Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 18
Nightmare


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo; provavelmente postarei o próximo ainda hoje, porque eles já estão na metade dos jogos e todos estão ansiosos pelo fim haha Obrigada por estarem acompanhando a história. ♥



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Todo mundo sabe a periculosidade que existe em uma teleguíada, imagine então, um ninho delas. Aquela manhã tinha tudo para dar certo, não fosse o fato de um ninho de teleguíadas cair bem em cima de onde estávamos dormindo. 

Gritos.

Berros.

Gemidos.

Era como um filme de terror.

Assim que senti a primeira picada, comecei a me sentir estranha. Outra picada e outra. Foram no mínimo cinquenta! Eu estava em pé, não conseguia correr e fiquei observando os outros, me sentindo desnorteada; por sorte, Cato conseguiu chegar até onde e segurou minha mão me puxando para longe de todo aquele inferno. Poucos metros depois, minhas pernas começaram a bambear e minha visão começou a ficar embaçada. Eu vi meu pai e minha mãe. Eu estava começando a alucinar; minha pele coçava. Coçava muito. De repente, eu tombei.

— Continue Cato, salve-se. – eu disse fechando meus olhos.

— Eu não vou te deixar aqui! – ele falou, e me pegou pelo colo, correndo até o rio.

Cato era forte e apesar de as picadas demorarem mais para afetá-lo, elas estavam começando a fazer efeito. Ele corria cada vez mais devagar e percebi que suas pernas começaram a fraquejar. Estávamos chegando no riacho quando ele caiu. Eu bati com a cabeça nas pedras e comecei a sangrar. Ignorei a dor e pulei dentro da água arrastando Cato comigo; no entanto, a correnteza estava muito forte e Cato estava desmaiado. E ele foi escorregando.

— Cato! – eu gritei, mesmo sabendo que ele não podia me ouvir. Fui em sua direção, tentando segurá-lo. Em vão. Utilizei toda a força do mundo, mas ainda estava meio grogue devido às picadas. 

Olhei Cato mais uma vez. E se eu o deixasse ir? Não! Eu não poderia, é Cato. Se fosse qualquer outro... mas não ele. Ele não. Prendi meus pés no fundo do riacho e comecei a lutar contra a correnteza, a água vinha com muita pressão e entrava nos meus olhos cegando minha visão. Aonde diabos estariam Marvel e Glimmer para nos ajudar? Estariam bem?

Continuei lutando, parecia que a cada segundo ela ficava cada vez mais forte. Eu estava agarrada a Cato, tentando, sem sucesso, chegar à algum lugar seguro. Respirei fundo e usei toda a força que eu tinha e consegui andar alguns centímetros. Respirei outra vez e consegui andar mais um pouco. Era uma boa estratégia. Fiz isso mais algumas vezes até chegar em um rocha, coloquei o corpo de Cato em cima dela.

Erro meu.

A rocha estava coberta de musgo e assim que eu pisquei, Cato havia escorregado. Tentei pegá-lo, mas escorreguei e cortei minha cintura em algo. O corpo de Cato foi indo para longe de onde eu estava e não sei se eu ainda tinha força alguma para salvá-lo. “Não desista dele, Clove. Ele não desistiria de você.” Eu ouvia a voz de minha mãe falando isso e senti um nó se formar em minha garganta.

Sem pensar duas vezes me joguei em direção do corpo e tentei nadar para perto, mas a correnteza insistia em levá-lo para longe de mim. Para piorar a situação, minhas alucinações me revelaram árvores rosas e um riacho totalmente amarelo; eu estava ficando louca. Quando aquilo iria acabar?

Eu pensei em desistir. Eu realmente pensei em parar de nadar e simplesmente... morrer ali, naquele momento. Mas alguma coisa mudou. De repente, uma brisa suave soprou e as águas se acalmaram apenas correndo tranquilamente.

Eu respirei.

O nível da água abaixou subitamente e consegui dar pé no chão, correndo o mais rápido que pude até aonde Cato estava.

Quando consegui pegá-lo, enfim, lágrimas escorriam em meu rosto inchado. Eu estava exausta. Ao olhar para cima, me deparei com o rosto pálido de um Marvel acabado. Ele estendeu sua mão.

— Marvel? Você tá vivo?

— Me dá sua mão, Clove. Eu ajudo a tirar você daí.

— Cato, primeiro. – empurrei o corpo de Cato para cima e Marvel ficou me encarando assustado.

— Clove, me dá sua mão.

— Leve Cato para algum lugar, Marvel. Salve Cato e depois você me busca.

— Clove, não tem ninguém aqui.

— Leva ele!

— Clove, você está alucinando! Só tem você aqui.

— Marvel, não seja idiota. Tire Cato daqui agora.

Marvel pulou na água e tentou me tirar, mas eu comecei a soca-lo.

— Marvel, leve o Cato, ele vai morrer! Ele deve estar morrendo e pode escorregar e voltar para dentro da água.

— Clove, olha para mim. Olhe no fundo dos meus olhos. – eu o encarei. – não tem ninguém aqui, só eu e você. Vem comigo, por favor. – eu parei de lutar e olhei ao meu redor, não havia ninguém ali. Só eu e... Marvel. Mordi os lábios e deixei que Marvel me tirasse de lá.

Caminhamos até algum lugar onde não havia mais musgo e comecei a chorar alto. Marvel me abraçou e eu permiti que ele me abraçasse.

— Vai ficar tudo bem, Clove. Vai ficar tudo bem – ele passou a mão no meu cabelo e me deu seu casaco. - Pegue meu casaco e se esquente Clove, vamos achar um lugar para fazer uma fogueira e nos esquentar.

— Ok. – eu falei tremendo e me cobri com o casaco de Marvel. Andamos por cerca de três quilômetros, mas que na verdade, pareciam milhares.

— Eu não consigo mais, Marvel. Podemos parar aqui? – ele assentiu e me encostou em uma árvore enquanto foi procurar alguns pedaços de madeira. Eu fechei os olhos. Quando os abri tudo estava preto, esfreguei meus olhos e tentei mantê-los abertos. Marvel logo chegou e acendeu a fogueira; sentei-me o mais próximo possível dela. Mas não consegui me esquentar sozinha. Peguei o casaco de Marvel que estava jogado do meu lado e me agasalhei.

Mas se tudo não havia passado de uma alucinação, onde estariam Cato e Glimmer? Eu não precisava que alguém me contasse o que havia acontecido. O olhar triste de Marvel, o silêncio esquisito dele...

Era Glimmer.

Ela não havia conseguido fugir das teleguíadas. Sai de onde eu estava e andei para o outro lado da fogueira, aonde ele estava; abracei-o e ouvi ele fungar; rapidamente, as lágrimas começaram a cair.

— Não chore... Ela está em paz agora.

Ele assentiu e permanecemos abraçados; Marvel afundou sua cabeça em meu cabelo, eu não sabia como aquilo deveria ser difícil para ele, eu não gostaria de passar por aquilo, a dor no olhar de Marvel, me arrepiava e me deixava triste. Evitei perguntar de Cato, pois ainda não estava pronta para saber da resposta.

— Temos algo para comer? – eu perguntei, tentando não fazê-lo pensar em Glimmer.

— Eu peguei algumas maçãs. – ele sorriu um pouco. – você está com fome?

— Sim. – ele me passou a bolsa com maçãs.

— São confiáveis?

— Sim, eu peguei elas na Cornucópia. – eu comi as maçãs, que tinham um gosto ótimo, tinha o mesmo gosto das maçãs que minha mãe colhia para mim nos fins de semana. Que saudades de minha mãe.

— Como suas picadas se curaram tão rápido? 

— Ah! – ele revirou o a bolsa e tirou um frasco. – aqui. Pode usar se quiser, meus patrocinadores enviaram. – eu peguei o creme e passei nas minhas picadas que começaram a aliviar.

— Obrigado. Então, o que aconteceu, depois, de... você sabe...

— Assim que o ninho caiu, todos começaram a correr para algum lado. Cato, eu e você fomos para a esquerda e ah... Glimmer... bem, ela foi para a esquerda. Nós estávamos correndo e você parou e caiu; Cato voltou para você e tentou te puxar, mas você não respondia, então ele te pegou no colo. Nós corremos para longe te deixando embaixo de uma árvore, longe das teleguíadas, segura. Depois voltamos atrás de Glimmer, Peeta e Katniss. E bem, achamos Glimmer. Ela já estava morta... seu rosto estava inchado e totalmente irreconhecível... mas os cabelos ainda eram os mesmos. Ela ainda era a mesma. – Marvel engasgou e enxugou as lágrimas que haviam se formado no canto de seus olhos. Aquilo era doloroso até para mim. Ele tomou fôlego e recomeçou. – Logo depois o canhão disparou. Eu a peguei em meus braços e a levei até um lugar onde haviam flores e a deitei ali, cobrindo seus olhos. Assim, parecia que ela estava apenas dormindo e sonhando. Logo depois, eu e Cato fomos embora. Fomos a procura de Peeta e o encontramos ajudando Katniss a fugir, ela fugiu, mas bem, Cato enfiou uma espada nele e o deixamos lá. Fomos procurar você onde a deixamos e você não estava mais lá. Cato se desesperou e resolvemos nos separar. Ele foi para o lado da floresta e eu fui para o do riacho. Eu estava bem longe quando vi você lutando para sobreviver e para salvar, ahn... um Cato imaginário.

— Marvel, onde está Cato agora?

— Não sei. Mas ele vai nos encontrar, afinal, ele é Cato.

Eu sorri. Tentei me levantar e andar para o outro lado; falhei. Marvel veio ao meu socorro e se deparou com o corte em minha cintura. Havia muito sangue e estava bem infeccionado.

— O que aconteceu ai?

— Me cortei no riacho.

— Dói. – eu falei quando ele passou a mão no machucado.

— Está bem feio. Ainda não é noite e não corremos perigo, venha, vou te levar no riacho e limpar isso ai.

Andamos até o riacho e fomos até a borda mais rasa que havia. Marvel passou água no corte que por sinal, doía muito. Era uma dor insuportável. Depois que ele lavou o machucado, Marvel colocou algumas ervas que ele jurou não serem venenosas, mas sim medicinais no ferimento. Em questão de minutos, eu estava aliviada.

— Ficar aqui nas rochas não é uma ideia muito boa, Clove. Devíamos voltar para onde estávamos.

Eu concordei.

Ele me ajudou a levantar e caminhamos até lá. A fogueira já havia apagado, logo, Marvel a acendeu de novo. O sol do meio dia já havia saído, deduzi que seria por volta das 14h ou 15h. Me deitei do lado da fogueira.

— Estou com sono, Marvel.

— Pode dormir. Eu fico de vigia.

— Ok. Se... ahn... Cato aparecer – eu bocejei. – me acorde, ok?

— Tá. Bons sonhos, Clove.

— Depois de uma manhã como essa, eu acho difícil. – ele riu apresentando um semblante triste. – Marvel, fica bem tá?

— Eu vou ficar.

Fechei os olhos e dormi. Como era de se esperar, ao invés de ter doces e maravilhosos sonhos, fui assombrada por alucinações e pesadelos durante um tempo infindável.


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