Pouco Além (A Harry Potter Story) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 35
Os Cavaleiros se preparam para a guerra


Notas iniciais do capítulo

O choque devido ao ataque surpresa dos Guerreiros do Apocalipse (narrado nos capítulos 25 e 26) aos poucos vai dando lugar à mobilização dos cavaleiros de Bronze e seus aliados no Santuário para lidar com um eventual retorno dos invasores e lançar uma contra-ofensiva de peso. Os cavaleiros de Bronze aprenderam a lição e não irão mais subestimar o inimigo ...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/263990/chapter/35

            Matt de Fênix (um dos cavaleiros de Bronze, não confundir com o auror homônimo citado em capítulos anteriores) aguardava, sentado, do lado de fora do salão do Grande Mestre, no Santuário. Seus amigos, os outros cavaleiros de Bronze, continuavam dialogando com os veteranos do Santuário para tentar achar uma solução para aquela invasão e a crise que havia se estabelecido no local depois dela.

            O aprendiz de Ikki já havia atingido uma situação exorbitante de desânimo. Poucas horas antes, os cavaleiros de Bronze haviam sofrido a sua talvez mais humilhante derrota de sua ainda curta carreira como cavaleiros, justamente quando estavam prestes a completar um ano de serviço no Santuário, e diante de um grupo de magos cujas intenções e poderes eles ainda desconheciam quase totalmente. Que belo presente para comemorarmos um ano de cavaleiros...

            Seus colegas tentavam insistir com os membros veteranos da comunidade do Santuário de que eles ainda conseguiriam ir atrás dos invasores e detê-los, mas os veteranos estavam decididos em não deixar nenhum cavaleiro jovem sair do Santuário em busca dos magos, principalmente depois de encontrarem os cavaleiros mortos que haviam sido atirados do alto do monte, e, até que a situação fosse totalmente compreendida, ninguém podia entrar nem sair do Santuário.

            Para Matt, nada daquilo fazia diferença. Haviam sido derrotados. Ele havia aceitado a palavra de ordem dos instrutores e veteranos melhor e mais facilmente do que seus amigos. O resultado de um novo confronto estava claro: eles não teriam chance alguma contra aqueles magos desconhecidos.

            Mesmo tendo passado por várias batalhas, a sensação era de que sempre havia algo novo na esquina seguinte, espreitando eles à espera de algum momento de desatenção. Eles tinham que se adaptar a cada novo obstáculo que surgia, se desgastando cada vez mais no processo. Mas eram cavaleiros. Não podiam esperar levar aquela vida sem se desgastar ou se adaptar de vez em quando.

            Espera aí. Se adaptar... A base de uma ideia começou a se formar na mente de Matt. No entanto, o raciocínio foi interrompido quando alguém se juntou a ele.

— É, eu desisto – disse Rina de Andrômeda, sentando-se ao lado dele, com uma expressão que indicava que ela própria estranhava as palavras que acabara de pronunciar. – Os velhos estão insistindo para que nós não arredemos o pé daqui. A mesma baboseira de sempre sobre segurança, precaução, blá-blá-blá... Eles conseguem ser bem teimosos quando querem. E chatos também, que fique registrado. Parece que terei que me juntar a você por enquanto, parça.

            Ver Rina chamando os instrutores de “velhos” quando eles, no geral, tinham somente uns dez anos a mais do que ela, soou engraçado nos ouvidos do cavaleiro de Fênix. Mas Matt estava com a cabeça a mil: concentrou-se em desdobrar o raciocínio de sua mente, focando pela metade na fala de Rina enquanto usava a outra metade para desenvolver aquele embrião de ideia que havia começado a formar.

            Ela apoiou a cabeça no ombro dele, parecendo cansada, e o abraçou com um dos braços, demonstrando que sentir que o garoto estava com o astral lá em baixo.

            Um ano atrás, Matt teria estranhado esse gesto carinhoso da amiga. Apenas não era algo que ela fizesse, mesmo com os amigos mais próximos. Mas muita coisa havia mudado naqueles doze meses. Ele notava que Rina agora era mais amistosa com quase todos ao seu redor – talvez até com Gustavo, o único dos cavaleiros de Bronze com quem ela ainda se desentendia frequentemente. Havia se tornado uma lutadora mais poderosa, mesmo entre as outras garotas do Santuário – mas também havia passado a dar valor aos amigos de uma forma que ela não demonstrava antes. Era como se ela tivesse decidido se tornar a irmã mais velha de todo mundo: protetora, brincalhona, instrutora e, quando necessário, conselheira. Com Matt, que havia sido praticamente o primeiro dos cavaleiros homens com quem ela havia conseguido estabelecer um laço forte de companheirismo – terem se enfrentado na Guerra Galáctica havia ajudado bastante – essa mudança ficava ainda mais visível, como se os dois tivessem se tornado os irmãos que seus mestres haviam desejado que fossem. Às vezes até rolavam conselhos amorosos de um para o outro. Bem algo que irmãos faziam.

            Ele se permitiu sorrir, agradecendo e apreciando a companhia da amiga.

— Eu confesso que fiquei surpresa – ia dizendo ela. – Por você ter saído primeiro. Em outras épocas, você teria virado a noite vociferando contra os velhos, insistindo para que eles nos deixassem perseguir aqueles filhos da puta.

— O Matt de outras épocas não era tão maduro.

— Sei não – emendou Rina. – Não acho que amadurecimento e ficar na zona de conforto sejam a mesma coisa.

— Não acho que estou numa zona de conforto – retrucou o garoto. – Está mais para uma zona de abatimento.

— Recomponha-se, homem... – disse Rina, erguendo a cabeça e encarando o amigo. – Nós perdemos uma batalha. Tá. E agora? Vai ficar aí se lamentando? Só porque apanhamos daqueles caras uma vez, não quer dizer que vamos apanhar de novo.

— Nós nem fazemos ideia de quem esses caras são, Rina. Guerreiros do Apocalipse? Enviados do Juízo? Sociedade Illuminati? A qual deus eles servem? São guerreiros de Hécate? São filhos de Hécate? Isso explicaria a magia, e a forma como nos venceram. Você, nossa leitora voraz, sabe melhor do que eu que faz eras que o Santuário não enfrenta agentes de Hécate. Não é algo para o qual nós pudéssemos ter nos preparado.

— Pode ser, mas estou disposta a acreditar que eles não vieram da parte de Hécate... Ora, se fossem de Hécate, eles teriam se anunciado como tal! Já para declarar guerra oficialmente a Atena! E mesmo que fossem de Hécate, não havia sentido em esconderem-se atrás de capas. E não fariam a covardia de matar aqueles nossos colegas de forma tão desleal. E digo mais, aquelas varinhas, aquelas vassouras, a forma como eles se vestem... Tudo pareceu muito não-grego pra mim.

— Você devorou mesmo a biblioteca – constatou Matt. – Fico feliz que possamos contar com seu vasto arsenal de informação sempre que for preciso. Afinal, você leu livros de lá que quase mais ninguém leu.

            A garota ficou um tanto ruborizada.

— Você disse que não íamos tocar nesse assunto novamente...

— Relaxe. Não vou contar sobre suas idas secretas noturnas à biblioteca. Mas... Eu creio que possamos precisar desse seu conhecimento avantajado muito em breve.

            Rina ergueu a sobrancelha.

— Do que está falando?

— Segure a onda, Andrômeda. É só uma ideia que estou começando a ter. Se você se comportar, talvez eu te conte.

            A garota bufou, contrariada.

— Eu sou comportada. Você mesmo já disse o quanto eu havia mudado no último ano, e não faz nem duas semanas.

— Eu sei. Mas quero ter certeza antes de te apresentar isso. Por curiosidade, os meninos ainda estão lá dentro discutindo com os instrutores, não é?

            Rina olhou para trás antes de responder.

— As portas ainda estão fechadas, então sim. Thiago estava perguntando o tempo todo a eles quantas pessoas algum deles já havia congelado até a morte. Gustavo estava se oferecendo para contar quantas pessoas ele já havia derrotado com a técnica dos elementos da natureza. Não prestei muita atenção ao que o Betinho dizia, mas ele estava gritando mais do que falando... Parecia particularmente revoltado com a decisão dos supervisores. Bom, eu não posso culpa-lo. Eles estão bem insuportáveis hoje. Mas o que você ia me dizer sobre sua ideia mesmo, querido Matthew...?

— Acalme-se, minha cara. Pra você me chamar de “querido”, deve estar mesmo desesperada.

— Você sabe que eu odeio ficar sem saber algo – bufou Rina, emburrada. – A curiosidade é uma faca de dois gumes. Além do mais, achei que ia funcionar, que ia te persuadir a me contar mais facilmente. A Isabella disse que isso te deixava mais cooperativo...

— Funciona com ela, não com você, maninha – afirmou Matt. – Situações diferentes. Mas, boa tentativa.

— Você parece bem animado para alguém que, há pouco, disse que estava em uma “zona de abatimento” – notou a garota.

— É impressionante o que uma nova ideia pode fazer conosco. Pode nos dar um novo ânimo... No começo eu estava inclinado a concordar com os instrutores, sério. Eles ficaram repetindo o tempo todo que nós ainda somos muito jovens...

— Matt, você e eu já temos 16 anos – lembrou-lhe Rina. – Já somos mais velhos do que os nossos mestres eram quando passaram pelas Doze Casas pela primeira vez, por exemplo. O idiota do seu primo vai fazer 15, Thiago está com 19, Betinho com 18... Não somos crianças. Temos a idade mediana com que todo cavaleiro já é considerado um agente ativo do Santuário. Sem falar no tanto de missões que nós já tivemos. Será que nada disso conta para os instrutores ou o Grande Mestre?

— Eu estou considerando tudo isso também. Em parte isso foi um gatilho para eu começar a desenvolver essa ideia. Vou lhe dar uma colher de chá: quando nossos amigos saírem por aquelas portas, eu estarei mais inclinado a...

            Eles foram interrompidos pelo som das portas batendo com força. Betinho, Gustavo e Thiago vinham em direção a eles, todos parecendo bem contrariados.

— Desembucha, Matt! – ralhou Rina, puxando-o pelo braço. – Vai estar mais inclinado a o que?

            Ele se limitou a dar uma piscadela.

— Hoje é seu dia de sorte, garota nebulosa. – Então ele se levantou, e se dirigiu aos três amigos. – E então, rapazes! Como foi lá com nossos instrutores?

— Horrível! – bradou Betinho, quase fumegando de tão vermelha que sua cabeça estava. – São uns idiotas. Não sabem de nada! Parece que se esqueceram de todas as batalhas das quais nós já participamos nesse último ano!

            Ele fez menção de socar uma pilastra, mas seu irmão o conteve.

— Relaxa, maninho... – disse Thiago, segurando o braço de Betinho. – É assim mesmo. Uma hora eles nos trancam aqui, na outra nos liberam. É só esperar. Dê tempo ao tempo. Eles vão se dar conta de que nós ainda somos a melhor aposta deles.

            Betinho se acalmou, mas ainda parecia chateado. Mesmo assim, ficou claro que Thiago, mais uma vez, demonstrara que conseguia tranquilizar todos em momentos ruins como aquele. Quase como se ele lançasse suas rajadas de frio pelo ambiente para amenizar o calor do momento.

— Isso que é confiança... – comentou Gustavo, cruzando os braços.

— Confiança é tudo – complementou Matt, lançando um olhar de advertência ao primo. – E talvez tenhamos que dar razão a Thiago pelas palavras bem colocadas. Creio que não vamos precisar esperar muito para que nossa sorte mude quanto a essa decisão dos instrutores e do mestre Shion.

            Os três garotos o encararam.

— Do que está falando? – perguntou Betinho.

— Ele passou os últimos minutos arrotando sobre alguma ideia genial que ele teve para tentar convencer os velhos a nos liberarem e, também, algo sobre como enfrentar esses tais Guerreiros que apareceram aqui – afirmou Rina. – No entanto, ele não quis me contar. Logo eu, que poderia fazer uma baita propaganda positiva para convencer vocês. Ele preferiu esperar vocês voltarem.

— Minha nossa! – exclamou Matt, fingindo surpresa. – Para alguém que não faz a menor ideia do que a minha ideia seja, você parece ter pensado bastante sobre ela.

— Sim, você acidentalmente me deu tempo o suficiente para formular uma teoria! Você sabe que eu gosto de formular teorias. E indiretamente isso é culpa sua, que não me contou logo de cara e me fez ficar mais curiosa a cada segundo.

            Matt riu de leve, então se voltou para os meninos.

— Pois bem. A nebulosa aqui me convenceu. Estive conjecturando e... A razão pela qual os instrutores não querem nos deixar sair e perseguir os invasores é que eles de certa forma varreram o chão do Santuário conosco, não é mesmo?

— É – concordaram os outros quatro, meio que de má vontade.

— Eu não colocaria dessa forma, de onde eu pude observar foi uma batalha bem equilibrada até certo ponto – insistiu Thiago, orgulhoso. – Mas OK, prossiga.

— Pois muito bem. Nós aprendemos com nossos erros, sempre foi assim. Não iremos agir de forma precipitada – afirmou Matt. – Um cavaleiro supera seus obstáculos como? Se extenuando, se desgastando, mas também se adaptando.

— Estamos acompanhando até aqui, primo – avisou Gustavo.

— Então, eis onde quero chegar: não sabemos ainda quem ou o que são aqueles caras, esses tais Guerreiros do Apocalipse. O primeiro passo é pesquisar, ir atrás de saber quem eles são. O Santuário tem muitos documentos. Certamente em algum lugar daqui tem alguma menção sobre eles. Assim, podemos começar a nos preparar adequadamente para enfrenta-los de novo. E com base no que eles disseram naquela carta, e com base no que o líder deles disse, creio que nem precisemos ir longe para encontra-los novamente. Tenho o pressentimento de que eles vão voltar. E quando voltarem, estaremos prontos para eles.

— É só isso? – questionou Thiago. – Parece bem simples. Não sei se vai dar cer...

— Calma, isso é só o primeiro passo – advertiu o cavaleiro de Fênix. – O segundo passo é mais crucial. Quando descobrimos mais sobre eles, poderemos treinar de forma adequada para quando formos enfrenta-los pela segunda vez. Poderemos explorar suas fraquezas, suas limitações. Lembram-se do que falei a pouco sobre se adaptar? Pois bem. O sucesso do cavaleiro depende de como ele se ADAPTA a um oponente específico, não é mesmo?

            Lentamente, a compreensão iluminou o rosto dos outros quatro, que ficaram boquiabertos.

— Vejo que estão entendendo – deduziu Matt. – Agora vamos discutir o grosso do plano.

            Eles cinco se juntaram em um círculo, se afastando do salão do Mestre, e Matt começou a expor mais de sua ideia para os amigos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço a atenção!



Revisão concluída em 15.06.2023



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pouco Além (A Harry Potter Story)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.