New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 127
Ponderações de Aiolos, parte 1


Notas iniciais do capítulo

Parte 1 de 2
A medida em que a batalha no templo de Poseidon se intensifica, Aiolos de Sagitário se vê imerso em ponderações sobre o rumo que a batalha está tomando, e se volta sobre suas memórias acerca da primeira missão conjunta dos novos Cavaleiros de Bronze e de como se impressionou com a determinação deles na época. Suas memórias também mostram o começo da rebelião dos Cavaleiros de Aço.



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            Flashback. Floresta no entorno do Monte Fuji, quatro meses antes.

            Enquanto Matt enfrentava Ritahoa de Fênix Negro, os cinco Fênix Negros auxiliares partiram correndo do local onde se desenrolava a luta, sem que o cavaleiro de Bronze de Fênix percebesse, com um deles levando consigo, pendurada nas costas, a urna da Armadura de Libra, enquanto outro levava a Armadura de Sagitário, e os outros três faziam a escolta. Eles confiavam que seus superiores deteriam os Cavaleiros de Bronze e, quando a luta se encerrasse, eles se reorganizariam em outro local para dar continuidade à sua investida contra o Santuário, e para repensar seu planejamento para compensar de alguma forma a derrota dos Quatro Veteranos e do Cavaleiro Negro derrotado no Coliseu Graad. Na pressa para fugir, eles haviam esquecido a Armadura de Aquário, que havia ficado sob a guarda de Ritahoa e dos outros dois líderes.

— Vamos depressa! – falou um deles. – Se nós formos rápido, poderemos montar uma nova base aqui perto, para recebermos os chefes quando eles terminarem de liquidar os moleques de Bronze!

            Os outros quatro assentiram rapidamente. Contudo, tendo eles percorrido já uma distância razoável, estacaram ao chegar a uma clareira, vendo que seu caminho estava bloqueado.

            Dez vultos encapuzados estavam diante deles, impedindo-os de prosseguir pela floresta. Astuto, o Fênix Negro que carregava a armadura de Sagitário recuou alguns passos, afastando-se um pouco de seus companheiros e se preparando para o pior, visto que estavam em menor número.

— Vocês não passarão daqui – disse um dos encapuzados, tomando a frente do grupo. – Terão que deixar as armaduras de Ouro conosco e dar meia volta, de preferência para o local onde os Cavaleiros de Bronze estão. Assim poderão repassar nosso recado para eles.

— Não vamos repassar recado nenhum! – bradou o Fênix Negro que havia orientado o grupo no caminho. – Não somos pombos-correios! Somos servos de Marte! Quem são vocês, afinal??

            O encapuzado desatou a rir.

— Servos de Marte, você disse...? Pois bem...

            Então, ele arrancou o capuz de si, e seus nove companheiros o imitaram. Os cinco Fênix Negros estavam cercados por cinco garotos e cinco garotas, todos usando um curioso tipo de armadura tecnológica.

— Somos os Cavaleiros de Aço, líderes da Rebelião de Aço – disse o primeiro garoto, que havia falado antes. – Eu sou Fidelis de Rocha. Estes são meus colegas: Kevynne de Trovão, Júlia de Gato, Luiz de Som, Leonardo de Vento, Ilana de Raio, Fernanda de Fogo, Jota de Radar, Lírcia de Pedra e Ubarana de Água. Nós tomaremos de vocês as armaduras de Ouro, por bem ou por mal.

— Garotos insolentes! – bradou o primeiro Fênix Negro. – Vão pagar caro por sua impertinência. Não seremos detidos por crianças que sequer possuem cosmo-energias! Homens! Mostrem a eles o poder dos Cavaleiros Negros!! Fênix Negro Gama, deixe a armadura de Libra com o Fênix Negro Delta para que ele a proteja, enquanto nós acabamos com a raça desses pirralhos!

            Gama fez como Alpha havia ordenado, e atirou a urna de Libra para trás, na direção de Delta. Alpha, Beta, Gama e Zeta avançaram contra os Cavaleiros de Aço, enquanto Delta ficou atrás, recuado, atento ao confronto, já planejando o que faria a seguir, caso visse que seus colegas estivessem em desvantagem.

Garra das Trevas!!— exclamaram os quatro guerreiros de Marte ao mesmo tempo. Mesmo em menor número, não exibiram sinais de hesitação ao erguer a mão contra os dez jovens.

            Com os punhos em riste, garras afiadas se projetaram das mãos dos Fênix Negros, soltando faíscas que tentavam alcançar a pele dos oponentes.

            Num movimento cronometrado e orquestrado, os dez Cavaleiros de Aço saltaram sobre as cabeças dos Cavaleiros Negros, que atingiram apenas árvores e rochas com seus punhos; os que haviam acertado rochas massagearam de leve as mãos após o choque com a superfície sólida delas. Os dez garotos aterrissaram e encararam seus desafiantes, dessa vez com as posições invertidas, de costas para o Fênix Delta, que ainda segurava a urna da armadura de Sagitário. Percebendo o que ia acontecer, Delta se afastou discretamente em direção ao caminho pelo qual tinham vindo, sem fazer nenhum barulho, para que os Cavaleiros de Aço não o notassem. No momento seguinte, certo de que os Líderes de Aço estavam concentrados em vencer seus companheiros, ele desatou a correr pela floresta, procurando algum caminho alternativo entre as árvores que o levasse para longe tanto dos Cavaleiros de Aço quando da batalha que se estendia entre Matt de Fênix e os cavaleiros Ritahoa, Gigars e Jango, lá atrás nos pés do Monte Fuji.

            Alheio à movimentação de Delta, Fidelis sorriu para seu grupo, ao ver os Fênix Negros desconcertados ao ver que haviam errado seus alvos.

— Acho que agora é nossa vez. – Ele acenou para seus amigos, como que indicando para agir na ordem correta. – Formação Rochosa!!

            Ele estendeu o braço, e disparou microchips de sua armadura, que se acoplaram às rochas em torno deles. Em seguida, as rochas, manipuladas pelos microchips, foram lançadas contra os Fênix Negros, que aguentaram o baque devido à sua força sobre-humana, mas que ainda assim saíram severamente avariados de debaixo delas.

            Mal eles se levantaram, Júlia de Gato e Fernanda de Fogo avançaram contra eles.

Unhas de Gato!!

Punho de Fogo!!

            Júlia fez surgir garras dos punhos de sua armadura, mais afiadas do que as dos Cavaleiros Negros, e arranhou todos eles com rapidez e ferocidade, deixando-lhes cobertos de feridas no peito e nos braços. Fernanda, logo atrás dela, lançou por meio de sua armadura uma rajada cortante de chamas, que pegou os quatro Fênix Negros ao mesmo tempo.

            Avariados, mas ainda com disposição, os Fênix Negros se ergueram novamente, ainda sentindo os impactos das chamas e dos arranhões, quando Kevynne de Trovão se voltou contra eles.

Trovoada de Raios!!

            Sua armadura liberou descargas elétricas que tomaram a forma de raios, que atingiram os Fênix Negros em cheio, fazendo-os se contorcer de dor com o choque elétrico somado aos ferimentos anteriores.

            O Fênix Negro Alpha já mostrava sinais de abatimento. Seus três companheiros se levantaram mais rápido, a tempo de ver Jota de Radar tomando a frente contra eles. Eles perceberam tardiamente que os Cavaleiros de Aço haviam planejado atacar em sequência orquestrada daquele jeito para tortura-los e esgotar suas forças, deixando-os incapazes de se defender ou reagir.

Ondas de Raios Gama!!— exclamou Jota; sua armadura também disparou correntes elétricas contra os Fênix Negros, mas estas foram mais concentradas, embora de menor intensidade que as de Kevynne. Os Cavaleiros Negros sentiram dores focadas em seus membros, que eram agravadas pelos ferimentos sofridos pelos outros golpes.

            Alpha, por estar meio caído, escapou desse golpe, e se levantou ao mesmo tempo em que seus colegas se ergueram após o impacto do golpe de Jota. Agora, Ubarana de Água erguia a mão contra eles.

Tempestade de Água!!

            Sua armadura liberou uma torrente de água em forma de cascata, que desceu violentamente contra os Fênix Negros, jogando-os em várias direções dentro da clareira e fazendo-os se contorcer de dor ao sentir os ossos sendo quebrados. Eles nem tinham se levantado, quando Ilana de Raio se adiantou.

Tempestade de Raios Ills!!

            Por meio de sua armadura, ela também disparou descargas elétricas, só que a garota as lançou para o alto, em vez de lança-las contra os Cavaleiros Negros. Como estes estavam muito encharcados, a água do golpe de Ubarana, que continha muitos microchips de sua armadura, atraiu os raios de Ilana, que atingiram em cheio os quatro guerreiros, que se contorceram ainda no chão.

            Júlia fez sinal para que os Líderes de Aço esperassem. Alpha e os demais Fênix se ergueram tropegamente, alguns já sem conseguir sentir os ossos dos braços. Ao vê-los de pé, Luiz de Som pegou um iPad da parte de trás de sua armadura e clicou nele; o aparelho se transformou numa guitarra, que tinha o mesmo aspecto da armadura do garoto. Luiz apontou a guitarra para os Cavaleiros Negros.

Melodia Infernal!!— exclamou ele, dedilhando as cordas da guitarra; elas produziram uma nota aguda, que reverberou nos ouvidos dos Fênix Negros, fazendo-os levar as mãos à cabeça e balançar, já sem conseguir se equilibrar.

            Leonardo de Vento aproveitou a distração deles e ergueu a mão contra Gama e Zeta.

Furacão Cósmico!!

            Os disparadores de sua armadura lançaram uma forte correnteza de ventania contra os dois Fênix, jogando-os de encontro a uma grande pedra. Luiz apontou sua guitarra para Beta e Alpha, e a ponta dela emitiu uma faísca de eletricidade.

Raios Acústicos!!

            Com o grito de Luiz, a ponta de sua guitarra disparou rajadas de energia elétrica, que derrubaram Alpha e Beta. Os Fênix Negros, já muito abatidos, não se renderam, contudo, e voltaram lentamente a se erguer.

— Quase lá – avisou Júlia de Gato. – Preparem-se, pessoal.

— Sigam o planejamento, Cavaleiros de Aço – orientou Jota de Radar.

            Lírcia de Pedra tomou então à frente, e lançou seus microchips nas pedras em torno das árvores. Fernanda de Fogo se moveu sorrateiramente até ficar bem atrás da amiga, planejando algo.

— Podem nos torturar o quanto quiserem, seus ratos – ralhou Alpha, quase sem voz devido à intensidade dos ferimentos. – Mas nós nunca iremos desis...

— Poupe-nos – cortou Júlia. – Agora, Lírcia.

Avalanche Cósmica!!— bradou Lírcia, erguendo a mão para o alto e atraindo as pedras acopladas com microchips para o alto; ela desceu a mão, e as pedras voaram com rapidez na direção dos Cavaleiros Negros, atingindo-os com força na face e no tronco, como se eles estivessem sendo vítimas de apedrejamento.

            Nesse momento, Fernanda de Fogo saltou de trás de sua amiga, e se lançou contra os Fênix Negros, que já cambaleavam, sem forças, perdendo os sentidos.

Garras de Tigresa!!

            Ela também fez surgir garras de seus punhos, a exemplo de Júlia, e golpeou os quatro Cavaleiros Negros quase ao mesmo tempo. Os demais Cavaleiros de Aço observaram, surpreendidos, os Fênix Negros sendo derrubados pelo golpe, que abriu ainda mais os ferimentos obtidos como resultado dos ataques anteriores.

            Vendo que os Cavaleiros Negros se lamuriavam no chão e não faziam menção de se levantar, Fidelis de Rocha se dirigiu a seus companheiros.

— Pelo visto, foi o suficiente para neutralizá-los. Não foi preciso usarmos nosso golpe final contra eles, e seus corpos servirão a seu propósito, de passar uma mensagem aos Cavaleiros de Bronze de que eles ainda não enfrentaram inimigos à altura. – Ele olhou satisfeito para cada um de seus amigos, que sorriram perversamente em concordância. Então ele se voltou para a amazona de Fogo. – Fernanda, o que deu em você? Por que atacou de novo, ainda mais fora da sequência combinada? Se eles já não estivessem tão feridos...

— Porque eu quis, ué. – Fernanda fechou os olhos, sentiu o vento em seu rosto e passou a mão pelo cabelo. – Eu senti que meu poder precisava se manifestar de novo, que precisava mostrar minha força novamente a esses otários. E no final, deu tudo certo, meu golpe serviu para acelerar a derrota deles. Estou dizendo a vocês, eu sinto uma energia forte crescendo dentro de mim; é quase como um universo se expandindo, é quase como...

— Basta – interrompeu Fidelis. – Depois conversaremos sobre essa sua imaginação fértil, Fernanda. Guarde essa sua “energia crescente” para quando encontrarmos os Cavaleiros de Bronze.

— Fidelis, os sensores da armadura indicam, pelo mapa de calor, que eles estão há poucos quilômetros daqui – informou Luiz. – Devem estar exauridos pelo confronto com os Cavaleiros Negros. Seria a oportunidade perfeita para irmos até lá e mostrar nossa superioridade a eles, o que nos economizaria tempo e...

— Não, Luiz, ainda não é hora de incomodarmos eles – retrucou Fidelis. – Vamos prosseguir com o plano.

— Fidelis está certo – comentou Jota. – Por hoje, nosso objetivo foi conquistado. Seria insensato queimar etapas da missão nesse momento. Vamos entrar em contato com os cavaleiros de Bronze no momento certo. Por hora, vamos recolher as armaduras de Ouro e retornar para a base.

            Os Líderes de Aço se voltaram para trás, onde estava a urna da Armadura de Libra.

— Pelo jeito, eles não eram tão idiotas – comentou Leonardo. – Um deles tinha ficado responsável por vigiar as duas urnas. Parece que fugiu, mas deixou uma delas para trás.

— Parece-me também que eles haviam deixado a terceira urna lá atrás, onde estavam enfrentando os Cavaleiros de Bronze – observou Luiz. – Isso vai representar algum empecilho para o prosseguimento da missão?

— Não seria melhor irmos atrás desse outro fujão, para termos logo duas armaduras de Ouro conosco? – sugeriu Júlia.

— Não, deixem estar... Aposto que os Cavaleiros de Bronze irão encontra-lo e pegar essa urna que ele levava – afirmou Fidelis. – Eles podem ser idiotas, mas são mais fortes que esses Cavaleiros Negros. Deixem-nos achando que triunfaram. Eles irão encontrar duas urnas das três desaparecidas, e vão achar que está tudo bem, e que é questão de tempo até acharem a terceira urna. Aí eles encontrarão os corpos dos rapazes aqui – ele indicou com o pé os quatro Fênix Negros abatidos. – E irão se dar conta de que nada está bem, e que há um inimigo ainda pior esperando por eles. Nós.

            Ele riu de leve ao dizer isso. Lírcia de Pedra se aproximou dele, e passou o braço por trás do dele, acariciando o rosto do cavaleiro de Rocha com os lábios.

— Assim é que se fala, Fidelis-san – falou com uma voz serena e sensual, parecendo capaz de beijá-lo.

— Além disso... – continuou Fidelis, satisfeito com a bajulação de Lírcia e encarando com cobiça a urna de Libra. – Esta armadura era a mais importante para a realização da missão desde o começo. Das três, esta é a mais valiosa para nós.

— Ohh, sim – fez Ubarana. – Eu me lembro dos mestres Daichi, Shô e Ushiô comentando algo assim lá na academia... De que essa armadura continha armas, que regia o equilíbrio dos cavaleiros...

— É, tanto faz – ralhou Júlia, impaciente. Ela pegou a urna da armadura de Libra e pendurou-a nas costas. – Já estamos a par do potencial dessa armadura. Agora, não é melhor darmos prosseguimento à missão e sairmos logo daqui, antes que os Cavaleiros de Bronze ou, sei lá, os coleguinhas dos desmaiados aí, apareçam?

— Espera! – exclamou Fernanda. – Licencinha, amore!

            Ela foi até onde Fidelis e Lírcia estavam, e puxou Lírcia para longe do garoto. A amazona de Pedra reclamou, mas Fernanda fez sinal para que ela se calasse.

— Depois a gente se entende, gata – afirmou ela. Em seguida se voltou para Fidelis, lançando um olhar divertido de sedução. – Fidelzito...? Será que poderia fazer um favor para mim?

— O que for pedir, peça logo, Fernanda – insistiu ele, um pouco mal-humorado por ter sido afastado de Lírcia. – Se for algo razoável, eu poderei atender.

— Então, né... – começou ela, passando a mão (com as garras recolhidas) no rosto de Fidelis para acaricia-lo. Lírcia, atrás dela, ficou lívida de ciúme. – Você sabe, é que o meu mestre voltou à vida e está lá, na base do Monte Fuji, enfrentando os Cavaleiros de Bronze... Ele tinha morrido, derrotado por aquele Ikki de Fênix, mas agora está aí, vivo novamente, apoiando os Cavaleiros Negros. Eu queria tanto vê-lo, ainda mais combatendo nossos inimigos... Já que cumprimos a missão de hoje, deixe-me ir lá escondida só pra vê-lo? De repente, ele vence os cavaleiros de Bronze e eu consigo até falar com ele, ah, ele vai gostar tanto de ver que eu me tornei amazona e...

— Isso poderia comprometer o sucesso da operação de hoje – começou Fidelis.

— Ah, Fidelzito, larga de ser turrão – insistiu Fernanda. – Deixa eu ir lá rapidinho, vai... Já sei. Se você me deixar ir, em troca, eu deixo você fazer o que quiser comigo por uma semana, começando hoje a noite. Vale até me amarrar na cama, abusar de mim, saborear as minhas curvas, se deliciar no meu...

— Que papo é esse, sua traíra?? – ralhou Lírcia, ainda mais enciumada.

            Fidelis olhou de uma para outra garota, enquanto Fernanda dava as costas a ele para estirar a língua para Lírcia, enquanto rebolava sua bunda provocativamente para o garoto. Embora as duas fossem muito amigas, elas disputavam a atenção de Fidelis já fazia algum tempo, desde a Academia de Aço. E o garoto, apesar de esconder, sentia desejo pelas duas, e também por Júlia e mais algumas outras amazonas de Aço do grupo deles.

            Ele se imaginou realizando todas as suas fantasias sexuais com Fernanda por uma semana, e seu corpo se eriçou, animadamente. A garota era sem dúvida a mais sensual do grupo, e também a mais forte e eficiente em combate. Provavelmente ele teria prazer suficiente para uma vida toda em um curto espaço de tempo se tivesse Fernanda como sua submissa sexual, aceitando a oferta dela. Contudo, uma voz interior em sua consciência o fez lembrar de que a missão tinha que vir primeiro. A missão era mais importante que seus desejos mundanos. A missão era o que mais importava nas vidas dos Líderes de Aço no momento.

— Não, Fernanda – disse ele por fim.

            Fernanda ficou paralisada por um segundo, parou de rebolar e de debochar de Lírcia, e se virou para o rapaz.

— Como é que é, garoto?? Tá recusando a chance de me ter por uma semana só por causa da droga da missão? Ficou louco??

— É justamente por causa da “droga de missão” que tenho que recusar. Por mais tentadora e atraente que sua oferta seja, não posso arriscar que você coloque em risco o andamento do plano. Você não irá ver seu mestre. Nós vamos recolher a armadura de Libra e voltar para a base. Seu mestre, caso vença os Cavaleiros de Bronze, estará nos fazendo um favor. Se é que ele é forte o bastante para isso.

            O olhar de Fernanda, antes sedutor, passou para incrédulo e depois para cheio de fúria. Ela fitou Fidelis com todo o desprezo que conseguiu reunir, enquanto Lírcia ria baixinho às costas dela.

— Você vai se arrepender por ter me esnobado, garoto, lembre-se disso – disse ela em tom ameaçador. – Vou ajudar a cumprir sua missão, porque sou mulher de manter a palavra sempre, e por que vocês são todos meus amigos. Mas não tente se engraçar comigo uma única vez, Fidelis de Rocha. Você esnobou a chance de ter a mim, uma chance que vários garotos fariam de tudo para ter, porque sou gostosa e sensual. Não conte comigo para realizar suas fantasias eróticas uma única vez, garoto idiota. Você vai desejar nunca ter me recusado, e vai implorar de joelhos por uma nova chance. Agora, vamos logo embora, já que “a droga de missão” precisa ser continuada e executada de acordo com o plano.

— Você poderá ver seu mestre uma outra hora, se ele sair vivo desse combate e caso a missão seja realizada perfeitamente – tentou dizer Fidelis, mas Fernanda já havia dado as costas a ele.

            Ela se afastou dele a passos firmes, rumo ao interior da floresta. Lírcia fez menção de dizer a algo, mas Fernanda a afastou.

— Agora não, Lírcia – resmungou a amazona de Fogo. – Minha paciência se esgotou por hoje.

            Lírcia olhou chocada para seus amigos, enquanto Fernanda se afastava deles, se embrenhando pela floresta.

— Iihh... Ela está realmente estressada – murmurou ela, para ter certeza de que a amiga não iria ouvi-la. – Melhor deixar pra zoar ela uma outra hora, ela está precisando de apoio.

— Sempre assim... Não seria a Fernanda se não precisasse de apoio – comentou Júlia. – Vamos, vamos atrás dela antes que ela saia queimando a floresta. Se tentarmos conversar, talvez ela se acalme.

— Vou com você – afirmou Lírcia.

            As duas saíram atrás de Fernanda, com Júlia ainda carregando a urna de Libra. Os Líderes de Aço restantes ficaram um momento ainda em silêncio, com cara de paisagem devido à discussão acalorada entre Fidelis e Fernanda. Então Ilana e Ubarana, que eram mais simpáticas a Fernanda do que ao garoto, saíram em direção à floresta também, deixando apenas os meninos ali.

            Fidelis olhou pesaroso para os amigos.

— Bom... Com isso, é menos uma garota com quem posso ter alguma chance dentre as amazonas de Aço – comentou ele em tom fúnebre. – Quem sabe agora as opções não ficam melhores e...

— Cara – disse Jota, colocando a mão no ombro do colega. – Você perdeu uma oportunidade de ouro. Você tem noção de quantos de nós fariam de tudo para levar a Fernanda pra cama e poder fazer de tudo com ela, ainda por cima durante uma semana inteira? Você vacilou muito.

— Não custava nada deixar a menina ir ver o mestre, nem que fosse de longe – concordou Leonardo. – Mas, fazer o quê. Já perdeu a chance, agora é seguir em frente. Vamos logo pra base, pra reunir o pessoal e continuar com o planejamento.

— Tudo bem – fez Fidelis, se dirigindo cabisbaixo para a floresta, pela primeira vez sem exibir a confiança que sempre estava estampada em seu rosto. – Vamos indo, então...

            Seus amigos o acompanharam, dando-lhe tapinhas nas costas, até que Kevynne os deteve.

— Fidelis, você não ia deixar um aviso para eles? – falou ele, indicando os Fênix Negros caídos. Ainda estavam vivos, mas só conseguiam lamuriar e se arrastar no chão.

            Fidelis olhou com tristeza para os inimigos derrotados. A discussão com Fernanda havia realmente lhe tirado todo o ânimo para o resto do dia.

— Você pode dar o aviso – pediu o garoto da armadura de Rocha. – A sua voz vai deixa-los mais assustados. A gente vai estar esperando por você na floresta.

— Certo, pode deixar – respondeu Kevynne.

            Os outros quatro Líderes saíram da clareira, com Luiz, Jota e Leo ainda tentando animar Fidelis. Kevynne se viu sozinho, e para não perder tempo, se dirigiu a Alpha, que era o que aparentava estar mais consciente.

— Preste atenção – disse ele, segurando o Fênix Negro pela gola da camisa. – Quando os cavaleiros de Bronze chegarem, você vai dizer para eles exatamente quem fez isso, entendeu??

            Alpha não teve escolha a não ser assentir levemente com a cabeça.

— Ótimo – disse o cavaleiro da armadura de Trovão. Ele largou Alpha no chão, e o Fênix Negro ficou gemendo por conta da dor de cabeça fulminante, enquanto Kevynne saía da clareira e ia ao encontro de seus companheiros.

            Nenhum deles notou o homem de armadura branca e alada que os esteve observando desde que a batalha havia começado, em cima do galho de uma árvore alta, próxima da clareira. O homem olhou uma última vez para os corpos dos Fênix Negros, e balançou a cabeça, resignado com a atitude dos Cavaleiros de Aço.

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Notas finais do capítulo

Olá amigos, conforme dito nas notas iniciais esta é a primeira parte dessa história lateral do Aiolos, pretendo postar a segunda parte em breve, se possível ainda nesse fim de semana. Fico aguardando a reação de vocês.


REVISADO em 02 de setembro de 2021



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