Dois dias depois, os cinco Cavaleiros de Bronze estavam passeando pelo porto de Tóquio, nas margens do rio.

— Nem parece que participamos da Guerra Galáctica – disse Betinho.

— E nem parece que enfrentamos os Cavaleiros Negros – disse Matt.

— Esse céu de crepúsculo com um ar tão pacífico faz parecer que levamos uma vida como a de qualquer outra pessoa. Mas olhem para nós, servindo a um destino desconhecido num país distante de nossa terra natal – disse Thiago.

— Para onde levaram a Armadura de Aquário mesmo? – disse Gustavo.

— Para o Santuário de Atena – disse Rina. – Onde ficam as 12 Armaduras de Ouro do zodíaco do sol. Se recuperarmos as Armaduras de Sagitário e Libra, elas também irão para lá. Francamente, Tatsumi explicou isso umas cem vezes, você não prestou atenção em nenhuma das vezes, Gustavo? Como alguém pode ser tão obtuso?

O cavaleiro de Dragão deu de ombros.

Os cinco chegaram a um enorme banco onde cinco pessoas poderiam sentar sem aperto.

— Vamos nos sentar? – convidou Rina. Os outros quatro concordaram e sentaram.

Os cinco contemplavam o crepúsculo e aproveitavam o ar puro da margem do rio. Então...

BUM! A água do rio explodiu; os Cavaleiros de Bronze levantaram do banco e ficaram em alerta. Então, surgiram dez vultos com capas e máscaras de dentro da água, e vieram para a margem do rio, cercando e encarando os Cavaleiros de Bronze.

— Vocês são os Cavaleiros de Bronze? – disse um dos recém-chegados, que vestia uma Armadura de cor preta, mas que não era uma Armadura de Bronze.

— E se formos, o que isso interessa a vocês? – rosnou Matt.

— É você, Matt? – disse outro vulto, alto, de armadura cinza. – Nosso velho colega...

— E também Rina... E esse deve ser Gustavo... – disse um vulto de armadura verde-escuro. – Três ex-colegas nossos... como Cavaleiros de Bronze... Nunca iríamos imaginar.

— Quem são vocês? – rosnou Matt. – Tirem as máscaras!

— Está bem, Matt. – Falou o vulto de armadura preta. E os dez vultos tiraram suas máscaras e abaixaram os capuzes de suas capas.

— Sou Lírcia, da Armadura de Aço terrestre de Pedra!

— Sou Ilana, da Armadura de Aço aérea do Raio!

— Sou Ubarana, da Armadura de Aço marinha da Água!

— Sou Fernanda, da Armadura de Aço terrestre do Fogo!

— Sou Júlia, da Armadura de Aço terrestre de Gato!

— Sou Leonardo, da Armadura de Aço aérea do Vento!

— Sou Kevynne, da Armadura de Aço aérea do Trovão!

— Sou Luiz, da Armadura de Aço terrestre do Som!

— Sou Jota, da Armadura de Aço terrestre de Radar!

— E eu sou Fidelis, da Armadura de Aço terrestre de Rocha! E nós somos...

—... OS CAVALEIROS DE AÇO! – disseram os dez ao mesmo tempo, fazendo pose.

— Cavaleiros de Aço? Mas como? – indagou Matt. – Só existiam três Cavaleiros de Aço na ordem dos Cavaleiros de Atena! Ushiô, Daichi e Shô!

— Nossos mestres – informou Luiz. – Eles nos treinaram após termos perdido a chance de ser Cavaleiros de Bronze. Para vocês, inclusive. E com eles, conseguimos essas Armaduras de Aço.

— Não lutamos usando cosmo energias, como vocês – disse Fernanda. – Usamos a força de nossas Armaduras, que são tecnológicas e equipadas de forma a suprir nossas necessidades de combate, simulando o poder dos elementos da natureza.

— E por que vieram atrás de nós? – perguntou Gustavo.

— Não estamos atrás de vocês – disse Júlia.

— Nosso objetivo é derrotar Atena, usando a força! – informou Jota.

— Isso é impossível – disse Thiago.

— É o que veremos – disse Fidelis. – Apenas nós, os líderes dos Cavaleiros de Aço, viemos aqui avisar vocês. Há ainda outros tantos Cavaleiros de Aço, mais de vinte, que pretendem invadir o Santuário e matar Atena.

— Não vão conseguir! – rosnou Betinho. – Nós não deixaremos!

— Ah, é? – disse Ilana. – Estão nos desafiando, Cavaleiros de Bronze?

— Com certeza! – disse Rina.

— Só mais uma coisa... temos algo que vocês querem – disse Lírcia.

— E o que é? – disse Matt.

— A Armadura de Ouro de Libra! – disse Leonardo.

— O QUÊ? – disseram os Cavaleiros de Bronze ao mesmo tempo.

— Nós derrotamos os Cavaleiros Negros que a levavam e a escondemos! – disse Kevynne.

— Se quiserem tê-la de volta, basta irem até o litoral, onde estaremos esperando vocês... – anunciou Fidelis.

— Enfim, que vençam os melhores, não acham justo, Cavaleiros de Bronze? – disse Luiz.

— Certo – disse Matt encarando Fidelis. – Está lançado o duelo entre Cavaleiros de Bronze e Cavaleiros de Aço.

— Bem, até mais, Cavaleiros de Bronze – disse Fidelis. – Já sabem onde nos encontrar. Estaremos à espera de vocês.

Então os Cavaleiros de Aço sumiram usando bombinhas de fumaça, lançando-se de volta às águas. A essa altura, o sol já havia se posto e a lua estava começando a aparecer.

— Cavaleiros de Aço... vocês não perdem por esperar – disse Matt.

— Isso mesmo! – disseram os outros quatro ao mesmo tempo.

Ao chegarem à Fundação Graad, comunicaram o ocorrido a Tatsumi e Isabella.

— CAVALEIROS DE AÇO? – indagou Tatsumi, vermelho de raiva. – PLANEJANDO ATACAR O SANTUÁRIO? ROUBARAM A ARMADURA DE LIBRA? COMO ISSO É POSSÍVEL? Daichi, Ushiô e Shô treinaram traidores do Santuário! Isso é inaceitável! Cavaleiros de Bronze, por que não acabaram com eles logo de cara?

— Por que, segundo eles, há ainda mais de vinte Cavaleiros revoltosos – disse Gustavo. – Sem falar que estavam em maior número e não vieram nos atacar, apenas nos desafiar.

— Isso é muito sério... vocês precisam ir até lá amanhã de manhã e recuperar a Armadura de Libra! – determinou Tatsumi.

— Se eles disseram que estão com a Armadura de Libra, onde estará a Armadura de Sagitário? – perguntou Isabella.

— Isso não importa agora, Isa – disse Matt.

— Precisamos pensar primeiro, em recuperar a Armadura de Libra – disse Thiago.

— Vamos novamente, Cavaleiros, unir nossas forças – disse Gustavo, estendo a mão. – Juraremos recuperar a Armadura de Libra e derrotar os Cavaleiros de Aço!

— EU JURO! – disseram os outros quatro ao mesmo tempo, juntando suas mãos à de Gustavo.

— Muito bem, Cavaleiros de Bronze – disse Tatsumi. – Acordem cedo amanhã, certo? Enquanto isso, eu vou procurar Daichi, Ushiô e Shô para uma conversa extremamente séria...

No dia seguinte, os Cavaleiros de Bronze foram levados por um ônibus da Fundação Graad ao litoral. Chegando lá, os Cavaleiros de Bronze olharam os lados, mas não viram nenhum sinal dos Cavaleiros de Aço.

— Vamos nos separar – disse Matt. – Eu descerei o litoral; Gustavo e Rina vão à direção da floresta e Thiago e Betinho vão em direção às falésias. Vemos-nos depois.