Pequena Travessa escrita por Arline


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mais um capítulo!
Gente, muito obrigada pelos reviews no primeiro capítulo da fic! Fiquei imensamente feliz!
Carol Lobo, obrigada pela recomendação. Adorei!
Bem, vamos lá! A fic é pra ser uma comédia e acho que o primeiro cap ficou legal, deu pra passar, mas humor é uma coisa muito complicada... O que é engraçado pra mim, pode não ser pra vocês e peço desculpas caso os próximos capítulos não os agrade.
bju!



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CAPÍTULO 2

Mais um dia que eu dormia no sofá da minha sala. Mais um dia que eu estava parecendo um zumbi. Minha mãe já não aguentava mais falar comigo e pedir que eu desse um tempo, que tirasse férias. Férias! Só as tive enquanto estava na faculdade; depois disso... Eu juro que se encontrasse uma mulher, nem saberia o que fazer com ela... Talvez a deixasse sentada em minha mesa; servindo de objeto de decoração. Sexo?  O que era isso? Nem tempo pra “brincar” sozinho eu tinha! Eu já achava que tinha voltado a ser virgem!

Era cedo, muito cedo, por isso, permaneci largado no sofá, só de cueca. O relacionamento mais sério que eu mantinha ultimamente era com aquele móvel tão macio e que me acolhia tão bem à noite. Gostoso pra cacete! Eu amava o sofá da minha sala. O contorno do meu corpo já estava marcado nele. Me virei de bruços e praticamente o abracei, esquecendo o nojo e beijando o assento. Ok, meu sofá era melhor do que mulher... Eu o babava e ele não reclamava. Eu me jogava sobre ele e não ouvia reclamações. Eu me mexia a noite inteira e não ganhava cotoveladas. Às vezes ele me fazia cair no chão, mas logo fazíamos as pazes. Era ótimo.

Batidas na porta me fizeram despertar. Perguntei quem era e só depois de ouvir a voz de Jasper, foi que mandei entrar. Eu não queria ser acusado de assédio sexual...

— Senhor Edward eu... Uh!

Ele parou de falar e me virei, quando ouvi um barulho.

— Puta que pariu! — disse ele e estranhei. Jasper nunca havia falado um palavrão em todos aqueles dias...

— O que foi?

— Me desculpe, senhor. Eu chutei o pé do sofá.

— Tudo bem. Diga, o que faz aqui tão cedo?

Ele me olhou meio estranho e andou até o outro lado da sala, depositando uma pasta sobre minha mesa.

— Cedo, senhor? São dez da manhã.

— Mas que porra! Ninguém me acorda nessa merda de empresa! Isso deve ser culpa de alguma mulher! Com certeza!

Saí correndo pela sala, tropeçando em meus próprios pés. Banho, eu precisava de um banho. De fato não me preocupei com Jasper parado ali, no meio da sala, e fui logo tirando o que me restava de roupa. O cara era meio estranho, admito, mas ainda era homem e não havia problema em um homem ficar nu diante de outro. Isso acontecia desde sempre! A única coisa que homens discutiam era o tamanho do pinto, mas as mulheres... “Nossa! Estou cheia de celulites!” “Oh, meu Deus! Estrias! Eu vou morrer!” Sério mesmo que elas se preocupavam com aquilo? Eu só via peito e bunda!

Quando voltei à sala, já completamente vestido, havia uma enorme xícara de café fumegante e bolinhos, só esperando para serem devorados. Ainda bem que meu pai não estava ali pra brigar comigo... Eu havia coçado o “Junior” bem antes de levar um daqueles deliciosos bolinhos à boca. E Jasper... Ele era eficiente! Se fosse uma assistente, ela teria perguntado se eu queria ajuda com o banho...

Enquanto comia — e deixava algumas migalhas caírem sobre as folhas —, eu ia lendo os contratos que Jasper deixara. Era bom, nos renderia bastante dinheiro. E muito trabalho. Olhei para o sofá, imaginando quantas noites tórridas de sono mal dormido ainda partilharíamos... Delícia! Quando meu cérebro pegou no tranco e passei a entender tudo o que estava escrito naqueles papéis, meu irmão entra em minha sala, interrompendo minha curta linha de raciocínio.

— Fala, pequeno gênio! — disse ele e o olhei torto — Hoje é sexta!

Que informação interessante! E eu não precisava que ele me dissesse isso; eu tinha um computador com um calendário bem na minha frente.

— Incrível! Esse fenômeno acontece uma vez por semana... Se não me engano, a sexta fica entre a quinta e o sábado.

Ele ia se jogar em meu sofá, mas desistiu, assim que viu meu olhar assassino.

— Cara, você está precisando transar!

Não diga! Eu, mais do que ninguém, sabia daquilo!

— Vamos sair e encher a cara! Hoje você sai da seca!

— Com certeza! Irei me afogar em um mar de baba... Emmett, eu estou cansado demais pra pensar em sexo. Sério, acho até que ele nem funciona mais.

Pensar nisso fazia um calafrio me subir pela espinha... Chegava a me doer.

— Mano, eu sei que você ama essa empresa e que não quer decepcionar ao nosso pai e nem manchar a memória do nosso avô e o que ele construiu, mas pense um pouco em você... O que tem feito senão trabalhar desde os seus dezessete anos? — suspirei. Emmett em um papo sério... O fim do mundo estava próximo... — Saímos, bebemos, você arruma alguma mulher... Mas está sempre preocupado com o dia seguinte, com reuniões, contratos... A vida não é só isso, cara! Nosso pai não vai pirar se você tirar umas férias; a empresa não vai falir se você passar um mês longe de tudo isso.

— Emm, eu reclamo, fico puto, xingo, mas amo isso aqui. Minha vida é essa empresa. Nunca conseguiria ficar dois dias longe de tudo isso, quanto mais, um mês! Eu sei que vocês vivem cobrando que eu arrume uma pessoa legal, que me case... Mas não dá! Não sou como você e o papai, que encontraram as mulheres de suas vidas.

— É... A mulher da sua vida tem quinze andares!

Eu ri. Por mais que muitas vezes eu reclamasse do trabalho, era aquilo que eu amava fazer. Nunca quis ser mais do que útil, mas fiquei orgulhoso de mim mesmo por ter chegado aonde cheguei. Não foi só por meu avô ter me dado uma oportunidade, e sim porque eu quis aproveitá-la. Nem mesmo meu pai precisaria mais trabalhar pelo resto da vida, ainda assim, o fazia. Então, porque comigo seria diferente?

— Bem, não vou mesmo convencê-lo a sair... Mas já sabe; se quiser um parceiro pra uma cerveja, é só me chamar.

Agradeci o convite e, mesmo com ele ainda ali, voltei minha atenção aos papéis à minha frente. Revirei os olhos quando ele deu a volta por trás da minha cadeira e passou o braço por meu pescoço, babando minha bochecha ao me dar um beijo.

Emmett era assim; às vezes falava sério, outras vezes, era mais criança do que uma criança... Mas eu o amava. Não que precisasse falar isso a todo instante, mas ele sabia. Meu esforço em trabalhar e manter aquela empresa era por ele e por Alice, nossa caçula. Sendo o mais velho, eu sentia que era meu dever cuidar deles, por mais que já fossem crescidos o bastante pra cada um cuidar de sua vida.

Alice estava em Paris há tempo demais! Quando ela disse que estudaria na Sorbonne, chorei três dias seguidos, mais do que um corno filho da puta. Era minha pequena fadinha que estava indo embora, porra! Ninguém queria acreditar que eu estava mesmo sofrendo com aquilo, mas era a mais pura verdade. Só o que me acalmava, ainda hoje, depois de tanto tempo, era ver seu sorriso radiante em cada foto, ouvir sua voz alegre em cada ligação... Ela tinha ido em busca de seu sonho, afinal e eu não tinha o direito de querer lhe tirar aquilo.

Deixando os pensamentos melosos de lado, voltei ao trabalho e não parei nem pra almoçar. Rosalie, esposa de Emmett e sua assistente; apareceu em minha sala e me fez comer algo que ela havia pedido em um restaurante. De fato eu não sabia o que era; entre uma garfada e outra, eu ia falando com Jasper, lendo, mandando emails, atendendo a telefonemas... Meu pai estava em casa, descansando. Dona Esme não lhe dava mole... Depois que ela ameaçou contratar um professor super gato pra lhe dar aulas de pintura — nu artístico —, o velho arrumou mais tempo pra ela.

Assim se foi mais um dia de trabalho. A empresa já estava praticamente vazia às seis horas e eu até poderia ser carrasco, mas liberei Jasper mais cedo do que o de costume; ele estava trabalhando pra cacete e me surpreendi com sua facilidade em aprender. Poucos dias foram suficientes pra que ele aprendesse tudo e mais um pouco. O cara era foda.

E eu estava jogado no sofá, pensando se ia ou não pra casa. Ainda havia tanto a fazer! Talvez fosse melhor ficar... Eu já estava com a camisa aberta e pronto pra fechar os olhos quando um telefone começou a tocar. Não era meu... Procurei por toda a sala e fui seguindo o barulho, até parar na mesa de Jasper. Parou de tocar. Maravilha! Meio passo pra trás e tocou outra vez. Atender ou não? O tempo que levei pra pensar fez o toque parar. De novo. Ok, eu ia esperar, ia tocar outra vez.

Não tocou e me movi dois passos. Tocou outra vez.

— Mas que porra! Tá de sacanagem? — eu estava discutindo com um celular? — Alô! — atendi muito puto.

— Jasper! Seu corno filho duma cadela! Onde você se enfiou? Pegou meu celular outra vez? Eu vou te matar, desgraça!

Wow! Se aquela era a namorada dele, eu estava com pena!

— Fala, corno! Ficou mudo?

— Não. E eu não sou corno e nem o Jasper.

Claro, pra ser corno, eu tinha que ter uma namorada... E meu sofá não me trairia...

— Oh! Me desculpe! Eu acho que liguei errado.

— Não ligou. Pelo visto, Jasper esqueceu seu celular aqui na empresa.

Oh, sim! Onde ele havia se enfiado? Forks não tinha engarrafamento pra que ele demorasse tanto a chegar onde quer que fosse.

— Bem, me desculpe mais uma vez. Quando aparecer, eu peço que ele pegue o celular... Ou espero até segunda.

— Não, tudo bem, eu levo isso. Só me passe o endereço.

— É o mesmo de Jasper, sou a irmã dele.

Uh... Irmã... Ele estava fodido.

— Então, me passe o endereço. Você não está achando que eu vou caçar arquivo e procurar agora, ou está? Ou talvez você esteja pensando que meu HD é ótimo e eu me lembro dos endereços e telefones de todos os funcionários da empresa...

Ouvi a gargalhada da irmã dele e não entendi. Falei alguma coisa engraçada? Palhaçada!

— Tudo bem, anote aí.

Ela ainda ria ao me passar o endereço e notei que ficava perto de La Push; quase na divisa mesmo. Mas seria bom sair um pouco, eu precisava de ar. Ou não. Eu nem sabia por que raios havia me oferecido pra levar aquilo! Jasper que se acertasse com a irmã psicopata.

Arrumei tudo em minha sala e saí, ainda ajeitando os botões da minha pobre e amarrotada camisa. Eu estava com pena de mim. Ao que parecia, todos estavam com pena de mim... As pessoas me olhavam de um jeito estranho, como se quisessem dizer que minha vida estava errada, que tinham pena por eu ser tão idiota.

Mas eu só tivesse certeza daquilo quando olhei o espelho do elevador e ele me dizia a mesma coisa: você é um idiota!

Era um fato: eu era um idiota. Mas, porque eu o era? Porque eu não tinha uma esposa me esperando em casa? Porque eu não tinha uma namorada? Ou porque eu nunca tinha me apaixonado por ninguém? Isso fazia de mim um homem solitário, não um idiota.

Segui meu caminho pensando naquilo e cumprimentando algumas pessoas que passavam por mim e me desejavam uma ótima noite. Oh, eu teria... Eu e um pacote de Doritos em frente à televisão. Talvez, eu e alguma coisa alcoólica e a televisão... Talvez um filme pornô... Eu estava precisando...

Uma música velha e extremamente pra baixo estava tocando no rádio e me perguntei quantas pessoas não teriam se suicidado enquanto a ouviam. Eu nunca havia pensado nisso, mas já sabia qual seria a trilha sonora da minha morte...

Forks estava movimentada e eu não saberia dizer a quanto tempo a cidade era assim; eu só frequentava o mesmo bar, só saía com Emmett, só frequentava o mesmo motel — e fazia um longo tempo que eu não ia lá... Bons tempos... — e tudo era sempre o mesmo. Mas não naquela noite. Não... Havia gente pelas ruas, pequenos aglomerados de pessoas rindo e conversando, outras se abraçando e tentando aplacar o frio... E eu no quase silêncio do carro, indo até a casa de uma pessoa com quem eu não mantinha outro tipo de relacionamento senão o estritamente profissional.

Essa era minha vida...

Quando avistei a pequena casa, a menos de um quilômetro da divisa, a preocupação se fez presente. Jasper ainda não havia aparecido... Se eu não estivesse certo, ele já teria entrado em contato comigo e teria dito que pegaria o celular na segunda feira. Decidido, peguei o celular e segui até a casa, que estava iluminada.

Vi, por entre as cortinas, que tinha gente andando na sala — ou eu imaginava que ali seria a sala —, mas eu não saberia dizer quem era; meu pai era quem conhecia muito da vida de Jasper...

Bati na porta e alguns segundo depois, ela se abriu, revelando uma bela mulher do outro lado. Quase salivei. Eu já estava me sentindo o Zé Jacaré do pica-pau, quando ele imaginava o bichinho pronto para o abate. Ah, ela estava! Eu só consegui enxergar os seios, que subiam e desciam rapidamente por conta de sua respiração ofegante. O que ela estaria fazendo antes de eu chegar?

— Senhor Cullen...

— Olá, vim trazer um celular. — exibi meu melhor sorriso e ela retribuiu.

— Obrigada... Eu poderia ter esperado mais um pouco, não precisava ter se incomodado.

— Não foi incômodo algum. — estendi-lhe o aparelho — Eu já estava mesmo indo pra casa. Espero que deixe Jasper inteiro.

— Claro, pode deixar. Eu... O senhor gostaria de entrar?

Oh, sim. Eu gostaria muito... Eu ia adorar, pra dizer a verdade... Mas não seria bem entrar em sua casa que me agradaria...

— Obrigado pelo convite, mas fica pra outra vez. Eu quero mesmo minha cama. — e se você se oferecer pra me fazer companhia, eu nem me importo. Claro que eu apenas pensei essa parte... — Até mais.

— Até. Boa noite, senhor Cullen.

Despedi-me e segui meu caminho.

Quase chegando em minha casa foi que me dei conta de duas coisas: eu não havia perguntado seu nome e... Eu não havia me apresentado. Como ela sabia quem eu era?


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Notas finais do capítulo

É isso! Espero que gostem.
bj