Pouco Além (A Harry Potter Story) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 24
Treinamento dos Guerreiros


Notas iniciais do capítulo

Os Guerreiros do Apocalipse vão se preparando para os futuros conflitos praticando sua habilidade com os duelos de Card Games e a invocação de suas criaturas místicas.

AVISO: ao pessoal que conhece as regras de YuGiOh, tomei algumas liberdades com as regras e efeitos de alguns dos cards. Espero que vocês apreciem a forma como o jogo foi abordado.

Este capítulo é dedicado especialmente aos fãs de Yugioh.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/263990/chapter/24

            Longe dali, em algum esconderijo subterrâneo dos Guerreiros do Apocalipse, Seto Kaiba e Marik Ishtar estavam em meio a uma sessão de treinamento.

            Por serem magos, não precisavam usar os discos de duelo para que seus cards ganhassem vida. O poder de suas varinhas bastava para tanto.

— Faça sua jogada, Kaiba. Não há escapatória para você!

— É o que veremos, caro cunhado. Comprar cards! – Seto admirou os cards de sua mão atual. – E eu invoco... o Senhor dos Dragões (Atq: 1200/ Def: 1100), em modo de ataque! Da minha mão, ativo o card Flauta de Invocação dos Dragões!! Com isso, poderei invocar dois cards de monstros Dragão para meu campo. Atendam ao chamado! Invoco Hyozanryu (2100/ 2800), em modo de ataque! E complementando minha jogada, invoco meu dragão mais glorioso... o magnífico Dragão Branco de Olhos Azuis (3000/ 2500), também em modo de ataque.

            Os dois dragões de Kaiba e o Senhor dos Dragões surgiram imponentes no campo, todos encarando Marik com brilho assassino nos olhos.

— Eu ativo meu card virado para baixo: Bottomless Trap Hole! – exclamou Marik. – Agora todos os seus monstros invocados que tiverem 1500 pontos de ataque, ou mais, serão destruídos e banidos da partida! Isso inclui seus dois dragões.

— Ahá! Eu ativo MEU card virado para baixo! As Sete Ferramentas do Bandido! Pagando 1000 de meus pontos de vida, poderei destruir sua carta armadilha.

            LP de Kaiba: 2200 – 1000 = 1200 LP.

— Ora, ora... Então essa era sua carta virada para baixo. Eu devia ter imaginado. Ficou o duelo todo aí, sem você usá-la... E eu presumindo que fosse algum card inofensivo.

— Presunção... é a mãe de todas as derrotas, Marik. Já te ensinei isso – afirmou Kaiba. – Agora, vamos continuar! Você não tem mais cards no campo, exceto o Demônio Legendário (1500/ 1800), que havia ganhado 700 de ataque na sua última rodada (1500 --- 2200/ 1800). Pois bem! Olhos Azuis... destrua-o! Golpe Raio Branco!!

            Olhos Azuis destruiu o Demônio Legendário de Marik. LP de Marik: 3600 – 800 = 2800 LP.

— Koh, argh, cof – bufou Marik, sentindo a força do golpe. Um dos efeitos colaterais do uso da magia em partidas de Monstros de Duelo é que os jogadores sentiam na pele os danos recebidos pelos monstros e direcionados aos seus Life Points.

— E agora... Vamos encerrar. Senhor dos Dragões, Hyozanryu... ataquem diretamente os pontos de vida de meu cunhado!

            Com os ataques de Hyozanryu e do Senhor dos Dragões, LP de Marik: 2800 – 2100 = 700 LP; 700 – 1200 = 0 LP.

            Marik foi lançado para trás com o impacto dos golpes. Tossiu ao cair no chão, mas logo se levantou novamente.

— Bom trabalho, mestre Kaiba!— cumprimentou-o C4, seu assistente de Inteligência Artificial particular.

— Sim, sim, bom trabalho – concordou o Mestre, que estivera assistindo à partida de um canto, nas sombras. – Kaiba mostrou seu arsenal de forma sublime. E você, Marik... Precisamos mesmo conversar sobre a forma como você baixou a guarda cedo demais na partida. Viu os pontos de vida do Kaiba decrescerem e achou que tinha vencido o Duel Monsters World Championship. Uma queda de cavalo inaceitável.

— Bah, vamos, Mestre... Esse cavalo velho Kaiba me surpreendeu, sim, mas não façam disso o acontecimento do século – falou o portador do Cetro do Milênio. – Não se preocupe. Da próxima, o Dragão Alado de Rá vai fazer churrasquinho de Kaiba e dos dragões dele.

— Veremos – disse o Mestre. Enquanto isso, Seto caía na gargalhada.

— Ora, lamentável, Marik... Perdeu dessa forma e ainda acha que pode ficar contando vantagem por ter Rá em seu deck? Não pode esperar que Rá vença todas as lutas por você. Há que fazer sua parte!

— Que seja, que seja. – Marik sacudiu a poeira de sua capa. – O que vem agora? Mais uma sessão de treinamento?

— Sim, mas você não treinará com Kaiba, pelo menos não mais hoje. – O Mestre se adiantou e foi até o lado da arena onde Kaiba estava, no pátio de treinamentos do esconderijo dos Guerreiros. – Estou mesmo com vontade de enfrentar algum portador dos deuses. Se estiver tão disposto a provar que não cairá no mesmo erro, Marik, eis sua chance de provar.

— Ora, Mestre, você?? – indagou Marik. – Com todo o respeito, é um duelista formidável, mas você está um tanto enferrujado, não? Há anos não duela. Seria como se eu estivesse batendo no meu avô.

— O “enferrujado” aqui foi o único que conseguiu duelar de igual para igual com Sua Excelência quando ele aprendeu sobre nosso antigo jogo, lembra-se disso...? Perdemos todos para ele, foi realmente algo inesperado, um iniciante dominar todas as regras de Monstros de Duelo em um espaço de tempo tão curto, mas isso não diminui o mérito dele. E somente eu consegui fazê-lo suar. Ou será que devo chamar Sua Excelência para comprovar o que estou dizendo, quem sabe em um novo duelo contra você, Ishtar? Devo ir até o salão do trono e chama-lo para fazer parte de nossa sessão de treinos? Devo?

            Marik rangeu os dentes e fez uma careta, mas não disse nada. Kaiba também se remexeu, desconfortável com as palavras do Mestre, sem sair do lugar. Nenhum deles gostava de se lembrar como Excelência os havia sobrepujado em seu próprio jogo, muito menos desejavam que a experiência se repetisse tão cedo. Ao ver que nenhum dos dois iria se manifestar, o Mestre sorriu satisfeito.

— Pois bem, foi o que pensei. Kaiba, com sua licença. – O Mestre sacou seus cards e assumiu o lugar de Kaiba na arena.

— Com prazer, Mestre – disse Kaiba, e foi se sentar na lateral do pátio para assistir ao duelo.

— Que seja... Estou mesmo precisando de mais um desafio. – Marik sacou seus próprios cards. – Avante, Mestre! Vamos ver do que você é capaz.

            Os dois assumiram suas posturas de duelo.

— Começarei, jogando um card da minha mão: O Santuário de Magia. Agora, ambos poderemos ativar cards de Magia durante o turno um do outro, como se todos fossem Cards de Magia de Jogo Rápido. Além disso, cada um de nós poderá adicionar um Card de Magia do deck diretamente para nossas mãos.

— Muita gentileza, Mestre! Farei um bom uso dessa Magia, pode ter certeza. – Marik selecionou um card em particular e o adicionou à mão.

            Felizmente, o Mestre já fazia ideia de qual card Marik teria escolhido. Escolheu seu próprio card e, torcendo para que seu planejamento saísse correto, continuou sua jogada:

— Eu agora colocarei dois cards virados para baixo. E encerro minha jogada.

— Hm... Pois bem! Aqui vou eu, Mestre. Saco um card... E vou colocar um card virado para baixo. Encerro minha jogada.

            Exatamente como previ, o Mestre pensou com satisfação. Marik não percebe o quanto é previsível.

— Pois bem... Eu compro um card. Agora, da minha mão, usarei o card de Magia, Pote da Ganância, e puxarei dois cards do meu deck. Eu agora ativo um de meus cards virados para baixo: Destruição de Cards. Com isso, agora ambos teremos que descartar nossas cartas na mão para o Cemitério e, com isso, puxar de nossos decks o mesmo número de cards que descartamos.

— Ora, Mestre... Pelo visto você está enferrujado mesmo! Está sendo gentil demais comigo neste duelo. – Marik prontamente descartou seus cards para o Cemitério e sacou novos. Ele ainda tinha seu card virado para baixo no campo, e o Mestre também possuía apenas um card virado para baixo, em adição a seu card de Magia Contínua, o Santuário de Magia.

— Pronto, Mestre! Nossas mãos foram renovadas. Já posso fazer minha jogada?

— Ainda não – respondeu o Mestre. – Eu farei uma invocação especial. Removerei do meu cemitério três monstros do tipo Demônio, que descartei previamente através do efeito da Destruição de Cards. Assim, poderei trazer para o campo minha criatura... A Necrofear das Trevas, em modo de ataque (2200/ 2800). Complementarei jogando, da minha mão, a carta mágica de Campo, Yami, que aumenta os pontos de ataque e defesa dos monstros Demônios em 200 (Necrofear das Trevas: 2200 --- 2400/ 2800 --- 3000). E agora... Vamos para a fase de batalhas. Necrofear, ataque os pontos de vida de Marik diretamente!

— Não tão rápido! – exclamou Marik. – Eu ativo minha carta virada para baixo: Monstro que Renasce! Trazendo de volta um card que eu descartei previamente devido à Destruição de Cards... O PODEROSO DRAGÃO ALADO DE RÁ!

            Um trovão ressoou acima deles, e o Dragão dourado de Marik surgiu, como um gigantesco sol incandescente, no meio da arena.

— Pois bem, Rá! Eu ofereço a você meus pontos de vida. Pagarei todos meus pontos, menos 1, para assim doá-los aos seus pontos de ataque e defesa! (Dragão Alado de Rá: 0 --- 3999/ 0 --- 3999). E agora, Rá não só conterá o ataque da Necrofear, como também irá revidar! Avante, meu dragão... Golpe Canhão Supremo de Chamas!!

            E o Dragão Alado de Rá disparou sua tempestade de fogo contra a Necrofear, pulverizando-a. O Mestre levou a mão ao peito ao sentir os efeitos do golpe.

            LP do Mestre: 4000 – 1599 = 2401 LP.

            LP de Marik, devido a doar seus pontos para Rá: 4000 – 3999 = 1 LP.

— Cof, cof... Heh, Marik. Muito bom. – O Mestre ainda sentia dor, mas conseguiu se reerguer e sorrir levemente. - Mas devo dizer... Você continua previsível.

            O sorriso de Marik vacilou.

— Hein? Do que está falando?

— Invocando Rá, você fez exatamente o que eu estava esperando. Como você invocou Rá por invocação especial e não por normal, ele pode ser alvo de efeitos de monstros e de magias, mesmo que só por uma rodada. Você mandou a Necrofear para o Cemitério... Mas isso ativou a habilidade especial dela. Assim que ela vai para o Cemitério, eu posso usá-la como um Card de Magia de Equipamento e equipa-la a um monstro do oponente, e tomar o controle desse monstro. Então, Necrofear... Atenda meu chamado! Tome controle do Dragão Alado!

            A Necrofear se ergueu do Cemitério, e se “fundiu” com Rá. Assim, a fera divina passou para o lado do campo do Mestre.

            Apesar disso, Marik não se deixou abalar.

— Humpf. Mesmo que a Necrofear tome controle de Rá, o efeito só irá durar por essa rodada. Ou seja, quando você declarar que encerra sua jogada, não poderá mais usar o Rá contra mim, e meus pontos de vida serão restabelecidos quando Rá retornar ao Cemitério, já que foi uma evocação especial e deuses egípcios só podem ficar uma rodada em campo após ser evocados dessa forma! Seu plano parece falho, Mestre. De que adianta a posse de Rá se não tem como utilizá-lo para ataques?

— Tenha calma. Eu preparei tudo meticulosamente – avisou o Mestre. – É aqui que entra esta outra carta virada para baixo... O Ataque Rápido.

— Q-quê? – balbuciou Marik.

— Este card me permite “burlar” as regras e fazer com que um monstro, que originalmente não poderia atacar, possa atacar nessa rodada. Como Rá já havia atacado ao se defender da Necrofear, não podia mais realizar nenhum ataque nesta fase de batalha. Mas agora... meu card de magia garante a ele mais um ataque neste turno. Pois bem, Dragão Alado de Rá, eu ordeno que ataque Marik diretamente!

            E o Dragão soltou sua rajada de fogo contra seu próprio portador. Marik foi lançado longe mais uma vez e caiu com um baque no chão.

            LP de Marik: 1 – 3999 = 0 LP.

            Seto aplaudiu respeitosamente a vitória do Mestre. Nesse momento, outra pessoa surgiu das sombras e se juntou a Kaiba no aplauso.

— Ora, ora, meu irmão foi derrotado novamente num curto espaço de tempo – comentou Ishizu Ishtar, irmã de Marik e esposa de Kaiba. – Bem que o Mestre havia avisado que você estava ficando previsível nos duelos, e que estava baixando a guarda muito rapidamente.

            Outra pessoa surgiu das sombras nesse momento: Odion, que foi até Marik e o ajudou a se levantar.

— Certo, basta, Odion – interpelou Marik, ao ficar de pé, dispensando a ajuda de Odion. – Não sou nenhum inválido. E quanto a você, minha irmã, saiba que foi só um golpe de azar.

— Azar, sei, claro – retrucou Ishizu. – Não é preciso ter o Colar do Milênio para saber que essa sua postura não beneficia nossa irmandade em nada, maninho. Sua Excelência não vai gostar de saber que você está treinando dessa forma, e que levar essa postura para o campo de batalha pode nos custar caro nessa guerra. Quer perder o Cetro e o Dragão Alado na mesma marretada?

— Um treino é um treino, uma batalha é uma batalha – disparou Marik. – Não misture as coisas, irmã.

            Ishizu pôs-se a rir.

— Ah, tenho certeza de que Sua Excelência irá interpretar dessa forma, também – ironizou ela.

— Quem se importa com o que Excelência pensa ou deixa de pensar? – bradou Marik. – Nós somos os Guardiões de Tumbas. No fundo, somos maiores e mais poderosos do que qualquer outro grupo dentre os Guerreiros do Apocalipse. Nós é que devíamos ser a facção principal e estar atuando diretamente para organizar as forças da organização na guerra contra o Ministério e a Ordem da Fênix, e não aquele trio patético, com seus lacaios miseráveis, que Excelência escolheu, e eu já falei isso a todos vocês! Por acaso acham mesmo que não teríamos essa capacidade?

— Cuidado, Marik – advertiu Kaiba. – As paredes têm ouvidos.

— Você não quer que Sua Excelência te ouça falando um impropério desses, não é mesmo? – complementou o Mestre.

            No entanto, tanto Kaiba quanto Ishizu sentiam, no fundo, que Marik estava correto e que Excelência estava errando ao não confiar a eles a chefia de suas tropas principais naquela guerra. Os dois trocaram um rápido olhar, dando-se conta de que compartilhavam o mesmo pensamento, mas que não iriam admitir isso em voz alta ou na frente de Marik, já que o portador de Rá era muito orgulhoso.

— Lorde Marik, com todo o respeito, Sua Excelência é nosso líder e é o bruxo mais poderoso dessa geração – disse Odion. – É nosso dever e obrigação respeitá-lo e seguir suas orientações.

— Pois é, maninho – disse Ishizu. – Guarde essa revolta toda para si. Quem sabe você não a emprega melhor treinando de forma adequada e fazendo frente aos nossos inimigos de forma competente.

— Que maravilha, vejo que estão todos aqui – disse Maximillion Pegasus, juntando-se a eles. – E estão treinando, que adorável. É bom ver um momento de harmonia entre nossa irmandade assim.

            Marik bufou e cruzou os braços. Não bastava a chegada de Pegasus para interrompê-lo, ainda havia tido sua ideia de colocar os Guardiões de Tumbas como principais agentes da irmandade rechaçada por seus companheiros.

— Lorde Pegasus – saudou-o Ishizu. – É uma honra recebe-lo aqui.

— A honra é minha, prezada menina. Mas não façam cerimônia pela minha chegada. Penso que posso contribuir com a sessão de treinamento de vocês.

— Irá duelar conosco, Lorde Pegasus? – perguntou o Mestre.

— Sim, é claro... Sempre é bom retornar ao meu velho jogo. – Pegasus bateu palmas uma vez, e se voltou para o lado de onde tinha vindo. – Mas não serei apenas eu a duelar. Resolvi trazer alguns de nossos subordinados para tomar parte no treinamento.

            Com essas palavras, foram chegando outros Guerreiros do Apocalipse, também membros da facção dos Guardiões de Tumbas, ao pátio de treinamentos. Rafael, Valon, Alister, Weevil Underwood, Rex Raptor, Espa Roba, Seeker, Bandit Keith, os irmãos Paradoxo, Arkana, Bonz, Zygor, Sid, Sartorius Kumar, Vellian Crowler, Panik, Abidos, Don Zaloog, Phill, Dan Wilder, Stan Gallant, Lumis e Umbra.

— Seus irmãos Mokuba e Noah teriam vindo também, Seto, mas preferiram ficar em seu esconderijo privativo para seguir a sua recomendação – afirmou Pegasus.

— Excelente. Ambos sabem bem a hora de seguir regras – disse Kaiba, satisfeito.

— Então... o que estamos esperando? – disse Pegasus. – Vamos começar logo as sessões de treinamento.

            Marik se animou, pois poderia se redimir depois das duras derrotas para Kaiba e o Mestre. Ishizu, com um brilho no olhar, também se adiantou para ajudar Pegasus a organizar os grupos de treinamento.

— Aguardem-nos, Potter, Stick, Granger, Weasley, Shacklebolt e todos os demais – falou Kaiba, um pouco afastado dos demais, ponderando consigo mesmo. – Os Guardiões de Tumbas se fortalecem mais a cada dia. Logo, teremos força o suficiente para convencer Sua Excelência de que somos sua principal força de ataque para alcançar nosso objetivo de destruir o Ministério da Magia e tomar o poder do mundo bruxo.

            Kaiba contemplou o pôr-do-sol através de uma das poucas janelas do esconderijo, envolto nesses pensamentos, enquanto seus colegas iniciavam os treinamentos.

...

...

...

...

            Rudolf estava sentado do lado de fora de uma loja em Natal. Sua nova namorada, Emily, estava escolhendo roupas de praia. Ela ainda tentava se acostumar ao clima do litoral nordestino. A mente de Rudolf, no entanto, estava a mil por hora.

            Recentemente, seu amigo Matt lhe havia confidenciado de que havia fortes indícios de que parte dos Guerreiros do Apocalipse pertencia a um grupo de duelistas usuários do mítico jogo de Monstros de Duelo. Rudolf conhecia e gostava do jogo desde sua infância, mas sempre o havia achado inofensivo. Agora, sabendo que bruxos das trevas estavam conseguindo dar vida às criaturas contidas nas cartas do jogo através da magia, ele enxergava o Card Game de outra forma.

            Alguns de seus amigos zombavam dele por dar tanta atenção a um Card Game, mas agora Rudolf não podia dar mais atenção ao que eles comentavam. Agora que ele sabia que as criaturas de Monstros de Duelo eram reais, e que havia pessoas por aí as usando com fins malignos, ele precisava tomar uma atitude e se posicionar de forma contrária a esse grupo, mostrando que as criaturas podiam ser usadas de forma benigna através da magia e para que Monstros de Duelo ficasse cada vez mais perverso devido às ações dos Guerreiros do Apocalipse.

            Ele pensou em seu próprio deck, que estava guardado em seu quarto. Nunca imaginara que aquele baralho pudesse ser usado como uma arma de defesa pessoal – mas agora, estavam vivendo tempos de tensão e desespero. Seu deck era centrado em cards de tipo Mago, em particular o famoso Mago Negro. Rudolf sabia que aquela carta estava, para todos os efeitos, “manjada” para os padrões atuais do jogo, mas ainda assim ele guardava uma grande estima por aquela carta. Havia montado seu deck com vários cards de suporte e apoio ao Mago Negro, bem como com outros cards do tipo Mago. E o brasileiro gostava de usa-la como forma de homenagear o jogador Yugi Muto, multicampeão de Monstros de Duelo, que utilizava o card como seu trunfo principal. Yugi havia desaparecido do cenário dos Card Games havia alguns anos, e ninguém sabia onde ele se encontrava atualmente.

            Depois da última conversa, Matt havia lhe dito que provavelmente iria precisar que Rudolf o ensinasse as regras do Card Game, se fosse preciso usa-lo eventualmente contra os Guerreiros do Apocalipse. A perspectiva de ensinar algo ao amigo, especialmente relativo ao Card Game, animou o historiador, já que, geralmente, era Matt quem lhe ensinava algo. Ao mesmo tempo, a decisão de Matt em aprender o jogo significava que enfrentar os Guerreiros do Apocalipse usando Monstros de Duelo já era considerada, pelo menos por Matt e por parte dos aurores, como uma possibilidade muito real e tangível. Rudolf não sabia se ficava empolgado ou preocupado com esse prospecto. Aquela guerra que se aproximava estava se tornando cada vez mais estranha. E pensar que ser habilidoso em um Card Game poderia representar a diferença entre a vitória e a derrota nesse conflito iminente...

            A mente de Rudolf foi tirada desses pensamentos ao ouvir a porta da loja se abrir, e Emily saiu com algumas sacolas nas mãos.

— Não consegui me decidir – admitiu ela. – Escolhi um monte. Não tem problema, hein, querido?

— Não, imagina... A gente passa em algum lugar com banheiro antes de irmos pra praia, para você poder se trocar. – Rudolf se levantou e conduziu Emily até seu carro. – Vamos, ainda dá tempo de encontrarmos bons lugares.

            Enquanto Emily guardava as compras no carro, Rudolf se tranquilizou um pouco, mesmo com a perspectiva das futuras batalhas. Era bom ter a garota irlandesa ao seu lado, desfrutando da companhia um do outro e curtindo aquela paixão inesperada. Depois de tudo o que havia acontecido entre ele e Susana... Rudolf estava feliz de ter encontrado outra pessoa que conseguisse lhe fazer desanuviar a mente de todas as suas preocupações.

            Rumando em seu carro em direção à praia, ele decidiu deixar para se preocupar com as criaturas de Monstros de Duelo e seu uso pelos Guerreiros do Apocalipse posteriormente. Ainda havia algum tempo de paz para aproveitar com Emily antes do conflito se iniciar de fato.

...

...

...

...

            Durante a sessão de treinamento, Pegasus foi ao encontro de Kaiba.

— Jovem Seto... Creio que precisamos conversar. Aquele assunto que Excelência mencionou nas últimas reuniões... Não pode mais ser adiado.

— Refere-se a Kagemaru, Amnael e Camula, não é? – questionou Seto.

— Sim. Precisamos nos certificar se eles irão mesmo se juntar às nossas tropas. Kagemaru, é claro, está ainda... com limitações, mas Camula e seus asseclas certamente serão um reforço de peso. Já trouxemos Don Zaloog e Abidos para nossas fileiras... Mas seria ótimo contar com os demais Shadow Riders, especialmente Amnael, Tania, e ela.

— Nisso devo concordar. Ela é extremamente habilidosa. Vou contatar todos eles, bem como Titán, Bhbss e Nightshroud.

— Vou despachar alguém para ficar de olho em Dora Sabah também – comunicou Pegasus, olhando de esguelha para o Mestre. – Mesmo com o Mestre estando encantado por ela, não sabemos ainda se ela é confiável.

— Com certeza – disse Kaiba. – Até hoje não entendo como o Mestre pôde baixar tanto a guarda a respeito dela.

— Há algo mais. Iria destacar alguém para que fosse ao encontro dos jovens promissores que tentamos recrutar a tempos, Zane Truesdale, Chazz Princeton, Jack Atlas, Aster Phoenix, e o senhor Tetsu Trudge. Creio que eles seriam de grande ajuda para nossa irmandade. Só precisariam do incentivo adequado para se juntar a nós. Pensei que, talvez, você quisesse se encarregar disso...

— São duelistas formidáveis – admitiu Kaiba. – Fez bem em me avisar. Enquanto vou ao encontro de Camula e Kagemaru, posso separar um tempo para dialogar com aqueles cinco também. Meus métodos de persuasão são respeitáveis.

— E, Kaiba, uma última coisa... – Pegasus baixou o tom de voz, para quase um sussurro. – Excelência exige que alguém se certifique de que o Faraó continua enclausurado. Precisamos ter certeza de que ele ainda se encontra na prisão que fizemos especialmente para ele, e que não poderá atrapalhar nossos planos.

— Certamente – disse Kaiba, embora uma leve preocupação estivesse surgindo em seu pensamento. Por que Excelência estaria se preocupando com o Faraó agora? Havia alguma chance de ele escapar do cárcere? Kaiba considerava o Faraó um adversário respeitável, mas também temido. Se ele saísse da prisão, os planos dos Guerreiros e dos Guardiões de Tumbas estariam seriamente ameaçados. – Eu passarei pelo Egito antes dos outros compromissos e... irei conferir o status da prisão.

— Excelência e o Mestre pedem que Dartz seja contatado também. Queremos nos certificar de que ele ainda mantém o compromisso de aliança firmada com nossa irmandade. Ele nos cedeu seus melhores duelistas, o Rafael e os outros dois, mas ainda assim... Precisamos ficar de olho nele.

— Eu o contatarei também. Compartilho da mesma preocupação a respeito dele.

— Perfeito – disse Pegasus. – Ah, e você certamente ainda tem uma pergunta a me fazer.

— Claro. Aquela informação que pedi. Você encontrou?

— Sim, sobre seu padrasto Gozaburo... O esconderijo dele foi localizado. – Pegasus tirou um papel do bolso e entregou a Kaiba. – Você o encontrará aí. Então poderá ter sua reunião familiar, uma conversa... ou seja lá o que pretenda fazer com ele.

— Ótimo. Por favor, avise a Ishizu, Marik e o Mestre sobre a minha saída. Não pretendo me demorar. E diga a Excelência... Que espero trazer muitos resultados positivos para nossa ordem ao executar essas tarefas.

— Certamente, menino Kaiba. Excelência ficará muito orgulhoso. “Buona fortuna” em sua jornada.

            Kaiba se curvou para saudar Pegasus, e se voltou para a saída. No caminho, seu olhar encontrou o de Ishizu, do outro lado do pátio, orientando um duelo entre Odion e outro duelista. Inicialmente ela pareceu confusa, mas ele manteve o olhar fixo, e ela compreendeu o motivo de ele estar se ausentando. Ela acenou com a cabeça para o marido, e Kaiba assentiu em retorno.

            Enquanto se encaminhava para a saída do bunker, ele se viu pensando novamente na figura do padrasto. Chegara a hora de seu acerto de contas com o velhote. Mas também estava pensando sobre o Faraó. Era a única pessoa do mundo, além dos Guardiões de Tumbas, que conseguia controlar as Relíquias do Milênio e os cards dos deuses egípcios. Excelência e os Guardiões haviam se encarregado de enclausura-lo, muito tempo atrás, devido a esse poder dele e para que não atrapalhasse os planos da irmandade. No entanto, Kaiba sabia que não devia subestimar o Faraó. Mesmo após tantos anos preso, seu poder ainda era formidável, e bastaria um pequeno deslize para que ele conseguisse se libertar. Kaiba apreciava um bom duelo, mas não estava tão ansioso para enfrentar o Faraó. Bastaria um comando dele, e o Obelisco de Kaiba se voltaria contra ele, assim como o Dragão Alado de Rá se voltaria contra Marik. O Faraó, então, deteria poder suficiente para subjugar os Guardiões e a irmandade inteira.

            Kaiba sacudiu a cabeça enquanto andava. Não adiantava de nada ficar pensando naquilo. Não fazia bem se preocupar com a desgraça antes de ela acontecer. Sua missão era bastante simples: certificar-se de que a prisão do Faraó continuava sólida e firme, e que continuaria encerrando o herdeiro do trono do antigo Egito por muitos e muitos anos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pouco Além (A Harry Potter Story)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.