Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 9
Complicated


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que tem acompanhado a fanfic até agora. Continuem por perto, porque agora as coisas vão ficar cada vez melhores! Boa leitura :) ♥



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— Clove?

— Ahn?

— Acorda, hoje é o grande dia!

Fui acordada pela minha mãe naquela manhã, era terça-feira, hoje era o grande dia da Colheita.

— Bom dia mãe.

— Vá tomar um banho, fiz um café da manhã delicioso.. vou arrumar sua roupa enquanto isso!

Eu não queria que minha mãe arrumasse minha roupa ou fizesse um super café da manhã, mas eu fiquei com pena dela e resolvi aceitar.

— Tá.

Meus banhos geralmente duravam 20 minutos, mas eu não sabia quando iria tomar banho aqui em casa outra vez, então fiquei 1 hora embaixo do chuveiro. Quando saí de lá, encontrei em cima da cama, um vestido azul com flores brancas. Eu odiava usar vestidos, só usava em ocasiões realmente especiais.. Desci as escadas e tomei um delicioso café da manhã, enquanto conversava com minha mãe. Tiramos da mesa e nos sentamos no sofá.

— Eu ainda não estou pronta para te deixar ir.

— Mãe, eu já sou crescida, sei me cuidar... E se alguém me machucar, eu o esfaqueio.

Eu a abracei.

— Eu vou passear um pouco... aproveitar minhas últimas horas na floresta.

Ela assentiu e eu saí de lá, andei pela floresta inteira até chegar no laguinho e avistei Cato sentado lá, resolvi sentar do lado dele

— É estranho né? - ele falou sem ao menos olhar para mim.

— O que?

— Nossas últimas horas aqui, Clove. Quero dizer, logo estaremos na Capital e depois na arena.

— Um pouco.

— Você tá com medo?

— Nem um pouco

— Sério?

— Aham.

— Porque?

— Eu não sei.. to com uma sensação boa.

— E se morrermos, Clove?

Permanecemos em silêncio por um tempo. Ele sempre me pegava de surpresas em perguntas como aquela.

— Não vamos morrer

— Como você pode ter tanta certeza?

— Eu não tenho nem um pingo de certeza, mas eu gosto de pensar positivo.

Ele sorriu e olhou para mim pela primeira vez desde que estávamos sentados ali ele olhou para mim arregalando os olhos.

— Você fica realmente bonita de vestido, Clove.

— Vestido é coisa de garotas da Capital e do Distrito 1.

— Garotas do Distrito 1 são bonitas.

— Vai se foder, Cato.

Ambos rimos.

— Eu vou sentir falta daqui enquanto estivermos lá - eu disse.

— Eu também. Do laguinho, da floresta...

— De tudo - eu completei a frase dele.

Ficamos ali por mais um tempo ouvindo o som dos tordos e dos grilos, ouvindo o vento levar as folhas para longe.

— Eu vou pra casa Cato, tenho que ficar com minha mãe por um tempo, ela está mais nervosa do que eu.

Cato permaneceu quieto, então eu fui embora. Quando cheguei em casa, vi minha mãe em sua cama, mas ela não estava dormindo. Estava chorando.

— Mãe?

— Clove? - ela pulou da cama enxugando as lágrimas.

— Você tá chorando?

— Não, só...

— Mãe.. você não precisa chorar! Eu vou ficar bem - falei sorrindo

— Tomara.

Eu a abracei e ficamos ali por um tempo, conversando e rindo, relembrando de tudo o que passamos. Quando olhei no relógio já estava na hora.

— Mãe, arruma meu cabelo?

— Claro. Vou fazer uma trança.

Me sentei no chão do quarto dela enquanto ela fazia uma trança maravilhosa em meu cabelo. Botei uma sapatilha e escovei os dentes, em seguida, fomos em direção do Centro. Haviam muitos pacificadores lá. Minha mãe se juntou à família de Cato e pude ver o quanto elas estavam tristes. Estava observando-as quando Cato tampou meus olhos.

— Cato!

— Ansiosa?

— Um pouco. Você está?

— Não.

Ele me abraçou e depois me soltou, fui tirar sangue para fazer a identificação e depois caminhei para a fila das garotas com a minha idade, do meu lado estava Emma.

— Ansiosa, Clove?

— Não.

— Eu vou sentir sua falta!

Ela me abraçou por um tempo, até uma moça de cabelos roxos e ondulados subir no palco. Ela deu uma batida no microfone e começou a falar

— Bem vindos! Sejam todos bem-vindos - aquela voz das pessoas da Capital me enojava. - Bom Jogos Vorazes à todos e que a sorte esteja sempre à seu favor. Antes de começar, eu trouxe um filme para vocês diretamente da Capital!

Aquele filme era totalmente clichê. Eu ainda acredito que exista um Distrito 13, mas toda vez que eu falava sobre isso com Cato, acabávamos brigando porque ele falava que isso tudo era besteira..

A moça voltou a falar.

— Agora chegou o momento de selecionar os dois jovens que terão a honra de representar o Distrito 2 na 74ª Edição dos Jogos Vorazes. Como sempre, as damas primeiro.

As palmas de minha mão suavam, eu olhei para Cato e ele me deu um olhar encorajador, depois olhei para minha mão que estava de mãos dadas com a mãe de Cato e por fim, olhei para Emma que estava chorando.

Ela colocou sua mão na "urna" e ficou revirando os papéis até pegar um lá no fundo. Caminhou de volta ao microfone e abriu o papel. Eu respirei.

— Anastasia Clanton.

— Eu me ofereço como Tributo!

Todos os olhares se voltaram para mim. Vi a pequena Anastasia chorando, mas ao mesmo tempo se sentindo culpada. Emma me abraçou e eu fui para o palco.

— Parece que o Distrito 2 tem uma voluntária. Qual o seu nome querida?

— Clove.

— Aplausos para a nossa Clove.

Ouvi as palmas vindos de todos do Distrito 2, mas a única pessoa que eu conseguia olhar era minha mãe, ela chorava como um bebê.

— E agora o nosso rapaz!

Ela se dirigiu até a urna e puxou o um nome.

— E o nosso tributo é... Mica Holovan – oh céus, aposto que Cato daria para trás agora só para ver Mica morrer. 

— Eu me ofereço como Tributo! - a voz de Cato ecoou na praça Central e vi o meu garoto saindo do meio da multidão caminhando até o meu lado no palco.

— Como é seu nome, docinho?

— Cato.

— Então pessoal, uma salva de palmas para os nossos jovens Tributos do Distrito 2! Cato e Clove. Apertem as mãos.

Eu e Cato nos encaramos e nos demos as mãos. As pessoas na plateia choravam e aplaudiam; todos sabiam do nosso relacionamento e aposto que para todos que observavam era tão difícil quanto para nós. Só um iria voltar.

— Bons Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre à seu favor.

Enquanto todos batiam palmas para nós, eu continuei olhando para minha mãe e a mãe de Cato. Elas choravam abraçadas e isso me cortou o coração. Fomos levados até o prédio da prefeitura e colocados em salas diferentes, fiquei sozinha lá até que minha mãe chegou.

— Clove!

— Mãe!

— Eu tenho pouco tempo aqui.. eu só queria te lembrar que eu te amo muito tá?

— Eu também te amo mãe!

— Fique firme, faça de tudo para voltar! Me prometa que vai voltar.

— Eu não posso lhe prometer isso mãe!

— ME PROMETA, POR FAVOR!

— Eu vou voltar mãe!

— Eu te amo tanto minha querida!

Ficamos abraçada ali, até que um pacificador entrou na sala.

— O tempo acabou.

— Eu te amo mãe!

Ela beijou a minha testa e me deu um último abraço, antes de puxarem ela para longe de mim. Logo depois Emma entrou na sala.

— Clove, vem cá!

Ela me deu um mega abraço.

— Você vai ficar bem tá? Eu prometo que vou orar todo dia para você sair da arena, eu sei que você vai conseguir! Eu te amo muito!

— Também te amo, Em.

— Me abraça?

Eu a a abracei enquanto ela chorava. E então outro pacificador chegou e a tirou de mim. Fiquei lá sozinha até que Enobaria veio me buscar.

— Vai ficar tudo bem querida.

— Eu sei.

Caminhamos até a plataforma e vi minha mãe chorando, mandei um beijo para ela e ela me mandou outro e pude ver ela pronunciar "Eu te amo."

O nosso distrito não ficava tão longe da Capital, ou seja, chegaríamos antes lá. Fui direto para o vagão onde estava o quarto e fiquei deitada lá por um tempo, até que ouvi batidas na porta. Era Cato.

— Brutus está nos chamando.

Me levantei da cama e fui com ele até o vagão restaurante. Enobaria também estava lá.

— Tenho alguma regras para vocês.

— Diga.

— Primeiro: A única coisa que vocês vão comer vai ser saladas.

— Tá brincando né? - eu o cortei.

— Para de reclamar Clove - Cato falou e eu o fuzilei.

— Segundo: Eu e Enobaria, assim como todo mundo, sabemos do relacionamento de vocês. - senti minhas bochechas corando. - ninguém lá fora pode saber disso, eu tolero isso aqui, entre nós. Mas lá fora vocês tem que agir como se fossem no máximo, amigos.

Eu e Cato assentimos.

— Terceiro: Eu não gosto dessa moça da Capital, então não tentem muito contato com ela.

— Mais alguma coisa? - Cato perguntou.

— Só. Estão dispensados.

Caminhei para o meu quarto e Cato foi para o dele. A tarde foi escurecendo e quando eu senti fome eram quase 21h. No vagão-restaurante, deparei-me com Cato, Brutus e Enobaria assistindo o filme das outras Colheitas. Eles me viram entrar, mas ignoraram e continuaram assistindo, enquanto isso, eu jantei.

— Boa noite.

— Clove, nem notamos você ai. - Cato falou e eu o fuzilei.

— Agora notaram - eu dei um sorriso e fui para o meu quarto.

Fiquei deitada na cama, mas não consegui dormir, vaguei em direção ao vagão-restaurante e me deparei com Cato ainda assistindo reprises de outras edições dos Jogos Vorazes e resolvi me sentar do lado dele.

— O que deu com você? - eu perguntei

— Ahn?

— Você tá grosso, estranho desde que viemos para cá...

— Eu to me concentrando no jogo, Clove, você devia fazer o mesmo.

— Eu to me concentrando, Cato.

— Não Clove, você não está.

— É disso que eu estava falando, Cato. Eu disse que quando a gente viesse para cá você iria me ignorar e ficar obcecado por ganhar!

— Eu quero ganhar, Clove! E eu vou matar todo mundo para ganhar. Eu vou fazer de tudo!

Eu fiquei olhando incrédula para ele.

— Bom saber.

— Não Clove, me desculpa, eu não quis falar nesse contexto. Eu não pensei no que eu tava falando.

— Você nunca pensa.

Sai de lá revoltada e fui direto para o meu quarto. Durante a madrugada, ouvi a porta do meu quarto se abrir.

— Clove, você tá dormindo?

— Eu preferia estar pra não olhar nessa sua cara, mas infelizmente estou acordada.

Ele entrou e deu uma risada.

— Desculpa?

— Não.

— Por favor.

— Não, Cato.

— Você sempre comete o mesmo erro e eu sempre te desculpo. Você não quer focar em ganhar? Então tá. Foca em ganhar, a gente acaba o relacionamento e assim não temos nenhum vínculo nos prendendo para na hora "H" você não se acovardar em me matar.

Ele estava em pé no quarto enquanto eu estava deitada.

— Cala a boca Clove.

— Você disse que ia me matar e demorou duas horas para vir pedir desculpas por isso!!!! - eu falei me levantando.

— É sério que você levou isso a sério?

— Sim!

— Você é muito complicada e difícil de entender.

 — Ótimo!

— Te fode viu.

— Vai você.

— Tchau, Clove.

Ele saiu do meu quarto e eu fiquei lá sozinha, tentei dormir mas foi em vão. Passaram-se dez, vinte, trinta, quarenta minutos e nada... passou mais uma hora. Nada. Eu precisava dormir!

"Não acredito que vou fazer isso." - falei para mim mesma. Sai do meu quarto meio bamba e fui direto ao último quarto do vagão, dei duas batidas e como não houve nenhuma resposta, eu abri a porta.

— Cato? Tá acordado?

— Sim. – ele falou seco.

Puxei a cadeira que estava do outro lado do quarto e me sentei.

— É difícil dormir aqui.

— Realmente.

Ficamos em um silêncio insuportável por um tempo.

— Clove?

— Que?

— Quer dormir aqui?

— Posso?

— Vem, por favor.

Me levantei da cadeira e deitei do lado dele.

— Me desculpa? – ele pediu.

— Tá... 

— Eu acho... eu acho que tô com medo, Clove.

— Medo do quê?

Ele me abraçou.

— De te perder...

Ficamos em silêncio até que tudo ficou quieto demais e percebi que Cato havia pego no sono. Eu não queria admitir, mas eu compartilhava do mesmo medo e ele ficava cada vez maior. Depositei um beijo em seus lábios e voltei para o meu quarto. 

Porque a vida tinha que ser assim?

 


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