Pequena Travessa escrita por Arline


Capítulo 19
Capítulo 19 - SEGUNDA TEMPORADA


Notas iniciais do capítulo

Olá! *foge das pedradas* Tudo bem com vocês? *-*

Mais um capítulo de PT, e está grandinho! *tentando amansar as leitoras fofas*

Só falta um para o fim! Espero não me demorar tanto com ele! Me perdoem.

Pra quem gosta de comédia e gostou de PT, tem fic nova postada... E tem uma one também, com alguma coisa parecida com hentai e comédia. Passem por lá e me digam o que acharam! Pra quem já leu e comentou, meu muito obrigada!

Kah, obrigada pelo banner, ficou lindo! De verdade!

Até o próximo, onde nos despediremos do casal mais maluco que eu já vi!

Beijos e até!



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CAPÍTULO 8

Sete anos depois...


Gritos. Correria. Mais gritos. Alguma coisa quebrando.


— Pra fora! Eu já falei que a festa é lá fora, caramba! Vou começar a descontar da mesada de vocês!


Sim, eu tive que gritar e ameaçar! Minha quadrilha corria por toda a casa, deixando um rastro de sujeira por cada cantinho que pisavam. E recrutaram mais alguns pequenos meliantes, aumentando o bando. O filho de Rosalie e Emmett estava ali. Ou melhor: OS FILHOS. Tinha alguma coisa na cadeira da vice-presidência que deixava homens e mulheres bem férteis, e eu comprovei isso porque quando meu irmão completou um ano enlouquecendo com o cargo, Rose disse que estava prenha. De gêmeos. Bem, o fato de a fertilidade ser tanta eu realmente não sabia, pois não havia gêmeos em minha família, apenas na de Bella. Nosso caso era facilmente explicado, mas o do meu irmão... Só se Rose pulou a cerca... Não. Impossível isso. Aqueles meninos eram a cara de Emmett...


Lucca me olhou meio de lado e saiu correndo, sabendo que não era uma coisa muito boa me contrariar. Esquentar a bunda dele seria o próximo passo, já que ele se mostrou mais líder de quadrilha que Charlie. Aquele garoto puxou ao pai, com certeza! Jasper era meio vagabundo. Depois de dois anos morando com Alice, na casa de meus pais, ele simplesmente deixou de trabalhar; dizia que precisava passar mais tempo com o filho e com a esposa. Desculpa esfarrapada essa, viu? Quem cuidava do menino era minha mãe, pois Alice usava seu diploma na Sorbonne pra decorar a parede! Nenhum dos dois fazia nada da vida, absolutamente nada! Se eu fosse meu pai, teria colocado os dois pra correr faz tempo! Golpe do baú bem dado aquele... Ainda bem que Bella era bem diferente do irmão.


E meus pequenos estavam lindos demais! Todos usando óculos e cheios de personalidade. Todos com problemas respiratórios também, mas era só um detalhe... Há tempos não tinham nenhuma crise e não nos deixavam nervosos e chorando.


Todos diziam que eu tinha que dar o exemplo e não xingar ou beber na frente das crianças, então eu os coloquei pra correr e peguei uma garrafa de whisky verdadeiro e enchi um copo, não sendo nada educado. Eu sentia que alguma coisa aconteceria e que eu precisaria estar com os sentidos anestesiados. Intuição de pai... Bella dizia que era mais uma cisma mesmo, que minha intuição era igual a direção de um morcego sem seu sentido de ecolocalização. Não era não... Eu estava incomodado demais, cismado demais pra ser só uma cisma de nada.


Emmett apareceu na sala com cara de cansado e desabou ao meu lado, no sofá, e fez um sinal pra eu lhe passasse a garrafa que estava em minha mão. Me estiquei mais e peguei um copo também. Nem morto que eu beberia algo depois que ele se utilizasse da garrafa inteira... Sabe-se lá onde ele anda colocando a boca...


— Cara, essas crianças estão com muita energia acumulada... Puta que me pariu. — ele reclamou e eu ri — Josh é um peste! Mas o Nick é calmo... Igual mar turbulento.


Isso era um fato! Meus pestinhas eram muito pestinhas mesmo, mas só quando estávamos brincando ou em alguma festa como a que acontecia no jardim — agora detonado — da minha casa. Era aniversário deles! Sete anos, cara! Sete anos tendo aquelas coisinhas lindas como filhos. Eram incríveis. Os filhos de Emmett eram pestes todo dia e o dia inteiro.


— Eu só não digo que é bem feito, porque tenho os meus e sei como é. Mas me diga se não é maravilhoso ser pai?

— É. Mas tem dias que eu só quero dormir... Pelo amor de Deus! Rosalie teve que contratar outra babá, Edward! Os meninos deixaram a última desesperada!


Até eu fiquei desesperado... Rosalie ligar chorando e dizendo que seu filho estava literalmente pendurado no lustre era demais... Eu falei pra eles tirarem qualquer coisa que servisse de escada, mas não me ouviram...


Nós tínhamos três babás. Como Bella decidiu que queria voltar a trabalhar, eu não poderia deixá-la sozinha por aí, pra que qualquer um pensasse que ela estava livre e desimpedida... Voltei também! Meu pai reclamou muito no meu ouvido, mas eu nem estava ligando... Liguei o mute e deixei que ele falasse e falasse até cansar. Meu cargo não era tão importante como antes, mas era muito bom ter qualquer coisa pra fazer fora de casa. Renée estava cem por cento boa e trabalhava em uma floricultura; seus sorrisos constantes me deixava meio desconfiado... Aquela mulher estava arrastando asa pra alguém. Bella dizia que não, que sua mãe era apaixonada pelo fantasma de Charlie ainda, e que jamais arrumaria outro homem. RÁ! Ela poderia não arrumar outro marido, mas homem pra tirar o atraso... Ela tinha! Tinha sim!


— Edward, nós vamos cantar Parabéns! — Bella chegou e sentou-se em minhas pernas, muito amorosa... Queria alguma coisa — Os meninos estão ficando cansados e seria bom que ficassem um pouco quietos.


Queria mesmo alguma coisa... Meninos quietos e dormindo era sinônimo de sexo. O quê? Vocês acharam mesmo que eu nunca mais faria sexo com minha mulher gostosa? Fala sério... Ainda mais com aqueles cabelos batendo na bunda e todo aquele peito... Foi bom eles não terem sumido depois que o leite se foi. Muito bom mesmo. E minha tara por ter apenas Bella e seus cabelos na altura da bunda finalmente se realizou. Eu ainda sentia minhas mãos formigarem de vontade de agarrar os fios loiros...


— Claro. Vamos lá.


Ganhei um beijo e uma piscada. Era hoje que o palhaço perdia a peruca... Calma, gente! Eu estava falando dos palhaços da festa... Mente pervertida a de vocês... Adoram quando aparece a palavra “sexo” em alguma frase. Isso é culpa dessas fanfics que estão espalhadas por aí. Eu leio mesmo! Só não contem pra ninguém.


Emmett pegou meu copo e virou o conteúdo de uma vez, bebendo do seu em seguida. Quase alcoólatra, coitado... Dava dó de vê-lo desanimado daquele jeito... Beber não era mesmo a solução pra nada! Ainda bem que eu larguei aquela vida bandida.


Todos se reuniram perto da mesa grande demais e enfeitada mais ainda. Eu estava com um medo desgraçado de todos aqueles seres com suas caras pintadas — pessoas de caras pintadas podem mudar o mundo, gente! É assustador —, mas não falei nada. Meu sorriso era enorme e falso, bem pra camuflar o medo, e minha cara já estava doendo.


As crianças gritavam mais do que eu conseguia suportar, mas ainda bem que estava acabando. Era o sétimo ano que passávamos por aquele tipo de coisa e ainda bem que era uma festa só, porque eu enlouqueceria se tivesse que fazer três ao longo do ano. Nas festas das outras crianças eu não me importava muito; Bella ia sozinha na maioria delas, pois dizia que eu reclamava demais... E eu não tinha motivos? Sempre aparecia um homem bêbado e chato, ou alguma mulher que ignorava a aliança em meu dedo. Sim, minha gente! Eu me casei! Tudo bem que não foi “O” casamento — levei Bella a um cartório, assinamos os papéis e fim de papo —, mas eu estava casado, porra! Um pouco de respeito é bom, não é não?


Cantamos o famigerado “Happy Birthday to You”, e foi uma confusão desgraçada na hora do “Happy Birthday Dear...” Ninguém sabia quem era o querido da vez e cada um falou o nome de um filho diferente... Pobres crianças. Como eu era um pai incrível, ganhei os três primeiros pedaços de bolo, o que deixou Bella meio puta e praguejando baixinho ao meu lado, dizendo que foi ela quem os carregou. Mas foi o meu pinto que funcionou, meus “bichinhos fazedores de neném” que correram e encontraram um lugarzinho pra descansar... Sem isso, não teria bebê. E eu teria que me entupir de bolo e rir, achando ótimo estar engordando um pouco mais...


É, minha gente... O tempo passa! Eu não era mais um garotão com corpo sarado e tanquinho de fazer inveja... Mas aos 35 anos, eu ainda dava conta do recado direitinho! Meu pinto só me decepcionou uma vez depois que os meninos nasceram, e foi por puro medo de confiar nos métodos contraceptivos de Bella. Por um bom tempo eu transava rezando pra que nenhuma bomba explodisse dali nove meses... Deus é Pai, meu povo! Nada aconteceu e eu agora transava sem medo.


Ao meu lado, Bella ficou mais pálida do que já era e saiu correndo, nos deixando meio perdidos com tudo aquilo. Minha mãe e Renée foram atrás, pedindo com os olhos que eu não ficasse nervoso e continuasse a aguentar a bagunça. Olhei para os lados procurando um pouco de apoio, e só consegui encontrar um Emmett meio tonto e meu pai, parecendo o filhote do capeta com a cara toda pintada e peruquinha de palhaço. Não dava pra ter uma conversa séria com um homem que se encontrava naquele estado.


Os minutos começaram a correr e nada de Bella... Eu estava mesmo preocupado e dei graças aos céus quando os pais tomaram consciência que a festa acabava depois do bolo e do refrigerante e as crianças começaram a diminuir consideravelmente. A cara de Rose ao sair de dentro de casa não era muito boa, o que me deu mais vontade de sair correndo dali. Não me importei se alguém se assustaria e gritei a loira má, que veio me olhando meio desconfiada.


— O que a Bella tem? Ela não estava parecendo bem quando correu.

— Esqueceu-se de comer, Edward. A pobre coitada se matou com essa festa, agora está lá, com o estômago roncando e louca por um pedaço de bolo e alguns salgadinhos.


Não me convenceu nem um pouco. Se ela estava com fome, por qual motivo correria justamente na hora que o bolo foi cortado? O certo não seria ela ficar e matar quem a estava matando?


— Pode deixar que eu levo alguma coisa pra ela.


A cor da loira sumiu e eu tive mais certeza de que algo de muito errado estava acontecendo.


Com a mão cheia de coisas, segui pra casa, tentando fugir dos meus filhos que corriam ao meu redor.


— Vai comer escondido, pai?

— Que fome!

— Vai ficar gordo! Mais ainda!


Charlie era o mais cruel... Me chamar de gordo era sacanagem... Eu só estava com uma barriguinha charmosa.


— Eu amo vocês. Muito. Mas isso não me impede de acertar a bunda de vocês, ok? Mais uma gracinha e nada de festa até vocês estarem na faculdade. E nada de dinheirinho também.

— Tá bom! Tá bom!


Charlie saiu resmungando e puxando os irmãos, que o seguiam caladinhos. Isso aí! O papai manda nessa bagunça!


Encontrei Bella em nosso quarto, com nossas mães ao seu redor, abanando seu rosto meio pálido ainda. Aquilo não era bom...


— Vamos meter o pé, Renée. O assunto é entre os dois agora!


Minha mãe disse isso assim que me viu, e saiu arrastando minha sogra pela mão. Porta fechada. Assunto muito sério...


Deixei toda a comida ao lado da cama e me sentei, pegando as mãos geladas de Bella. Eu não gostava de vê-la daquele jeito, tão abatida e com cara de sofrimento. Me dava uma sensação ruim, como se eu a estivesse deixando infeliz.


— Ei... O que houve? — minha voz saiu até muito suave, me dando vontade de rir. Eu não era um cara delicado — Você me deixou preocupado.

— Nós temos que conversar. É uma coisa muito séria...


Ah, meu Deus! Minha mulher ia me deixar! Ia largar a mim e aos nossos filhos! Eu sabia que o cara do arquivo estava olhando demais pra ela... Bella não podia fazer isso!


— Quando você vai? Vai se despedir dos nossos filhos? Porque eles não vão com você! Nunca que eles serão criados por outro homem!

— Quê? De que merda você está falando, Edward? Que outro homem? E eu vou pra onde?

— Me deixar, ué! Não era isso o que você ia me dizer?

— Pelo amor de Deus... Não é hora pra essas maluquices, Edward. Pelo menos uma vez na vida, deixe seu lado retardado adormecido.


Eita que a coisa era séria mesmo! Bella não estava gostando nada do que eu disse... A prova era seus olhos marejados.


— Está certo. Então me conte essa coisa séria.


Bella se remexeu na cama e apertou mais minha mão, me olhando quase como uma pessoa extremamente culpada em busca de perdão. Porra, aquela demora estava me matando... Custava despejar logo tudo de uma vez?


— Eu juro que não foi minha intenção... Eu não planejei nada, não me esqueci de nada... Eu juro!

— Se acalme, pelo amor de Deus! Não jure, apenas me conte!

— Eu estou grávida, droga!

— Oi?


Claro que eu estava entendendo errado... Não tinha como! Bella estava muito mais responsável e eu mesmo fazia questão de conferir se seus remédios estavam em dia. Era impossível. Estava errado. ERRADO!


— Oi não, Edward! Grávida, porra! Seremos pais outra vez.

— Mas... Mas... Oi?


Senhor Jesus, que Bella esteja brincando. Amém.


— É sério, Edward... Eu estava desconfiada, fiz um teste de farmácia e deu positivo... Depois eu procurei um médico e fiz um exame de sangue, que deu positivo outra vez.


Certo. Era mais um. Poderíamos lidar com aquilo. Tivemos três de uma vez e sobrevivemos... Um era fichinha. Sim, seria fácil.


— Tudo bem, amor. Talvez seja uma menina, hum?

— Ainda não te contei tudo... — puta que me pariu três vezes. Não gostei desse tom... — Eu estava esperando mais um pouco pra te contar, mas os sintomas estão piorando e minha barriga logo vai aparecer... Já estou com três meses, Edward. — certo. Três meses era bom!

— Você poderia ter me contado antes, mas tudo bem. Estou feliz com a notícia, você não?

— Você vai querer me matar... — e choro... Oh, porra... — Eu fiz um exame de sangue que pode dizer se eu estou esperando uma menina ou um menino... Ao que parece, teremos menina.


Eu sorri. Muito. Uma menina! Minha pequena Isabella! Quase pulei em cima da minha esposa linda, mas me lembrei de que ela ainda tinha mais coisas a me contar e continuei sentadinho, mas dei uns bons beijos nela.


— Isso é incrível, não? Uma menininha, amor. Uma cópia sua.

— Então... Ontem eu fiz uma ultra, sabe? Teremos três cópias minhas.


PUTA QUE ME PARIU UM MILHÃO DE VEZES!


E ainda teve gente que disse que meu pau era torto... Sei... Se torto eu fazia esses gols certeiros, reto então... Mas espera... Três? Outra vez? Ah, meu Pai...


(...)


Dor. Era isso o que eu sentia. Nada em mim se mexia; apenas meus olhos, que seguiam as mãos de Bella abanando minha cara. Ela estava sentada bem perto do meu pau-torto-fazedor-de-três-bebês-a-cada-tacada, se remexendo, deixando os cabelos caírem bem na minha cara... Aquilo estava me dando era tesão.


— Amor? Está ouvindo? Edward, fale comigo, por favor.


Pisquei. Era uma forma de me comunicar, não era?


— Está sentindo dor? Está com vontade de me matar? Está com raiva de mim?


Pisquei um monte de vezes. Uma piscada era pra dizer que eu estava com dor, duas era pra dizer que eu não queria matá-la ou estava com raiva.


— Não me deixe confusa, porra! Fale com a boca.

— Dor. Cabeça. Bunda. Tudo.

— Claro! Você caiu no chão! Mas você está muito bem; seu pinto não se apresentaria se você estivesse morrendo. Agora, deixe de ser frouxo e se levante.


Era muito ruim que eu me levantaria... Não dava. Minhas pernas estavam meio dormentes ainda, e eu não queria mesmo; ficar daquele jeito era bem bom.


— Bella... Três outra vez? E três mulheres de uma vez? Porra, eu vou morrer de cansaço!


Seu corpo se inclinou sobre o meu, e aceitei de bom grado minha mulher se esfregando um pouco em mim. Como se eu pudesse protegê-la, passei meus braços doloridos ao seu redor, deixando-a mais perto.


— Eu não queria, Edward... Juro que está tudo certinho, que não me esqueci mesmo de nenhum remédio... Me perdoa por isso?

— Calma... Não há o que perdoar, amor. Se aconteceu é porque nós somos bons com nossos filhos e agora poderemos amar e educar mais pessoinhas incríveis. Alguém lá em cima deve achar que somos capazes, certo? Não chore, ok? Eu estou feliz com nossas menininhas.


E apavorado e querendo dormir todo o sono do mundo enquanto ainda dava. Mas eu estava mesmo feliz. Caralho! Três! Aquela empresa do meu pai tinha mesmo sérios problemas... Nunca mais eu voltaria pra lá! Não! Eu precisaria trabalhar pra cacete! Nossa casa não comportaria mais três crianças; precisaríamos de uma mansão com uns dez quartos. Talvez eu devesse colocar algumas barracas na sala... Muito dinheiro... Puta merda... Três mulheres! Mais maquiagem, mais vestidos e sapatos, mais absorventes e TPM.


FODEU.


— Eu não sei se estou feliz... Acho que ainda estou assustada e tentando aceitar que teremos trigêmeas.

— Aceite bem aceitadinho, porque nossas princesinhas estão aí, crescendo e só esperando o tempo certo pra nascer. E você, mantenha essas pernas fechadas, ouviu? Só vai parir quando estiver na data correta. E quem é a médica?

— Doutora Leah... A pobre coitada quase surtou quando me viu outra vez. Ela chorou, Ed... Pediu pelo amor que temos por nossos filhos, que não fôssemos tão surtados quanto da primeira vez.

— Não seremos. E bem, vamos parar por aqui, certo? Você tinha que ter se casado com um bandidão, Bella... Só sabe parir de quadrilha pra cima, credo!


Ela riu, se arrumando melhor em cima de mim. Quando eu estava prestes a fechar os olhos e me esquecer do mundo, três pequenos meliantes entraram no quarto e nos informaram que a festa tinha acabado. Até mesmo minha família já tinha ido embora, deixando toda a bagunça pra trás. Parentes... É bom tê-los, mas sem muito contato.


— Parceiros! Venham, sentem aqui. — com dificuldade, bati no chão ao meu lado — Nós temos uma coisa importante pra contar.


Aqueles olhos grandes estavam ansiosos e com um pouco de medo transparecendo. Eu também estava... Colocar três mulheres no mundo é muita responsabilidade... E ai daquele que ousasse sequer pensar em querer descobrir o tesouro escondido... Eu faria os pintos de troféu. Só isso.


— Fala!

— Fala!

— Fala!


Custava alguma coisa deixar que apenas um falasse? Era assim na maioria das vezes mesmo... Charlie sempre se metia e tomava a vez dos irmãos...


— É o seguinte, crianças... A mamãe está grávida! Daqui alguns meses nós teremos mais três bebezinhos aqui em casa.


Direto. Eu era assim. Enrolar e esconder pra quê?


— Mamãe! Que gulosa! Comer três sementes de melancia!


Ah, Raphael... Sempre inocente o meu menino. De todos, ele era o mais carinhoso, o que se tornou mais calmo e ao que parecia, seria NERD. Adorava pegar o jornal e ficar olhando, por mais que não entendesse muito do que estava escrito.


— Meu amor, eu estava com muita fome. — Bella riu, deitando-se no chão e apoiando a cabeça na perna de nosso filho — Estão felizes com a notícia de que terão três irmãs?

— Aham.

— Aham.

— Aham.

— Nós amamos vocês, sabiam? São os meninos mais lindos e inteligentes do mundo!

— Do mundo todo, mamãe? Todinho? Bem grandão?


Anthony até que estava calmo com a notícia, e bem carinhoso também.


— Do mundo todo! — reafirmei, adorando ver aqueles sorrisos — Amamos muito mesmo! E agora teremos mais três bebezinhos pra amar também.

— Eu quero dizer o nome da minha rimã!


Estranhei Charlie estar tão feliz e querendo até escolher o nome da “rimã”... Era pra ele estar gritando e maquinando um jeito de fazer os bebês sumirem.


— É “irmã”, meu amor. — Bella o corrigiu, porque eu não fazia mesmo... Deixe os meninos! — Vamos adorar a ajuda de vocês!


E a gritaria começou outra vez... Cada um deles queria ser o primeiro a falar o nome, e eu tive que gritar e pedir calma. Como Charlie foi o primeiro a manifestar a vontade de dar um nome à irmã, a vez era dele.


— Hum... Samara.


Ok. Próximo! Não gostei desse nome não... Não era o nome daquela menina do poço maldito?


— Eu quero... Lara!


Esse é bom, Anthony! Lara é bom!


— Clara!


Pra quê tanto “ara”, pelo amor de Deus? Era pra combinar? Coitadas das minhas filhas...


— Eu gostei de todos! Você gostou, amor?

— São bons... Samara está em discussão?

— Não! Já temos nosso trio caipira masculino, agora teremos o feminino. “As irmãs ARA”.


Bella estava zoando minhas filhas? Quem disse que ela poderia fazer aquilo? Melhor nem entrar na discussão...


— Deitem-se aqui e me contem se gostaram da festa. — chamei meus filhos e Bella se levantou um pouco pra que Raphael pudesse se arrumar — Foi legal?


Charlie era o mais folgado e se deitou por cima de mim, me abraçando e dizendo que tinha gostado muito da festinha. Raphael olhava pra barriga de Bella, como se ela fosse explodir a qualquer momento e os bebês fossem nascer bem ali. Tadinho...


— Eu gostei do vovô vestido de palhacinho! Foi muito engraçado!


Foi não... Era humilhante ver meu pai daquele jeito... Bêbado faz cada coisa...


— Que bom que gostaram! Continuem sendo bons meninos e terão mais festinhas e dinheirinho!


Sim, eu os subornava mesmo! Não tinha jeito de eles serem educados só com palavras bonitas e pedidos de “pelo amor de Deus, não quebrem nada”.


Eu era um cara feliz. Muito feliz com a família que eu tinha; até mesmo com minha sogra. Eu amava aquela mulher.


(...)

Dois meses depois...


Bella estava ansiosa pra cacete. Renée apresentaria oficialmente seu tirador de atrasos — eu falei que ela tinha um... — e elas queriam saber qual seria minha reação. Comam-se e sejam felizes! Eu lá ia me meter na vida da minha sogra? E minha esposa já sabia quem era; a coisa toda era só pra formalizar a situação.


Meus pequenos estavam comportadinhos e limpinhos, sentados no sofá e só esperando a hora de atacar a comida. Essas mulheres tinham uma mania de mimar homem, depois reclamavam que a gente ficava folgado... Nunca vi tanta comida diferente naquela casa em uma única refeição... O que sexo não faz com a pessoa!


A barriga linda e enorme da minha esposa não lhe permitia mais tantas estripulias, então eu corri pra atender a porta assim que soou a campainha.


— Ahhhhhhhhhhhhhhhh! Bella! Renée! Fantasma! Desconjuro em nome de Jesus! Cadê a estaca de madeira? Alho! Água benta! Ahhhhhhhhhhhh!


Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! Era o pai da Bella na porta! E ele estava rindo pra mim, com os bigodões estranhos e os dentes brilhantes! Eu só queria gritar. Gritar muito. Eu sabia que dar o nome de Samara à minha filha não resultaria em boa coisa... Seus amigos zumbis estavam atrás dela agora...


— Você não vai levar meu bebê, seu zumbi maluco! Bella! Socorro! Corre e feche as pernas, mulher! Anda!


Minha mulher veio muito calma pra perto de mim, prendendo o riso e olhando para o fantasma de seu pai. Ficou doida. A emoção foi forte demais...


— Amor, se acalme! Lembra-se que te falei sobre o namorado da minha mãe? Aí está ele!

— Oi? Como ela namora uma porra de um fantasma, Bella?

— Edward, ele é o irmão gêmeo do meu pai. Eu te falei que ele tinha um irmão...


Porra! Que troço estranho! Pegar a cunhada, cara! E mais estranha era Renée, que estava com o irmão gêmeo do marido morto... Isso não tá certo não...


— Você nem me deu tempo de falar nada... Sou Charles, meu rapaz, o tio da Bella.

— E você acha bonito dormir com a mulher do seu irmão? Isso está errado, ouviu?

— Isso acontece desde os tempos de Cristo quase... E meu irmão morreu; não fiz nada de errado!

— É, mas não estamos no tempo de Cristo! Você está vendo peixinhos por aqui? Ou a Santa Ceia? Mas eu vejo Judas bem na minha frente!


Judas me olhou feio! E na minha casa! Muito abuso isso... E ele não ia morar ali não! De golpe do baú já bastava o Jasper! Se bem que Renée não tinha nada, coitada... Talvez ele tivesse... Família de golpistas! Bella era a pior de todas, pois engravidava logo de muito, que era pra garantir uma pensão gorda.


— Edward, cale a boca, ok? Tio, entre, por favor. Os meninos estão vendo desenho.


Fiquei parado, vendo o Judas se juntar aos meus inocentes filhos e sorrir pra eles, como se tudo estivesse lindo. Era assim que a humanidade começava a apodrecer...


— Bella! Eu não quero esse homem perto dos meus filhos! Isso aí é errado!

— Errado? Você é cristão agora? Pelo amor de Deus, hein? Repudiando o fato de minha mãe ter se apaixonado pelo cunhado, mas não acha errado que você tenha se apaixonado por mim enquanto pensava que eu era homem! Não quero esses pensamentos preconceituosos perto dos meus filhos, ouviu?

— Tá! Tá! Eu não falo mais nada! Ele tem dinheiro?


Um olhar desconfiado.


— Algum. Não é rico, mas tem alguma coisa.

— Eu sabia! Vocês são alguma espécie de quadrilha de golpistas?

— Somos. Eu não te contei? Achei que seria bom engravidar de um rico retardado e roubar o dinheiro dele. Ah! Ter seis filhos era tudo o que eu mais queria da vida...

— Me desculpe! Mas é que seu irmão...

— Meu irmão é meu irmão. Eu não tenho nada a ver com o fato de ele ter se tornado um vagabundo depois que se casou, mas eu não sou assim. Minha mãe não é assim. E você é um filho da puta.


Certo. Eu dormia com aquela mulher, eu era pai de seus seis filhos, eu fodi com a vida dela e a deixei sem chance de arrumar outro cara. Aguentar seus xingamentos era o mínimo que eu poderia fazer.


Eu jamais poderia dizer que o almoço estava sendo agradável, porque não me agradava mesmo olhar aquele homem. Era mórbido, gente! Um morre e a mulher pega o outro? Sem contar que ficar olhando pra cara dele e se lembrando de alguém que morreu... Mas bem... Eu estava jogando meteoro no telhado dos outros, né? Com seis filhos, pedra não era mais... Sem contar que eles eram a cara um do outro, e minhas meninas poderiam ser também... Ok! Mas o Judas ainda era errado!


— Está grávida de quanto tempo, Bella?


Oh, porra! Nem tente roubar a alma pura das minhas filhas, seu Judas!


— Cinco meses. Mamãe está que não se aguenta mais, querendo ver as netinhas. Nem mesmo um namorado a deixou mais calma com relação a elas.

— Renée é assim mesmo... Ela marcava os dias no calendário quando engravidou de você e seu irmão.


Que cara sinistro... Será que ele já catava minha sogra antes de Charlie morrer? Pelo sorriso dela, era provável.


— Quero muito ver minhas netinhas. Quero saber se serão parecidas com Bella, já que os meninos são a cara de Edward.


Lindos e perfeitos. Só isso.


— Sua família aceitou bem tantas crianças, Edward?


E quem deu aquela intimidade toda a ele? Era senhor Edward para o Judas.


— Levando em consideração que eu não moro com eles e não lhes peço nada, sim, eles aceitaram. Só meu pai que me proibiu de voltar a trabalhar na empresa, mas isso não é problema.

— Que bom. Eu fico feliz por vocês; a Bella merece ser feliz.


Eu também merecia, ora! Só porque eu não tinha um tio incestuoso, não queria dizer que eu não era traumatizado... A pobrezinha merecia ser feliz, mas eu não? Eu hein...


As crianças se retiraram assim que comeram a última migalha de sobremesa. Eu pensei em fazer companhia a eles, mas aí seria indelicadeza demais de minha parte... Sem contar de Bella poderia suspender o sexo e não seria bom de nenhum jeito.


Os cílios de Renée batiam tanto, que me retirei da mesa e levei Bella junto; aquilo estava me dando náuseas já. Sério. Era muito meloso...


Descansar minha mão naquela barriga enorme era tudo o que eu queria da vida. Sentir minhas meninas mexendo não tinha explicação; só me deixava feliz pra cacete, porque daquele jeito elas nos diziam que estavam bem.


— Você já consegue se sentir feliz? — perguntei à Bella, adorando sentir uma mexida ou outra.

— É claro, amor. Elas são nossas. Eu só fiquei assustada no início; tive medo de sua reação, de não conseguir passar dos três meses... Agora eu quase não me aguento de ansiedade; quero vê-las, tocá-las...

— Falta pouco para vermos nossas anjinhas. Mas me promete que vai aguentar o mais que puder?

— Eu prometo. Nossas anjinhas ficarão aqui, bem protegidas e esperando a hora certa.


Bem na hora que eu daria um beijo desentupidor de pia em minha esposa, meus meliantes chegaram ao quintal — agora parecendo um quintal — e começaram a gritar e correr, me chamando pra brincar com eles. E eu nem queria imaginar o que Judas estava fazendo com a minha sogra... Eu gostava muito dela pra deixar que qualquer um quisesse se aproveitar e fazê-la sofrer.


— Vai lá, amor. Os meninos querem brincar.


Sorri pra minha esposa. Ela queria que eu brincasse com os meninos, mas queria participar também, coisa que sua barriga não permitia. Talvez...


Deixei minha esposa por uns minutos e segui pra dentro de casa, já pensando em como incluí-la na brincadeira. Os meninos adoravam desenhar e pintar, e todas as tintas eram próprias pra crianças, sem nada tóxico ou que pudesse lhes fazer algum mal. E eles precisavam ficar um pouco quietos, senão começavam a cansar e ficavam com falta de ar. Pintar era legal!


Quando retornei, cheio de papéis, tintas e lápis, encontrei o olhar risonho de Bella. Eu só precisava daquilo pra ser feliz; ver seu sorriso e de nossos filhos.


Com tudo arrumado, os meninos aceitaram bem mudar a brincadeira de correr e pular e passaram a fazer desenhos engraçados e meio tortos — melhores que os meus —, dando nome a eles. Charlie estava feliz fazendo aquilo, o que me surpreendeu bastante; o pestinha ainda não tinha comido o papel nem colocado um pincel na boca...


— Você foi muito atencioso, sabia? Eu amo você, meu ogro metido a homem legal.


Eu ri de Bella. Perder a chance de me chamar de ogro? Nunca!


— É porque eu te amo, minha ogrinha grávida.


Mais uma vez fui interrompido quando tentei beijar minha mulher. Porra, Charlie!


O sorriso dele não era nada doce e não me deixou sorrindo também. Ele ia fazer merda, eu sabia disso, só não tive tempo de afastar o rosto de Bella e o pincel atingiu a bochecha rechonchuda.


— Filho! Tem que ter cuidado com a mamãe!

— Ué, eu quero pintar minha rimã!


Moleque meliante safado!


— Só que tem que ter cuidado, Charlie! Não pode machucar a mamãe nem suas irmãs.

— Edward, se acalme! Ele não me machucou, ok? — ela se virou para o meliante mirim — Vem amor, pode desenhar.


Ela levantou a blusa, deixando a barriga à mostra, e deu liberdade àqueles seres — meus filhos — para que pudessem fazê-la de tela. Ok! Eu não queria saber de nada! Que vire uma tela gorda e estranha. Ops... Grávida. Ainda estranha. Mas minha.


Dez minutos depois e Bella me olhava, implorando pra que eu pedisse que os meliantes parassem, mas eu não ia me meter não... Ela não deixou? Aproveite, ora! E o pior de tudo é que eu nem tinha como entrar em casa... Os risos de vinham de lá me deixaram meio enjoado e eu não queria topar com minha sogra dando um amasso no Judas.


— Mamãe... Não quero mais pintar.


Coitado de Raphael... Meu menino era tão bonzinho que me dava dó de ver os irmãos se aproveitando de sua boa vontade.


— Então vamos tomar banho e dormir um pouquinho? Todo mundo! Até o papai!


Sim! Apoiada! Vamos!


Passei pela sala de olhos fechados, não querendo ver o Judas mais uma vez. Bella se demorou um pouco, talvez por estar conversando com eles ou por estar tão gorda — grávida — que não aguentava mais andar. Cuidei do banho dos meninos e os levei para meu quarto, deixando que eles ficassem na cama. Toda vez que eu os via daquele jeito, lindos e meus, me dava uma vontade de chorar... Era uma emoção sem explicação e que me deixava completamente idiota. Quer dizer, mais do que eu já era antes... Com Bella era bom, eu sentia que havia encontrado tudo o que procurava ao me enfiar no trabalho, mas com os meninos... Se eu tivesse passado pela vida sem tê-los, eu acho que mataria meu fantasma.


Cada dia era uma coisa nova — objetos também, já que eles quebravam muita coisa —, um aprendizado, uma foto a mais, uma caretinha... Ouvi-los me chamando de papai foi mesmo incrível e eu chorei pra cacete, mas o primeiro dia dos pais com eles entendendo alguma coisa, foi melhor ainda! Cartinha, desenho, meus meninos vestidos com meus ternos e fazendo teatrinho... Chorei muito. Muito mesmo.


— Chorando, seu bobo? — Bella me abraçou e eu passei o braço por seus ombros, deixando-a mais perto. Sair da porta do quarto seria bom — Eles são perfeitos, não são?

— São seus; não tinha como não serem perfeitos.


E eu estava falando sem segundas intenções, porque nem dava pra pensar em sexo naquele momento.


— São nossos, assim como essas menininhas danadinhas aqui. Meu Deus, como me chutam!

— Não façam assim, bebês! A mamãe ama vocês, então sejam boazinhas com ela.


Bella riu quando falei com nossas filhas, olhando sua barriga coberta pela blusa. A tinta já devia estava mais dura que meu cabelo com gel... O banho até que cairia bem naquele momento...


Nossa cama ficou pequena pra cinco — ou oito? Os meninos estavam dormindo de lado, todos com uma das mãos sob o travesseiro. Bella não conseguia esconder o sorriso ou camuflar o amor em seus olhos. Por mais que eles a enlouquecessem algumas vezes, ela era apaixonada por aqueles meliantes adoráveis.


— Você mudaria alguma coisa até aqui, Edward?

— Não. — e não havia a mínima possibilidade de eu querer mudar algum dia — E eu faria tudo outra vez, do mesmo jeito, a maluquice toda.

— Ainda bem, porque eu também não mudaria nada. Amo você, meu ogro preferido.

— Também amo você, minha ogrinha.


Eu era idiota, retardado, ogro, jumento e mais tantas coisas que Bella me xingava quando estava com raiva, mas, acima de tudo aquilo, eu era um cara completamente louco por ela e por nossos filhos. E pedi, silenciosamente, que aquilo nunca acabasse.





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