New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 121
O fim da dívida histórica no Santuário


Notas iniciais do capítulo

Rina de Andrômeda se dirige ao próximo pilar, ansiosa por encontrar Sorento.

Betinho de Pégaso recobra a consciência e tem que dar combate a um grupo de soldados, permitindo que Isabella e Fernanda levem a armadura de Libra para o próximo pilar.
Enquanto isso, seu irmão Thiago de Cisne alcança o Pilar do Oceano Ártico e se depara com seu guardião.
E no Santuário, o grande mestre Shion recebe notícias dos Cavaleiros de Ouro atuais e decide ir até Star Hill para refletir sobre que passos deve tomar na condução do Santuário nas próximas batalhas. Antes, ele corrige uma situação de décadas atrás, fazendo com que Aioros de Sagitário enfim ocupe o cargo de grande mestre, ainda que de forma interina.



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Os Cavaleiros de Ouro dos anos 1980 contemplavam a agitação nos céus fora da barreira erguida pelo cosmo de Atena e nas águas revoltas do Mar Mediterrâneo defronte ao Santuário. As notícias que chegavam aos canais de comunicação na Grécia e ao redor do mundo davam conta de que os temporais e as inundações já haviam cessado em quatro oceanos do globo terrestre. Mesmo assim, a geração de Aioria, Aioros e seus companheiros estavam bastante preocupados com o tempo gasto pelos Cavaleiros de Bronze para desempenhar sua missão no Templo Submarino, há quilômetros de distância dali. O tempo despendido por eles para derrubar o Pilar do Oceano Antártico e causar o fim das agitações no oceano meridional havia sido maior do que nos pilares anteriores. Na corrida para salvar o hospedeiro de Poseidon e evitar a inundação completa do globo, todo tempo exigido naquela tarefa era precioso.

Eles vagamente se lembravam de que (em particular os que não haviam falecido na Batalha das 12 Casas de vinte anos antes) a geração de Seiya também havia demorado uma parcela maior de tempo naquele pilar em particular do que nos demais. Isso se devia à técnica de um dos generais, o guardião daquele pilar específico, que assumia a forma da pessoa mais importante na vida do seu oponente. Contudo, a calmaria conquistada para o Oceano Antártico significava que os novos Cavaleiros de Bronze também haviam sido capazes de superar aquele General Marina. Faltavam três pilares para serem derrubados, para que o hospedeiro de Poseidon pudesse ser libertado e para que as inundações se encerrassem.

Os Cavaleiros de Ouro do século XX tentavam disfarçar, mas estavam se sentindo frustrados por terem que ficar ali, impotentes, alguns ainda se recuperando das batalhas contra os Cavaleiros de Bronze quando estavam sendo manipulados por Hades, sem poderem ajudar nem os Cavaleiros de Bronze nem os Cavaleiros de Ouro da geração atual, que estavam espalhados pelo mundo, recrutando novos e antigos cavaleiros para a causa do Santuário, e enfrentando as criaturas das trevas e monstros marinhos que Hades estava manipulando para conter os esforços deles. Mú, Dohko e seus companheiros tinham que ficar ali, de braços cruzados, assistindo aos esforços das duas gerações que haviam vindo depois deles, devido à determinação de Atena e do mestre Shion, que alegavam que a maior batalha desse inesperado renascimento de Hades ainda estava para chegar.

Entrementes, um mensageiro do Santuário encontrou Gomes de Altar e entregou-lhe algumas cartas, informando o conteúdo delas. Gomes ergueu as sobrancelhas, e folheou o texto de algumas das missivas. Com o pouco que havia lido, decidiu ir até seu superior e se reportar.

Enquanto isso, Shion estava contemplando o grupo dos Cavaleiros de Ouro e as agitações do mar, à distância. Ele entendia a frustração de seus antigos subordinados das 12 Casas, mas entendia melhor ainda os motivos de Atena em querer preservá-los no Santuário enquanto Seiya e os cavaleiros atuais das 12 constelações estavam pelo mundo afora, e os discípulos deles estavam lutando no Templo de Poseidon. Ele não culpava os Cavaleiros de Ouro por odiarem aquela resolução, mas desejava em seus íntimos que eles entendessem que era preciso respeitar a Vontade de Atena, a força que guiava os cavaleiros desde as eras mitológicas, naquele momento crucial. Cedo ou tarde eles iriam compreender, mesmo sendo, naquele momento, guerreiros impossibilitados de fazer o que faziam de melhor: guerrear. Dohko havia sido seu melhor amigo. Mú era seu discípulo. Aioros teria sido seu herdeiro com Grande Mestre. Saga, mesmo tendo usurpado a posição, havia conseguido se manter como Grande Mestre do Santuário por 13 anos. Shaka possuía uma sabedoria equivalente à dos deuses. Aioria havia liderado os demais Cavaleiros nas batalhas contra as forças de Cronos e de Loki no século passado. Começando por eles, provavelmente a elite de cavaleiros do Santuário do século XX logo entenderia os motivos que levaram Atena a tomar aquela decisão.

— Grande Mestre! Grande Mestre! – exclamou Gomes de Altar, indo ao encontro do Cavaleiro de Áries do século XVIII e tirando-o de seus devaneios. – Os Cavaleiros de Ouro entraram em contato conosco! O senhor precisa ver o que eles estão dizendo.

O assistente e diretor de Palaestra mostrou um maço de cartas, com selos de diferentes países, para o Grande Mestre. Shion as apanhou, e leu as primeiras cartas. À medida que lia, sua testa ficava cada vez mais franzida.

— Quantos Cavaleiros de Ouro decidiram se reportar assim? – indagou ele.

— Todos! – exclamou Gomes, atordoado. – Todos eles! Todos mesmo!

Shion ergueu os olhos para seu assistente.

— O que quer dizer com “todos mesmo”?

— Veja, mestre! – Gomes apontou para as cartas. – Tem doze missivas! Doze! Uma para cada Cavaleiro de Ouro! Isso definitivamente não está certo!

Shion compreendia as palavras de Gomes. Havia algo muito errado naquela situação. E não era só pelo chamado dos Cavaleiros de Ouro. Era o que eles diziam nas cartas... Alertando para a ação das forças de Hades em diversas partes do globo. Os Cavaleiros de Ouro do século XXI estavam todos em batalha naquele momento, em diversos locais do mundo, se defrontando com guerreiros se levantando dos mortos e criaturas das trevas se erguendo das profundezas do mundo inferior.

— Não posso ficar de braços cruzados diante dessa descoberta. – Shion entregou as cartas de volta para Gomes. – Diretor Gomes, guarde as missivas em meus aposentos para que eu leia cada uma atentamente depois. Preciso ir agora mesmo para Star Hill. Somente lá encontrarei as respostas de que preciso. Mas, antes...

Shion foi até o grupo dos Cavaleiros de Ouro revividos, acompanhado de Gomes, ainda consternado com as mensagens dos Cavaleiros de Ouro da geração de Seiya.

— Cavaleiros de Ouro! – exclamou o Grande Mestre, e o grupo dos Doze se virou para ele. – Seus sucessores mandaram-me avisar de que Hades acionou suas forças para retardar o retorno deles ao Santuário e dificultar o fortalecimento de nossas tropas com os reforços vindos do exterior. Com isso, não tenho outra alternativa a não ser me dirigir a Star Hill para buscar orientação sobre como devemos proceder diante dessa nova descoberta. Sei que estão frustrados em permanecer no Santuário sem poder ajudar nem os Cavaleiros de Ouro atuais nem os Cavaleiros de Bronze atuais. Mas peço apenas um pouco mais de compreensão de vocês. Se for necessário, enviarei vocês amanhã mesmo para ajudar seus sucessores. Mas, primeiro, preciso me certificar de que a Vontade de Atena será favorável a essa iniciativa. Enquanto me retiro, preciso de alguém assumindo interinamente a função de Grande Mestre na minha ausência. Gomes seria o mais indicado para a tarefa, mas ele está supervisionando a chegada dos novos cavaleiros recrutados e as atividades de Palaestra, ao mesmo tempo. Preciso que um de vocês assuma meu papel enquanto permaneço em Star Hill, pois poderei precisar de dias até interpretar corretamente a posição das estrelas. Não posso me dar ao luxo de esperar um voluntário... Dohko?

Ele se voltou para seu melhor amigo. O Cavaleiro de Libra levou as mãos para trás da cabeça e sorriu como quem se desculpa.

— Shion, eu já assumi o posto de Grande Mestre uma vez, quando estava como Mestre Ancião, depois da Batalha das 12 Casas, mas por motivos de força maior, já que estávamos na iminência de uma guerra santa, como estamos agora. Mas não tenho vocação para ser o Grande Mestre. Desculpe-me, velho amigo.

— Eu entendo... – Shion fitou os demais Cavaleiros. – E você, Shaka?

O indiano balançou a cabeça.

— Também não me sentiria à vontade assumindo o posto de Grande Mestre, senhor Shion, ainda que interinamente. Tenho muitas divagações na minha mente que me impediriam de focar nas funções de Mestre. Contudo, fico surpreso que Vossa Eminência não tenha percebido de cara quem de nós era o mais indicado para assumir essa tarefa nesse momento!

— O que quer dizer, Shaka? – indagou Shion.

— Ora, Grande Mestre. Qual de nós é o único que já foi escolhido por você como sucessor? – perguntou o virginiano.

Shion e os outros Cavaleiros de Ouro se voltaram então para Aioros de Sagitário. O irmão mais velho de Aioria ergueu as mãos.

— Ah, não, Grande Mestre. Eu não sei se poderia...

— Bobagem, Aioros – interrompeu Shaka. – Seus feitos, inclusive e principalmente depois de sua morte, credenciam você para o cargo de Mestre do Santuário desde que o mestre Shion o escolheu há trinta anos. Não há ninguém da nossa geração que seja melhor para o cargo nesse momento.

Os outros Cavaleiros de Ouro acenaram em concordância às palavras de Shaka. Aioros olhou sem jeito para eles e para o Grande Mestre.

— Não sei se sou a pessoa certa, mesmo agora.

— Shaka está certo, Aioros – retrucou Shion. – Você é o mais indicado. Eu mesmo já devia ter percebido isso. Não há o que discutir. Você e seus companheiros estão ansiando por fazer algo de útil em prol do Santuário. Pois bem, esta é sua chance. Seja o Grande Mestre pelos próximos dias e conduza o Santuário da maneira que achar mais adequada na atual conjuntura. Seus colegas certamente se esforçarão para ajuda-lo.

Aioros fitou o chão, indeciso. Então Aioria pôs a mão em seu ombro.

— Vai nessa, irmão. Todos confiamos em sua capacidade. Você será um Mestre exemplar, mesmo que por pouco tempo.

— Se é o desejo de todos, eu assumo o cargo de Mestre. – Aioros agradeceu o incentivo do irmão e se dirigiu ao Grande Mestre. – Mas, senhor Shion, se vou ser o Mestre, eu gostaria de destacar alguém para me auxiliar. Já que o senhor Gomes se encontra ocupado.

— Como queira, Aioros. Você já tem alguém em mente? – perguntou Shion.

— Na verdade, já. Eu não entendo nada da administração do Santuário e das questões relativas a ela, mas sei de alguém que entende. Saga?

Os outros Cavaleiros de Ouro observaram espantados enquanto o Cavaleiro de Sagitário apontava para o Cavaleiro de Gêmeos. O irmão de Kanon se adiantou, hesitante.

— Aioros, você não está sugerindo...

— Estou pedindo para que seja meu auxiliar, Saga. – Aioros passou a mão na cabeça, exibindo um semblante desajeitado. – Você foi o Mestre do Santuário por 13 anos. É óbvio que conhece os mecanismos de gestão do Santuário. Por favor, me ajude, amigo... Preciso de uma mente boa ao meu lado!

— Aioros... É claro que eu aceito a oferta. Serei seu assistente pelos próximos dias.

Aioros riu da própria constatação.

— Quem diria, você e eu, juntos e dividindo a mesma função. Atena ficaria feliz, não acha?

— Sem dúvida – concordou Saga, curvando-se diante do irmão de Aioria.

— Parece uma ótima decisão, Aioros. – Shion contemplava a conversa com interesse, torcendo em seu íntimo para que a cooperação entre os cavaleiros de Gêmeos e Sagitário fosse inteiramente benéfica para o Santuário em meio àquelas batalhas. – Já é uma prova de que você sabe se portar como Mestre, deixando o orgulho de lado e oferecendo a mão a um companheiro, sendo humilde o bastante para reconhecer que necessita de ajuda. Você já está me convencendo de que fiz certo ao escolhê-lo, não agora, mas há trinta anos. Cavaleiros de Ouro, se me dão licença... As estrelas estão me esperando para uma conversa.

Saga e Aioros assentiram para o Grande Mestre. Shion se retirou dali para iniciar a subida até Star Hill, enquanto Gomes retornou para Palaestra. Os cavaleiros de Gêmeos e de Sagitário permaneceram ali, ao lado de seus colegas, contemplando a inquietação do mar à distância. Em seus íntimos, mesmo atordoados por sentirem os Cavaleiros de Bronze se esforçando ao máximo na luta contra os Marinas, os 12 Cavaleiros de Ouro do século passado estavam sendo tomados por uma felicidade transbordante, pela justiça histórica que havia acabado de ser feita ao Santuário, com Aioros de Sagitário assumindo o posto de Grande Mestre e Saga de Gêmeos sendo nomeado como seu assessor, ficando, assim, os dois mais poderosos Cavaleiros de Ouro daquela geração na liderança interina do Santuário em meio àquela guerra santa.

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Isabella e Fernanda continuavam sentadas nos destroços do templo que rodeava o Pilar do Oceano Antártico. Elas atiravam pedrinhas nas ruínas do pilar para passar o tempo, enquanto esperavam Betinho de Pégaso se recuperar por completo para poderem ir ajudar os Cavaleiros de Bronze nos outros pilares.

— Ei, Branca de Neve – chamou Fernanda após vários minutos, quebrando o silêncio. – Fiquei com uma dúvida, depois da luta do Matt contra o Kasa.

— O que foi? – indagou Isabella, erguendo os olhos para a rival. Ela estava com a cabeça apoiada sobre a urna da armadura de Libra.

— Por que a armadura do Matt não ficou dourada como as dos outros, quando ele enfrentou o general?

Isabella levou a mão ao queixo.

— Meu melhor palpite é que... Talvez o Matt não tenha precisado recorrer ao poder dos Cavaleiros de Ouro para vencer o Kasa. Ele deve ter sentido que ele não era um adversário digno o bastante para requerer a força dos Cavaleiros de Ouro... Sem falar que o Matt também é diferente dos outros Cavaleiros de Bronze. Parece que, por causa do treinamento dele, ele tem uma facilidade maior para elevar seu cosmo do que os amigos dele. Sem falar na força dele...

— Ah, sim – concordou Fernanda, exibindo um ar sonhador. – E que força...

— Menos, sua metida. – Isabella fechou a cara para a rival. – Você vai ver que ele vai voltar para mim logo, logo – alfinetou ela.

— Ora, me poupe dos seus achismos, Tinker Bell... – debochou Fernanda. – No fim das contas, essa decisão é dele, não é mesmo? Vamos deixar o menino livre para decidir por conta própria. Ele já conhece mais do que muito bem os pontos positivos e negativos de ambas, não acha?

Isabella hesitou. A rival era mesmo astuta.

— Olha, dessa vez, você tem razão. Vou concordar com você e deixar o Matt decidir sozinho. E vou... Vou respeitar a decisão dele, seja lá qual for.

— Que bom. – Fernanda parecia se dar por satisfeita com aquilo, o que deixou Isabella menos tensa, porém ainda alerta para o que a rival poderia estar planejando para arrematar de vez o coração do Cavaleiro de Fênix.

O que a amazona de Taça não sabia era que Fernanda, no fundo, já estava perdendo as esperanças em relação àquela queda de braço entre ambas pela preferência do garoto. A amazona de Fogo já havia percebido diversas vezes que o próprio Matt estava demonstrando uma preocupação maior para com sua rival da patente de Prata durante a luta contra Kasa, e mesmo antes, quando havia enfrentado os Guerreiros Deuses e os Cavaleiros de Ouro renegados. Fernanda não queria admitir, mas sentia que a outra estava em grande vantagem na luta pelos sentimentos do garoto. Isabella parecia insegura, mas a amazona de Aço estava verdadeiramente trêmula nas bases com a possibilidade iminente de ser superada de vez pela rival.

— Certo, então... – Fernanda se esforçou para disfarçar a preocupação e retomar a conversa num tom neutro ou mesmo amigável. – O que você acha? O Matt não vai despertar o poder dos Cavaleiros de Ouro na armadura dele, como os outros fizeram?

— Ah, eu aposto que ele ainda vai ter que recorrer a esse poder, cedo ou tarde – assegurou Isabella, estranhando levemente o interesse da rival naquele assunto após a troca de farpas. – Mesmo com toda a sua força, o Matt ainda é um Cavaleiro de Bronze. Ele irá encontrar alguém entre os generais que o forçará a elevar sua cosmo-energia ao máximo antes do fim dessa missão... Eu sinto isso. Se Rina, Gustavo e Betinho tiveram essa dificuldade, com certeza ele também terá. Os níveis de poder deles já estão praticamente iguais, não estão mais díspares como quando eles enfrentaram os Cavaleiros Negros. Se eles tiveram que recorrer ao poder dos Cavaleiros de Ouro, o Matt também terá. Mas eu tenho fé nele. Se ele já conta com um poder admirável agora imagine quando tiver despertado o poder dos Cavaleiros de Ouro. Se você gosta tanto dele, também devia ter fé nessa capacidade dele.

— N-Não foi isso que eu quis dizer. – Fernanda ficou super-encabulada com as palavras afiadas da rival. – Eu também a-acredito no potencial dele. Mas, ei, Branca de Neve, tem outra coisa que eu queria perguntar, se não for muito abuso.

— Fernanda, o simples fato de você estar aqui já é um abuso. Mas vou relevar isso por que você subiu um pouco na minha estima quando enfrentou o Kasa. O que você quer me perguntar?

— Se você é a mestra do Teletransporte, por que não usou essa técnica uma única vez desde que chegamos aqui? – disparou Fernanda, tentando devolver a acidez das palavras anteriores da rival.

— Ah, isso é fácil de responder. – Isabella fez uma pausa e limpou a garganta. – O cosmo de Poseidon ainda cerca este templo de maneira assustadora, mesmo estando num estado de animação suspensa. Isso limita minha habilidade telecinética e, consequentemente, meus poderes de Teletransporte. Para piorar, ainda tem o cosmo de Hades, presente nos soldados, comandantes e generais das tropas de Poseidon, que também está me limitando. Eu só conseguiria ser capaz de me teleportar alguns metros de cada vez, e mesmo assim, ficaria desgastada rapidamente mesmo com poucas tentativas de uso. Por isso, correr está sendo bem menos cansativo e bem mais efetivo na atual situação.

— Nossa – Fernanda pareceu impressionada, ainda que levemente. – Como exatamente você chegou a essas concl...

— O senhor Mú de Áries, mestre do meu mestre Kiki, me avisou desses detalhes para me precaver, depois que falei com o mestre Shion em nossa reunião secreta— ela sibilou ao pronunciar aquela palavra, se recordando de que a própria Fernanda havia escutado aquela reunião às escondidas -, quando ele me mandou vir para cá para ajudar os Cavaleiros de Bronze. Ele sem dúvida é muito sábio, e é um grande cavaleiro. Eu gostaria de ter sido aprendiz dele, também. Claro, eu adoro o mestre Kiki e também tenho a maior admiração por ele, mas o senhor Mú foi quem o treinou. É natural que ele me pareça mais poderoso e mais sábio do que seu sucessor. Da mesma forma que o mestre Shion me parece bem mais poderoso do que ambos, sem contar o fato de que é o Grande Mestre do Santuário. – Ela notou que a outra garota estava boquiaberta com aquela explicação. – É, pelo visto, eu estou bem servida de mestres de diferentes gerações.

Fernanda notou que sua boca estava ligeiramente aberta, e fechou-a rapidamente, assumindo um ar emburrado. Em seguida, ela resmungou algo sobre “arianos” e “carneiros metidos”.

— Que maravilha – exclamou a Amazona de Aço quando ficou claro que sua rival não se vangloriaria mais dos feitos de seus mestres. – Estamos aqui sem possibilidade nenhuma de facilitar essa missão por meio de suas magias baratas, Branca de Neve. Lá vamos nós ter que correr mais uma meia maratona quando Pégaso acordar. Bom, pelo menos, isso me ajuda a manter a forma. Uma corridinha a mais vai ajudar a colocar o meu “shape” em dia, ao contrário de umas e outras que evidentemente não gozam da mesma forma física exuberante que a minha.

— Espera aí. Você me chamou de gor...

Isabella não conseguiu concluir a frase. Elas ouviram dois ruídos simultaneamente: um gemido baixo ao lado delas, e um barulho de passos marchando ao longe, vindo em direção ao local onde elas estavam.

Betinho estava se erguendo, e o gemido havia sido proferido por ele. O Cavaleiro de Pégaso se levantou e olhou em volta.

— Meninas? – disse ele ao contemplar as garotas. – O que houve? Eu me lembro de ter encontrado o Thiago aqui no pilar, mas depois eu apaguei e...

— Calma, Betinho – disse Isabella indo ao encontro dele. – Aquele não era o Thiago. Era o General Marina Kasa de Lymnades. Ele se fez passar pelo Thiago para enganá-lo e atacar você pelas costas. Ele possuía o poder de assumir a forma da pessoa mais importante do adversário que chegasse ao Pilar do Oceano Antártico, que ele protegia.

— Oceano Antártico...? – O cavaleiro de Bronze estava mais confuso, e levou a mão à cabeça. – Mas eu podia jurar que tinha alcançado o Pilar do Atlântico Norte...

— Sim, isso era outra habilidade dele, ele conseguia criar ilusões no caminho até este pilar, que faziam com que nós achássemos que estávamos nos dirigindo para pilares diferentes. Thiago achou que estava indo para o Ártico. Rina achou que estivesse indo para o Atlântico Sul, e Matt achou que tinha chegado ao Pilar do Atlântico Norte, como você. Só nós duas não fomos afetadas pela ilusão, por que ele estava enfrentando a Rina no momento em que nós nos aproximamos do pilar.

— E onde eles estão...? – quis saber Betinho.

— Eles já foram para os outros pilares... Thiago também foi atingido por ele, mas se recuperou mais rápido e foi para o Oceano Ártico. Rina e Matt foram para o Atlântico Sul e o Atlântico Norte, respectivamente. Eles nos pediram para ficar aqui até que você acordasse, para contar a você o que tinha acontecido e pedir que você fosse em frente, em direção ao Grande Suporte Principal, onde está o hospedeiro de Poseidon. Caso algum deles tivesse problemas com os outros pilares, eles entrariam em contato com o seu cosmo para pedir ajuda. Mas creio que eles gostarão de resolver suas lutas sozinhos, ainda mais depois da confusão que houve neste pilar. Só o Gustavo não passou por aqui, mas ele estava bem enfraquecido depois da luta contra o general do Oceano Índico, e pode ter levado o mesmo tempo que você para se recuperar. A essa altura, ele deve estar indo em direção ao Grande Suporte Principal, também.

— Falando nisso, e o general? O que houve com ele? – indagou Betinho.

— Ali está ele – apontou Isabella, indicando o corpo inerte de Kasa de Lymnades. – O Matt deu o golpe final nele. E depois derrubou o pilar.

— Err... Pégaso, Branca de Neve? – chamou Fernanda. – Não quero ser estraga-prazeres, mas tem uma horda enorme de soldados vindo para cá.

Ela havia subido em algumas pedras e apontava para o caminho que levava ao agora arruinado pilar do Oceano Antártico.

— Puts... bem que o Matt disse que isso podia acontecer. – Isabella mordeu o lábio. – Bom, acho que dá para a Fernanda e eu segurarmos eles enquanto você vai...

— Não – retrucou Betinho. – Eu fico aqui e dou um jeito neles. Vocês estão levando as armas da Armadura de Libra, e só poderemos destruir os pilares com elas. Estou mesmo precisando de um fight básico para compensar o fato de ter sido derrotado tão rápido pelo tal general do Antártico. Os outros irão precisar mais da ajuda de vocês do que eu, logo, logo.

— Olha, Betinho, você pode não estar completamente recuperado dos ferimentos, e... – Isabella se interrompeu, ao ver a determinação nos olhos do Pégaso. – Está bem. Vou fazer o que está pedindo. Cuide-se... Fernanda, vamos!!

A amazona de Taça catou a urna da Armadura de Libra e colocou-a nas costas enquanto fazia sinal para a outra segui-la.

— Já falei que não sigo ordens suas! – exclamou a outra, mas foi ao encontro dela.

— Até mais, Betinho! – disse Isabella, correndo em direção a uma das trilhas que levavam aos outros pilares. – Boa sorte!!

Fernanda correu ao lado dela, e ambas se distanciaram do pilar. Betinho se postou defronte ao pilar destruído, encarando as tropas de soldados corrompidos que se aproximavam.

— Um cavaleiro! – exclamou um deles enquanto se aproximavam do pilar. – Vamos vingar as mortes dos mestres Kasa, Bian, Krishna e Io aniquilando esse verme!

— De acordo, chefe! Estamos esperando seu comando! – gritou de volta um deles para o que tinha falado primeiro, que devia ser o comandante da tropa. Os outros soldados gritaram em concordância, brandindo suas armas.

Betinho juntou seus punhos. Não eram grande coisa, mas iam servir para ele se redimir por ter sido derrotado facilmente pelo último general. Seriam um aquecimento mais do que adequado para ele se preparar para novas batalhas naquele templo submarino.

— Podem vir, soldados. Estou mesmo precisando de uma luta! – bradou ele em forma de provocação para os guerreiros.

— Maldito! Será punido por sua insolência! – gritou o comandante. – Ataquem tropas!!

Os outros soldados seguiram o comando, e avançaram para o pilar em ruínas, para atacar o cavaleiro de Bronze. Betinho sorriu com confiança, e partiu para o embate.

Meteoro de Pégaso!!

...

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...

— E nós, para onde vamos agora, Branca de Neve? – questionou Fernanda.

As duas amazonas haviam chegado a uma encruzilhada, pouco tempo depois de deixarem as ruínas do Pilar do Oceano Antártico. Uma das placas indicava “Oceano Ártico”, que sinalizava o destino de quem tomasse a trilha da direita. A outra indicava os oceanos “Atlântico Norte” e “Atlântico Sul”, para quem fosse pelo caminho da esquerda.

Isabella não precisou pensar muito antes de responder. Ela sentiu dois cosmos entrando em colisão, vindos do caminho da direita.

— É o Thiago – anunciou ela, reconhecendo o cosmo do Cavaleiro de Cisne à distância e se dirigindo para a trilha da direita . – Vamos por ali.

— Eu disse, eu disse, eles têm desejo suicida, todos eles... – resmungou Fernanda, mas seguiu pelo caminho indicado, logo atrás da amazona de Taça.

...

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Rina de Andrômeda continuava seu caminho pelas trilhas do templo submarino. Ela se aproximava cada vez mais do Pilar do Oceano Atlântico Sul, que já estava visível ao longe. A expectativa dela em encontrar o general Sorento de Sirene crescia a cada passo. Ela não gostaria de tê-lo como inimigo, ainda mais depois de ver a força dele diante da tropa corrompida de Poseidon que havia atacado a ela e a seus amigos quando chegaram ao templo submarino. Mas ela gostaria de conhecê-lo melhor. Ele havia demonstrado uma imensa sabedoria ao guia-los no templo submarino e explicar-lhes o que fazer para libertar Poseidon. Ele também demonstrava confiar no poder de Atena quase tanto quanto confiava no poder de seu mestre. Ela só via pontos positivos no caráter dele. E estava encantada por cada um deles.

Além de tudo, ele era um belo homem. Os grandes homens que ela admirava em sua vida eram dotados de grande inteligência: Shun, Miro, seu tio Gianfranco, que ela não via há muito tempo... Mas nenhum deles era tão belo quanto Sorento. Havia algo que a cativava intensamente naquela fisionomia germânica do general marina. Talvez fosse impossível para eles terem algo concreto... Eram de exércitos diferentes, serviam a deuses diferentes. Além disso, ela era apenas uma garota de 15 anos. Ele devia ter mais de 40 anos, apesar de aparentar ter apenas 18 ou 20 anos, como os outros Generais Marinas que haviam voltado à vida pelo cosmo de Hades. Será que ser um marina era garantia de envelhecimento retardado...? Não importava. Por todas as convenções sociais existentes no mundo, pela diferença de idade, eles dificilmente ficariam juntos. Ela registrou que, naquele momento, sentia um ódio profundo por todas as convenções sociais do mundo, e desprezava todas elas. Tudo conspirava contra os anseios de Rina.

No entanto, ela ficaria feliz se tivesse ao menos a chance de conversar com ele após destruir o pilar, ou mesmo depois que saíssem daquele templo submarino, supondo-se que conseguissem sair com vida dali; ela tinha um pressentimento ruim de que aquela missão seria bem diferente de todas as anteriores. Qualquer que fosse o desfecho daquela missão, ela gostaria de passar o maior tempo possível ao lado dele, daquele homem que havia cativado sua atenção de forma tão intensa desde que pusera os pés no templo submarino. Afinal, ela estava sozinha há tanto tempo, mesmo tendo seus amigos... Ela daria qualquer coisa por ter alguém que pudesse chamar de seu, nem que fosse por pouco tempo.

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Thiago alcançou o Pilar do Oceano Ártico. Já se sentia completamente revigorado, como se nunca tivesse sido golpeado de forma desleal na nuca pelo general Kasa. A corrida de um pilar para o outro havia feito-lhe recobrar o ânimo e a garra para entrar em um combate totalmente disposto. Seus amigos já haviam mostrado serviço em batalhas no Templo Submarino; somente ele não havia derrubado um pilar e derrotado seu respectivo general ainda.

Ele esperou alguns segundos, para ter certeza de que não havia ninguém protegendo aquele pilar. Contudo, ele obviamente estava enganado quanto a isso.

Um homem praticamente da mesma altura que Thiago surgiu detrás do pilar. Possuía fartos cabelos esverdeados, sua pele era alva, e seu olho direito era de um tom intenso de verde. Seu olho esquerdo era opaco e sem vida, e uma extensa cicatriz passava por ele, indo da sobrancelha até o queixo. Usava uma escama, a exemplo de Sorento, mas essa era recoberta por manchas negras em diversos pontos, sem dúvida símbolos da influência de Hades, sobre a coloração alaranjada da vestimenta. Ele segurava o elmo com o braço esquerdo, mas, quando avistou Thiago, jogou o objeto no chão. Quando falou, sua voz exibiu um sotaque russo.

— Bem-vindo ao Oceano Ártico – anunciou ele. – Eu, Isaak de Kraken, serei o responsável por exterminar sua vida patética, cavaleiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que a história esteja sendo do agrado de vocês. comentem o que pode ser melhorado na fanfic.



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