E Se... escrita por Evee Jacob


Capítulo 2
Saukerl




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—Olá Saumensch.—Rudy a cumprimentou ao voltar da Juventude Hitlerista.

Saukerl. Tudo bem?

—Sim. Precisamos conversar.

Eles foram andando de mãos dadas até o Amper e Liesel se perguntava por que ele estava daquele jeito.

—Vou direto ao ponto. Porque você faz isso?

—O quê?

—Você não me cumprimentou de manhã!

—Eu não te vi!

—Eu acenei!

—Eu. Não. Vi. - Ele era teimoso

—Merda! Como vou fazer isso... -Ele resmungou e Liesel não entendeu nada.

—Dá pra falar como gente? Resmungando não tem como eu entender.

—Nós não podemos fazer isso!

—O quê?

—Ficar desse jeito... Se agarrando por ai. Escondido.

—Ora,ora. Quando eu disse isso você brigou comigo!

—É diferente!

—Diferente no quê?

—Diferente.

—Não vejo diferença Saukerl. Você não é melhor que eu.

—Fale baixo.

—Eu falo alto o quanto eu quiser! Você teve o direito de ficar bravo e eu não tenho? É assim que funciona?

—Dá pra me deixar terminar de falar Saumensch?

—Não! Não dá. Eu aceitei o que você disse mesmo achando que não era certo! Percebi que você tinha razão. Se era para vivermos íamos viver direito, mas não parece que é isso que você pensa agora não é? O que houve? Encontrou outra garota mais bonita que eu e que se esfrega em você?

—Liesel! Não é isso!

—Então o que é?

—Não dá pra ficarmos juntos desse jeito! Você está parecendo Frau Hubermann! Gritando e xingando como ela. Não vou ficar agüentando isso que nem seu papai.

—Não fale dos meus pais! E você quem começou Arschloch idiota!

—Olha ai. Uma cópia da mamãe.

—Cale sua boca e limpe-a antes de dizer algo sobre eles! Ia gostar se eu falasse de sua mãe? Não!

—É, você não tem jeito. Achei que poderíamos conversar direito.

—Eu não tenho jeito?

—Meminguer. Não quero mais saber de você entendeu?

—O quê?

—É isso ai.

Rudy ficou parado com seus cabelos de limão observando a roubadora de livros. Seu olhar se tornou duro e o dela se encheu de lágrimas. Liesel deu um tapa na face dele e saiu correndo.

—Não fale mais comigo. –sussurrou e correu mais.

—Oh Rudy. O que significa isso? –murmurou secando suas lágrimas em frente ao seu portão.

—Onde estava Liesel? -Perguntou Rosa ao ver a menina

—No Amper mamãe.

—O que houve?

—Nada.

—Você brigou com o namoradinho Lis? –Hans falou sorrindo largo.

—Rudy não é meu namoradinho papai.

—Sei.

—Não é!

—Tudo bem. Não é. –Ele falou e riu. Mamãe revirou os olhos e voltou sua atenção para a sopa.

Liesel pegou seus livros e foi ao porão.

—-

Saumensch! —Ouviu o grito de sua mamãe e se levantou num pulo.

—Oi mamãe.

—Porque está nesse chão frio?

—Estava escrevendo...

—Bom, deixe de escrever agora e venha comer.

—Estou indo mamãe.

—Agora Saumensch.

Comeu em silêncio.

—O que houve Liesel? Está tudo certo?

Queria gritar e dizer “Não papai. Não tem nada certo aqui. Não estou bem. E... Acho que Rudy não me ama mais!” Mas ela ficou em silêncio e disse:

—Nada não papai. Estou bem.

—Não está não.

—Estou.

—Tem certeza?

—Sim. –NÃO! Sentiu novamente vontade de gritar. Mas não o fez.

Os dias passaram e Liesel não falou mais com Rudy. Na verdade o estava evitando.

 

—O que aconteceu com vocês dois? –Tommy perguntou a Rudy.

—Nada. Ela é uma tola.

—Rudy, sei que gosta dela. –Tommy disse e seu tique aumentou quando sorriu.

—Não. Não gosto.

—Claro que gosta! Vá falar com ela. –Falou apontando para Liesel que estava saindo da casa de Frau Hotzapfel com um livro em uma mão e um saquinho de café na outra. Ela sorriu para alguém e acenou – era Bettina - depois seus olhos se encontraram com o de Rudy e ela os desviou para Tommy. Ela fez um aceno com a cabeça, séria e entrou em sua casa.

—Rudy! Mamãe ta chamando! –Ela gritou e olhou para dentro de casa. –Ah! Anda logo! –Completou e entrou fechando a porta.

—Pense no que eu disse cara. Eu vi agora. Os olhos dela brilharam e os seus também.

—Deixe de besteira Saukerl. Meus olhos não brilharam porcaria nenhuma.

—É sério. Brilharam.

—Rudy! –Ele ouviu outro chamado. Dessa vez era sua outra irmã que estava na porta. –Anda logo.

—Vai lá Rudy. Faça o que eu disse. Vai falar com a Lis.

—Ela não vai querer falar comigo.

—Claro que vai. É só pedir com jeitinho.

—Tommy! –A mãe dele estava chamando também.

—Parece que não querem nos deixar em paz hoje.

—É. Vou lá. Converse com ela.

—Quem vai embora sou eu. Não agüento mais você falando isso.

—Rudy.

—Até amanhã Tommy.

—É... A propósito... Obrigado.

—Pelo quê?

—Por ter agüentado aquelas coisas por minha causa.

—Amigos são pra essas coisas. –Rudy falou dando um soco no ombro de Tommy e se despedindo. –Tchau.

—Tchau. –Disse indo embora também.

• Uma Pequena Nota •

Os dois amigos não sabiam, mas essa era a última vez que sorriam juntos.

Era sua despedida


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