Pouco Além (A Harry Potter Story) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 32
O professor de Harvard


Notas iniciais do capítulo

AHÁ! Alguns de vocês estavam esperando por esse momento, para algumas revelações, ou mesmo confirmações do que vocês já vinham desconfiando que ia acontecer. Espero que o capítulo atenda as expectativas de vocês. Louis, archer Shiro, Bilss, estou falando com vocês. RSRSRS


Matt Stick enfim chega ao local onde se encontra o homem a quem Kingsley deseja recrutar: um acadêmico renomadíssimo que já se envolveu em algumas experiências bastante incomuns e que pode ser bastante útil na eventual guerra contra os servos do Apocalipse.



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                        O homem que Stick procurava morava numa bela casa em Cambridge, Massachussetts. Ele estava sentado em sua sala, lendo um jornal. A sala era cheia de obras de arte que o homem havia adquirido nos últimos anos de seus admiradores. Também havia vários livros, alguns de sua autoria. Vários símbolos e códigos antigos destacavam-se das paredes.

                        A campainha da porta da frente tocou. O homem franziu a testa. Não estava esperando visitas. Apesar de ter recebido um estranho telefonema mais cedo, avisando-o sobre a possibilidade de uma visita, não havia acreditado, a princípio, de que o recado era sincero.

                        O homem se levantou descrente da poltrona, depositando o jornal numa mesa. Andou até a porta e espiou pelo olho mágico. Um rapaz que não aparentava ter mais de 30 anos estava parado do lado de fora.

                        O homem do lado de dentro teve a sensação de que o rapaz lá fora sabia que havia alguém em casa, e que não adiantaria ignorá-lo. Arrepiando-se com esse pensamento, ele abriu a porta.

                        O rapaz tinha olhos castanhos profundos e cabelo escuro arrumado sob uma pequena boina negra. Quando o homem surgiu à soleira, o rapaz olhou-o de cima a baixo, como se o avaliasse.

— Pois não? – perguntou o homem mais velho.

                        O rapaz encarou-o e disse:

— O senhor é o professor Robert Langdon?

— Hã... Sou. Posso ajudá-lo? – indagou o homem chamado Langdon.

— Meu nome é Matt Scott Stick, professor – informou o rapaz. – Gostaria de lhe fazer algumas perguntas.

— Você é jornalista? – perguntou Langdon.

— Não exatamente – respondeu Stick. – Posso entrar?

                        Langdon fez sinal a Stick para entrar, mas com uma pulga atrás da orelha. Não havia tido boas experiências recentemente com homens que haviam aparecido à sua porta e dito que queriam fazer “algumas perguntas”. De fato, alguns cineastas e escritores tinham feito se passar por jornalistas nas visitas feitas à Langdon, e com o material das “entrevistas”, conseguiram publicar três livros e montar três filmes sobre as “aventuras” de Langdon no Vaticano (onde sobreviveu a uma explosão), em Paris (onde sofreu uma caçada humana da Polícia Judiciária) e em Washington (onde acabou se envolvendo nas armadilhas de um maçom fanático). Robert Langdon havia se tornado conhecido no mundo inteiro, mas ainda sentia que tivera seu espaço pessoal invadido pelos “jornalistas”.

                        Robert Langdon era um professor de simbologia religiosa e misticismo em Harvard. Atingira os 50 anos sem perder a forma física invejada por muitos garotões. Isso se devia às braçadas diárias na piscina de Harvard. Seus olhos castanhos ainda eram muito vivos e seu cabelo castanho estava sempre bem cuidado.

                        Langdon sentou-se de volta em sua poltrona. Stick depositou a maleta que trazia consigo numa das mesas que ocupavam a sala de Langdon, mas permaneceu de pé.

— Escolheram bem o Tom Hanks para interpretá-lo naqueles filmes – comentou Stick. – Vocês são muito parecidos.

                        Langdon sorriu com amargura. Definitivamente não gostava de recordar dos livros e filmes que falavam de sua vida.

— O senhor parece surpreso com a minha chegada, professor – disse Stick, franzindo a testa.

                        Langdon ergueu os olhos.

— Bom, de fato, não esperava uma visita a essa hora.

— São seis horas da tarde, professor.

                        Langdon, sem jeito, não respondeu.

— Eu pedi ao seu editor que avisasse que eu estava a caminho – disse Stick.

— Ele, hm, avisou – disse o simbologista. – Mas eu não... Bom...

— Não acreditou que fosse verdade – completou Stick. – Porque Jonas Faukman parecia animado demais.

                        OK, isso quase fez Langdon se levantar, mas o professor se conteve.

— Como você sabe disso?

                        Stick suspirou. Parecia carregar um fardo maior do que podia aguentar. Se Langdon não estivesse tão intrigado, teria sentido pena dele.

— Para lhe responder, professor, terei de lhe fazer aquelas perguntas de que falei. – Stick sentou-se penosamente numa poltrona, defronte a Langdon. – O que o senhor sabe sobre a série Harry Potter?

                        Agora Langdon ficou realmente confuso. O que diabos esse cara quer? Mas o bom senso o induziu a responder racionalmente.

— Nunca li os livros. Mas já vi os filmes – acrescentou, achando que tal informação fosse necessária. – Meus alunos me emprestaram.

— Muito interessante essa relação amigável entre alunos e professores em Harvard – comentou Stick. – Como vê, puder ler uma coisa ou outra sobre o senhor.

                        Langdon resmungou, concordando.

— Ver os filmes pode não ser tão produtivo quanto ler os livros – continuou Stick. – Mas é o suficiente para entender a série de uma maneira geral. É importante que o senhor, Prof. Langdon, saiba que tudo aquilo que é representado nos filmes de Harry Potter é real. Existe de fato um mundo onde a magia reina.

                        Stick encarou Langdon diretamente, perfurando-o com o olhar. Mas para o simbologista aquela declaração era inconcebível.

— Isso é impossível.

— Impossível? – indagou Stick. – Eu não me surpreendo com a sua incredulidade, professor, mas eu não teria tanta convicção em afirmar isso. O senhor está diante da pessoa que escreveu a série Harry Potter.

— Pensei que aquela moça britânica tivesse escrito a série – desafiou Langdon.

— Ela não passava de um fantoche – disparou Stick. – Eu reuni todos os dados sobre Potter e escrevi o primeiro livro. Foi um sucesso no mundo bruxo. Então tive a ideia de enviar o livro para as pessoas não bruxas. Foi aí que eu confundi a mente de Rowling para que ela acreditasse que tinha tido a ideia de Potter durante aquela viagem de trem. Esperei um pouco mais, para as pessoas pensarem que Rowling estava escrevendo os outros livros. Os textos simplesmente surgiam nas mãos dela, e ela os entregava à editora. Deu certo. Tão certo que a obra foi transformada em filmes. Deu muito trabalho, professor. Precisei confundir a mente de várias pessoas para manter o sigilo. Não podia me expor e expor o meu mundo.

— Então – começou Langdon, cauteloso -, todos aqueles livros que ela escreveu...

— Foram escritos por mim – confirmou Stick. – E enviados a ela. Sou conhecido por todo o mundo bruxo como o escriba de Harry Potter.

                        Langdon se levantou e contemplou a escrivaninha. Passou as mãos na testa, tentando assimilar o que ouvira.

— Isso é incrível. No sentido literal, quero dizer. Não posso acreditar nisso.

— Bom, se for ajudá-lo a acreditar, foi assim que eu manipulei seu amigo Faukman – informou Stick. – Confundi a mente dele para que avisasse ao senhor que eu estava a caminho. Por isso ele estava tão animado. Acho que não executei o feitiço com a concentração suficiente. O coitado nem sabe que estou aqui.

— Mas então – praguejou Langdon -, o senhor é...

— Um bruxo – afirmou Stick. – Trabalho para o Ministério da Magia.

                        Langdon virou-se para encarar Stick. Este se levantou.

— Vejo que o senhor não acredita em mim, prof. Langdon. Porém, eu posso provar o que estou dizendo.

                        Stick tirou do bolso do terno que usava (preto com detalhes em dourado) uma varinha de madeira resistente. Por um segundo terrível, Langdon viu-se forçado a acreditar que ele era bruxo, e imaginou que ele fosse utilizar a varinha para feri-lo. Porém, Stick se limitou a acenar com o objeto e fazer dois quadros de Langdon trocarem de lugar na parede. Em seguida, desembaralhou alguns dos códigos destacados na escrivaninha de Langdon, revelando seus significados. Depois conjurou uma taça de vidro e encheu-a com água. Fez dois livros flutuarem pela sala até trocarem de lugar na estante.

                        Stick guardou a varinha no bolso e cruzou os braços para Langdon, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

                        Langdon estava pasmo.

— Me desculpe. Ainda é impactante demais para mim.

— Não o culpo – ponderou Stick. – A maioria dos trouxas, ou pessoas não bruxas, acreditaria que estava ficando enlouquecida. Já é um ótimo sinal o senhor ainda estar lúcido.

                        O professor de Harvard fitou o chão, em seguida voltou-se para Stick.

— Então, hã, Sr. Stick...

— Não precisa me chamar de senhor, professor. Sou muito mais jovem do que o senhor.

                        Langdon franziu a testa.

— Está bem. Só seis anos – admitiu Stick.

— Espere um instante. Você tem 44 anos?

— Algum problema, professor? O senhor mesmo já tem 50 e continua com a aparência de um jovem.

— Não, tudo bem. É que a sua aparência não trai a sua idade.

— Não faz mal. Chame-me só de Stick, ou de Matt. É como os amigos me chamam.

                        Langdon não conseguiu entender se com essa declaração Stick pretendia torná-los amigos, mas assentiu.

— Bem, Stick. Você disse que ia me fazer algumas perguntas.

— De fato farei. Aliás, já comecei a fazer. Era importante que eu sondasse o quanto o senhor sabia sobre o meu mundo antes de iniciar de fato nossa, hã, entrevista.

— Algum motivo especial?

— Vários. Nosso mundo está em guerra, professor. O mundo bruxo.

— Pensei que já tinham derrubado aquele cara... Voldemort.

                        Stick sorriu com amargura. Agora era ele quem parecia chateado.

— É, nós derrubamos. Quem me dera fosse ele. Estamos enfrentando algo pior.

                        Langdon esperou por mais alguma coisa, mas Stick não continuou, então tomou a iniciativa.

— E o que eu tenho a ver com isso? – perguntou.

— Sr. Langdon, o mundo bruxo está enfrentando uma crise jamais testemunhada antes. O Ministro Shacklebolt...

— Espere. Quer dizer que todos aqueles personagens são reais?

— São. Por favor, professor, não me interrompa a menos que seja urgente.

— Ah. Tudo bem. Desculpe.

— Com eu ia dizendo, o ministro Shacklebolt, do Reino Unido, acredita que o senhor é o único capaz de nos ajudar no momento. Devido às suas recentes aventuras...

— Aventuras? – indagou Langdon. – Você chama de aventura o que aconteceu comigo no Vaticano? Acha emocionante alguém ser o cara mais procurado da Polícia Francesa? Imagina ser legal alguém que está enfrentando um maníaco que raptou um amigo? Stick, eu estive perto de morrer várias vezes nessas minhas “aventuras”, sem falar no número de pessoas que foram mortas na minha frente!

— Acalme-se, prof. Langdon. Expressei-me mal. Sei o que você passou. Também vi muitas pessoas serem mortas na minha frente, durante a guerra contra Voldemort. Devido às suas recentes experiências, como deveria ter dito o Ministério lhe considera formidável no que diz respeito a decifrar códigos e símbolos.

— Foi ao que dediquei minha carreira, Stick.

— Eu sei. A questão é que estamos diante de um inimigo ardiloso. Chamam-se Guerreiros do Apocalipse.

— Acho que nunca escutei essa expressão nos filmes.

                        Stick sorriu com amargura outra vez.

— É claro que não. É uma organização de bruxos das trevas que existe desde antes de Voldemort surgir. Mas estiveram exilados desde a primeira ascensão do Lorde das Trevas. Com a queda definitiva dele, eles retornaram para voltar a espalhar o terror entre os bruxos e os trouxas.

— Ainda não entendi como posso ajudá-lo.

— Professor, os Guerreiros do Apocalipse se concentram em grande quantidade nos países árabes. O senhor tem lido o jornal recentemente?

— Sim. Tem havido muitas revoluções nos países árabes – lembrou Langdon. – Os governantes são depostos, a população protesta contra os que se mantém no poder, exigem liberdade. Estão chamando isso de “a Primavera Árabe”, em referência à Primavera de Praga dos tempos da Guerra Fria e...

— Correto. Eles estiveram presentes nessas revoltas. Não somente isso, mas foram os principais incitadores dessas revoltas na maioria desses países. Os Guerreiros do Apocalipse acreditam que são os mensageiros do Juízo Final. Acreditam que aqueles que se juntam à sua causa serão salvos do fim do mundo. E acreditam também que, para poderem realizar seu objetivo, devem eliminar seus maiores inimigos.

— Como o Ministério da Magia? – arriscou Langdon.

— Sim. Até hoje, nós do Ministério achávamos que os Guerreiros do Apocalipse só concentrariam suas atenções na gente. Mas eles enviaram uma mensagem ao nosso Ministro, alertando que irão nos atacar e atacar seus outros inimigos ao mesmo tempo. E é por isso que vim atrás do senhor, prof. Langdon. Fui encarregado de lhe entregar este documento.

                        Stick foi até sua maleta e abriu-a. Puxou um papel retangular, virou-o e depositou sobre a mesa de Langdon.

                        O coração de Langdon falhou uma batida. No papel que Stick trouxera, estava um símbolo que ele conhecia, mas que esperava não ver mais pelo resto da vida.

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                        I L L U M I N A T I

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                        Muito longe dali, enquanto Stick e Langdon conversavam, um homem caminhava por uma rua europeia. Usava uma capa preta longa, e tinha olhos verdes, cabelo castanho e barba por fazer. Ele especulava consigo como realizaria o que estava prestes a fazer. Um celular tocou no bolso de sua camiseta. Ele atendeu.

Está na hora— disse uma voz de homem. – Pode começar a agir. Você receberá reforços.

                        Moussa Meribá desligou o celular satisfeito, após ouvir a voz de Excelência. Seu longo treinamento finalmente havia chegado ao fim. Estava na hora de aplicar o que lhe fora ensinado. A noite avançava, e ele pôs-se a andar pelas ruas de Roma. Meribá era natural de Suez, no Egito. O grande líder dos Guerreiros do Apocalipse, Excelência, lhe havia confiado uma grande tarefa há muitos anos. Desde então, Meribá desenvolvera sua habilidades peregrinando por Egito, Jordânia, Palestina, Líbano, Síria, Turquia e Grécia, até que finalmente aportou na Itália. Lá seria o palco de sua consagração diante da irmandade.

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                        Enom Salis observava o céu da cidade europeia onde morava atualmente. Era branco, quase albino, alto, tinha cabelo grisalho e olhos cinzentos profundos. Havia nascido em Andorra. Como Guerreiro do Apocalipse, recebeu de Excelência uma missão de caráter ultraconfidencial. Seu colega Meribá iria começar sua missão hoje. Independente de ele obter sucesso ou fracassar, Salis logo iria iniciar sua tarefa também.

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                        Ahsi Mouath estava sentado em sua residência, lendo o jornal. Junto com Meribá e Salis, compunha o chamado “Trio do Apocalipse”, conhecido pelo sigilo com que agiam entre os Guerreiros do Apocalipse. Mouath era moreno, musculoso, tinha cabelo longo e olhos esverdeados. Nasceu em Riad, capital da Arábia Saudita. Considerava-se o mais orgulhoso dos Guerreiros do Apocalipse; não somente por ter nascido num dos berços principais da irmandade, mas também por que ele havia sido o escolhido de Excelência para guardar o segredo mais importante da ordem. Era o protetor da chave que levaria os Guerreiros do Apocalipse à vitória certa naquela guerra.

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...

                        Langdon fitou a figura por alguns instantes, então se voltou para Stick.

— Só pode ser brincadeira.

                        Stick riu amargamente (de novo) e olhou para o teto, como se já tivesse ouvido aquela afirmação antes.

— Receio que não, professor – retrucou ele. – Como eu disse, os Guerreiros do Apocalipse se infiltraram nas grandes fraternidades dos trouxas. Isso inclui os Illuminati.

— Mas os Illuminati estão extintos! – exclamou Langdon, horrorizado. – Há 400 anos!

                        Stick suspirou.

— Não mais, professor. Os Guerreiros do Apocalipse voltaram a difundir os ensinamentos Illuminati para se fortalecerem dentro da fraternidade. E isso, pelo que o Ministério crê, se deve ao fato de que os dois grupos possuem inimigos em comum. Mais precisamente, três inimigos.

— Três... – repetiu Langdon, ainda atordoado, mas se esforçando para organizar os pensamentos.

— Um é o Ministério da Magia – declarou Stick -, obviamente, desde sempre. Os Illuminati têm uma rixa interminável com os bruxos. Se não me engano, isso se deve ao fato de os bruxos poderem utilizar a magia para resolver os problemas comuns dos trouxas, e os Illuminati acreditavam que a magia devia ser utilizada para auxiliar e acelerar as descobertas científicas.

— E os outros dois? – perguntou Langdon.

— Bom, o segundo nós conhecemos muito bem. É a Igreja Católica. A velha discussão sobre a criação do mundo, o velho debate ciência versus religião. Embora saibamos que da última vez que a Igreja acreditou que os Illuminati estavam de volta tudo não passava de uma conspiração interna, isso não diminui a intensidade dos perigos a que eles possam fazer a Igreja se submeter.

                        Stick fez uma pausa e começou a andar pela sala. Pelo visto, ele organizava melhor os pensamentos enquanto se mexia.

— Foi justamente por isso que o Ministério pediu que eu viesse atrás do senhor. Havia também os nomes de Susan Fletcher e Rachel Sexton sendo ventilados, mas o seu nome prevaleceu para o ministro. O senhor é um estudioso nato dos Illuminati, e teve experiências recentes com eles. Aliás, o Ministério já estava começando a temer pela sua vida, prof. Langdon.

— Pela minha vida? – indagou Langdon. – O que poderia estar me oferecendo risco de vida?

— Ora, não é óbvio, professor? – disse Stick. – Além do seu envolvimento recente com a fraternidade, os Guerreiros do Apocalipse poderiam usar o disfarce dos Illuminati para vir atrás do senhor, buscando vingança. O senhor possui algo que eles consideram propriedade deles.

                        Langdon sentiu um nó na garganta. Lembrou-se de um dos três artefatos preciosos que obteve com suas experiências na Europa.

                        O diamante Illuminati.

                        Após ajudar o Vaticano a resgatar um cardeal das garras dos Illuminati, Langdon recebeu de um cardeal o diamante, tido como o lendário sexto símbolo Illuminatus, como forma de agradecimento pelo auxílio prestado à Igreja. Havia recebido também, junto com o diamante, um dos livros de Galileu Galilei que continham segredos antigos dos Illuminati.

                        Stick parecia compreender os pensamentos de Langdon. Aliás, desde que o bruxo entrara em sua casa, Langdon tinha a impressão de que ele conseguia ler pensamentos.

— Além disso, Sr. Langdon – continuou ele -, vejo que o senhor lê muito o jornal. O senhor sabe o que vai acontecer amanhã no Vaticano?

                        Foi como se alguém acertasse Langdon com um direto no estômago, que parecia prestes a afundar. Ele recordou-se de uma manchete do jornal que acabara de ler.

                        Amanhã haverá um conclave no Vaticano.

                        14 dias antes, o papa falecera de causas naturais. A idade avançada havia debilitado o pontífice ao máximo. E a Igreja iria escolher seu sucessor no dia seguinte.

— A história se repete – murmurou Langdon. – É isso que eles planejam.

— “A história se repete”? – indagou Stick. – Professor, desta vez nós possuímos uma vantagem significativa contra os Guerreiros Illuminati do Apocalipse. Eles não sabem que contatamos o senhor.

— Espere um instante – pediu Langdon. – A história se repete. Agora fui eu quem me expressei mal. Não quero dizer que eles irão conseguir capturar quatro cardeais, marcá-los a fogo com as marcas Illuminati em frente às igrejas do Caminho da Iluminação e fazer a Igreja Católica ruir. Quis dizer apenas que é isso que eles planejam.

                        Stick suspirou e encarou Langdon.

— Prof. Langdon, o senhor ainda não está a par de toda a situação. O seu raciocínio está certo. Os Guerreiros do Apocalipse conseguiram capturar quatro cardeais agora à noite. Eram os quatro preferiti. E pretendiam fazer “a cidade do Vaticano ser envolvida pela luz”. Eles roubaram três bombas de antimatéria do CERN.

— O quê? – bradou Langdon. – Três bombas de antimatéria??

— Ao que tudo indica, eles possuíam espiões infiltrados no CERN. Conseguiram contrabandear a antimatéria para seus esconderijos. Devem ter usado os conhecimentos científicos dos Illuminati para impedi-las de explodirem antes da hora. Três bombas, uma para cada inimigo dos Guerreiros Illuminati.

— Mas então vocês já sabem onde está a primeira bomba. Não precisam da minha ajuda.

— Na verdade, professor, os Ministérios do Reino Unido e da Itália já localizaram a primeira bomba, e não estava em nenhum local da Basílica de São Pedro nem em nenhuma parte do Vaticano.

— Não?? – indagou Langdon. – Mas então onde estava...?

— Por incrível que pareça, estava escondida dentro de uma concessionária que ficava bem próxima da Basílica. Eles iriam atingir a catedral de qualquer jeito. O azar deles foi que o gerente da concessionária era um funcionário disfarçado do Ministério. Só precisou convocar os Aurores para que eles desativassem a bomba.

— Mas como eles conseguiram desativar a bomba tão rapidamente? – perguntou Langdon.

— Professor – começou Stick, revirando os olhos -, por favor, lembre-se de que estamos falando de bruxos, não de pessoas normais. Desarmar um tubo de antimatéria não é uma tarefa tão difícil para nossos agentes.

                        O tom de Stick era conclusivo, e Langdon concordou.

— Tem razão. Mas, mesmo assim, ainda nos restam duas bombas para...

— Falaremos das bombas depois, professor. Elas não representam nenhum perigo, não enquanto estiverem escondidas com os Guerreiros do Apocalipse no esconderijo deles. E temos certeza de que eles não vão tirá-las de lá antes da hora. Eles são inteligentes. Usarão as bombas que restam contra os outros inimigos.

                        Langdon fez menção de falar, mas Stick ergueu a mão para silenciá-lo.

— Devemos nos preocupar com os cardeais, Sr. Langdon, e em como encontrá-los e salvá-los.

— Ora, então vocês não precisam de mim. Basta que leiam aquele livro sobre mim, e vão saber tudo o que precisam saber sobre o Caminho da Iluminação.

                        Stick ergueu os olhos para o alto.

— Não é tão simples assim, professor. Se fosse, nem teria procurado o senhor. Os Guerreiros do Apocalipse estavam preparados para a hipótese de contatarmos um especialista nos Illuminati. Eles simplesmente embaralharam o Caminho da Iluminação. Trocaram a ordem das igrejas. Foi o que disseram no documento de ameaça que enviaram ao nosso ministro.

                        Langdon arregalou os olhos.

— Os Illuminati não teriam permitido isso. Estariam mexendo com sua principal marca.

— Professor, lembre-se que os Guerreiros do Apocalipse estão influenciando os Illuminati. A fraternidade não está agindo por conta própria. Está sentindo seu próprio veneno, a tática da infiltração. Por isso, ninguém da fraternidade questionou a atitude dos Guerreiros. Entenda, se eles não podem derrubar a Igreja com uma explosão, querem derrubá-la acabando com seus quatro principais pilares – os preferiti— e com seu Colégio de Cardeais. Eles são bruxos, por isso podem fazer isso mais facilmente. Ou seja, a segurança do Vaticano está em risco.

                        Langdon assentiu. Esses caras pensaram em tudo.

— Por isso, quero que me acompanhe até o Vaticano – disse Stick. – Vamos requerer acesso aos Arquivos do Vaticano...

— Hã, os Arquivos Secretos? – indagou Langdon. – Mas para quê? Todas as informações sobre o Caminho da Iluminação estão no Diagramma della Verità. E o cardeal Mortati me deu o livro depois do último incidente com os Illuminati.

— Está certo, professor, mas como eu disse, os Guerreiros do Apocalipse embaralharam o Caminho da Iluminação em todos os sentidos. Até nas indicações. O Diagramma será inútil na atual situação. Devemos procurar na outra obra de Galileu que foi direcionada aos seus leitores Illuminati: D-I, ou Diallogo. Devemos buscar o original que está no Vaticano. Ele deve conter outras mensagens escondidas dos Illuminati.

                        Langdon fitou o ambigrama Illuminati, pensativo.

— Então, os Illuminati voltaram a Roma...

— Não apenas a Roma – declarou Stick. – Lembre-se que foram três as bombas roubadas do CERN, e que são três os alvos dos Guerreiros do Apocalipse. Eles também estão mirando o Ministério. Creio que utilizarão a antimatéria para explodir o Ministério em Londres. Suponho que eles possuam espiões lá, esperando que a investida ao Vaticano obtenha sucesso, para depois poderem agir.

— E ainda há o inimigo desconhecido – lembrou Langdon. – Para a terceira bomba.

— Você vê agora, professor, por que o seu auxílio é essencial? O senhor pode desembaralhar o Caminho da Iluminação e nos ajudar a salvar os cardeais. Também pode nos ajudar a descobrir quem é o terceiro inimigo dos Illuminati. Você dedicou sua vida ao estudo dos Illuminati. É a sua chance de aprofundar seu conhecimento, se testar... E nos ajudar a salvar os nossos mundos. – Stick fez uma pausa. – Estou emocionalmente envolvido com essa guerra, professor. É o meu local de trabalho, onde tenho amigos. E sou católico, como os meus pais.

— Um bruxo católico? – indagou Langdon, dando um risinho. – Não vejo isso todos os dias.

— Pode parecer incrível, mas é verdade. Meus pais eram católicos, como bons escoceses que eram. Eu sigo o exemplo deles. Estou disposto a salvar minha Igreja e meu mundo, e o seu mundo também, por obséquio. A Igreja não vê sempre os bruxos com bons olhos, mas a série Harry Potter tem recebido alguns elogios do Vaticano. Isso pode ser um ponto ao nosso favor.

— Stick, sua intenção é admirável, mas não estou seguro a ponto de ter certeza de que posso ajudá-los. Parece arriscado demais.

— Professor Langdon, sua segurança será minha responsabilidade. Prometo que eu e minha equipe faremos o máximo para protegê-lo enquanto nos auxilia a combater os Guerreiros do Apocalipse.

— Sua equipe?? – indagou Langdon, surpreso.

                        Pela primeira vez, Stick deu um sorriso convencido.

— Sou o Chefe dos Aurores da Grã-Bretanha, professor. Tenho alguns privilégios dentro do Ministério, como formar uma equipe a hora que eu quiser para uma missão. Me ajude, prof. Langdon. Eu suplico que aceite meu convite.

— Hm. Bom, estou acostumado a trabalhar sozinho, mas tudo bem. Talvez seja melhor assim.

— Então está disposto a aceitar minha proposta para trabalharmos juntos? – indagou Stick.

                        O bruxo estendeu a mão.

— Claro – respondeu Langdon. – Não perderia isso por nada.

                        Ele apertou a mão de Stick.

— Excelente – disse o bruxo. – O senhor ainda deve estar em dúvida sobre a existência de bruxos, mas garanto que, depois dessa nossa experiência, o senhor terá menos dúvidas em relação a isso.

— Por onde devemos começar? – perguntou Langdon, juntando as palmas das mãos.

— Quero que venha comigo até Londres. Lá reuniremos minha equipe. De lá, iremos para Paris, onde vamos obter mais informações. E depois... O Vaticano nos aguarda.

                        Langdon pegou seu paletó e a gravata e completou seu figurino. Saiu com Stick e trancou a porta.

— Vamos ao aeroporto, professor – anunciou Stick. – Vamos tomar um jatinho.

— Jatinho? – indagou Langdon.

                        Stick sorriu soturnamente.

— Como eu disse, professor, eu gozo de alguns privilégios no mundo bruxo por ter escrito sobre Harry Potter. Vamos, minha equipe já deve estar esperando.

                        Stick e Langdon chegaram ao aeroporto e embarcaram rumo a Londres.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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