New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 96
O poder dos lobos!


Notas iniciais do capítulo

Diante do Guerreiro Deus Fenrir de Alioth, Gustavo utiliza suas técnicas aprimoradas para enfrentar o guerreiros dos lobos.



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O cavaleiro de Dragão percorria o caminho dos penhascos que rodeavam o palácio Valhalla. Avistava embaixo, muito longe, o mar congelado dos fiordes da Escandinávia, silenciosos e ameaçadores.

Enquanto caminhava, Gustavo recordou-se da conversa que os cavaleiros tinham tido no jatinho. Thiago os alertava para as formas com que os Guerreiros Deuses conseguiam interagir com o ambiente de Asgard, utilizando a natureza, os animais e o clima, segundo as lendas que ele havia escutado dos moradores da região quando havia visitado aquela terra durante seu treinamento. Matt, que se recostara na janela enquanto ouvia a conversa com ares de planejamento, de repente notou a expressão gélida na face do primo.

— Você está bem? – perguntou.

Gustavo não respondeu, mas seu olhar deixou de ficar vidrado na conversa. Se Thiago estivesse certo, ele teria que apelar para as técnicas ocultas que escondia dos amigos mais uma vez. Spartan de Bússola e Algol de Perseu tinham sido os únicos a experimentar sua habilidade de expandir seu cosmo para o exterior.

Seus amigos não haviam estado presentes quando ele enfrentara Spartan, e estavam petrificados (ou, no caso de Matt, nocauteado), quando enfrentara Algol. Nenhum deles vira o poder máximo de Gustavo em ação. Enquanto ele relembrava tudo isso, alguma preocupação pareceu transparecer em seu rosto. Matt notou e deu-lhe um tapinha no ombro.

— Não se preocupe, Guga – disse ele. – Nós vamos arrebentar.

Fazia muito tempo que alguém não o chamava pelo apelido de infância. Guga. E Matt, no entanto, lembrou-se e o disse, talvez para acalmá-lo. Aparentemente, havia funcionado. Mas a dúvida sobre a necessidade de usar a habilidade secreta que seu mestre Shiryu, que no momento estava provavelmente meditando em algum lugar dos Cinco Picos Antigos, longe dali, lhe havia ensinado, persistiu; era algo mais forte do que a amizade demonstrada por Matt e pelos outros.

Com os pensamentos de volta ao presente, Gustavo imaginou se Betinho já teria vencido Thor e conquistado sua safira de Odin. Finalmente, ele avistou uma grande cachoeira congelada que levava à borda do desfiladeiro. Era um rio congelado, mas não muito longo.

Gustavo atravessou andando o rio congelado e chegou à outra margem. Antes de prosseguir, resolveu olhar para o monte de onde a cachoeira se soltava. Havia várias fendas dos dois lados do monte, parecidas com cavernas.

Sem aviso, um uivo soou da caverna mais próxima do chão. Um lobo de pele vermelho rubi saltou de dentro dela, rosnando para o cavaleiro. Atraídos pelo uivo, vários lobos de pelagem acinzentada surgiram de dentro das demais cavernas, posicionando-se atrás do lobo vermelho, que era, aparentemente, o líder da alcateia.

Gustavo hesitou, receando um ataque conjunto da matilha, e tentando bolar uma boa defesa. Mas, nesse instante, aconteceu algo que fez o sangue dele gelar.

Um dos lobos que estava mais recuado da matilha, de repente, ficou em pé nas duas patas. Sua pele não era peluda e tampouco era cinza. Era albina. Não era um lobo... Era um homem.

O homem tinha olhos castanhos amarelados e cabelo grisalho, apesar da aparência jovem. Uma rajada de ar frio passou por ele e pela numerosa matilha, deixando o cabelo de Gustavo em pé, mesmo coberto com seu elmo. Com o ar frio, um borrão cinza do tamanho do lobo vermelho encobriu o homem.

Gustavo piscou. O homem, que estivera de calção, agora estava coberto por uma armadura azul-escura, sua máscara ocultando seus olhos como um visor. No cinturão, uma safira de Odin brilhava em meio à cor branca da neve. Era um Guerreiro Deus.

— Sou Fenrir de Alioth, a estrela Épsilon – disse ele. – Vejo que já conheceu minha família, cavaleiro do Zodíaco.

— Família? – indagou Gustavo, olhando em volta, visualizando a enorme matilha de lobos. – Só vejo os lobos e a gente.

— Dragão, não é? – disse Fenrir, sem mostrar intenção de ouvir resposta. – Você me parece muito ignorante, meu caro. Estes lobos são a minha família.

Fenrir de Alioth atravessou a matilha de lobos até ficar ao lado do lobo vermelho, e acariciou sua cabeça.

— Para trás, Guingue – disse ele para o lobo, que obedeceu e virou-se para o bando. Uivou rapidamente, e eles recuaram até o pé da cachoeira, com o lobo chamado Guingue um pouco adiantado. Fenrir virou-se para Gustavo. – Não quero vê-los feridos enquanto dou um fim na sua existência.

— Você os trata como se fossem humanos – comentou Gustavo sem pensar.

— Humanos não mereceriam todo este carinho – replicou Fenrir, irritado. – Humanos são nojentos e desalmados, Dragão.

— Você fala como se não fosse humano – insistiu Gustavo, olhando incrédulo para Fenrir.

— Não me considero humano – retrucou o Guerreiro Deus. – Fui abandonado pelas pessoas que se diziam minhas amigas, quando meus pais foram mortos por um urso. Desde então vivi com os lobos. Eles me acompanharam mesmo na minha morte.

Fenrir agora perfurava Gustavo com o olhar.

— Mas o imperador Hades me deixará viver com os meus lobos, quando o mundo cair aos pés dele.

— Isso é besteira – disse Gustavo, dando um sorriso amarelo. – O que o Hades quer é a destruição, mergulhar tudo nas trevas. Não haverá espaço para você e uma trupe de lobos.

— Cale-se, insolente! – ralhou Fenrir, e arranhou o chão gelado com seus pés. – Você não faz idéia do meu sofrimento e dos meus lobos. E de Asgard. Vivemos sob a neve, mas agora temos a chance de ver a luz do sol nos iluminar!

Gustavo balançou a cabeça, sem desviar o olhar de Fenrir. O Guerreiro Deus estava mais enfurecido.

— Já que temos tantas diferenças, por que não resolvemos isso da maneira clássica? – sugeriu Gustavo. – Nos enfrentando.

— Tem razão – disse Fenrir, cerrando os dentes que mais pareciam presas. – Há tempos que anseio por uma luta de verdade. Prepare-se, cavaleiro!

Fenrir saltou para trás, em direção aos lobos; Gustavo saltou em direção ao Guerreiro Deus, mas o lobo Guingue e sua matilha avançaram para ele. O cavaleiro de Dragão saltou outra vez, tentando ficar fora do alcance dos lobos, mas os animais não tentaram atacá-lo. Confuso, Gustavo virou-se para encarar Fenrir.

O Guerreiro Deus de Alioth vinha em sua direção, correndo feito lobo, deslocando-se sobre a neve com um raio.

GARRA DO LOBO ASSASSINO!!

Gustavo sentiu as mãos de Fenrir se encostarem em sua armadura e na sua pele. Então se deu conta de que o outro estava arranhando e perfurando sua vestimenta; o sangue do Dragão jorrou quando as garras lupinas de Fenrir atacaram seu tronco e seus braços. Então um golpe particularmente forte do adversário rasgou o rosto de Gustavo.

O cavaleiro de Dragão soltou um gemido de dor e um berro. O sangue escorria pelo rosto dele, encharcando seus olhos, que estavam embaçados e turvos. Gustavo caiu no chão congelado; acima dele, Fenrir saltava para trás, ainda próximo, pronto para atacar de novo a qualquer instante.

— Aha! Agora você sentiu na pele a força de um lobo feroz! – exclamou o Guerreiro Deus, observando satisfeito Gustavo se contorcendo de dor. – Talvez isto o faça ter mais respeito com os lobos, rapaz!

Mas Gustavo não se entregou. Cambaleando, ele se ergueu, com a vista embaçada, quase cego, mirando os contornos de Fenrir, que riu ao ver o esforço do cavaleiro.

— Já que insiste – disse Fenrir -, farei com que morra mais rápido.

Fenrir se adiantou, seu cosmo concentrando-se nas garras, mas Gustavo foi mais rápido.

CÓLERA DO DRAGÃO!!

Gustavo atacou sem ver; o chão gelado de neve explodiu quando o golpe atingiu-o em cheio, mas Fenrir pulou para evitar o golpe. O cavaleiro de Dragão acabou demorando para atacar devido às condições precárias de sua visão.

Gustavo esfregou rapidamente os olhos para enxugá-los; mas a neve veio com tudo ao seu encontro e ele precisou proteger os olhos com os braços.

GARRA DO LOBO ASSASSINO!!

Fenrir atacou de novo; suas garras, porém, se chocaram com o escudo do Dragão e arranharam sua superfície. Ágil, Gustavo abaixou-se e tentou atingir o oponente com o punho; mas Fenrir, mais ágil, bloqueou o golpe com o pé, chutando Gustavo para longe.

O golpe anterior de Gustavo havia quebrado o gelo sobre o rio. As águas geladas corriam ferozmente pelo desfiladeiro abaixo. As garras de Fenrir eram rápidas, quase atingindo a velocidade da luz. Mas a armadura de Gustavo, com o sangue dos cavaleiros de Ouro, mesmo danificada, continuava forte. O jovem já podia defender-se da Garra do Lobo Assassino e neutralizar Fenrir.

— Pode vir, Fenrir! – bradou Gustavo para o adversário; lá atrás, os lobos rosnavam com mais vontade para o cavaleiro. – Vou dar um jeito em você. Sua Garra do Lobo Assassino não vai mais me afetar.

— Tem certeza, Dragão? – gritou Fenrir em meio aos uivos ferozes da alcateia. – Nunca subestime os lobos do norte! Prepare-se!

Fenrir pôs-se a correr, como das outras vezes, feroz como um lobo faminto e rápido como um raio. Gustavo colocou o escudo um pouco à frente de sua cabeça, para que as garras de Fenrir não atingissem seu corpo.

GOLPE DO LOBO IMORTAL!!!

Golpe do Lobo Imortal?? Fenrir não estava correndo com os dois punhos abertos como garras. Um de seus punhos estava fechado, o cosmo gelado do Guerreiro Deus desprendendo-se da mão dele, apontada para Gustavo.

O escudo não aguentou. O novo golpe de Fenrir atingira a velocidade da luz de maneira repentina. O punho dele foi mais rápido que o braço de Gustavo com o escudo. O Dragão sentiu o corpo ser golpeado, não com garras, mas como se inúmeros lobos o atacassem, mordendo-o, atingindo cada centímetro de seu corpo.

Gustavo quase caiu no rio, segurando-se como podia na neve. O triunfo estava estampado no rosto de Fenrir de Alioth. Se não forem as garras dele, pensou Gustavo, seriam os punhos que me matariam. Não parecia haver forma de vencer o Guerreiro Deus.

Um pingo de água do rio caiu no ouvido de Gustavo, esfriando-o. Ao mesmo tempo, o cavaleiro viu o sol com seu brilho meio opaco, habitual naquela região. A luz dele iluminava o penhasco fracamente, mas iluminou a mente do Dragão com intensidade.

Suas dúvidas haviam acabado. Era isso. A saída para derrotar Fenrir.

Gustavo tomou fôlego e levantou-se. Fenrir resmungou e escarneceu dele, quase inválido. Sua visão estava quase recuperada, apesar dos ferimentos. Correu para a cachoeira.

— O que vai fazer, Dragão? – berrou Fenrir quando Gustavo chegou ao outro lado da parte congelada do rio, indo em direção à cachoeira. – Quer fugir? Não adianta! A cachoeira congelada não pode ser escalada. Guingue!

O lobo vermelho veio andando em direção a ele como um filho correndo para o pai.

— Mate-o – ordenou Fenrir; o pelo do lobo se eriçou e ele latiu para sua alcateia. Os lobos viraram-se para Gustavo, ao pé da cachoeira, todos com os pelos eriçados e os dentes à mostra, caminhando lentamente para o cavaleiro.

Era exatamente do que Gustavo precisava. Um simples teste. Se os lobos sucumbissem como ele estava imaginando, Fenrir também sucumbiria...

Os lobos se aproximavam mais, fechando o cerco sobre o Dragão. Gustavo virou-se para a cachoeira. Sentia que só dispunha de uma chance.

CÓLERA DO DRAGÃO!!

Ele atacou a cachoeira. Com um estrondo, a água jorrou violentamente, despejando-se sobre os lobos. Gustavo afastou-se o mais rapidamente possível da cachoeira, para não ser levado pela correnteza. Os lobos se afogaram; seus uivos de desespero ecoaram pelo penhasco, mas foram abafados pelo grito de fúria de Fenrir que se seguiu...

Gustavo fechou os olhos. Esperou. O outro não iria ficar sem fazer nada. Ia querer se vingar. Gustavo forçou seus sentidos; ficou incapaz de ver; ficou incapaz de sentir, embora o frio do norte se intensificasse ao seu redor; ficou incapaz de cheirar, embora o ar estivesse impregnado com o cheiro de sangue; ficou incapaz de ouvir, mesmo com Fenrir berrando de ódio ao ir ao encontro dele; e ficou incapaz de sentir gostos na boca.

Sua mente se esvaziou facilmente, uma vez que se privara de seus sentidos. Seu cosmo aumentou desproporcionalmente. Pela terceira vez desde que se tornara um cavaleiro, o Dragão tornava-se um só com a natureza temporariamente.

GOLPE DO LOBO IMORTAL!!! – disse Fenrir; seu golpe atingia Gustavo por inteiro, mas este não o sentia. Precisava deixar o Guerreiro Deus com a sensação de estar controlando a situação. Esperou o momento certo, que não demorou.

— Tome! – disse de repente. – CÓLERA DO DRAGÃO!!

Foi como se tudo ao redor deles se voltasse contra Fenrir. A neve e a água confundiram-se com o golpe de Gustavo, concentrado em seu punho. O Guerreiro Deus de Alioth foi atingido com força no coração e foi lançado para trás. Caiu com um baque na neve da beira do rio.

Sabendo que a batalha havia terminado, Gustavo voltou ao seu estado normal, sentindo a natureza desprender-se dele e seus sentidos se aguçando outra vez. Foi até o adversário caído no chão. Fenrir estava sem forças, seu elmo partido, sua armadura despedaçada. A safira de Odin brilhava. Gustavo abaixou-se e retirou-a do cinturão do oponente.

Levantou-se e lançou um último olhar a Fenrir. Um líquido negro escorria de seu coração. Seus olhos estavam saindo de foco. Então, como que num último suspiro, ele falou.

— Como deve ser bom... Ter amigos. Ter algo pelo que vale lutar... Ter algo pelo que vale viver. Perdoem-me, senhores de Asgard...

Fenrir fechou os olhos e parou de respirar. Estava morto. Gustavo virou-se, pasmo, absorvendo o que vira. Hades saíra do corpo de Fenrir. O Guerreiro Deus ficara livre da possessão em seus instantes finais. Um final triste para um guerreiro de história triste.


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