Midnight Sun Continuação escrita por Mari Scotti


Capítulo 2
Capítulo 11.2 - Interrogações (repostado)


Notas iniciais do capítulo

Revisei e postei novamente o capitulo pois percebi que estava faltando muito de Edward nas narrações. Atualizado cap em 10/09/2010



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(A PARTIR DE ONDE STEPH PAROU)

 

Dirigi relativamente devagar para o que eu estava acostumado. Queria prolongar em minha mente, o momento que estive com Bella, o aroma dela estava impregnado no carro, era como se ela fizesse parte do estofamento.

A estrada passava pelos meus olhos como um borrão, a imagem dela passeando em minha mente.

Eu não acreditava ser capaz de me afastar, menos ainda se ficarmos muito tempo sozinhos, por isso cheguei a conclusão que eu mais corria dela do que para ela, mas eu havia decidido conhecer meus limites, testar minha força de vontade e quem sabe até ficar com ela pra sempre, o pra sempre humano era o que cogitava. Como será que é beijar aqueles lábios rosados? Abraçá-la contra meu corpo sem receio ou aquecê-la do frio e da chuva constantes em Forks? Perguntas que eu não teria respostas, exceto por uma que insistentemente me fazia vacilar. Beijar Bella.

Em pouco tempo já estava em frente a nossa casa e avistei Alice plantada a porta a minha espera.

_Edward, você se superou esta tarde. – anunciou sorrindo sarcasticamente.

Franzi meu cenho sem entender e vi lembranças de uma visão em sua mente.

Eu estava com os olhos vidrados em Bella e os dela iluminados nos meus. Ambos sorriamos.

_O que é isso? – perguntei curioso.

_Vocês se beijaram! E eu vi tudo... mas ela mudou a decisão e você voltou pra cá. – ela me explicou.

Não comentei. Como Bella mudara de decisão? E por quê? Ela é louca? Ela queria me beijar? Será que essa tola entende o perigo que corre só por estar perto de mim? Ela não entendia as conseqüências? Ou será que finalmente entendeu que deve me temer e por isso mudou de idéia?

_Ela mudou de decisão? – falei curioso.

Alice sorriu e virou as costas para entrar em casa, num segundo eu bloqueava sua passagem, mas como sabia o que eu faria estancou antes que eu a tocasse.

_Ela queria Edward, porém você não avançou, Bella também não e o beijo não aconteceu. Bella compreende seus limites e pelo que vi, irá esperar você decidir beijá-la.

_Meus limites? – ralhei.

Respeita meus limites? Eu a estou poupando da morte certa e Alice diz que ela respeita meus limites.

_Edward, você também já decidiu, só não sabe ainda! E em breve eu a conhecerei. – Alice contornou meu braço e entrou em casa.

_Edward, bem vindo filho.

_Olá Carlisle.

Todos estavam na sala, o que não era comum e seus pensamentos eram menos comuns ainda. Alice estava contando a quantidade de vezes que Jasper a olhava, porém imaginando os números em algarismos romanos. Jasper, quando não olhava Alice e imaginava como sua vida seria sem ela, estava deliberadamente forçando a se concentrar de basebol que passava na TV, visualizava e mentalizava cada rosto da tela; Emmett e Carlisle concentravam-se também no jogo, aparentemente de verdade; Rosalie parecia indignada, mas não pensava concretamente em nada, Esme era a única que eu ouvia claramente “Edward será muito feliz, ele merece!”.

Definitivamente me escondiam algo.

_O que há? – questionei indo na direção de Carlisle.

_Edward, nós sabemos seu futuro. – Alice com sua tranqüilidade muito peculiar, respondeu – Vá se arrumar para a sua rotina noturna. – ela riu com o comentário e voltou a imaginar os algarismos romanos.

Não consegui me irritar com ninguém, estava ansioso demais para dar atenção a eles. Futuro. Ela devia estar falando sobre Bella, exatamente sobre ela ser imortal.

Subi as escadas e fui até meu quarto, assim que minha porta se fechou ouvi Rosalie resmungar para Emmett o quão era ridícula a atitude deles.

Nem parece que temos séculos de idade! – reclamou – Quanta infantilidade. Edward está apaixonado por ela, quer o sangue dela e vai acabar cometendo um erro. Fim do problema. Não tem porque esconder dele fragmentos de um futuro que talvez nem se concretize”.

Respirei fundo, repetindo em minha mente o que ela dissera com tanta certeza: Fim do problema.

Estar apaixonado por Bella já não era tão complicado de assimilar, mas se eu não conseguisse controlar meus instintos, o “problema” seria ela não existir. Não tenho certeza se conseguiria viver sabendo que a matei ou que a feri.

Olhei o armário tentando escolher uma roupa adequada. Sabia que Bella não me veria, mas e se ela acordasse? E se estivesse sonhando comigo? Eu queria estar impecável para a ocasião.

Decidi pensar em meus medos mais tarde.

O murmúrio deles ficou escondido em minha cabeça, enquanto me concentrava no banho, no perfume e na roupa que iria vestir.

Trinta minutos depois eu descia as escadas da Mansão.

Tudo isso praquela humanazinha” – desdenhou Rosalie me medindo de cima a baixo e revirando os olhos. Seus pensamentos sempre ruins a respeito de Bella.

A olhei insatisfeito, mas não havia motivos pra comentar. Alice veio na minha direção e beijou meu rosto.

_Boa noite Edward. – rodopiou de volta para os braços de Jasper.

Trinquei o maxilar pensativo. Não gostava da certeza de Alice que Bella faria parte de nossa família, ver a alegria dela por saber que eu iria até a casa do xerife me fazia recordar dos perigos a que estava expondo Bella.

_Boa noite Alice. – respondi dando as costas para eles.

_Filho, quando a trará aqui para que nós a conheçamos? – Esme perguntou amorosa como sempre.

_Não é seguro. – Esme se entristeceu imediatamente, o que me fez sentir muito mal – Prometo pensar no assunto. – corrigi rapidamente, indo até ela e cobrindo seu rosto de beijos – Até mais cedo. – sorri.

Minutos depois eu corria pela floresta em direção a casa de Bella. A casa estava silenciosa apenas a respiração de Charlie que dormia profundamente, porém não ouvi Bella, olhei para a sua janela e as luzes estavam apagadas.

Esperei mais alguns segundos, subi a janela e com um salto entrei em seu quarto sem fazer nenhum barulho.

Assim que meus pés tocaram o piso ouvi-a dizer meu nome. Me senti cheio com a mesma eletricidade que me consumiu esta tarde, me puxando para ela com o desejo de abraçá-la, de tocá-la, cada vez mais forte em mim.

Ela estava dormindo e sonhando, sonhando comigo. O sono foi agitado, mas pareceram bons e não ruins. O sorriso dela denunciava parte do sonho.

Sentei próximo da cama, apoiando meu queixo aos joelhos, encostado á parede. Não parava de me perguntar o que eu estava fazendo ali. E se perdesse o controle? Vá embora, se levante, saia pela janela e volte para a Mansão! – ordenei a mim mesmo, porem não obedeci. O quarto tinha o cheiro dela. As paredes, as roupas, os CDs jogados embaixo da cama, até os livros tinham o perfume dela.

Rodei o quarto algumas vezes, tocando seus pertences, levando roupas ao rosto, testando meus limites.

Bella acordou várias vezes e me escondi, depois voltava novamente para guardar seu sono.

O sol estava despontando no horizonte quando ela acordou a ultima vez. Seus olhos encontraram os meus por um breve segundo, eu me distrai conferindo se ela respirava. Rapidamente sumi de sua vista e logo ela dormia novamente.

Sai logo em seguida, sentindo-me renovado. Ve-la, ter uma noite completa para admira-la, para me acostumar ao seu cheiro era bom. Eu precisava apenas não perder o foco, não me distrair demais, não me aproximar demais.

Fui para casa e troquei de roupa para ir ao colégio. Alice continuava com o sorrisinho afetando, os olhos me seguindo em todos os cantos da casa, os demais continuavam exageradamente cordiais.

_Não vou com vocês. – anunciei quando Emmett pegou as chaves do carro de Rosalie.

Emmett abriu um sorriso enorme e piscou.

Ri. Não tive como não rir.

“Vai buscar a namorada é?” – perguntou em pensamento já me lançando imagem de Bella e eu nos beijando.

_Vou. – pisquei de volta, pegando o material escolar, a carteira e as chaves do meu Volvo.

_Opa! É isso aí maninho! – brincou.

Esme ficou radiante igualmente Alice, que já buscava o futuro pra saber o que me esperava.

Ignorei, gostava da expectativa. Não queria saber antecipadamente como Bella reagiria ao me ver esperando por ela na porta de sua residência.

Estacionei afastado o suficiente para Charlie não me notar quando saísse de casa. Lá dentro eles já estavam acordados, porem comumente se fazia silencio na casa, hoje estavam mais barulhentos, Bella parecia distraída e ansiosa, batendo copos e panelas e também conversavam.

Fechei meus olhos me concentrando nos pensamentos de Charlie e na conversa entre eles.

"Sobre esse Sábado..." - Charlie perguntou.

"Sim, pai?"

"Você ainda está pretendendo ir á Seattle?" - fiquei esperando que ela dissesse sim.

"Esse é o plano" - respondeu.

"Você tem certeza que não volta a tempo para o baile?" - Charlie continuou.

Ele estava preocupado com o baile, se algum garoto a havia convidado. Também não queria deixa-la sozinha no sábado caso não tivesse recebido um convite. Para sua geração não ser convidado ao baile era como uma rejeição coletiva.

"Eu não vou ao baile, pai" - ela informou.

Talvez eu a fizesse ir comigo ao baile. Seria uma pena não poder dançar com ela, tê-la em meus braços mais uma vez.

"Ninguém te convidou?" – ele mastigava tentando disfarçar a curiosidade, sabia que Bella não gostava de festas, como ele.

"É uma escolha das garotas" - ela informou. Parecia constrangida com o questionário que se seguia. Eu ri, em breve ela responderia a mais perguntas, as minhas.

Minutos depois Charlie saiu pela porta da frente, os pensamentos confusos, tentando entender as reações de Bella.

"Será que ela gosta de alguém?" - ele se perguntou enquanto se afastava em sua viatura.

Assim que ele sumiu, estacionei em frente da casa dela. Pensei em esperar fora do carro, mas poderia parecer que eu estava ansioso demais. Eu poderia também abrir a porta do carro, uma desculpa para ficar mais perto dela quando a ajudasse a se sentar. Depois decidi permanecer dentro do carro, ela não teria como recusar a carona.

Vi a cortina da frente se afastar e Bella espiar pela janela. As batidas do seu coração ecoaram fortes em minha cabeça, sorri internamente vendo-a sair e tentar correr até o carro.

Ela parou ao lado da porta do passageiro.

_Bom dia. Como você está hoje? – sorri

Eu estava interessado em tudo o que ela pudesse estar pensando. Seu semblante estava cansado, mas ela tinha aquele brilho nos olhos que me fascinava.

_Bem, obrigada. - a voz dela inundou o meu estomago e eu quase senti o calor do seu corpo do lado de fora.

_Você parece cansada. - afirmei.

_Eu não consegui dormir. - ela respondeu e jogou um pouco de cabelo por cima dos ombros cobrindo um pouco do rosto.

Me estiquei abrindo a porta para que ela entrasse. Bella sentou hesitante e colocou o sinto.

_Eu também não. - brinquei enquanto ligava o carro.

_Eu acho que está tudo bem. Eu só dormi um pouco mais que você. - ela sorriu.

_Eu aposto que sim. – sua agitação noturna pairando nas minhas memórias.

_Então, o que você fez na noite passada? - ela perguntou.

Dei uma gargalhada já respondendo - Sem chance. Hoje é meu dia de fazer as perguntas.

_Ah, é mesmo. O que você quer saber? - sua testa se enrugou.

_Qual é a sua cor favorita? - perguntei sério.

_Muda todo dia. – respondeu desviando o olhar.

_Qual é a sua cor favorita hoje? – insisti, dirigindo para a escola.

_Provavelmente marrom.

_Marrom? – estranhei a escolha. Meninas normalmente gostam de lilás, rosa, azul bebê.

_Claro, marrom é morno. Eu sinto falta do marrom. Tudo que era pra ser marrom, troncos de árvore, pedras, terra- está coberto de verde aqui. - ela reclamou olhando em volta. Ela sempre estava à frente dos meus pensamentos.

_Você está certa - respondi sério - Marrom é morno.

Hesitante me aproximei e coloquei seu cabelo atrás do ombro. O perfume dela fez minha garganta arder, mas era bom, eu estava me acostumando.

O formigamento tomou meus dedos e precisar concentrar toda minha mente na simples ação de afastar minha mão de seus cabelos e colocá-la no volante. Consegui.

Estacionei na minha vaga costumeira pensando em outra pergunta para fazer a ela, já conhecendo a resposta.

_Qual é a música que está tocando no seu CD player nesse momento? - perguntei como se fosse a resposta valesse sua própria vida.

Ela demorou a responder, então mexi nos meus CDs e lhe mostrei.

_De Debussy pra isso? - eu estava intrigado.

Era o CD que vi no quarto dela. Era o mesmo CD. Ela examinou a capa familiar, mantendo os olhos pra baixo.

Passamos um dia maravilhoso e a enchi de perguntas, das mais banais às mais intimas. Queria todos os detalhes, tudo o que eu não podia conhecer por seus pensamentos queria saber de seus lábios, então, absorvia cada informação, cada palavra, me sentindo insaciável por estas informações. Seu cheiro já estava impregnado nas minhas narinas.

A acompanhei para todas as aulas, Inglês, Espanhol, no almoço.

Perguntei sobre seus filmes prediletos e os que detestava, os lugares que conheceu que aliás, eram poucos, mas com algum tempo, eu mudaria essa quantidade. Pensei nas inúmeras viagens que poderemos fazer juntos, mas logo desisti lembrando do problema que seria me aproximar mais dela e tocá-la. Isso seria complicado demais e as visões de Alice me perturbavam.

Bella ela intrigante, e cada resposta sua me fazia mais curioso. Ela pareceu cansada, mas não recusou responder nada, respondendo aos meus mínimos caprichos. Não era apenas curiosidade por eu não ouvir seus pensamentos e num estalo já saber tudo sobre sua personalidade, sobre sua vida. Era uma questão de necessidade. Precisava dela como do ar, de cada pedacinho da sua vida como que pra preencher a minha.

_Topázio - ela respondeu depois que questionei qual sua pedra preciosa favorita. Seu rosto se iluminou e suas bochechas ficaram rosadas. A pergunta era simples, não consegui assimilar qual o motivo da vergonha.

Perguntei porque ela estava envergonhada, mas ela desviou o olhar de mim.

_Me diga – insisti.

_É a cor dos seus olhos hoje. - ela suspirou brincando com uma mecha do seu cabelo - Eu acho que se você tivesse me feito essa pergunta a duas semanas atrás eu teria dito que era o Ônix.

Ela realmente prestava atenção em mim, aquilo aqueceu meu coração de uma forma que nunca senti. A necessidade por ela aumentando dentro de mim.

Continuei com as perguntas na aula de Biologia até o Sr Banner entrar na sala. Vi que ele trazia equipamento áudio visual com ele o que logo me deixou apreensivo. Ele pretendia apagar as luzes. Senti a eletricidade da tarde de ontem tomar meus sentidos, o calor que o corpo de Bella emanava me puxando para ela como um imã. Afastei minha cadeira tentando amenizar os sentidos, mas de nada adiantou. Seria uma aula longa.

Assim que a sala estava escura, houve a mesma fagulha de eletricidade, a mesma vontade irresistível de invadir o pequeno espaço entre nós e tocar a pele dela, como fiz ontem. Ela pareceu perceber e se inclinou para a frente, descansando o queixo nos braços dobrados, agarrando a borda da mesa. Foi mais uma hora longa que eu lutei contra meus instintos.

Ela não me olhou durante todo o filme.

O Sr Banner se mexeu e acendeu as luzes. Fiquei admirado com a segurança de Bella, ela não se moveu um centímetro até as luzes se acenderem e olhou pra mim.

Me coloquei em pé e a acompanhei até a aula de Educação Física em silêncio.

O desejo de tocar sua pele ainda forte, impressionantemente forte no meu corpo. Antes que ela entrasse na quadra, toquei seu rosto com as costas da mão, bem de leve, sentindo a pele quente, o corar de suas bochechas, o arfar na sua respiração.

Me virei e fui para a minha aula, irradiando felicidade.

A aula de Inglês passou muito rápido, meus ouvidos atentos à aula de Bella.

Emmet que estava sentado ao meu lado, estava se perguntando porque eu andava tão distraído.

Porque? Bella. Qual motivo mais eu teria?

O fato de Alice dizer que ela queria me beijar... o meu próprio desejo de estar com ela, de ser... não... não poderíamos ser um casal. Não um casal comum. Ela sabia do perigo, eu sei do perigo.

Então, porque? Porque ela queria me beijar?

Um monstro, um assassino. Ela é mesmo louca. E eu sou o que? Um vampiro apaixonado. Que sarcástico!

Não percebi o termino da aula, só vi que a sala estava vazia e Emmet gargalhando ao meu lado.

“O cupido te pegou feio cara!” – ele pensou, gargalhando mais. Que ridículo!

“Cale a boca!” – ralhei enquanto nos encaminhávamos para fora e para o corredor de onde Bella sairia da aula de Educação Física.

Emmett foi encontrar-se com os outros e eu fiquei. Encostei na parede ao lado da saída, praticamente imóvel, lembrando de algumas vezes piscar ou respirar, esperando ansioso por ela. Se eu pudesse, estaria suando com o nervosismo.

Alguns segundos depois ouvi os tropeços de Bella e a porta se abriu.

Ela me encarou com um sorriso largo e satisfeito. Ela estava feliz em me ver e retribui a sua alegria.

Fiz mais algumas perguntas mais íntimas, eu precisava saber o que ela pensava de tudo.

Do que ela sentia falta em Phoenix, que com certeza era da mãe e do sol. Ela me descreveu tudo com tanta clareza, que eu me imaginei em cada lugar de suas lembranças.

Era incrível conversar com Bella, tudo era novo, tudo com novas perspectivas.

Estávamos agora sentados a frente da casa dela, o céu escureceu de repente e começou a chover.

Ela me descreveu o cheiro do creosoto amargo, “forte, residuoso, mas agradável”.

O som das cigarras, a esterilidade emplumada das árvores e até o tamanho do céu, com sua extensão azul e branca de horizonte á horizonte, poucas vezes interrompido por montanhas baixas cheias de rochas vulcânicas.

Ela me disse que achava bonita a beleza que não dependia de uma vegetação escassa, espinhosa e meio morta, uma beleza que tinha mais a ver com o formato da terra que ficava exposta, com as bacias superficiais entre os vales que ficavam entre as colinas escarpadas e a forma que elas emolduravam o sol.

Ela me explicava e gesticulava, tentando me fazer visualizar as suas imagens. Eu me sentia mais a vontade agora, respirando com mais tranqüilidade perto dela. Ela fazia com que me sentisse único. Especial para ela, mesmo quando sentia que ainda estava tímida ao responder minhas inúmeras perguntas.

“Será que Bells preparou um jantar? Não seria mal comer um peixe assado hoje... ela cozinha tão bem!” – ouvi os pensamentos de Charlie e as rodas da viatura tracionando contra o asfalto. Ele estava perto. Fiquei em silencio prestando atenção para saber o quão perto ele estava.

_Você já acabou? - Bella perguntou.

_Nem perto, mas o seu pai vai chegar logo em casa. – expliquei com uma pontada do peito, sabendo que deveria deixá-la por alguns momentos.

_Charlie! - ela exclamou e suspirou - Que horas são? – ela perguntou já encarando seu relógio de pulso.

_É o crepúsculo - murmurei, olhando para o horizonte obscurecido pelas nuvens - É a hora mais segura do dia pra nós - expliquei, respondendo uma pergunta que estava em seus olhos - A hora mais fácil. Mas, também mais difícil, de certa forma... o fim de outro dia, o retorno da noite. A escuridão é tão imprevisível, você não acha? - perguntei tristemente.

_Eu gosto da noite. Sem a escuridão não poderíamos ver as estrelas. - ela respondeu em meio a uma careta. - Não que elas apareçam muito por aqui.

Sorri em resposta. Ela sempre me surpreendia com seus pensamentos, com suas idéias do mundo. Era fácil amar Bella... fácil... nada era mais complicado que amar Isabella Swan. Cada olhar dela era diferente do da maioria das pessoas. Qualquer um teria medo dos perigos da noite, mas não ela, não Bella. Não com um vampiro, que declarou sentir desejo pelo seu sangue bem ao seu lado. Não, ela não tinha medo da noite.

Ouvi a tração das rodas contra o asfalto ainda mais perto e encarei Bella.

_Charlie vai chegar em alguns minutos. Então, a não ser que você queira dizer pra ele que estará comigo no Sábado... - ergui uma sobrancelha esperançoso.

_Obrigada, mas não, obrigada - ela respondeu pegando seus livros e esticando seu corpo que deveria estar dolorido pelo tempo que ficamos sentados ali.

_Amanhã é minha vez, então? – ela perguntou.

_Certamente não! - respondi fingindo ultraje. - Eu disse que ainda não tinha acabado, não disse?

_O que é que ainda falta? – ela perguntou surpreendida.

_Você vai saber amanhã - me inclinei sobre ela para abrir a porta do carro.

Ouvi seu coração disparar acelerado, sua respiração tremular e fiquei imóvel, fagulhas pareciam me cobrir por completo, o perfume dela arranhou minha garganta, mas ao invés de aproveitar o momento outro pensamento cortou meus sentidos.

_Isso não é bom – murmurei.

_O que foi? – ela perguntou, observando minha expressão fechada.

A encarei brevemente e respondi irritado: _Mais complicações.

Abri a porta e me afastei dela o máximo que pude.

Neste instante os faróis da patrulha de Charlie viraram a curva.

_Charlie está na esquina. - avisei, olhando pelo retrovisor para outro veículo.

Ela saiu rapidamente do carro, parecendo confusa. A chuva forte, molhando sua roupa, seus cabelos, ficou encarando o carro que se aproximava.

Ele está com ela, aquele sanguessuga! Tenho que afastá-la dele!” – eu podia ouvir os pensamentos de Billy ao lado de Charlie na caminhonete.

Fiquei imóvel, encarando-o. A chuva não atrapalhava em nada a minha visão. Ninguém me afastaria de Bella, ninguém.

Charlie parecia afastado de tudo isso, preocupado com Bella na chuva, só após alguns segundos reparou em mim e no carro parado em frente a sua casa.

Olhei Bella antes de ligar o motor, sai cantando pneus.

Liguei o motor e sai cantando pneu.

Menino atrevido!” – Billy pensou me encarando de volta enquanto passava por eles na escuridão.

Jacob Black também estava no carro com Charlie e Billy, suas preocupações diferentes das de Billy pois ele não acreditava nas lendas que ouvira. Estava apenas insatisfeito por me ver com Bella.

Bella... ela fica tão linda assim, molhada...” – ele suspirou em seus pensamentos.

Mesmo longe, eu podia sentir a ansiedade nas batidas do seu coração. Afastei meus pensamentos de lá dirigindo mais rápido, aos poucos tudo ficou em silencio.

Fui direto pra casa. Apesar do caminho distante, cheguei em menos tempo que o normal, eu queria fugir do cheiro, fugir da memória. Fugir da idéia que invadiu meus pensamentos depois que o vi, que ele seria a melhor escolha que Bella poderia fazer.

Ele não colocaria a vida dela e de seus familiares em risco, ele não perderia o controle se a beijasse, ele não ameaçaria a sua vida pelo puro egoísmo de tê-la por perto.

Estacionei, desci o banco e estiquei as pernas. Aumentei o volume do CD em meu carro, o mesmo que Bella estava ouvindo em seu CD Player. Fiquei ali, o som ligado no último volume, tentando abafar os pensamentos confusos que vinham de dentro da casa e minha própria confusão.

Se Billy resolvesse colocar Charlie contra nós, e se Charlie influenciasse Bella, talvez eu a perderia pra sempre.

Respirei fundo, confuso demais pra formar uma única frase coerente em meus pensamentos.

O que ele tem Alice?” – ouvi Esme perguntar num sussurro.

Não sei... mas vai ficar tudo bem, eu vejo!” – ela respondeu cautelosa.

Senti o ambiente se acalmar e abri meus olhos. Jasper estava na entrada da garagem, me encarando com olhos grandes e um sorriso infantil como se tivesse feito algo de errado.

_Obrigado! – falei

Ele em resposta acenou e saiu.

Continuei sentindo, o poder de Jasper sobre minhas emoções, me acalmara.

As vezes eu queria poder explodir, mas os estragos seriam notados pelos humanos e Jasper ajudava muito para que eu não perdesse a cabeça.

Será que Billy vai fazer a cabeça de Bella contra mim? Será que ela vai fugir? Agora que ela sabe, o que a impediria de contar?

Ele estava nervoso, estava com medo. Eu compreendo o medo dele, mas minha família está aqui ha tanto tempo e nunca quebrou o pacto. Eu não vou transformá-la. Não vou. Mesmo que Alice tenha visto isto, eu posso mudar este futuro.

Billy acreditava nas lendas, Billy sabia a verdade e ele em um segundo, poderia arriscar a existência de toda a minha família ou a minha própria se eu perdesse Bella.


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem!!