Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 20
Some nights


Notas iniciais do capítulo

A fanfic se encaminha para a reta final. Boa leitura pra vocês amorzinhos! ♥



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Já estava amanhecendo na arena. Todos os meus aliados já haviam levantado e pelo jeito, haviam concordado em me deixar dormir. Meus olhos ainda estavam se habituando com a claridade do dia. O sol brilhava intensamente.

— Bom dia Clove - Marvel falou mastigando um pedaço de maçã.

— Bom dia, ah - eu bocejei - Já decidiram algo sem mim? - falei carrancuda ao que ele me lançou um sorriso. - Ficaremos aqui ou iremos para a floresta?

— Vamos esperar um pouco, a floresta ainda é muito grande e demoraríamos horas para encontrar alguém. – Cato respondeu aproximando-se de nós.

Os próximos minutos  basearam-se em estratégias sobre como nos organizaríamos pelo resto do dia. O plano de Cato era quase brilhante se não fosse extremamente maçante. Estávamos discutindo verazmente quando uma suspeita nuvem de fumaça cobriu uma grande área sobre a floresta. Nós nos entreolhamos intrigados. Seria aquilo obra dos idealizadores ou alguma armadilha de nossos inimigos?

— Clove e Marvel venham comigo, você fica aqui garoto. – ele falou apontando para o garoto do 3.

Corremos por um longo período pela floresta até encontrarmos a fogueira, em vão. Não havia ninguém.

— Armadilha - exclamou Marvel exclamou. Foi então que outra nuvem de fumaça apareceu há menos de três quilômetros de onde estávamos.

— Vamos – Cato disse.

Dessa vez, fomos mais cuidadosos ao nos aproximarmos até lá; Cato ia na frente enquanto Marvel e eu ficávamos na retaguarda. Observávamos cuidadosamente. Quando estávamos próximos, ouvimos a explosão vindo direto da Cornucópia. Apesar de estarmos longe, o barulho havia sido avassalador. Senti que meus ouvidos haviam explodido. Havia um zunido extremamente irritante. 

— É uma cilada. – Marvel exclamou.

— Percebemos Marvel. – Cato falou mal humorado.

Marvel ficou sem graça e eu sorri encorajando-o.

— Você e Clove voltam para o acampamento e eu vou procurar quem está acendendo a fogueira.

— Isso é perigoso, você não pode ir sozinho.. – eu falei.

— Eu vou ficar bem.

— Tem certeza?

— Absoluta, Clove. – ele falou.

Eu olhei em seus brilhantes olhos e corri em sua direção, abraçando-o. Eu não queria deixá-lo ir sozinho... Eu não podia deixá-lo... Mas o que eu poderia fazer? Senti que uma lágrima queria escorrer, mas eu tinha que ser forte. Principalmente agora.

— Promete que vai ficar bem? – eu sussurrei.

— Eu vou, por você... – ele sorriu.

Retribui seu sorriso.

Eu e Cato demos a volta e voltamos para o acampamento; eu tive a chance de olhar para trás uma última vez e vi Marvel sorrindo para mim, e, por mais que eu não quisesse admitir, eu sabia que essa seria a última vez que eu veria seu sorriso.

Cato estava furioso; eu o conhecia bem o suficiente para saber disso. Ele permaneceu quieto o caminho inteiro em direção ao acampamento. Ao chegarmos, o garoto do Distrito 3 veio em nossa direção tentando se explicar. Cato estava com sangue nos olhos; eu vi ira em sua alma. Sem nem pensar duas vezes, ele simplesmente sacou sua espada e decapitou o garoto em minha frente. Sua cabeça caiu aos meus pés deixando-me abalada.

— Cato!

Ele me fuzilou. O canhão disparou.

— Que merda, Clove, estamos sem comida.

— A culpa não é minha.

O que ele esperava de mim? Que eu assumisse a culpa? 

— Caímos numa emboscada.

— Hey, Cato. - puxei sua cabeça em minha direção - Sim, nós caímos numa armadilha, mas não tínhamos a mínima noção disso; ninguém sabia o que iria acontecer... A culpa não é de ninguém.

Cato praguejava e gritava enquanto eu o observava sem saber como encarar aquilo. Sim, tinha tudo dado errado e agora nós estávamos literalmente na merda, mas isso? Isso era imaturo demais até para ele. Ele estava conseguindo ser mais infantil que as criancinhas de nosso Distrito. 

Enquanto Cato dava seu showzinho e eu observava, comecei a me sentir estranha. Um vento sul começou a soprar e um tordo começou a cantar na floresta perto de onde estávamos. Vários tordos começaram a se juntar ao seu canto. Cato calou-se. Foi quando ouvimos o primeiro canhão; cinco segundo depois, veio o outro tiro.

Instantaneamente, Cato me olhou. Nós dois sabíamos exatamente o que representava um desses tiros. Eu tentava gritar o nome de Marvel mas ele ficava preso em minha gargante; sai correndo da onde eu estava, mas Cato correu em minha direção, impedindo com que eu saísse do lugar. Eu precisava ir até ele; eu precisava ajudá-lo. Eu tentava me livrar dos braços de Cato com chutes e socos, mas seus braços eram fortes e grandes e me seguravam perto de si, ele tornava cada tentativa minha, totalmente imprestável.

Senti lágrimas se formando em meus olhos.

— Clove, para quieta.

— Me deixa, Cato. É o Marvel, ele precisa de mim.

— Talvez não tenha sido ele!

— Foi ele Cato, eu sinto que foi ele. Cato, por favor, me deixa ir até lá.

Ele me olhou com pena e me soltou repentinamente. Levantei bamba do chão e sai correndo em direção à floresta. Eu estava totalmente desnorteada naquele lugar; gritei pelo seu nome e não tive resposta. Gritei novamente. Continuei andando; sem saber para onde ir. Depois de alguns metros, avistei rastros e comecei a segui-los. O fim dos rastros encerrava-se no corpo de meu amigo jogado no chão sob uma pilha de folhas secas com uma flecha no peito. Seus olhos ainda estavam abertos. Minhas pernas perderam as forças e me deixei cair ao seu lado.

— Marvel? Marvel? – eu o chacoalhei esperando ele acordar, mesmo sabendo que isso não aconteceria.. – acorda, por favor. Você prometeu que voltaria para mim... Não me deixa aqui.

As lágrimas que já se formavam há tempos, finalmente escorriam pelo meu rosto pálido. Depois das inúmeras vezes que Marvel havia me salvado, eu não podia apenas ignorar o fato dele estar ali, morto; eu não podia ignorar o fato de que nunca mais ouviria suas ridículas piadas sem graça... Acreditar que ele havia partido era... Era demais para mim. Eu tentava sem sucesso acordá-lo quando Cato chegou e se ajoelhou do meu lado. Ele segurou a minha mão e a passou sobre os olhos de Marvel.

— Pronto. Agora ele está apenas dormindo.

Eu solucei.

— Ele deve estar com Glimmer no céu nesse momento, contando alguma piada sem graça. – eu falei.

— E ela deve estar fingindo que a piada é engraçada. – Cato falou. – vem vamos, logo o aerodeslizador vai pegar o corpo dele.

Eu abracei o corpo inanimado de Marvel e o deixei lá. Cato me abraçou e então seguimos em frente; não muito longe, topamos com o corpo da menina do 11, Rue, deitado em uma campina coberta de flores.

— Ele a matou e alguém matou ele.

— Katniss. – eu rosnei.

— Certamente. Aquela Foxface não é o tipo matadora e Thresh está do outro lado da arena... E bem, Peeta não teria como.

— Eu vou matá-la.

— Guarde o ódio para mais tarde. Vem, vamos para a Cornucópia.

Caminhamos em silêncio para a Cornucópia. Toda vez que eu pensava que Marvel havia partido, um nó se formou em minha garganta; estávamos tão perto do final e eu realmente não queria morrer à aquela altura do jogo. Eu também não queria que Cato morresse. Quando estávamos chegando, a voz dura de Claudius Templesmith ribombou acima de nós.

— Parabéns aos Tributos restantes e esse não é só mais um aviso meus jovens... Houve uma mudança na regra... – eu e Cato nos entreolhamos receosos – agora dois Tributos podem ser os vencedores, contanto, que pertençam ao mesmo Distrito. Que a Sorte esteja sempre ao seu favor.

Meu coração começou a acelerar irregularmente. Por um minuto, achei que ele sairia pela minha boca. Cato me olhava assombrado. 

— Não fale nada, eu vou ficar mais confusa ainda. – eu falei e ele assentiu.

Quando finalmente chegamos à Cornucópia, tivemos tempo para analisar todas as nossas perdas; não havia mais comida e, infelizmente, eu estava morrendo de fome. Será que era esse o meu destino? Morrer de fome na arena? Eu quase podia ouvir a risada de Brutus e Enobaria visualizando o quão absurdo isso seria.

— Estamos sem comida. – eu falei.

— Eu percebi

— Que bom que percebeu, você não é o inteligente? O líder? O chefe? Então, dá um jeito nisso agora!

— Você vai ficar me culpando pela morte de Marvel, é isso?

Permaneci quieta.

— Pois saiba que eu não sou o culpado.

— Nunca falei que você era o culpado... você que acabou de falar isso.

— Você insinuou.

Permanecemos em silêncio até que Cato parou de procurar por algo e sentou-se na beira do lago. Eu bufei e sentei ao seu lado.

— Algum plano?

— Sobreviver.

— Eu gosto da ideia.

Cato olhou nosso reflexo na água.

— Você gostava dele né? Marvel?

Eu suspirei e comecei a apertar as palmas de minhas mãos, ele estava com ciúmes, eu tinha certeza disso. E eu gostava da ideia; vê-lo com ciúmes de Marvel. Meu Deus, eu iria para o inferno, eu tinha certeza disso. Eu estava feliz por ele ter ciúmes de um morto... Eu era um ser humano terrível.

— Gostava. Mas de uma maneira diferente, Marvel se tornou nesses últimos dias o irmão que eu jamais tive. Ele me protegeu do jeito que um irmão protege uma irmã e ele foi um amigo extraordinário. Eu apenas vou sentir falta dele. – eu suspirei e Cato apoiou a cabeça nos joelhos.

— Aposto que ele e Glimmer estão se divertindo onde quer que eles estejam.

— Também acho. – ambos rimos.

— Nós podemos ganhar esse jogo, Clove. Eu disse para você que daríamos um jeito.

— E você nunca erra, não é?

— É.

— Você acha que ganharemos?

— Acho bem possível.

— Não seja tão otimista, pode ser que Thresh me mate amanhã. – eu ri.

— Primeiramente, eu não vou te deixar sozinha e já te disse que se aquele cara encostar um dedo sequer em um fio de cabelo, eu corto sua cabeça fora. Eu vou te proteger, eu já disse.

— Que bom que eu tenho você. – eu sorri e ele sorriu de volta.

O dia foi escurecendo enquanto nós dois continuamos ali sentados; jogando conversa afora; começou a ficar frio e uma fina camada de fina começou a cair sobre nós. Rapidamente, a fina camada de chuva, tornou-se numa imensa tempestade carregada de raios e trovões.

— Vamos nos proteger!

Fomos para debaixo da tenda que estava do lado da Cornucópia desde o primeiro dia da competição. Pela segunda vez naquela dia, a voz de Claudius ecoou pela arena.

— Tributos! Amanhã pela manhã estaremos dando um banquete na Cornucópia e não é uma ocasião especial. Cada um precisa de algo desesperadamente e nós pretendemos ser muito gentis com vocês.

— Isso não me cheira bem. – Cato disse. – quero dizer, primeiro dois tributos podendo ganhar e agora isso. O que será que está acontecendo lá fora?

— Não sei, mas você sabe como o povo da Capital é.

— Mesmo assim, Clove. Isso não está certo... Eles estão querendo acabar com os jogos; querem colocar todos nós juntos. Querem mais mortes.

— Você está certo, provavelmente... Cato, o que nós precisamos desesperadamente?

— Comida?

Eu assenti.

— Aonde você quer chegar?

— Katniss e o Conquistador devem estar juntos nessa. Ele ainda não morreu então deve estar, no mínimo, muito ferido. Thresh e Foxface não tem ninguém dos Distritos deles, estão por conta própria. Provavelmente Foxface será a mais esperta e ela não é uma ameaça total, quando nos cansarmos de brincar, poderemos matá-la. O Conquistador não vai vir, Katniss vem. Eu fico aqui esperando ela e você vai atrás de Thresh.

— Não vou te deixar sozinha.

— Cato, eu sei me cuidar.

— Já disse que não vou te deixar aqui sozinha.

— Cato, eu mato Katniss com um dedo, mas você tem que pegar Thresh, logo Peeta morrerá e só faltará Foxface.

— Ainda não acho uma boa ideia.

Eu revirei os olhos e puxei seu rosto em minha direção.

— Cato, eu sei me cuidar.

— Você tem certeza?

— Tenho. É só você acabar com Thresh. Ele é nossa única preocupação.

— Você tem certeza absoluta de que está disposta a fazer isso?

— Cato, eu sei me cuidar e você sabe disso melhor que ninguém. Me dá uma chance de provar isso. De provar que sou capaz de matar ela.

— Ok, mas prometa que se algo der errado, vai me chamar e não ficar quieta tentando lidar com tudo sozinha como você sempre faz.

— Prometo.

Eu sorri. A chuva já havia cessado e a lua brilhava no céu enquanto as estrelas dançavam ao seu redor.

— Nas vezes em que brigávamos ou que eu sentia sua falta, eu ficava olhando para a lua.

— Por quê?

— Porque em algum lugar, eu tinha certeza de que você estaria olhando a mesma lua que eu. E eu conversava com ela, não diretamente, eu conversava sozinha, criava diálogos... Eu me sentia meio estúpida fazendo isso, mas as coisas pareciam melhorar.

— A cada dia que passa, eu descubro uma coisa nova sobre você... E isso só me faz gostar cada vez mais desse ser humano que você é, Clove.

— O dia de amanhã será bem difícil. – eu suspirei.

— Eu confio em você e sei que você dará um show para a plateia.

— E vou.

Me aconcheguei em seus braços e apoiei minha cabeça no seu ombro.

— E as regras de Brutus?

Dei de ombros.

— Ele vai entender. 

Cato sorriu e ficou acariciando meu cabelo; rapidamente, eu peguei no sono, estava um pouco ansiosa para amanhã. Algo me diria que seria um dia difícil, mas seria um dia bom. Eu estava em uma paz que jamais estivera na minha vida.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Se gostaram, deixem comentários; sejam eles críticas, opiniões ou sugestões...
Vocês são o mais importante para a construção dessa fanfic. ♥