New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 85
O duelo entre Fênix e a Excalibur


Notas iniciais do capítulo

O cavaleiro de Fênix oferece combate a mais um cavaleiro de Ouro. E como será que seus companheiros de Bronze estarão se saindo em seus respectivos combates?
O embate agora ocorre na Casa de Capricórnio.




Os eventos deste capítulo, do anterior e dos dois seguintes ocorrem simultaneamente.



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            - EXECUÇÃO AURORA!!

EXECUÇÃO AURORA!! — exclamou Thiago em resposta; os dois golpes se chocaram, mas era visível que ambos os cavaleiros estavam longe de sua melhor forma. Camus ainda demonstrava estar desgastado pela luta com Matt, e Thiago se sentia cansado por ter se debatido contra a Outra Dimensão e a prisão de ventania de Saga. Além disso, ele praticamente não podia mais contar com sua armadura. E a Sapuris de Camus já estava bastante avariada.

            Mas Thiago não se sentia particularmente em vantagem por isso. Pelo contrário, o nível de poder de Camus ainda o deixava intimidado.

            Os dois acabaram por não conseguir manter o golpe simultâneo por mais tempo, e cessaram de lançar suas rajadas; isso produziu um choque quando as duas Execuções Aurora cessaram de ir ao encontro uma da outra, fazendo com que o ar frio soprasse incontrolavelmente pela Casa e lançando os dois cavaleiros de encontro às colunas do templo.

            Atordoado, Thiago tentou se por de pé o mais rapidamente possível, mas sentia como se suas pernas fossem de chumbo. Notou que Camus, mesmo ainda sem conseguir se equilibrar direito, já estava de pé.

— Ora, garoto. Parece que Saga o superestimou. Achou que você seria um desafio à altura, mas você mal consegue se manter de pé. Nem enfrentou a nós, Cavaleiros de Ouro antigos, direito e já está extenuado.

— Pare de exibir essa pose arrogante e venha ver quem realmente está extenuado – rosnou Thiago, conseguindo, a muito esforço, se colocar de pé. No entanto, era difícil parecer ameaçador quando seu corpo parecia prestes a desabar.

— Não engane a si mesmo, garoto – replicou o antigo protetor da Casa de Aquário. – Mal resistiu a um leve embate contra Saga e ao choque com a minha Execução Aurora. Hyoga não está aqui para protege-lo. Sua armadura está praticamente morta, é um peso inútil sobre o seu corpo. Saga não lhe fez nenhum favor tirando-lhe da Casa de Gêmeos e jogando-o aqui. Devia ter deixado seu amigo ter tentado me finalizar quando teve a chance.

— Cale a boca... Deixe-me mostrar do que sou capaz...! – Thiago se empertigou e preparou-se para o ataque. – PÓ DE DIAM...

CÍRCULO DE GELO!!— exclamou Camus rapidamente, impedindo Thiago de executar sua técnica e convocando o ar gelado para imobilizá-lo. – Ora, meu rapaz. Que ingenuidade foi essa? Assim não conseguirei acreditar que Hyoga tenha lhe treinado adequadamente. Usar os golpes que EU ensinei a ele, CONTRA mim? Um cavaleiro decente não cometeria uma gafe dessas.

            O garoto rangeu os dentes, frustrado e incapaz de falar, paralisado pelo frio. Odiava admitir, mas estava mais cansado do que imaginava, e ser paralisado por sua própria técnica era uma situação deprimente. Saga havia planejado bem – ele não tivera chance alguma de enfrentar o cavaleiro de Gêmeos, e na chance seguinte que teve de mostrar serviço, se viu diante de ninguém menos que o mestre de Hyoga. Que merda colossal... Aquela era o mestre do SEU mestre, o que indicava que as chances de Thiago certamente não estavam nada favoráveis. Uma noite péssima para o cavaleiro de Cisne.

            Camus parecia também ter ciência do infortúnio do rapaz.

— Creio que a atitude correta aqui seria dar fim ao seu sofrimento, meu rapaz, pela pequena consideração que ainda tenho por Hyoga. Além disso, tecnicamente ainda seria uma forma de seguir os desígnios do mestre Hades. Assim que eu terminar com você, provavelmente Fênix, ou a garota lemuriana, ou algum dos outros cavaleiros jovens virá até aqui para tentar conseguir o que você não conseguiu. Ou talvez o próprio Hyoga venha para tentar vinga-lo, e aí, sim, seria um confronto decente. Hyoga não cometeria os seus erros e, mesmo que eu perdesse, cairia com honra, e não seria um desperdício de tempo como está sendo este embate com você. Curiosamente, eu já tentei dar esse mesmo fim ao próprio Hyoga tempos atrás. Com você, creio que será algo ainda mais misericordioso, pois você claramente não está em condições de me enfrentar. E, ao contrário de Hyoga, duvido que alguém venha libertá-lo a tempo. Seus amigos a essa altura estão ocupados enfrentando a morte nas outras Casas do Zodíaco. Você poderá ver os esforços deles do além, talvez aprender algo com eles e ver como deveria ter se portado no campo de batalha para evitar um fim tão simplório. Ou talvez você apenas tenha que esperar por um breve momento antes que eles também tenham seu fim pelas mãos dos Cavaleiros de Ouro espectros, e todos vocês estarão no além juntos.

— Mhmmm...! – esperneou o garoto, mas sua voz não saía. Camus riu de escárnio.

— Aceite o conselho de alguém que passou um bom tempo aprisionado no além, garoto. Com o tempo, você se acostumará e aceitará seu destino... A menos que receba uma oferta de Hades, como eu. Mas acho improvável. Agora, vamos ao grand finale.

            Camus ergueu a mão, e o ar frio ergueu Thiago a alguns centímetros do chão. Infelizmente, o irmão de Betinho fazia uma boa ideia do que estava para acontecer – e assim, Camus estaria certo: ninguém poderia salvar Thiago daquilo, e ele morreria sabendo que havia decepcionado seus amigos e todo o Santuário.

— Adeus, cavaleiro de Cisne. ESQUIFE DE GELO!!

            O ar começou a se solidificar e cobrir o corpo de Thiago na forma de gelo. Rapidamente, o gelo se alastrou até cobrir o garoto quase completamente. O garoto grunhiu uma última vez antes de ser coberto totalmente pelo esquife.

            Camus depositou o sarcófago de gelo de pé diante de si. Thiago ainda conseguia enxergar e ouvir dentro do esquife, mas sentia que seus sentidos o estavam abandonando pouco a pouco.

— Dentro de alguns minutos, você cessará de sentir tudo a sua volta, Cisne – alertou Camus, como se lesse os pensamentos do garoto. – Será um final pacífico e misericordioso, talvez até mais do que você merecia. Mas não se preocupe. Não ficarei contemplando seus últimos momentos. Você poderá partir dessa vida sem se preocupar em ver que ainda estou contemplando o resultado de seu grande fracasso. É o mínimo que posso fazer em consideração ao pupilo de Hyoga. Adeus.

            Camus deu as costas ao menino e começou a andar em direção à entrada da Casa de Aquário, como se tencionasse esperar pelos demais cavaleiros de Bronze ali.

            O antigo cavaleiro do gelo mal havia chegado à metade do caminho, quando os olhos de Thiago começaram a fraquejar. Ele sabia que, se desmaiasse, não acordaria mais. Então, ouviu algo ao longe. Camus deve ter ouvido também, porque parou no meio do trajeto.

            Um trovão soou distante. Em seguida soou novamente, e um clarão cortou o céu acima deles. Havia algo cortando o céu, algo brilhante, e vinha em direção à Casa de Aquário. Com a vista cansada, Thiago se obrigou a olhar por um buraco aberto no teto, que devia ser resultado da luta entre Matt e Camus de momentos antes.

            Então, a coisa brilhante desceu velozmente e causou um buraco ainda maior no teto, aterrissando diante de Thiago e lançando Camus para trás com o impacto da queda.

...

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            Na Casa de Libra, Dohko também sentiu o impacto do trovão – e acreditava ter sentido uma energia muito familiar emanando dele. Ele estivera tentando sentir o cosmo de Gustavo (pois sabia que se tratava do aprendiz de Shiryu) e dos demais cavaleiros de Bronze em batalha, mas aquilo o fez voltar suas atenções para a batalha na Casa de Aquário.

            Então reconheceu a energia em questão.

— Shiryu. Pelos deuses... – Dohko ficou com a voz embargada. – Quer dizer que você e Hyoga resolveram se compadecer dos cavaleiros agonizantes? Senti a armadura de Aquário chegar ao Santuário há pouco. Vocês no estrangeiro, lutando suas próprias batalhas em auxílio ao Santuário e, no entanto, tiveram ainda a bondade de enviar suas armaduras em auxílio destes jovens, que lutam uma batalha talvez grande demais para eles. Espero que esta seja mesmo a decisão acertada... Que Atena conduza o caminho dessas crianças da maneira mais adequada...!

            Na Casa de Aquário, Camus estava estupefato pela aparição de outra armadura de Ouro. Ele achava que havia causado por contra própria a chegada da armadura de Aquário mais cedo, como parte do esquema para se apossar da mente de Fênix e fazê-lo erguer a mão contra seus companheiros, e que a armadura simplesmente havia atendido ao chamado de seu antigo guardião, mas agora tinha dúvidas. Será mesmo que o plano de Hades tinha falhas?

...

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            Thiago contemplava a armadura de Libra diante dele. De início achava que aquilo não fazia sentido – seu signo era Áries e não Libra, se fosse para comparar com, digamos, a situação pela qual Matt passava: um elementalista do fogo que também podia recorrer ao gelo. Ele tinha ciência de que havia também a relação de Rina com a simbologia de Escorpião ou mesmo a relação de Gustavo com a simbologia de Capricórnio e o controle da natureza; mas aquela constatação, especificamente, além de deixa-lo com inveja por ver que outro membro da equipe podia usar suas técnicas, também o fazia questionar seu próprio lugar na equipe; de que adiantava um cavaleiro específico de gelo quando já havia outra pessoa capaz de manipular não só aquele elemento, mas também seu oposto?

            Porém, a aparição daquela armadura o fez acender uma leve fagulha de esperança em seu interior. Talvez a armadura de Libra só tivesse aparecido para ajudar em agradecimento por ele ter ajudado a resgatá-la dos Cavaleiros de Aço meses antes – ou talvez ela estivesse tentando lhe mostrar algo, uma dica de como poderia vencer o duelo com Camus e, ao mesmo tempo, se sentir mais útil para a equipe.

            Ainda assim, Thiago estava confuso. Por que a armadura apareceria para ele? Libra era o signo de seu irmão, então, pela lógica, se fossem seguir o exemplo de Matt, ela devia ter aparecido para ele. Ou até para Gustavo, que era aprendiz do atual Cavaleiro de Libra. Mas não, ela aparecera para ele. Àquela altura, ele presumia que seu irmão ainda estivesse na Casa de Touro e que Gustavo estivesse na Casa de Câncer, ocupados com seus próprios combates. Então, por que a armadura havia se manifestado para ele, sem nenhum link para com ela, e não para algum dos outros dois?

            De repente, a armadura começou a brilhar, ofuscando a visão do garoto. Então, uma das espadas da armadura se soltou, como se ganhasse vida própria, e flutuou em direção ao esquife, desferindo um golpe contra a superfície do mesmo. A princípio, o golpe pareceu superficial; mas, logo em seguida, rachaduras começaram a se espalhar pelo esquife. Thiago sentiu a estrutura do gelo se enfraquecer, e, quando percebeu que o ataúde não podia mais contê-lo, flexionou os braços para baixo, ajudando a quebrar o sarcófago de gelo de dentro para fora. Estava livre. A espada voltou flutuando para a armadura, e o garoto considerou um milagre o golpe da lâmina não ter sido profundo o bastante para ter alcançado seu corpo, visto que a camada de gelo do esquife não era muito densa. Quase parecia que a espada de Libra tinha certa experiência em destruir invólucros de gelo.

            Em seguida, a armadura se desmontou, e cobriu o corpo de Thiago. A armadura cessou de brilhar, mas agora o corpo de Thiago estava aquecido, mesmo com o restante da Casa ainda coberto de gelo, resultante das batalhas travadas ali naquela noite. O garoto sentia-se como se nunca tivesse ficado preso no esquife. Mais ainda, ele sentia seus pensamentos em ordem, e todas as dúvidas que a aparição da armadura havia causado estavam se resolvendo em sua mente – talvez o cosmo da armadura estivesse de fato se comunicando com o de Thiago com esse intuito. O elo entre o garoto e aquela armadura estavam agora muito evidentes: justamente por ser o signo de seu irmão, a pessoa de quem era mais próximo no mundo, é que Libra havia vindo em seu auxílio. O laço dos irmãos era tão forte que compeliu a armadura, cedida voluntariamente por seu guardião Shiryu para aquela ocasião, a vir auxiliar o Cisne no momento de necessidade.

            Além disso, agora o garoto sentia-se forte e cheio de energia. Pronto para lutar de modo adequado, e para mostrar (mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa) de que era um membro mais do que útil para sua equipe. As dúvidas em sua mente haviam cessado de incomodá-lo. Ele teria esperado que a armadura de Aquário tivesse vindo em seu auxílio primeiro, pela sua conexão com Hyoga, mas, devido ao estratagema frustrado de Camus e à conexão de Matt com o poder de gelo, a armadura agora estava auxiliando seu amigo, que devia estar batalhando na Casa de Capricórnio.

            Apesar de tudo aquilo, Camus não parecia impressionado. Ele havia se levantado, e estudava Thiago de forma calculista.

— Então, a armadura veio salva-lo do esquife e emprestar-lhe sua força. Entendo. Porém, não espere ter a mesma sorte que seu amigo teve. Se entendi bem, ele já tinha experiência em usar golpes de gelo. Você, por outro lado, não pode acessar os poderes costumeiramente relacionados à essa armadura, pois não possui tal experiência. De modo que ela provavelmente não passará de um enfeite muito pesado se tentar me enfrentar com ela.

— Veremos – respondeu Thiago gelidamente.

— É, veremos – rebateu Camus. – Começando AGORA! Círculo de Gelo!!

            Camus apontou para o garoto, disparando sua rajada de gelo; instintivamente, como se usasse a armadura a anos, Thiago ergueu seu braço direito, e o escudo da Armadura de Libra rebateu o golpe gelado como se tal golpe não oferecesse nenhuma resistência.

            Camus pareceu em choque por um breve momento, mas logo recompôs sua pose bossal.

— Hm, então a armadura está deixando-o mais atento. Interessante. Mas não será o bastante para me det...

Pó de Diamante!!— gritou Thiago, tentando pegar o aquariano de surpresa.

            Camus ergueu o braço a tempo, conseguindo segurar a rajada de gelo do mais novo, mas agora o golpe de Thiago estava mais potente. Mesmo segurando a técnica, o cavaleiro de Aquário antigo foi forçado um pouco para trás.

— Impressionante! Inútil, mas impressionante. Sua técnica de gelo está mais forte, mas não poderá me superar só com isso. Ainda sou o poderoso mestre do gelo, logo, você não poderá me vencer com as técnicas que Hyoga lhe ensinou, rapaz. Ou estamos num impasse... Ou eu o terei de leva-lo à exaustão após gastar todos os seus ataques contra mim.

            Algo dentro de Thiago acreditava que Camus estava certo; não poderia vencê-lo com o elemento que ambos compartilhavam. Mas era como se a armadura de Libra falasse com ele, instruindo-o e orientando-o em sua mente acerca do que fazer. Thiago resolveu que a coisa sensata a fazer seria dar ouvidos à armadura. De súbito, ele percebeu que o chão da Casa estava coberto de neve e gelo por todos os lados, como resultado dos golpes desferidos pelos dois Cavaleiros até então.

            Gelo e neve nada mais eram do que água solidificada, a armadura tentava mostrar-lhe isso.

            Água...

            O esboço de um plano de ataque se formou na mente do cavaleiro de Cisne.

— Chegamos a um impasse mesmo, Camus – declarou o garoto. – Então a coisa certa a se fazer nesse momento... É justamente encerrar tal impasse.

            Thiago ergueu as mãos, e toda a neve e o gelo que envolviam a Casa se ergueram e encheram o ar como em uma mini nevasca. Camus levou as mãos à altura do rosto, para que não entrasse neve em seus olhos; mas a neve não estava indo em direção a ele.

            Inconscientemente, Thiago ordenou que a pequena nevasca se concentrasse diante dele próprio. Buscando agir rapidamente antes que Camus percebesse o que estava tentando fazer, ele usou toda a força do pensamento para dar um único comando à neve: derreta.

            Logo em seguida, a neve se transformou em centenas de pontos de água, flutuando no ar. Thiago manteve a concentração, até que sentiu a armadura dar um sinal verde. Ele se deixou levar pelo instinto e pela condução da armadura. Logo, os pontos de água se uniram, formando uma parede de água. Camus tirou as mãos da frente do rosto, tentando entender o que o garoto estava fazendo.

            A armadura orientou Thiago em sua consciência. Ele obedeceu ao direcionamento. Ergueu o braço e gritou:

Cólera dos Cem Dragões!!!

            Como que por milagre, a técnica que era utilizada pelas gerações mais recentes dos Cavaleiros de Libra se materializou do braço de Thiago. Cem rajadas de água irromperam da parede de água, e se atiraram contra Camus; o antigo Cavaleiro de Aquário tentou resistir, tentou convocar o pouco de neve que ainda havia na Casa para defende-lo, mas o turbilhão de água o envolveu e o atirou contra uma das colunas do templo; com um baque surdo, Camus foi jogado contra a coluna e, em seguida, caiu estrondosamente de bruços no chão. Seu elmo foi arrancado da cabeça e se partiu em dois com o choque.

            A água convocada pela técnica deixou de flutuar e caiu no chão da Casa fazendo “splash!”. Logo em seguida, começou a se solidificar novamente como gelo, pois a temperatura ambiente da Casa beirava ao zero absoluto. Thiago sentiu um enorme cansaço, como se ele próprio tivesse sustentado toda aquela água apenas com suas mãos e depois atirado ela contra Camus de Aquário. De certa forma, indiretamente havia sido exatamente isso que ele fizera; mas o garoto estava contente e satisfeito com seu desempenho.

            O antigo Cavaleiro de Aquário tossiu.

— É incrível que... você tenha... conseguido canalizar, ainda que... brevemente, o poder... da armadura de Libra. Hyoga lhe ensinou bem... É uma pena, mas eu já não sinto mais força alguma dentro... de mim. Seja forte... Thiago. Proteja... Atena...

            Camus suspirou uma última vez, e seu rosto atingiu o solo. Thiago se compadeceu do oponente, que mostrou arrependimento por ter se vendido a Hades em seus momentos finais.

— Deixe comigo, Camus – falou o garoto. – Agora, Saga, vou atrás de você.

            Ele se dirigiu à entrada da Casa. Imaginou que o embate na Casa de Capricórnio ainda estaria acontecendo, ou já teria terminado. Caso Matt tivesse fracassado, ele teria que ir até lá antes de buscar uma segunda chance de enfrentar Saga de Gêmeos – mas Thiago tinha confiança de que o amigo seria bem-sucedido, deixando, então, que o Cisne seguisse adiante para defrontar o geminiano.

            Mas, assim que chegou ao lado de fora, a Armadura de Libra se soltou dele, juntou-se novamente em sua forma object, e saiu voando pelos céus, como se sua missão ali estivesse cumprida. Na mesma hora, Thiago sentiu todo o seu cansaço de antes de vestir a armadura voltar de forma intensa. A força que o garoto sentia dentro de si quando estava com a armadura havia desaparecido quase que por completo. Seus joelhos cederam, e ele acabou caindo nos degraus de entrada da Casa de Aquário. Thiago rolou alguns degraus e desabou, inconsciente, no chão.

...

...

...

...

Contemplando tudo através de sua brecha dimensional, Saga de Gêmeos sacudia a cabeça enquanto contemplava o desfecho do combate entre Camus e Thiago. Eles não podiam vê-lo, pois a brecha dimensional que Saga abrira dessa vez só funcionava de um dos lados.

— Patético - disse o geminiano, contemplando Camus, jogado ao chão da Casa de Aquário. Em seguida, voltou seu olhar para Thiago, estatelado do lado de fora da Casa após cair nos degraus. - Patéticos... E eu aqui, esperando mais, bem mais, desses tais novos cavaleiros que deixaram o senhor Hades tão intrigado a ponto de mover céus e terras para detê-los...

...

...

...

...

Gustavo não enxergava nada além da escuridão espessa da Casa de Câncer. Da última vez que estivera ali, havia enfrentado um cavaleiro rebelde que conseguiu rebater seu golpe mais forte. Agora, o perigo que o aguardava era muito pior. De repente, sentiu que estava sendo rachado ao meio; seguiu-se um golpe na cabeça e o cavaleiro de Bronze apagou.

...

...

...

...

Nesse meio tempo, seis Casas à frente, Matt foi despejado do turbilhão da Outra Dimensão e caiu na parte de trás da Casa de Capricórnio. Dessa vez, a viagem entre dimensões demorou um pouco mais para ele, talvez por estar sem a Armadura de Fênix.

            Ele se pôs prontamente de pé, contemplando a parte de trás da Casa, e ponderava sobre se devia entrar nela ou não. Antes que pudesse se decidir, ouviu passos vindo em sua direção.

            Ele se virou e viu Isabella correndo em sua direção. Ao alcança-lo, ela pôs suas mãos no rosto dele.

— Até que enfim! Achei que não ia mais sentir o seu cosmo em lugar algum das 12 Casas – ofegou ela. – Vamos, eu ajudo você a chegar até a Casa. Você ainda deve estar cansado. Eu posso assumir a luta por você e...

— Não, Isa, você sabe que tem que ser eu – declarou ele, fitando-a profundamente. – Ainda tenho energia de sobra. Há um Cavaleiro de Ouro renegado para ser derrotado nessa Casa. E eu não poderia aceitar sua ajuda, pois a luta entre cavaleiros, ou entre cavaleiros e seus oponentes, é regida pelas antigas leis sagradas. Sempre tem que ser um contra um, para honrar os ensinamentos de Atena, deusa da guerra, da sabedoria, da estratégia, da civilização, do artesanato, da justiça e da esperança. Atena nos orientou assim, e é assim que devemos agir: um contra um, em nome da justiça.

— Matt – começou a garota. – Por favor, eu...!

— Não diga mais nada, Isa, por favor. Está decidido. De certa forma era isso que devia acontecer. Meu combate com Camus já estava resolvido, e certamente Thiago completará o serviço. Assim sendo, devo ir enfrentar Shura de Capricórnio. Você ainda pode se teletransportar, certo? O cosmo de Atena entre as 12 Casas ainda está suspenso?

— Sim, mas...

— Então, faça isso – pediu ele. – Volte para junto do mestre Shion e dos demais. Se eu sobreviver e vencer, irei até onde vocês estão. E aí... Acho que enfim poderemos conversar.

— Conversar?? Mas eu... nós...

— Você sabe que temos muito o que conversar – insistiu Matt. – Apenas lhe peço que tenha um pouco de paciência, Isabella querida. Quando eu voltar, poderemos conversar... resolver tudo o que há para resolver entre nós.

— Ah, Matt... – ela acariciou o rosto dele, com os olhos marejados, enfim compreendendo os ensejos do garoto. – Eu... estarei esperando ansiosamente por essa conversa. Boa sorte nessa luta... e que Atena esteja com você.

            Ela lhe deu um beijo na testa. Os dois se fitaram por um breve momento. Então ela o soltou, e se teletransportou dali em meio a um forte lampejo. Em seguida, Matt se voltou novamente para o templo de Capricórnio.

Entrou na Casa e contemplou a estátua de Atena presenteando o Cavaleiro de Capricórnio com a mítica espada Excalibur.

— Fascinante, não? – disse uma voz; Matt ergueu os olhos e viu Shura de Capricórnio no primeiro andar da Casa, provavelmente onde ficavam seus aposentos quando era vivo.

— Vim lhe enfrentar, Shura de Capricórnio. Sou Matt de Fênix.

— Um Cavaleiro de Bronze – disse Shura, saltando até o térreo da Casa. – Como conseguiu a armadura de Ouro? – Ele indicou a armadura de Aquário.

— Seu amigo Camus cometeu o pequeno erro de me deixar usar uma armadura de Ouro – disse Matt. – Já dei uma lição nele.

— Ora, ora – disse Shura, debochando de Matt. – Atreveu-se a ferir um Cavaleiro de Ouro? Terei que exterminá-lo.

— Um Cavaleiro de Ouro que se aliou a Hades...

— Não fale do que não entende garoto!! – ralhou Shura. – Quando você sentir na pele o que é ser aprisionado pelos deuses do Olimpo, o que é sentir as dores da morte, você saberá por que tomamos essa decisão.

— Prepare-se, Shura...

— Aqui não – disse Shura. – Não convém sujarmos a estátua com nosso sangue.

Matt ficou surpreso, mas assentiu. Os dois correram para fora da Casa. Mal pararam de correr, Shura disse:

EXCALIBUR!

O chão se partiu sob eles; Matt saltou para longe, reclamando do ataque covarde de Shura. Porém, voou na direção do oponente e gritou:

PÓ DE DIAMANTE!

O gelo se fixou no chão e formou um imenso bloco. Esperando ver Shura congelado, o cavaleiro de Fênix surpreendeu-se ao ver o bloco vazio.

— Aqui em cima, Fênix! – berrou Shura; estava caindo do céu estrelado em direção ao solo. – PEDRAS SALTITANTES!!

Shura puxou Matt com as pernas e lançou-o longe; o garoto caiu com força no chão e berrou de dor. O Capricórnio, porém, não teve piedade:

EXCALIBUR!!

Matt rolou rapidamente para o lado e escapou do golpe; Shura ia lançar o golpe com o braço direito novamente – mas Matt correu com o fôlego que adquiriu nos seus treinos no Havaí e investiu contra Shura, derrubando o Cavaleiro espectro.

— Eu poderia lhe atacar agora – disse Matt, com raiva. – Mas não sou covarde a ponto de golpear um oponente no chão, como você tentou fazer agora há pouco. Levante-se!

Shura levantou-se com fúria, e ia estendendo o braço novamente para lançar a Excalibur quando Matt avançou sobre ele e... Segurou o braço de Shura.

A mão de Matt sangrou quando ele tocou o braço estendido de Shura; porém, ele não gemeu de dor. O cavaleiro de Ouro ia usar o outro braço, mas Matt também o segurou, fazendo o sangue jorrar mais.

— Não adianta – disse Shura. – Mesmo que imobilize meus braços, minhas pernas também têm o poder de cortar tudo...

— Suas pernas? – indagou Matt, com um sorriso irônico. – Veja. CÍRCULO DE GELO!

Shura ofegou – suas pernas estavam totalmente congeladas – Matt conseguira segurar seus braços e soprar o gelo sobre as pernas de Shura ao mesmo tempo. Os braços de Matt estavam envoltos em gelo, que ele havia invocado para que não fosse tão afetado pela lâmina dos braços de Shura.

— Sua armadura de espectro não resistiu ao gelo – disse Matt. – É a minha vez!! KHOLODNY SMERCH!!

O punho de gelo golpeou Shura com um impacto feroz e arrancou-o do gelo que imobilizava suas pernas. O cavaleiro de Ouro, mesmo ferido, ficou de pé e gritou:

EXCALIBUR!!

EXECUÇÃO AURORA!! – gritou Matt em resposta.

O jato de ar frio atravessou a lâmina do braço de Capricórnio e congelou a armadura do Cavaleiro de Ouro. Shura caiu ao chão, imóvel.

Dois Cavaleiros de Ouro numa mesma noite, pensou Matt. Aquela guerra ainda estava longe de acabar. Ele deu as costas a Shura e rumou em direção ao Salão do Mestre. No caminho, a Armadura de Aquário soltou-se dele e voltou para sua Casa.

Ao sair da Casa de Capricórnio naquela noite, Matt pensou na sua armadura de Fênix. Nunca havia demorado tanto tempo para que ela se reconstituísse, segundo dissera Ikki muito tempo atrás, quando entregou a armadura para Matt. Imaginou se ela algum dia voltaria ao normal ou se ficaria congelada e destruída na Casa de Aquário para sempre. Pensou também em Isabella. Na sua Isabella. Ela veio procurá-lo na Casa de Aquário quando seu cosmo sumira, e libertou-o do domínio de Camus. Matt sentiu sua afeição a Isabella crescer mais e mais. Talvez estivesse na hora de assumir um compromisso sério com ela, em vez de ficar enrolando a garota por mais tempo.

É a primeira coisa que farei depois dessa guerra, pensou Matt. Afinal o “lance” que achava que estava tendo com Fernanda era mais pegajoso, nunca teve um tom sério. O lance com Isabella, pelo contrário, sempre fora mais comprometido e leal das duas partes. A amizade que eles haviam construído havia se tornado algo muito maior. Ele ainda a amava. O namoro deles dois já não tinha mais como ficar só no passado.

Mal notou os corpos inertes de Thiago e Camus ao passar pela Casa de Aquário, de tão cansado que estava. Ao passar pela Casa de Peixes, ele não notou os corpos de Rina e Afrodite num canto próximo. Sem armadura, o vento frio e os ferimentos obtidos nas lutas contra Camus e Shura começaram a castigá-lo. Seus sentidos começavam a abandoná-lo.

Quando finalmente chegou ao Templo de Atena, olhou para as formas disformes de Saori, Shion, Shaina, Marin, Marília, Paulo, Diandra e Isabella, que ainda estavam de guarda por ali, antes de desmaiar no chão, sem sentir mais nada.

Alguém gritou:

— MATT!!

Isabella virou-se e ficou ainda mais perplexa. Fernanda vinha na direção do corpo de Matt.

A amazona de Taça saltou na frente da amazona de Fogo e encarou-a.

— O que veio fazer aqui?! – indagou Isabella. – Cavaleiros de Aço tem que vigiar as divisas do Santuário para evitar que novos inimigos apareçam...

— Danem-se as divisas do Santuário! – bradou Fernanda. – Veja o estado do Matt...

— Ora, eu cuido dele! – disse Isabella, agachando-se na direção dele.

— Mas...

— Chega! – bradou Shion. – Não devemos discutir. Vocês duas estão do mesmo lado!

Isabella e Fernanda se encararam com desprezo.

— Isabella, cuide do Matt por enquanto – disse Saori. – Fernanda, eu entendo sua preocupação, por isso vou deixar que fique conosco enquanto Matt se recupera. Marin, Shaina... Por favor, vão até as divisas e orientem os Cavaleiros de Aço e de Bronze.

Marin e Shaina seguiram para direções opostas, para as divisas. Isabella tomou Matt no colo, enquanto Fernanda observava de longe. Marília, Paulo e Diandra observavam a cena, ainda preocupados com a situação de seus amigos, mas achando um pouco de graça na disputa que havia se iniciado ali, entre as duas amazonas. Os três faziam um grande esforço para não rir.

— Vamos ficar atentos, Shion – disse Saori.

Shion assentiu e voltou a contemplar o céu. Três Cavaleiros de Bronze mortos naquela noite. Thiago estava inconsciente, mas, pelo que Shion podia sentir, ainda estava vivo. Ele e seu irmão Betinho terão que se esforçar, pensou Shion, preocupado; isso se Thiago conseguisse ainda se recuperar. Eram os únicos Cavaleiros de Bronze ainda vivos nas 12 Casas.

...

...

...

Muitas Casas abaixo, Betinho procurava seu oponente. A casa de Touro parecia vazia, mas ele sentia que um cosmo muito poderoso e cheio de fúria se escondia no lugar, esperando por uma oportunidade para eliminar o cavaleiro de Bronze.


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Notas finais do capítulo

Ainda aceitando suas apostas sobre quais armaduras os cavaleiros de Bronze irão usar nessa saga.


Revisão do capítulo concluída em 12.05.2020



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