Ken e Sam se entreolharam, depois baixaram os olhos para as duas rosas. Então Ken tomou a palavra.

– Hm, cavalheiros? – Ele olhos nos olhos de Seto e de Simon ao dizer isso. – Gostaria que vocês nos dessem um momento a sós, minha irmã e eu precisamos conversar.

Seto assentiu, deu as costas a eles e se afastou um pouco. Simon, tremendo nas bases, se sentou apoiado num das pedras.

– Então? O que fazemos? – disse Ken em voz baixa, quando se certificou de que estavam fora do campo de audição dos dois homens.

– Não faço ideia – respondeu Sam. – O Simon parece legal, mas o clone do Kaiba pareceu tão convencido de que poderia nos mandar para casa mais rápido...

– Eu sei. – Ken refletiu por um momento até que uma ideia lhe veio à cabeça. – Já sei. E se nós nos separamos? Cada um escolhe uma das rosas.

– Ficou maluco? Desse jeito nunca vamos conseguir juntar os 16 Cards... Esqueceu-se de que os dois lados querem os cards que estão com o outro lado? – Sam olhava incrédula para o irmão. – Vão acabar querendo que nós nos enfrentemos.

– Eu imaginei que você fosse dizer isso... Por isso, tenho um plano. – Ele olhou em volta, para ter certeza de que nem Seto nem Simon podiam lhe escutar. – Nós vamos nos enfrentar.

– O que?

– Quando cada um de nós tiver conseguido juntar os cards do lado adversário, eles irão pedir para que nós nos enfrentemos para que um lado fique com todos os cards. Daí, nós exigiremos marcar um lugar para que possamos duelar um contra o outro. – Ken olhou para as rochas em volta deles. – Seria uma pena se escolhêssemos um local que contasse com espaços para colocar os 16 cards e que pudesse abrir o portal mágico que o Seto falou quando os cards fossem dispostos em seus lugares.

Sam olhou boquiaberta para o irmão.

– Kenneth Harrison, você é um gênio.

Os olhos de Ken brilharam. Era bom ver a irmã reconhecendo seu intelecto superior.

– Eu lhe digo isso há quinze anos. Bom, deixa pra lá. Eu vou contar nosso plano ao Simon. Aí você vai com o Seto e fica enrolando ele, não o deixando desconfiar de nada.

– Alto lá – interrompeu Sam. – Por que eu que tenho que ir com o Kaiba da realeza?

– Por que você tem lábia, vai fazer o cara acreditar em tudo que você disser – argumentou Ken. – Além disso, quero ajudar a história a ser cumprida. O Yugi, digo, o Henry Tudor é quem tem que vencer a guerra e ascender ao trono inglês. Se eu trabalhar junto com ele, posso fazê-lo nos ajudar a voltar para casa. E não fui com a cara do Seto. Se eu for com ele, vou acabar me denunciando mais cedo ou mais tarde, e nosso plano irá por água abaixo... Ele pode até me matar.

– Ah, claro, e nunca vai passar pela cabeça dele que eu também posso ser morta – ironizou Sam.

– Faça o que você sabe fazer de melhor – insistiu Ken. – Duele e mostre pro cara que você está 100% do lado dele. Não podemos levantar suspeitas.

Sam suspirou.

– Sempre fico com a parte difícil. Vamos acabar logo com isso...

Os dois se viraram para Seto e Simon.

– Senhores – chamou Ken. – Nós tomamos uma decisão.

O brilho nos olhos de Seto era visível quando ele se voltou para olhar os Harrison. Simon se levantou de um salto e lançou um olhar de súplica aos irmãos.

Então Seto fez uma careta e apertou os olhos ao ver a cena que se desenrolava à sua frente. Os dois irmãos estavam segurando cada qual uma rosa, de frente para o outro: Ken estava com a vermelha, e Sam estava com a branca.

– Minha irmã e eu decidimos nos separar – disse Ken. – Lutaremos em causas opostas.

Simon olhava de Ken para Sam, sem entender o que se passava ali. O sorriso de Seto voltou a aparecer, mas ele estava hesitante.

– Que surpreendente. Mesmo meus palpites se revelam equivocados às vezes... Eu respeitarei a decisão de vocês. – Seto olhou para Simon. – Por ora, meu velho, estamos empatados. Vou deixa-los passar em segurança por aqui hoje, para que se encontrem com Yugi. Afinal, mata-los agora não seria nem um pouco esportivo. Nosso jogo ainda está longe de terminar. Com licença... Vou escoltar esta pequena dama até meu humilde palácio.

Seto passou o braço pelos ombros de Sam e a conduziu para o norte, enquanto Ken era levado na direção oposta por um aturdido Simon. Antes de sumirem da vista um do outro, os irmãos olharam por cima do ombro um para o outro, despedindo-se silenciosamente e perguntando-se em seus íntimos quando se veriam novamente.