Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 19
Never gonna be alone


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo. Logo tem mais! ♥



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Assim que abri os olhos, vi que estava sozinha; a escuridão era predominante. Por quanto tempo eu havia dormido? Bocejei e esfreguei meus olhos à procura de alguém.

— Marvel? – sussurrei.

O silêncio se prolongou. Ninguém respondeu. Um pequeno desespero começou a se formar dentro de mim. Aonde diabos Marvel havia se metido?

— Marvel, você tá ai?

Meu estômago começou a se revirar e minha cabeça começou a latejar, tudo ao mesmo tempo. Eu comecei a ficar assustada. Realmente assustada.

— MARVEL. - mais um grito sem resposta alguma.

Minha cabeça girava, mas de algum jeito eu havia conseguido me pôr de pé; dei uma olhada ao meu redor e identifiquei que realmente eu era a única pessoa em um raio de cinquenta metros.

Respirei fundo.

Marvel não poderia ter ido longe. Ele deveria ter ido colher frutas. Algo assim. Sai de lá e fui à procura dele. Andei por cerca de meia hora até ouvir um barulho há poucos metros de onde eu estava... Silenciosamente, tirei uma faca do meu casaco e fui sorrateira ao seu encontro. 

Me deparei com Thresh. O gigante do Distrito 11; ele estava deitado. Eu podia matá-lo ali e agora, mas e se eu não conseguisse matá-lo? E se ele acordasse e quebrasse meu pescoço? Eu tinha 80% de chance de matá-lo, mas e se por 20%, o meu plano não desse certo? O jogo poderia acabar para mim ou para Thresh.

Por fim, resolvi deixá-lo. Não iria por tudo a perder, mesmo que eu quisesse. Continuei em busca de Marvel, em vão. Por fim, decidi voltar para onde estávamos, inutilmente.

Eu havia me perdido. Merda.

Como eu havia me transformado de uma carreirista para uma presa tão facilmente? Comecei a ficar assustada. Senti minha respiração acelerar bruscamente. Eu continuava andando por horas e horas, mas tudo aquilo era imprestável! Eu não encontrava nada que não fosse árvores e insetos asquerosos. 

Aonde eu estava?

Sentei-me em uma pedra que havia ali e enterrei a cabeça nos joelhos. Eu estava com fome, com frio, sozinha e perdida. E, por mais que seja humilhante admitir, eu estava com medo. Aconteciam coisas na arena. Coisas ruins. Pessoas morriam devido à animais que sequer existiam. Teleguíadas? Qual é? Isso nem existia de verdade... O que mais aqueles idealizadores haviam criado para acabar conosco?

Escurecia de uma forma absurda; a cada minuto, o céu ficava mais escuro do que eu jamais havia visto. Meus olhos mal conseguiam acostumar-se com aquela cena. Àquela altura do jogo, eu estava pronta para a morte; foi quando ouvi os passos. Passos se aproximando. Passos pesados e rápidos. Passos que vinham certeiros em minha direção. Eu não tinha para onde correr; correr não era uma opção. No entanto... Aqueles passos, aquela respiração... Quanto mais o vulto se aproximava de mim, mais eu pude reconhecer seus corpo. Mais eu pude reconhecer o seu rosto. O rosto que eu jurei que não veria novamente.

— CATO! – corri em sua direção e o abracei. Ele enterrou a cabeça nos meus cabelos. – Eu achei... eu achei que você estava morto.

— Eu também achei – nosso abraço se intensificou mais ainda. Tê-lo ali comigo era inacreditável. Eu não conseguia assimilar que ele estava bem. Ele estava vivo. Isso era tão gratificante para mim, ter Cato em meus braços outra vez.

Cato mancava e tinha algumas feridas em seus braços. Ele, claramente, apresentava um semblante dolorido.

— Vem, vamos limpar esse corte. 

Ele assentiu me lançando um sorriso.

Fomos caminhando em direção ao riacho; eu estava perdida há horas, mas Cato era muito bom com localizações. Nos sentamos na beira do riacho e limpei seus braços e sua perna. O corte na perna era o mais infeccionado. Cato não lembrava como havia o feito. Eu o olhava com pena sem saber como acabar com seu sofrimento. Numa tentativa de ajudá-lo, arranquei um pedaço da minha calça e amarrei alguns centímetros acima do corte, fazendo um torniquete. 

— Pronto, vai ficar bom logo. – eu falei e o vi sorrindo. – onde você estava por todo esse tempo?

— Bom, depois do acidente com as teleguíadas, eu levei você até um lugar seguro... Marvel e eu fomos atrás de Glimmer e Peeta, porém, Glimmer, estava... hm... ahn... – ele gaguejou e engoliu em seco

— Morta. – eu completei.

— É. Depois fomos atrás de Peeta e ele estava ajudando Katniss. Eu enfiei uma espada nele e deixei ele, quando voltamos para te buscar, você não estava mais lá e eu entrei em pânico. No momento que não te encontrei lá, imaginei que você não tinha resistido às picadas e já haviam buscado seu corpo. Marvel e eu nos separamos para te encontrar. Hoje de tarde encontrei Marvel e ele falou que havia te achado. Demoramos muito para chegar e quando chegamos, bem... você não estava lá. Resolvemos não nos separarmos, mas acabamos encontrando Thresh no caminho e Marvel resolveu atacá-lo. Mas Thresh ficou na defensiva e saiu correndo, Marvel foi atrás dele e eu bem, eu encontrei você.

— Estou tão feliz por ver que você está vivo, Cato – eu o abracei.

— Eu também estou feliz por ver que você não está morta. – ele sorriu.

— O que vamos fazer agora?

— Bem... Marvel e eu combinamos de nos encontrar na Cornucópia. Então, vamos para lá.

Eu assenti e fomos em direção à Cornucópia, em silêncio total, havia algo errado com ele, mas o quê?

— Você está estranho.. – eu comentei.

— Estou?

— É... parece triste.

— É só que sei lá, há meia hora eu jurei que você estava morta e por um tempo tudo ficou obscuro. Eu não saberia o que fazer se você tivesse morta, Clove. E também, ainda não me recuperei da imagem de Glimmer morta. Ela estava deformada, havia bolhas em seu corpo inteiro e ela parecia um zumbi. Foi horrível.

— Ei, logo tudo vai acabar. E vai tudo dar certo.

— Espero.

Ele sorriu e continuamos em silêncio. Fiquei me perguntando o que aconteceria se Cato morresse agora? Como eu ficaria? É possível sobreviver à isso? Você modela sua vida em torno de um amor e depois... Acaba. Como é possível superar tamanha dor? 

Já era madrugada quando chegamos na Cornucópia; Marvel estava lá, deixando-me aliviada. Eu não conseguiria imaginar perder Marvel agora, à essa altura. Assim que o avistei, um sorriso enorme se formou em meu rosto. Eu havia me apegado à Marvel de uma forma inacreditável. Ele era como um irmão para mim... um irmão que eu jamais tive.

— Você o matou? – Cato perguntou.

— Eu o perdi no meio do caminho, mas achei um aliado. Ele é do distrito 3 e é muito bem com tecnologias.

— Tanto faz. – Cato falou.

— Quem vai fazer a guarda hoje? – Marvel perguntou.

— Eu faço. – eu falei.

— Tem certeza, Clove? – Cato perguntou.

— Sim. Você e Marvel tiveram um dia cansativo. Eu estava dormindo. E aposto que o dia do garotão ali não foi um dos melhores, não é?

Ele assentiu.

— Viu, podem dormir. Eu cuido de tudo.

Eles foram dormir e eu fiquei de guarda, observando cada movimento de tudo. Olhei o céu, era tão sem vida, tão sem graça e mais uma vez me peguei pensando no céu do Distrito 2. Me lembrei das noites em que Cato e eu passávamos acordados admirando a beleza das estrelas do nosso amado distrito. Em especial, me peguei pensando de uma noite poucas semanas antes da Colheita. Cato e eu estávamos sentados no telhado da minha casa olhando o céu e tomando café; ele me fez promessas naquela noite. Havia me dito que me amaria até o fim, mesmo sabendo que não existe um fim. Ele me deu uma faca naquele dia, e naquela faca estava gravado “Forever and Always.” Era minha faca favorita, era a que eu mais usava e a que eu mais tinha cuidado. Não conseguia imaginar o quanto me odiaria se algum dia eu perdesse aquela faca.

Tentei visualizá-la guardada cuidadosamente na gaveta da mesa de meu quarto. Quando sua imagem preencheu minha mente, vi um jovem Cato e uma pequena Clove correndo na floresta. Vi nossa história, fechei os olhos e sorri comigo. A  ideia daquela faca era tudo o que eu precisava para lembrar que Cato estaria para sempre comigo. 

Discretamente, Cato sentou-se ao meu lado enroscando seus braços em em mim.

— Me desculpa. – ele sussurrou.

— Pelo quê?

— Meu comportamento hoje. Eu deveria demonstrar que estava mais feliz por te ver.

— Você passou por muita coisa, Cato.

— Eu tive medo, Clove. Eu não devia tê-la deixado naquela árvore. Marvel me contou que você teve alucinações e quase morreu afogada, pois achou que eu estava me afogando. Eu tive tanto medo, Clove. Eu tive tanto medo de te perder. Medo de voltar até aquela árvore e te encontrar no mesmo estado de Glimmer... Medo de não me despedir de você. Por um momento... Eu fiquei amedrontado.

— Eu estou aqui, e você também.

Acariciei seu rosto.

— Eu não vou deixar nada acontecer com você, pequena, eu vou te proteger como se você fosse minha vida e não vou te deixar sozinha em momento algum.

— Cato, só há um vencedor.

— Então você vai vencer, porque não sou eu quem vai te matar. E também não sou eu quem vai te deixar morrer.

Eu engoli o choro. Cato me abraçou e deu um beijo no meu cabelo, ele chegou perto do meu ouvido. Ele sorriu para si mesmo e parou. Mas bem, Cato era Cato. Ele voltou a sorrir e se aproximou mais ainda.

— Poderíamos quebrar algumas regras de Brutus agora. – eu sabia exatamente do que ele estava falando e dei um sorriso.

— Não acho que seja uma boa ideia.

— Eu acho que é ótima.

Ele me lançou uma de suas charmosas piscadas.

— Acho melhor você voltar a dormir, logo o dia estará claro, e temos que matar Katniss hoje.

— Não fale esse nome, me dá vontade de vomitar. Não vejo a hora de enfiar minha espada em sua garganta e vê-la gritar até a morte. Mas antes espera que ela esteja do lado do seu amado Peeta para vê-lo agonizar até a morte. Se você conseguir, mate ela por mim, mas dê um show, um daqueles que você consegue. Faça ela implorar pela morte. Fala ela chorar até as lágrimas secarem, mas mate-a.

— Eu vou. – eu ri.

Cato saiu de lá e foi dormir. As horas passaram rápido e logo todos os três estavam acordados, o garoto do 3, cujo nome não lembro nos deu uma ideia brilhante para proteger nossa comida.

Passamos a manhã empilhando toda a comida e pela tarde, ele botou explosivos que estavam na arena desde o primeiro dia, intactos. No fim da tarde, tudo estava pronto e ficamos orgulhosos do nosso trabalho. Porém, não matamos ninguém, logo, o dia não foi tão produtivo. Me perguntei o que se passava pela cabeça do garoto, ele achava mesmo que Cato o deixaria vivo? Assim que ele pisasse na bola, seria o primeiro a ser decapitado. Ele era tão novo, tão cheio de vida. Mas só há um campeão, e se eu quero vencer, nada poderá me atrapalhar. A noite chegou e comemos um banquete constituído de maçãs, laranjas, abacates, bananas e peras. Havia sido combinado que no dia seguinte sairíamos para caçar. E não caçaríamos animais. Depois de todos ficarmos satisfeitos, fomos dormir; eu estava exausta. Concordei em pegar o turno da madrugada. Quando o hino de Panem tocou, eu já estava dormindo. Não estava nem um pouco ansiosa pelo dia seguinte. A competição estava chegando no fim e logo alguns de nós morreriam. Eu não queria morrer, mas eu não queria ver Cato morto. Eu queria voltar para minha mãe, para Emma, para o Distrito 2. Mas eu não queria voltar sozinha, eu queria voltar com ele, eu queria poder beijá-lo agora mesmo, eu queria fugir de lá. Só que agora era tarde demais, em questão semanas, dias ou até horas, um de nós estaria morto. E isso é algo que ninguém poderia evitar, mesmo querendo.


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