Um Violino e Sua Sinfonia escrita por Countess Dracula


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

De presente para Lyn Hale Bass. =)



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Acabo de despertar de um pesadelo. Outra vez com o tal violinista. Foi terrível. Sonhei que estava caminhando na floresta, aquela perto do Cemitério Municipal. Não conseguia distinguir para onde estava indo, pois as densas brumas amortalhavam o caminho. Abracei a mim mesma porque estava frio e admito, também estava com muito medo. Acho que com mais medo do que frio, apesar de saber que estava sonhando, mas enfim. Nuvens de fumaça saíam de minha respiração e resolvi parar para descansar, pois nesse momento sentia-me muito cansada, como sempre me sinto quando estou com frio.

Sentei-me na escada dos portões do cemitério, mas com cuidado. Não queria estragar o vestido azul claro que ganhei de minha mãe. Arrependi-me disso quando vi o vulto em meio à névoa. Minha respiração ficou ofegante e o medo tomou-me por completo. Senti que deveria ter continuado a andar, que talvez se me pusesse a andar eu conseguiria fugir do tal vulto. No entanto, por mais que eu me esforçasse, não pude mover-me. Estava petrificada.

O vulto aproximou-se. Era um homem. Ele usava uma longa capa escura, roupas formais e uma cartola que cobria o seu rosto. Sinceramente, naquela hora pensei que fosse chorar de medo. Mas não chorei. Não o fiz, porque o homem me surpreendeu. Num gesto rápido, tirou um violino debaixo da capa, apoiou-o no ombro esquerdo e começou a tocá-lo. Meu coração gelou, ao mesmo tempo em que fiquei ali, entre o choque e a fascinação.

A melodia era tenebrosa, assustadora e... Linda. Encantadora. Triste. E hipnótica. Porque, veja bem, nesse momento, percebi que não era mais o medo que me paralisava. Era o violino e sua sinfonia.

Passei a observar mais atentamente os longos dedos do violinista ora sobre o arco, ora executando o Vibrato, e não sei explicar como, mas naquele momento eu soube que suas mãos eram tão frias quanto pálidas.

Resolvi fechar os olhos para sentir aquela música, senti-la por todo o meu corpo. Era como se o mundo inteiro fosse música e ela vinha bombardeando-me de todo os lados, de todas as direções possíveis e imagináveis.

Mas, eis que de repente comecei a ouvi-la de muito longe. Parecia tão, mas tão distante. O frio ao meu redor aumentou, como se eu estivesse no meio de um rio, e as águas geladas batessem em meu peito, fazendo-me sentir uma dor aguda ali. A música tornou-se mais distante ainda, até finalmente cessar. Senti braços ao meu redor e abri os olhos. Era ele, o violinista quem me abraçava. Olhei diretamente para seus olhos, que eu já adivinhara azuis, embora notasse um brilho estranho neles.

Ele beijou-me a testa e então despertei em minha cama. Não sei bem o que tanto me aterrorizou nesse sonho. Mentira. Sei sim. O terror é a certeza de que enquanto a sinfonia toca, estou morrendo. E ninguém virá me ajudar.


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Notas finais do capítulo

Vibrato -> Uma das importantes técnicas de instrumentos de cordas. O dedo da mão esquerda que prende a corda oscila levemente, causando uma flutuação no tom e enriquecendo o som. O vibrato é usado sobretudo em notas longas. Alguns violinistas preferem não usá-lo quando tocam músicas muito antigas.

Créditos à Lyn Hale Bass pela explicação. Eu nunca nem cheguei perto de um violino, gente! xD