se tratava, era melhor ainda.

— Ela está grávida! Pronto, já contei!

Disso eu já sabia... Eles tinham que aprender a conversar baixo, ou meu filho poderia não ter surtado quando a menina contou... Escutei até o choro dele.

— Ah, mas eu vou matar aquela branquela! Se ela pensa que vai dar o golpe em nossa família, está muito enganada!

E Bella começa a surtar... Eu tinha que rir da minha mulher, não tinha?

— Golpista é seu irmão, Bella... A Daisy tem dinheiro, você se lembra disso? — olhei para meu filho, já não tão pálido — Só me não me diga que são dois ou três, pelo amor de Deus.

— É um só. Ou uma. A gente só quer saber quando nascer.

Minha mãe praticamente pulou do sofá e abraçou Anthony tão apertado que pensei que os ossos dela se quebrariam. Sabe como é... Velhos têm problema de osteoporose.

— Um bisneto! Seu avô ficaria muito feliz com isso, sabia? Tenho certeza de que ele está.

— Ele está. E eu já conversei com a Daisy e já temos dois nomes escolhidos: Carlisle ou Marie.

Ah, puxando o saco da mãe... Aquele garoto não prestava mesmo! Bella abriu um sorrisão e também abraçou nosso filho. Eu continuei sentado, só observando a família fazer festa. Emmett quis sugerir outros nomes, mas nós logo o paramos; bem nos lembrávamos de quando ele quis escolher o nome de meus filhos...

— Agora os cabelos brancos de Edward aparecerão mais e mais! Se eles não apareceram lá no...

— Emmett! Ninguém precisa saber onde eu tenho cabelos brancos, certo? E se você sabe, é porque também tem!

— Tenho! Mano, como isso coça! Pensei que meu pinto ia cair de tanto que coçava...

— Gente, vocês vão me traumatizar, sabiam? Eu não preciso ouvir esse tipo de coisa!

Samara gritou e tapou os ouvidos, se balançando igual uma coisa estranha. As irmãs fizeram o mesmo.

— Garota, você é traumatizada desde que nasceu... É porque você não se lembra, mas saiu de um lugar...

Charlie também não economizava... Ainda bem que Raphael era quieto e quase não abria a boca. Até me esqueci de que ele estava presente. Será que isso já era sinal de alguma doença? Eu marcaria uma consulta no dia seguinte, mas só por precaução.

— Chega! Pelo amor de Deus, chega! — Josh estava mesmo nervoso com aquilo... Os anos passavam e ele não se acostumava à família que tinha... Mas Nick entrava na onda dos meninos e ia longe... — Ninguém aqui precisa saber de nada disso.

Eu concordava com ele. E concordava com Anthony: fez filho? Meta o pé da minha casa e cuido do moleque.

(...)

Nada como o tempo pra colocar tudo em seu devido lugar... Dentro de cinco meses o bebê de Anthony e Daisy nasceria e Bella já não estava mais nervosa e praguejando a pobre menina. Na verdade, ela estava tão feliz, mas tão feliz, que até fez uma curta viagem pra comprar o enxoval, móveis e tudo mais.

Eu estava feliz. E pude entender o que meu pai sentiu quando meus filhos nasceram. Era uma emoção completamente diferente; era a certeza de que eu não seria só mais uma pessoa a passar pelo mundo e acabar, não deixar nada pra trás.

Ver como meu filho estava feliz também me fazia muito bem; começar a família dele foi o segundo passo mais importante que ele deu antes de ser pai; o primeiro foi quando ele andou pela primeira vez. Anthony estava mais responsável e cuidadoso, assim como eu fiquei. Só que ele era mais sério do que eu, embora não dispensasse uma piada ruim ou perturbar os irmãos e a mim.

Daisy era pra ele o mesmo que Bella era pra mim, eu tinha certeza disso, e o bebê só veio pra deixá-los mais unidos. Quando eu me lembrava de como meus filhos mudaram positivamente meu relacionamento com Bella, tinha mais certeza de que nunca me arrependeria por tê-los.

Agora eu seria avô; teria uma criança pra deixar bem insuportável e entregar aos pais, ou entupir de doces e fazer com que o almoço fosse deixado de lado... E seria bom ter correria pela casa ou gargalhadas por nada. E eu estava louco pra ser chamado de vovô.

Olhando pra minha família reunida na sala, em um sábado cheio de preguiça e roupinhas de bebê espalhadas por cada canto, eu só poderia agradecer e entender como meu pai foi feliz por ter estado com a gente. Eu o entendia. Eu sentia o que ele sentiu. E enfim, eu poderia dizer que se não fosse por uma Pequena Travessa que conheci há tantos anos, eu jamais seria um velho idiota ogro tão feliz como eu era.

Envelhecer realmente não era ruim... Não quando se aprende a aproveitar a vida e os pequenos momentos. Com meu jeito peculiar de enxergar as coisas e encarar os problemas, aproveitei mais que muitas pessoas por aí, eu tinha certeza disso.

E eu seria vovô, PORRA!

FIM...?


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