New Legends - Cavaleiros do Zodíaco escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 119
Um coração resistente!


Notas iniciais do capítulo

Matt de Fênix enfrenta bravamente as ilusões provocadas pelo poder do general Kasa de Lymnades. Contudo, a força do guerreiro corrompido por Hades se mostrará mais formidável e sombria do que na época em que enfrentou os antigos Cavaleiros de Bronze.
Enquanto isso, Isabella de Taça se desdobra para conseguir curar e restaurar as forças de suas colegas Rina de Andrômeda e Fernanda de Fogo.
E os cavaleiros de Bronze presentes no templo submarino irão se deparar com outro mistério: qual o segredo por trás do medalhão que Rina carrega, que ela acredita ser uma herança confiada a ela por seu mestre Shun?



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— Matt! – exclamou Isabella, aliviada ao ver o amado, desta vez o verdadeiro, colocando-se entre ela e o general, para protegê-la. Ao seu lado, Fernanda murmurou, quase sem fôlego:

— Matt... Você chegou...

— Ora, garoto – sibilou Kasa de Lymnades. – Mal chegou e quer exibir toda essa pose de marrento para cima de mim? Acha que me assustou com aquele seu teatrinho de chamas?? Eu acabei com cinco de seus colegas, caso não tenha reparado.

— Eu receio ter que avisá-lo... Sou um pouco diferente dos outros Cavaleiros de Bronze – advertiu Matt.

Kasa o fitou.

— Hm... Estou percebendo. A sua energia cósmica é diferente da dos demais. Contudo, isso não me intimida. Vou começar pondo-o à prova, Cavaleiro de Fênix!

Matt se preparou para um ataque, mas Kasa evocou sua nuvem de distorção. Quando sua forma voltou a ficar visível, ele estava com a aparência de Gustavo de Dragão.

— Vamos lá, primo!! – exclamou ele. – Hora de acabarmos com as dúvidas sobre qual de nós é o mais forte! Você não vai mais exibir essa sua marra para ninguém!

Ele avançou contra Matt com o punho erguido. Mas o Cavaleiro de Fênix não exibiu qualquer sinal de hesitação.

Quando o falso Gustavo se aproximou, Matt cravou o punho em seu peito, atravessando-lhe a armadura pelo lado direito do tórax, evitando o coração de propósito. O falso Gustavo se encurvou ao receber o golpe e vomitou sangue, e Fênix chutou-o para longe.

— Hmpf, então esta é sua técnica ilusória que lhe permite assumir a forma de outra pessoa – refletiu Matt. – Devo dizer que é bastante capaz de produzir uma cópia convincente. Agora vejo como conseguiu superar meus amigos... Contudo, você foi muito ingênuo ao avaliar quem seria a pessoa mais importante para mim. É verdade que gosto muito de Gustavo, e ele é praticamente a única família que tenho, mas eu ainda sinto o cosmo dele nas proximidades do Oceano Índico, onde ele derrotou seu general guardião e destruiu o pilar. Ele, agora, deve estar rumando para um dos outros pilares ou enfrentando as tropas de Poseidon... Você se transfigurou na minha frente, e esperava mesmo que eu fosse cair nesse truque? Mesmo assim, pude averiguar que sua técnica é mesmo doentia e desleal. Não o perdoarei por ter brincado com os sentimentos de meus amigos dessa forma.

Acompanhando o embate, Isabella se arrastou até ficar atrás de onde Rina e Fernanda estavam caídas; ela sentia que ainda conseguiria reanimar Rina por completo e que estava perto disso. Fernanda se aproximou rastejando, e ela permitiu que a amazona de Aço apoiasse a cabeça em sua perna. Nesse meio tempo, ela notou a determinação e firmeza de Matt ao confrontar o general, ficando bastante impressionada, mesmo já esperando uma atitude daquele tipo vinda dele.

— Ugh... – gemeu o general, levantando-se e assumindo novamente sua forma verdadeira, que, aparentemente, continuava ilesa. – He, he... Você faz jus ao nome de Fênix. Contudo, eu ainda estou longe de perder, garoto. Você e seus amigos não conseguiram, até agora, me ferir adequadamente. Vou aumentar a capacidade da minha técnica especialmente para você, que está me deixando particularmente irritado... Não tinha visto necessidade de fazer uso de esse meu novo poder, até agora. Contemple o poder de Kasa de Lymnades!

Em vez de ataca-lo, o general saltou para seu pilar e se “grudou” a ele, ficando a vários metros acima do chão e segurando-se às bordas da estrutura enquanto mantinha os pés na vertical, sobre a superfície do pilar. Estava semelhante a uma aranha prestes a dar o bote em sua presa.

Então, ele evocou sua nuvem de distorção ali onde estava. Ao invés de assumir a forma de outra pessoa, o general projetou aquela nuvem para a área em volta do pilar. Vários vultos surgiram em torno de Matt, e quatro deles postaram-se defronte a ele.

Quando a névoa se dissipou, os quatro vultos haviam assumido as aparências de Betinho de Pégaso, Gustavo de Dragão, Rina de Andrômeda e Thiago de Cisne. Ainda era possível distinguir os contornos de Kasa de Lymnades, agachado no alto do pilar, mas a névoa que ele projetara tornava difícil vê-lo por completo.

— Hahaha! Agora, morra, Fênix, pelas mãos daqueles a quem você chama de amigos! – bradou ele de sua posição, enquanto as imagens de seus amigos assumiam posições de combate.

— Vamos arrancar sua cabeça e oferecê-la em sacrifício a Hades, querido Matt – sibilou a falsa Rina. – Já estamos fartos dessa sua enorme arrogância e prepotência.

— Servir a Atena já não nos serve mais – disparou o falso Thiago. – Hades nos prometeu vidas eternas em troca de lealdade a ele. É ele quem deve reinar sobre o mundo!

— Nossos nomes serão eternizados entre as fileiras de Hades, como seus guerreiros mais fiéis e mais poderosos! – exclamou o falso Gustavo, que não exibia os ferimentos provocados pelo golpe anterior de Matt. – E você será o único de nós que terminará esquecido, e cujo nome será banido dos registros das grandes guerras do Olimpo e sugado pelas profundezas do Tártaro!

— Nós seremos vitalícios na história dos Cavaleiros que servem a Hades e seremos endeusados por nossos feitos em nome da justiça do mundo dos mortos. – O falso Betinho exibia o semblante mais sombrio dos quatro, como se fosse o seu maestro e conduzisse as falas dos demais. – Daremos um fim em sua existência miserável, meu amigo, e depois arrancaremos a cabeça de Atena, para que o domínio de Hades não seja mais questionado pelo resto da eternidade. Contemple o seu fim, Matt de Fênix!!

O semblante de Matt permanecia firme e resoluto diante das ameaças de morte de seus amigos. Os quatro atacaram-no ao mesmo tempo.

Pó de Diamante!!

Corrente de Andrômeda!!

Cólera do Dragão!!

Meteoro de Pégaso!!

Quando os quatro golpes combinados estavam a alguns centímetros de atingi-lo, Matt ergueu a mão e, com um rápido gesto virando sua palma para trás, desviou a trajetória dos golpes de seus amigos para o alto. As quatro réplicas deram um passo atrás e o encararam, hesitantes.

— Você pelo visto não dispõe de cérebro... Uma lástima para alguém que já foi um dos sete guerreiros de elite do soberano dos mares. – Matt dirigiu suas palavras ao general do Oceano Antártico enquanto seu cosmo se erguia. – Achou mesmo que poderia me iludir com essas réplicas dos meus amigos, que nem sequer conseguem reproduzir a força de suas técnicas? Como já disse antes, Gustavo está no Oceano Índico, como eu posso sentir pelo cosmo dele. Rina está caída bem ali atrás, enquanto Isabella está tentando reanima-la. E Thiago e Betinho, como eu tinha notado antes, estão caídos ali do outro lado do pilar. Sua técnica estava fadada ao fracasso, Lymnades, desde o começo, já que meus amigos estão todos ao alcance de minha vista e do meu cosmo. Além disso, seu discurso através dessas réplicas foi muito patético... Os Cavaleiros de Bronze que tenho como amigos não se voltariam contra Atena por promessas tão vazias. Aliás, suas réplicas são tão fracas que basta uma técnica básica para acabar com eles.

Ele ergueu a mão e evocou suas chamas.

Voo de Fênix!!

Sua palma estendida irradiou uma torrente de chamas, que avançou sobre as réplicas e as consumiu por completo. Os falsos Cavaleiros de Bronze soltaram gritos lancinantes ao serem incinerados.

De dentro de sua nuvem, Kasa aplaudiu secamente.

— Oho, muito bom, Fênix. – Havia uma nota perceptível de sarcasmo em sua voz. – Pelo visto eu o subestimei. Já que nem seus amigos foram capazes de abalar seu estado emocional... Terei que apelar para alguém ainda mais próximo de você.

Enquanto os vultos da névoa se reagrupavam, Matt notou que Kasa agora estava completamente fora do alcance de suas técnicas, fazendo com que apenas suas ilusões fossem golpeadas. Isso fazia com que golpear o General Marina tivesse se tornado uma tarefa mais difícil, e Matt acabaria consumindo suas forças se aquela brincadeira continuasse por muito tempo, e não poderia proteger Isabella e os outros. Ele se perguntou se o plano de Lymnades não seria exatamente esse, fazê-lo se cansar e mostrar todas as suas técnicas até que ele não pudesse mais se defender do general.

Um dos vultos tomou a frente e caminhou em direção ao cavaleiro de Bronze. Enquanto andava, ele assumiu a forma de Ikki, o antigo Cavaleiro de Fênix, atual Cavaleiro de Leão e mentor de Matt; ele trajava, imponente, a armadura de Ouro de seu signo zodiacal.

Pela primeira vez desde que chegara ao pilar, o garoto brasileiro fraquejou.

— M-Mestre – balbuciou ele, diante da figura de seu mentor.

— Você me deve obediência, Matt. Chega dessa rebeldia – disparou Ikki, encolerizado. – Encerre esta luta desnecessária contra as forças de Hades e arranque a cabeça de suas amigas, agora mesmo. Obedeça a seu mestre!

— N-Não – retrucou ele, se esforçando para não gaguejar. – Não f-farei isso. Não vou ferir minhas a-amigas.

— Tolo! – gritou o falso Ikki. – Pois agora terei que força-lo. Você irá arrancar todos os membros dessas três garotas insolentes, um a um. Mas, por último, como “gran finale”, pelo desejo do mestre Kasa, você arrancará a cabeça dessa menina de Andrômeda, e me trará o medalhão que ela carrega.

Matt, Isabella e Fernanda voltaram seus olhares para o corpo inerte de Rina. O medalhão que pertencera a seu mestre Shun brilhava fracamente sobre seu peito. Nele havia uma inscrição em inglês, “Yours Ever” (Seu Para Sempre).

— Q-Que medalhão é esse?? – indagou Matt, aparentando pânico. – Nunca vi a Rina usando isso!

— Hmpf. A garota pelo jeito tinha o bom senso de esconder isso das vistas dos Cavaleiros. – O falso Ikki contemplou a amazona caída, que recebia a cura das mãos luminosas de sua amiga, a amazona de Taça. – É um artefato poderoso, que é capaz de intimidar até os mais poderosos Cavaleiros. Basta que vocês saibam que esse medalhão é fundamental para a vitória de Hades. Agora, Matt... Faça o que estou mandando! Execute essas três vadias!

— Não – murmurou Matt, irredutível. – Não vou fazer isso.

— Então morra! – bradou Ikki, avançando sobre ele.

Seu mentor o atacou com o punho em riste, se movendo na velocidade da luz, como era próprio dos Cavaleiros da constelação de Leão. Se aquela era uma ilusão, era a ilusão mais poderosa que o General Marina havia conseguido conjurar.

Cápsula do Poder!!

Matt desviou do golpe, por que já o tinha visto nas 12 Casas; mesmo aquela ilusão de seu mestre não conseguia reproduzir a velocidade de seu ataque de relâmpagos. Contudo, quando achou que havia despistado o falso Ikki, ele se viu cercado pela imagem de seu mentor, que surgiu na frente dele e segurou-lhe pelo pescoço.

O falso Ikki o ergueu do chão e começou a pressionar o pescoço do garoto. Isabella ofegou, apavorada com a situação em que Matt se encontrava, mas forçou-se a se recompor e continuar empenhada em concluir a cura de Rina. Matt segurou o braço de Ikki que o segurava com a mão esquerda, mas não conseguiu mexer o braço de seu mentor.

— Você esqueceu-se de como se mostra respeito pela figura de seu mestre – alertou o falso Ikki. – Mas agora já é tarde para corrigir sua falha. Você encontrará seu fim pelas mãos de seu mentor, Cavaleiro de Fênix! Seu pescoço irá se partir em segundos.

— He, he, he... Até que você convence bem no papel de Ikki. – Matt estava sorrindo astutamente, apesar da pressão que era aplicada contra seu pescoço, dificultando sua fala; o falso Ikki o fitou, confuso, por um instante. – Mas eu te convenci mais ainda, fazendo-o achar que estava sendo intimidado pela sua presença, não é, mestre?

Então, num gesto repentino, Matt ergueu a mão direita, que estava livre e imóvel a um segundo atrás, e atacou o braço que o prendia, decepando-o como uma navalha.

O falso Ikki gritou de dor, segurando o braço cortado, do qual agora jorrava uma poça de sangue; seu olhar era um misto de terror e perplexidade.

— Maldito! – bradou ele. – Como ousa ferir seu...

— Isso foi para provar que você não passa de mais uma ilusão. Se fosse realmente o meu mestre, meu braço teria quebrado ao executar esse ataque, porque teria se chocado com a Armadura de Leão que protege o corpo de Ikki. – Matt olhou para o pilar, onde Kasa se escondia, com um sorriso triunfante, e em seguida voltou a encarar a imagem de seu mestre. – Mesmo com minha força, ainda sou um Cavaleiro de Bronze, e não seria capaz de causar tamanho ferimento em um Cavaleiro de Ouro legítimo. Claro, eu estava fingindo hesitação diante da imagem do Ikki, para fazer você tentar me atacar. Meus amigos já me disseram que eu deveria ser ator... Isso mostra a fraqueza de suas ilusões, Kasa de Lymnades... Mas não terei misericórdia por isso. Você irá pagar por ter usado a imagem de meu mestre de forma tão leviana e reduzi-la a essa cópia barata. Círculo de Gelo!!

O dedo de Matt apontado para o falso Ikki disparou uma rajada de ar congelado, condensada com cristais de gelo. A imagem de Ikki emudeceu, e o próprio Kasa de Lymnades tremeu, envolvido em sua névoa no alto do pilar. O falso Cavaleiro de Leão logo se viu imobilizado pelo ar congelado.

— Mas como?? – exclamou exasperado o General Marina. – Um cavaleiro de Fênix manipulando o gelo??

— Pois é... Por essa você não esperava. – Matt abriu um largo sorriso para o general, mesmo sem conseguir enxerga-lo direito. – É um de meus muitos trunfos... Nem meu próprio mestre chegou a me ver utilizar esse tipo de técnica em combate. E é claro que a cópia que você criou não terá a menor chance.

Enquanto contemplava o discurso de Matt, Isabella sentiu que as energias de Rina haviam sido estabelecidas. A garota continuava desacordada, mas sua respiração havia voltado a se regularizar. Dentro de instantes, a amazona de Andrômeda despertaria. Vendo que Matt estava com a situação controlada, ela pensou em ir até onde estavam Betinho e Thiago, prostrados no chão, imaginando um jeito de usar o resto de poder de cura que ainda tinha em ambos ao mesmo tempo, mas foi segurada pela perna quando fez menção de se levantar; Fernanda a deteve, lançando um olhar suplicante para ela.

Isabella se viu obrigada a engolir o orgulho; Fernanda já dera inúmeras provas de confiança desde que as duas haviam chegado ao Templo Submarino, e até enfrentara um General Marina apenas para protegê-la, mesmo sem gostar dela. Além disso, apesar de ter sido fortemente golpeada por Lymnades, ela não havia sofrido ferimentos nas lutas contra Thétis e os soldados, portanto curá-la desprenderia menos tempo do que havia levado para reanimar Rina, sem falar que Fernanda ainda estava consciente, o que deveria apressar o processo. Ela se preocupou com o fato de já ter usado muita energia durante o processo de cura da amazona de Andrômeda, mas torceu para que o estado de Fernanda estivesse melhor que o da outra garota e não forçasse tanto sua habilidade.

Resignada, Isabella se curvou sobre Fernanda e pôs as mãos nos lados da cabeça da amazona de Fogo. Sua rival havia se portado quase como uma amiga desde que haviam entrado no território de Poseidon; era um agradecimento mais do que merecido.

— Não se mexa. – As mãos da amazona de Taça começaram a irradiar novamente sua luz de cura, recuperando o vigor da amazona de Fogo, enquanto matinha um olho atento na luta de Matt contra as ilusões do general.

Enquanto isso, Matt, que havia acabado de imobilizar o falso Ikki, condensou uma parte dos cristais de gelo que havia evocado para junto de seus braços, preparando seu ataque. Ele torceu para que pelo menos um terço da força que aplicasse no golpe contra aquela ilusão com a aparência de seu mestre tivesse algum efeito sobre Lymnades.

— Tome isso, seu demônio! – gritou ele, olhando para a ilusão, mas dirigindo-se ao general. – Trovão Aurora Ataque!!

Ele juntou os braços e disparou sua rajada de ar congelante contra o falso Ikki, que ainda estava imobilizado pelo Círculo de Gelo. O corpo do falso Cavaleiro de Leão foi coberto pelo gelo, e se partiu em mil pedacinhos.

Dessa vez, Kasa de Lymnades parecia ter sentido algum efeito relativo àquele golpe; sua névoa se desfez e ele caiu de seu poleiro improvisado, indo de encontro aos pés do pilar. Ele não se mexia.

Matt se deu por satisfeito e se virou para as meninas. Na mesma hora, Isabella conseguiu recuperar as energias de Fernanda, e a amazona de Aço começou lentamente a se levantar.

— Ai... Minha cabeça – gemeu Fernanda, massageando a parte de trás do crânio, mas se virou para Isabella com um sorriso. – Obrigada pela força, Taça. Aquele infeliz me fez bater a cabeça com força no chão... Mas já me sinto pronta para outra.

— Não foi nada – retrucou Isabella, se permitindo sorrir. – Você fez por merecer minha ajuda.

— Meninas! – disse Matt, se atirando sobre as duas e envolvendo-as em um abraço. – Fiquei tão preocupado com vocês... Acho ótimo que vocês tenham sido mandadas para...

— Oi?? – fizeram ambas ao mesmo tempo, afastando as mãos do Fênix.

— Como assim, ficou preocupado com nós duas?? – indagou Fernanda.

— Por acaso, acha que queremos tratamento igualitário? – perguntou Isabella, acusadoramente. – Você só pode se preocupar com UMA de nós! Nada de duas ao mesmo tempo!

— Ora, suas bobas, parem com isso! – retrucou Matt, causando espanto nas duas. – Eu fiquei muito feliz de ver que vocês duas estavam se ajudando para nos apoiar aqui no Templo de Poseidon! O que eu mais gostaria de ver era que vocês duas estivessem numa boa, lutando uma ao lado da outra em vez de ficarem brigando entre si... Seria muito bom para mim ver vocês duas se tratando como... como amigas. – Ele disse a última palavra de forma acusadora para as duas garotas. – Ou essa simpatia toda entre vocês não passou de teatro? Eu fiz um pouco de teatro agora a pouco contra o Kasa, mas aquilo foi uma emergência! Você, Isabella, passou por cima dessa rivalidade estúpida para usar sua habilidade de cura na Fernanda! E você, Fernanda, desafiou e encarou sozinha um General Marina para proteger a Isabella, dando tempo a ela de recuperar a Rina...! Eu estive vendo tudo, escondido nas sombras, esperando o momento certo de interferir... E eu estava muito feliz com a colaboração entre vocês! Muito feliz mesmo! Eu não gostaria de descobrir que tudo não passou de fingimento da parte de vocês.

Subitamente, Isabella e Fernanda coraram ao mesmo tempo e lançaram um olhar de culpa e arrependimento uma para outra. Em seguida baixaram os olhos para o chão, envergonhadas e sem resposta. Ao ver que tinha conseguido a atenção de ambas, Matt continuou o discurso.

— Eu sei que as duas gostam muito de mim. Eu também gosto muito das duas, e não quero ter que escolher uma em detrimento da outra, não me importo com essas convenções sociais. Eu quero ter as duas ao meu lado, principalmente em momentos assim, quando tivermos que proteger o Santuário de qualquer ameaça, porque somos todos cavaleiros, e somos mais fortes quando estamos juntos. – Ele segurou as mãos das duas. – O amor é muito importante para mim, tanto quanto é para vocês. Eu faço esse jeito de durão na maioria das vezes, principalmente em combate, mas a verdade é que eu tenho um lado sentimental muito forte também. Eu entendo, ou pelo menos tento entender, o que se passa com o coração de cada uma de vocês. Mas vocês precisam deixar essa rivalidade de lado pelo menos por um instante, porque tenho certeza que ambas já perceberam que funcionam melhor como aliadas do que como inimigas. Por isso, vamos passar por cima de nossas diferenças e vencer juntos esta batalha, para podermos retornar ao Santuário e sermos felizes juntos... De uma maneira ou de outra.

As duas assentiram levemente, retribuindo o toque da mão dele. O garoto sorriu e beijou ambas na testa, e se levantou.

— Bom, agora só temos que... – começou ele, mas Isabella o interrompeu.

— Se você disse que estava observando tudo das sombras, por que só apareceu quando ele tentou me atacar?

Ele a fitou, percebendo o toque de esperança contida na fala dela.

— É que... Foi meio que um choque vê-lo assumindo a minha forma para tentar te matar. Eu tomei aquilo como uma ofensa pessoal, uma provocação... Simplesmente não podia ficar parado depois daquilo.

Fernanda, que erguera os olhos ao ouvir a pergunta da rival, baixou novamente a cabeça, desanimada, ao se dar conta de que Matt havia aparecido para salvar a outra, não a ela. Isabella também baixou os olhos para o chão, mas seu semblante exibia um sorriso tímido. Então os três ouviram um gemido e olharam para o lado.

— Ugh... – Rina estava se levantando; assim como Fernanda, ela também massageou a cabeça. - O que houve? – Ela olhou em volta, sentando-se e contemplando Matt e as duas garotas. – Eu me lembro de ter sido golpeada pelo golpe do Kasa...

— É, gata, você nos deu um susto e tanto – comentou Isabella.

— Vaso ruim não quebra – brincou Fernanda, tentando melhorar o próprio astral.

— Ei, eu ouvi isso! – exclamou Rina, fuzilando a amazona de Aço com o olhar, mas ao se virar para ela sentiu novamente a dor na cabeça e levou a mão ao cocuruto.

Isabella e Matt ajudaram Rina a se levantar, mas, assim que ficou de pé, a amazona de Taça envergou e se apoiou no ombro de Andrômeda para não desmaiar.

— Bella! – exclamou Rina, preocupada. – O que houve com ela?

— Ela deve estar exausta... Usou a técnica de cura em você e na Fernanda logo em seguida – explicou Matt. – Isso sem contar o fato de ela ter enfrentado o Kasa também, logo depois de ele vencer a Fernanda.

— Sua tonta! Por que se arriscou desse jeito? – ralhou Rina, segurando a amiga para ela não cair.

— Ora, sua boba, eu não podia deixar você naquele estado... – murmurou ela, quase sem forças.

Fernanda se levantou.

— Hmpf, no fim das contas, o Matt tinha razão. Ela tem um coração bom demais... Quase me dá náuseas.

— Fernanda – censurou Matt.

— Foi só uma brincadeira – retrucou a amazona de Aço, mas ajudou a sustentar Isabella junto com Rina.

Matt contemplou as duas garotas segurando Isabella, e teve uma ideia.

— Espera aí. Se eu estiver certo, li uma vez a respeito da Armadura de Taça algo sobre uma pessoa que recebeu a cura da portadora dessa armadura ter a possibilidade de devolver um pouco dessa cura para o guardião, ou guardiã, da armadura. – Ele encarou Rina e Fernanda. – Vocês duas só têm que queimar um pouco de seu cosmo para devolver à Isa energia suficiente para fazer ela se sustentar de pé.

— N-Não precisa... – Isabella tentou argumentar.

— Claro que precisa, sua boba – retrucou Matt, irredutível. – Você vai precisar dessa força para lutar. Ainda temos três pilares para derrubar, e sabe-se lá quantos inimigos ainda estão por aí. Se Rina e Fernanda tiverem que carregar você pelo caminho todo, isso só vai atrasá-las. Além disso, você precisa tomar conta da Armadura de Libra, não é mesmo? Não foi pra isso que o Santuário te enviou?

Ele apontou para a urna dourada, que havia ficado esquecida pela maior parte da luta.

— Isso mesmo, sua teimosa, escute seu homem pelo menos uma vez na vida! – advertiu Rina, enquanto Fernanda, ao seu lado, torceu o nariz ao ouvir as palavras “seu homem”.

— T-Tudo bem. – Isabella assentiu levemente.

— Vocês duas têm que estar de acordo – disse Matt para Rina e Fernanda. – Só assim seus cosmos poderão transferir parte da cura que receberam de volta para ela.

— Por mim está ótimo. Eu topo – falou Rina, sem hesitar.

Fernanda olhou melancolicamente para o rosto de Isabella.

— Normalmente eu não faria nada por essa aí, mas, devido às circunstâncias, não posso me negar a ajudar – admitiu ela. – Afinal, foi ela quem se dispôs a me curar, e talvez eu nem merecesse.

— Também acho... – alfinetou Rina.

— Menos, Rina – censurou Matt; ela se limitou a estirar a língua para ele.

— De qualquer forma, pelo menos eu e ela ficaremos quites com isso – retomou Fernanda. – Não curto isso de ficar devendo favores.

— Ótimo, já que as duas já se dispuseram, façam o seguinte – orientou Matt. – Pelo que eu li, vocês devem colocar as mãos abaixo do peito dela, para devolverem um pouco da cura que receberam. Só tirem as mãos quando ela reagir, indicando que consegue se sustentar.

— Hai – disseram ambas. Fernanda e Rina levaram as mãos ao ventre de Isabella, logo abaixo dos seios, e uma luz, semelhante à que Isabella havia usado para curá-las, se manifestou no contato entre as mãos delas e o corpo da amazona de Taça. Isabella começou a mover suas pálpebras, que haviam se fechado quando ela quase desmaiou, e seu rosto estava recuperando a pouca cor que havia perdido.

— Muito bom – comentou Matt ao ver que Isabella já estava começando a reagir. – Acho que só precisam de mais alguns seg...

Ele não conseguiu concluir a frase. Um cosmo violento emergiu atrás deles. Matt se virou, e viu que Kasa de Lymnades tinha se levantado.

— Detesto interromper essa pequena confraternização – zombou ele com ódio embutido na voz. – Mas ainda preciso acabar com você, Fênix.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por acompanhar! comentem em como o capítulo e a história como um todo poderão melhorar.



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