— Levante-se, Harry.

No dia seguinte à invasão de Nessy, Harry, Rony e Hermione estavam no quarto de Rony com Matt ajudando-os a fortalecer seus feitiços. Harry tinha acabado de ser derrubado, após tentar atingir Matt com uma azaração de Impedimento que o auror conseguiu bloquear facilmente com um feitiço Escudo. Harry já lançara e fora atingido por Feitiços Estuporantes, Azarações de Impedimento, Feitiços Estuporadores e Feitiços de Desarmamento.

Harry se levantou, exausto e dolorido. Hermione e Rony já haviam conseguido atingir Matt, e agora era a vez de Harry obter sucesso na tarefa. Matt insistia que eles deviam estar preparados para qualquer coisa, uma vez que eram possíveis alvos dos Guerreiros do Apocalipse e que estavam diante de poderes desconhecidos.

— Já teve alguma sorte com o Nessy? – perguntou Harry para Matt, em parte para ter tempo para respirar.

Matt baixou o braço da varinha e encarou Harry.

— Estou procurando – disse ele – em cada linha que leio. Não achei nada sobre o Nessy ainda, mas é realmente uma sorte poder contar com os arquivos do Ministério. Acho que em breve terei desvendado o enigma do Nessy. Preparado, Harry?

Harry ergueu a varinha e tentou de novo. Os feitiços que lançava alcançavam o escudo de Matt e voltavam para ele com facilidade. Então, um então muito demorado para ele, o garoto conseguiu finalmente aproveitar um momento de descuido do amigo e atingir-lo no peito com uma Azaração de Impedimento.

Matt se ergueu, sorrindo satisfeito, e guardou a varinha.

— Muito bem, acho que por hoje basta – disse. – Os três ainda precisam melhorar, mas estão no caminho certo. Daqui a um tempo vamos começar a praticar o duelo de Patronos.

Harry, Rony e Hermione trocaram olhares interessados; Matt havia mencionado rapidamente o duelo de Patronos sem dar maiores explicações.

Matt Stick saiu do quarto e desceu as escadas. Saiu da Toca e desaparatou.

...

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Duas horas depois, Matt saiu correndo da sala dos documentos do Ministério, aflito. Finalmente encontrara Nessy nos arquivos sobre os Guerreiros. Mas com muito custo.

Ele havia descoberto que, em seus primórdios, os Guerreiros utilizavam codinomes para se esconder. Codinomes, no entanto, muito fáceis de identificar.

Os Guerreiros, como rigorosos admiradores das Relíquias da Morte, eram também hábeis com magia negra. Isso os fazia sentirem-se imersos nas trevas. Por isso, o nome do Guerreiro era antecedido pela palavra “trevas” em inglês (dark). O uso da língua inglesa devia-se ao fato da sociedade ter sido fundada e ser sediada no Reino Unido.

Descobrindo isso, Matt encontrou uma lista dos generais mais antigos dos Guerreiros. Todos com o nome de registro na sociedade.

Então viu.

O nome sombreado com letras garrafais douradas no topo.

Darkness. Escuridão.

Não fazia sentido no começo. Mas havia um parêntese do lado.

Uma abreviação.

Darkly Nessy. Nessy da Escuridão.

E, embaixo, a habilidade especial do Guerreiro.

O que estava escrito quase havia feito Matt vomitar. Precisava sair do Ministério e avisar Harry o mais rápido possível. Ele seria o principal interessado naquilo. Mas também era vital que todos os ocupantes da Toca ficassem dentro de casa.

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Harry estava sentado em seu quarto, após reler Os times de Quadribol da Grã-Bretanha e da Irlanda pela enésima vez. Rony e Hermione estavam na sala com Sr. Weasley. A Sra. Weasley estava na cozinha. Gina estava no jardim, e Charlie já partira para a Romênia. Percy, Matt e Thaila ainda não haviam voltado.

Então ele ouviu um estalo do lado de fora. A porta da frente bateu e uma movimentação intensa se ouviu no térreo e nas escadas. Harry se levantou.

Estava quase puxando a varinha quando Matt apareceu ofegante à porta do quarto. Era como se tivesse corrido desde o Ministério até ali.

— Harry – ofegou ele. – Harry, por Deus, que bom que está aí...

— Que houve, Matt? – perguntou Harry preocupado. – Você está bem?

— Por enquanto – respondeu Matt. – Todos estão em casa?

— Bom, acho que Percy e Thaila ainda não chegaram – disse Harry – mas todos estão em casa. Ah, e a Gina está no jardim.

Matt de repente arregalou os olhos. Isso só deixou Harry mais tenso.

— Que está acontecendo, Matt? – perguntou, tentando manter a voz calma.

— Eu descobri o poder secreto de Nessy.

Mas ele não parecia nem um pouco satisfeito com sua descoberta.

— Vamos, me fale! – pediu Harry, nervoso. – O que é?

Matt abriu a boca para falar, mas fechou-a antes que pudesse emitir qualquer som. Harry entendeu na hora o que o distraíra.

Ouviu-se um grito vindo do jardim.

Harry passou correndo por Matt e desceu apressado as escadas; os gritos lá fora continuavam altos. Ele também ouvia Matt correndo atrás dele, aflito.

Harry irrompeu pela porta dos fundos na cozinha; a Sra. Weasley não estava lá. Saiu para o jardim e encontrou a causa dos gritos.

O que viu quase o fez vomitar.

Gina estava caída de costas na grama, berrando loucamente e se contorcendo. Em pé, acima dela, Nessy apontava a varinha para ela, rindo assombrosamente.

O ódio inflamou-se nas entranhas de Harry como nunca, vendo que Nessy se atrevia a torturar Gina. Puxou a varinha e não hesitou; apontou-a para o Guerreiro do Apocalipse.

— Cruc...

Mas não conseguiu pronunciar a maldição por completo. Nessy ouviu a voz dele e no mesmo instante, acenou com a varinha, seus olhos brilhando de fúria, mirando Harry.

O garoto foi novamente lançado no ar e girou como um trapo, caindo na lama do jardim. Ouviu passos revoltos ao lado dele e uma voz gritar:

— Depulso!

Achando que o feitiço fosse contra ele, Harry rolou na grama, mas não houve explosão no solo. Levantou-se e viu Matt com a varinha erguida, apontada para Nessy, que se afastara de Gina. Aparentemente, o feitiço de Matt atingira Nessy em cheio, fazendo-o cair na grama.

Nessy se levantou, a varinha ainda em mãos, mas Matt avançou para ele. Os dois começaram a duelar, mas Harry não prestou atenção; correu direto para Gina.

A roupa dela estava rasgada em vários pontos na barriga e nas pernas. O sangue escorria. Gina tremia; a tortura de Nessy a havia deixado abalada.

Harry se inclinou e abraçou-a, mas nesse momento um dos feitiços da luta entre Matt e Nessy passou raspando por sua cabeça. Levantou-se segurando Gina e levou-a em direção à Toca quando Rony, Hermione, Thaila, Percy e o Sr. Weasley apareciam à porta.

Hermione ajudou Gina a ficar de pé. Rony perguntou:

— Onde ele está? – havia tensão na voz dele.

Harry apontou para o lado do jardim para onde Matt e Nessy tinha ido. Deixando Hermione com Gina, os outros foram pela direção. Matt e Nessy continuavam lutando.

Com exceção de Harry, que ainda tinha a varinha na mão, todos sacaram as varinhas e dispararam feitiços contra Nessy. O bruxo fraquejou: conseguiu bloquear boa parte dos feitiços, mas Matt aproveitou sua desatenção e o atingiu de novo.

Pela primeira vez Harry sentiu apreensão no olhar de Nessy. Podia ser habilidoso, mas não o suficiente para enfrentar sete bruxos de uma vez. O Guerreiro disparou para frente da casa, para fora do terreno da Toca. Harry rapidamente entendeu: ele tentou aparatar no terreno da Toca, sem sucesso devido aos feitiços de proteção dos Aurores.

Matt, Thaila e Percy correram atrás dele, disparando feitiços contra ele; Nessy se esquivava ou bloqueava os feitiços olhando rapidamente para trás e acenando com a varinha. Hermione veio com Gina; o Sr. Weasley amparou a filha e Hermione juntou-se a Harry e Rony; os três também partiram atrás de Nessy.

Atravessaram o jardim da frente da Toca e parecia haver um quilômetro à frente de Nessy para que ele saísse da área segura. Mas o bruxo estava exausto e Harry se perguntou se ele ainda teria forças para aparatar.

Então Matt parou de repente e reteve Thaila e Percy. Parecia ter tido uma idéia.

— As vassouras – disse ele. – Ele não sabe voar nelas, é do Oriente Médio. Lá se usam tapetes e não vassouras. Depressa!

Ele e Thaila agitaram as varinhas, e as vassouras vieram voando para eles. Harry e Rony fizeram o mesmo e suas vassouras também apareceram.

Os quatro montaram nas vassouras e saíram atrás de Nessy. Ele olhou para trás e sua expressão empalideceu, talvez de medo. As vassouras não tardaram a cercá-lo. Harry, Rony, Matt e Thaila atiravam feitiços contra ele de todos os lados. Para onde Nessy corresse, alguém atirava um feitiço; o bruxo agora estava correndo em círculos.

Então Nessy resolveu retroceder. Correu em direção à Toca; as vassouras em seus calcanhares. Hermione correu contra ele e sacou a varinha, mas Nessy foi mais rápido e usou a varinha para bloqueá-la e atirá-la no chão.

Estava prestes a começar a torturá-la quando Gina surgiu à porta. Apontou a varinha para Nessy e disse:

— Estupefaça!

Foi o troco; Nessy foi atingido em cheio, mas o impacto o jogou longe da Toca e as vassouras passaram por ele sem alcançá-lo. Ele se levantou rapidamente e partiu em disparada.

Para a surpresa de Harry, Matt e Thaila não deram a volta nas vassouras. Aterrissaram e desmontaram delas; Harry e Rony fizeram o mesmo. Harry ajudou Hermione a se levantar e virou-se para Gina.

— Está bem, Gina? – perguntou. – Está doendo?

— Está – disse ela, sorrindo cansada. – Mas vai melhorar. Minha mãe vai dar um jeito.

— Ótimo, ótimo, vamos entrando – disse Matt. – Todos vocês.

Matt e Thaila os conduziram para dentro de casa. A Sra. Weasley abraçou Gina, aliviada. Percy falou algo sobre preparar uma xícara de chá para todos e foi para a cozinha.

Harry largou-se em um sofá e Rony e Hermione sentaram ao lado dele. Matt e Thaila sentaram-se diante deles.

— Está aí – falou Matt. – Assim o afugentamos. Ele vai pensar duas vezes antes de encarar todos nós.

Ele encarou os rostos tensos de Harry, Rony e Hermione.

— Vocês viram a habilidade dele – continuou Matt. – Tortura. Uma pena ter sido a Gina quem ele escolheu como alvo. Mas ela também estava fora de casa e talvez o Nessy quisesse provocar o Harry.

— E conseguiu – disse Harry cerrando os punhos.

— Contenha-se – disse Thaila. – Nessy sabe que atrair a sua ira fará com que você vá atrás dele, e é isso o que ele quer.

— Nessy é sedento por sangue – prosseguiu Matt. – Eu sabia que tinha alguma relação. Ele sempre tem prazer em ver o sangue das vítimas. O feitiço dele tortura a garota que ele ataca, para que o sangue saia. Há se não me engano uma sensação de prazer, de gozo nele quando faz isso. Nem quero imaginar como ele conseguiu fazer a varinha dele funcionar assim.

— Então ele só ataca garotas? – disse Rony, e se inclinou para o lado de modo a ficar mais perto de Hermione, como se quisesse protegê-la.

— Com esse objetivo, sim – respondeu Matt. – Quando vi isso no Ministério, vim correndo para cá avisar o Harry. Com certeza o Nessy iria atrás da Gina; ele já deve saber muita coisa sobre vocês, o que não é bom.

“Preciso alertá-lo de uma coisa, Harry. Nunca ceda a tentação de usar Maldições Imperdoáveis contra um Guerreiro do Apocalipse.”

— Por quê? – perguntou Harry.

— Os Guerreiros sabem que a principal arma de Voldemort e dos Comensais – disse Matt – eram as Maldições. Eles não querem ver nenhuma relação entre eles e Voldemort. Ou qualquer menção das palavras que o Lorde das Trevas e seus seguidores usavam ao utilizar seus feitiços de assinatura. O Lorde das Trevas passou por cima da Pedra da Ressurreição para transformá-la em Horcrux e isso os irritou. Além disso, eles querem ser vistos como superiores aos Comensais. Jamais usam Maldições; utilizam seus próprios feitiços e buscam aperfeiçoá-los. Se usar uma maldição contra eles, ficarão enfurecidos e revidarão com violência. Só vai ajudá-los a apressar o serviço. No mais, se usar uma maldição você será preso, e se houver gente deles infiltrada no Ministério, eles irão adorar isso.

“Não quero ser visto como machista. Mas a situação é grave, portanto peço as garotas”, e ele lançou um olhar significativo a Thaila ao dizer isso, “que redobrem a atenção para não serem pegas de surpresa pelo Nessy. Ele iria adorar, mas nós não.”

Hermione e Gina assentiram. Thaila ficou olhando Matt por um instante como se o desafiasse, mas por fim concordou.

— Vamos tomar chá, então – disse Rony. – Estou precisando.

Eles se levantaram a foram para a cozinha.

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...

Harry estava no quarto com Matt. Os dois ergueram as varinhas.

— O que vou lhe ensinar, Harry – foi dizendo Matt – é um passo importante para alguém que quer se tornar Auror. O duelo de Patronos tem função similar à investida do Patrono contra um dementador. Enquanto seu Patrono estiver forte e ativo, seu oponente não poderá se aproximar, e a luz do Patrono, que equivale à força dele, ocultará a vista dele.

“Se seu Patrono for bastante forte, a luz será igualmente intensa. Porém o Patrono não impedirá que os feitiços te atinjam; seu oponente pode arriscar atirara um feitiço contra a luz, que não detém o feitiço. A única forma de dissipar a luz é com outro Patrono. Os dois Patronos terão de se confrontar, e isso consumirá muita energia do protegido. O defensor que se dissolver primeiro será o do bruxo que foi acuado, e que estará completamente esgotado se o confronto for demorado.

Matt agitou a varinha.

— Vamos fazer uma pequena prática – disse ele. – Chame o seu Patrono.

Harry se concentrou num momento feliz: a vitória sobre Voldemort.

— Expecto Patronum!— disse.

Da ponta da varinha saiu o brilhante cervo prateado. Matt sorriu.

— Ótimo, ótimo, minha vez – disse o auror. – Expecto Patronum!

Da ponta de sua varinha irrompeu um leão grande, imponente e prateado, que se comparava em todos os aspectos ao cervo de Harry. A luz dos dois não era muito intensa, só estava na intensidade normal do ambiente.

— Vamos experimentar um contato mínimo – disse Matt. – Só precisa orientá-lo com a varinha, assim.

Ele mexia com a varinha, e o leão se movia para o lado que ele indicava. Harry fez o mesmo, e indicou ao cervo para sentar. O bicho sentou. Indicou para trotar. O bicho trotou. Indicou para saltar. O bicho saltou.

— Agora, um contra o outro – disse Matt. – Contato mínimo, assim.

Ele acenou com a varinha, e o leão avançou lentamente para o cervo. Harry o imitou e o cervo e o leão pareceram colidir, como se estivessem se empurrando.

Eles forçavam seus Patronos a empurrar com mais força o adversário. Após alguns momentos, Matt acenou com a varinha e o leão recuou.

— Por ora é só isso – disse Matt. – Logo estaremos aperfeiçoando táticas de confronto. Estamos no caminho certo. Vamos ao almoço, então?

Harry concordou e acenou a varinha; o cervo desapareceu e ele guardou a varinha.

Os dois desceram as escadas rumo à cozinha. Era o dia seguinte à segunda invasão de Nessy. Não se tinham notícias do paradeiro dele desde então.

— Podemos derrotar Nessy – disse Matt. – Temos uns aos outros. Ele vai sucumbir.

— Deu pra ver que ele tem fraquezas – disse Harry. – Isso me deixa mais aliviado.

— É verdade – disse Matt. – Talvez a tática das vassouras dê certo outra vez, quem sabe.

Todos estavam na cozinha almoçando menos o Sr. Weasley, que estava na sala. Harry e Matt sentaram-se, Matt ao lado de Thaila e Harry entre Rony e Gina.

Mas mal haviam terminado o primeiro prato quando o Sr. Weasley entrou na cozinha, parecendo nervoso.

— Xenofílio acaba de me mandar uma mensagem por Patrono – anunciou para todos. – Nessy capturou Luna.