Pouco Além (A Harry Potter Story) escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 22
Paz Armada: parte 4


Notas iniciais do capítulo

Hermione e alguns de seus amigos exibem suas perspectivas acerca da guerra que se aproxima.



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            Alguns dias depois, Hermione estava em sua sala no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Analisava alguns documentos acerca das pautas de aumento da inclusão dos elfos domésticos na sociedade bruxa.

            Ela ainda refrescava na memória a imagem de Rony treinando para o teste de habilitação, surpreendendo-a de forma sublime. O marido ainda titubeava na hora de estacionar o carro, mas de resto, sua condução estava praticamente impecável.

            Mas a perspectiva de ver Rony passando no teste de habilitação não era o suficiente para acalmá-la. Mesmo enquanto analisava os documentos sobre os elfos e constatava que traziam resultados positivos, ela não podia deixar de pensar na frente de batalha que vinha sendo formada, aos poucos, contra os Guerreiros do Apocalipse.

            Pensou em seus filhos, Rosa e Hugo. Estavam na casa dos Weasley, já que naquela tarde iriam ter a companhia dos primos Tiago, Alvo e Lílian, além dos próprios avós.

            Ela se viu também pensando em todos os seus amigos próximos. Luna viajava pelo mundo buscando catalogar todas as criaturas mágicas conhecidas, ao lado do esposo Rolf Scamander, neto do famoso magizoologista Newt Scamander. Neville estava em Hogwarts, trabalhando como assistente da professora Sprout e sendo preparado para sucedê-la na cadeira de Herbologia da escola. Gina continuava na coluna jornalística esportiva do Profeta Diário. Thaila e Matt ainda estavam no exterior. Harry chefiava a equipe de Matt no Esquadrão dos Aurores, na ausência do escocês, e Rony também integrava a equipe. Todos adultos com suas responsabilidades... Mas, ao mesmo tempo, todos preocupados com a ameaça iminente representada pelo constante avanço dos Guerreiros pelo mundo.

            Hermione mal via Kingsley, o amigo deles que havia se tornado o Ministro da Magia interino após a derrota de Voldemort. Kingsley agora atuava como assistente do Ministro atual, por vezes tendo que atuar como encarregado da pasta de relações exteriores do Ministério. Na maioria dos dias ele ficava enclausurado em sua sala, recebendo delegações estrangeiras de países aliados ao Ministério britânico. Hermione sabia que aquela rotina era odiosa para Kingsley. Por mais que ele fosse um expert na diplomacia, a paixão dele era pelas missões em campo, atuando com os demais aurores. Apesar da idade, ele ainda era considerado um agente importante. Era o auror mais renomado no Ministério na atualidade, respeitado por todos os servidores da instituição, mas estava impedindo de atuar na área que era sua real vocação devido à imposição do atual Ministro. E King era correto demais para pedir demissão. Ele sabia que, se saísse da função, o Ministro iria acabar colocando alguém menos qualificado em seu lugar.

            Uma das poucas pessoas que tinha contato diário com Kingsley era o auror Mylor Silvanus, de certa forma um desafeto de Matt e, por tabela, também de Hermione e dos amigos deles. Silvanus era atualmente o secretário particular de King, e raramente compartilhava informações sobre a agenda e os compromissos de seu superior. Ele havia sido aprendiz de King no Esquadrão de Aurores, e tinha por ele uma grande admiração, mas essa admiração não se estendia aos amigos de King Shacklebolt. Sempre que tinha a chance, Silvanus deixava claro a Harry, Rony, Hermione ou algum de seus outros amigos que sabia exatamente em qual compromisso seu superior se encontrava, mas que não informaria qual compromisso era esse a eles. Mesmo sendo tecnicamente um aliado – Silvanus era o auror que mais tinha prendido Guerreiros do Apocalipse até então, e era quem mais havia apurado informações e dados sobre o grupo, junto com Matt – Hermione ainda não confiava totalmente nele, devido à sua postura carrancuda e hostil.

            Devido a tudo isso e algumas outras atitudes impopulares do atual Ministro, já havia alguns que pediam a renúncia dele e novas eleições. Havia ainda aqueles que pediam que Hermione se disponibilizasse para o cargo, visto que o próprio Kingsley já havia dito que a considerava uma das pessoas mais aptas para a função. Mas ela no momento não tinha interesse em assumir uma responsabilidade daquele tamanho.

            Hermione tentou se distrair dessa tonelada de pensamentos, analisando mais e mais documentos sobre a situação dos elfos. No entanto, não havia muito com o que ela pudesse se preocupar nessa área: depois da guerra contra Voldemort, a sociedade bruxa havia passado a tratar melhor os elfos que habitavam entre eles. Muitas famílias bruxas, mesmo as mais tradicionais, haviam alforriado seus elfos e passado a pagar salários a eles, chegando até a diminuir a carga de trabalho das criaturas.

            A moça nascida trouxa lembrou-se de Monstro, o elfo de Harry. Ele havia sido essencial para todas essas conquistas. De vez em quando ele a visitava, ou mesmo ela o mandava chamar da cozinha de Hogwarts para se atualizar sobre a situação da sociedade élfica no Reino Unido.

            Hermione guardava uma foto de Dobby em sua escrivaninha. Ele sorria e acenava alegremente na foto, como se tivesse acabado de chegar a uma festa. Mesmo que a lembrança dele fosse ainda muito triste, pensar em Dobby dava a ela ânimo para se manter na luta diária pela inclusão dos elfos e demais criaturas mágicas do mundo bruxo.

            Ela estava cogitando escrever uma carta para Hagrid para se inteirar acerca de Grope, dos demais gigantes e dos centauros, pensando se não haveria alguma pendência que ela pudesse resolver para eles também, quando alguém bateu à sua porta.

— Entre – disse Hermione, agitando a varinha e destrancando a porta.

            Monstro entrou. Parecia estranhamente feliz.

— Monstro, bem-vindo! – Hermione abriu um largo sorriso, tentando entender o motivo de toda aquela alegria transparecida no semblante do elfo. – Que notícias me traz hoje?

— Srta. Granger – crocitou ele. – Que alegria vê-la. Trouxe alguém para lhe fazer uma visita.

— Quem? – indagou a esposa de Rony.

            Monstro fez sinal para alguém no corredor. Então Winky, a elfo doméstica que havia pertencido a Bartô Crouch, entrou no escritório andando devagarinho.

— Winky! – Hermione se levantou do birô e foi até a elfo, abraçando-a efusivamente. – Que bom que veio me visitar.

            Winky havia sofrido muito nos anos após a morte de seus antigos patrões, mas graças à ajuda de Hermione e de Monstro, ela havia conseguido se restabelecer e superar o problema de bebedeira. Agora era uma funcionária exemplar da cozinha de Hogwarts. Hermione tinha uma afeição especial pela elfo, quase como se fossem amigas de longa data. Ela se identificava muito com a história de vida da elfo, marcada pelo sofrimento e pela superação.

— Quando Monstro disse que vinha visita-la, eu pedi para ele me levar – admitiu Winky após Hermione solta-la. – Estava com tanta saudade, Srta. Granger. Acho que nunca conseguirei agradecer o suficiente por você ter me tirado do fundo do poço. Depois do que ocorreu com Dobby... Pensei que eu nunca fosse conseguir me recuperar.

— Que é isso, querida... As portas de meu escritório e de minha casa estarão sempre abertas a você e ao Monstro. Eu estava fazendo minha obrigação. Mas, com você, foi difícil eu não me encantar.

            Winky deu um sorriso tímido, e enxugou uma lágrima do olho.

— Mas me contem, como estão as coisas em Hogwarts? Mais elfos já estão se juntando à nossa causa? – indagou a morena.

            Winky hesitou e olhou para Monstro. O elfo mais velho pigarreou e disse:

— Srta. Granger, para ser franco, esta não é apenas uma visita cordial. Trazemos mesmo algumas notícias para você, mas não é sobre os elfos.

            Hermione olhou confusa para o elfo.

— Então é sobre o quê?

            Monstro pegou algo de seu trapo esfarrapado. Era uma carta. Ela trazia um selo com a bandeira de um país... Macedônia, talvez? Hermione agora estava curiosa.

— Mas quem mandou essa carta para m... Ah.

            Ela se deu conta de por que havia pensado em Macedônia. Monstro pareceu entender a reação dela.

— Vejo que está percebendo, Srta. Granger. É uma carta de seu amigo, Matthew Stick, o auror. Hagrid nos entregou esta carta em Hogwarts – comentou Monstro. - Aparentemente Stick quis enviar a carta primeiro a ele e, depois, repassá-la à senhorita.

            Monstro entregou a carta a Hermione. Apreensiva, a mãe de Rosa e Hugo voltou para sua escrivaninha e abriu a carta. Então finalmente Matt havia conseguido entrar em contato com eles e dar notícia. Por algum motivo, considerou melhor enviar a mensagem primeiro para Hermione. Ela ficou curiosa a respeito do que haveria sucedido na missão do experiente auror. À medida que ia lendo, ficava cada vez mais apreensiva.

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            - Então, foi isso, Gina. Grope adorou a viagem para a Espanha. Foi uma pena termos ficado tão pouco tempo lá. Os Pireneus são uma região incrível. Mesmo em tempos de crise, é necessário que nos divirtamos um pouco – ia dizendo Hagrid.

            Ele serviu mais um pouco de cerveja amanteigada para Gina. A caçula dos Weasley havia vindo lhe fazer uma visita. Com Harry e Rony ocupados na Seção dos Aurores, e Hermione em seu departamento, apenas ela tinha tido um tempo livre para visitar o guarda-caça em sua cabana naquela noite.

— Deve ter sido mesmo incrível, Hagrid – retrucou Gina. – Sabe, esse jantar de que te falei. Harry estava tão animado... Falou até em fazermos uma viagem quando ele tivesse um tempo livre. Aquela noite fez muito bem para ele, andava muito perturbado com a rotina do Ministério. Duda fez bem em nos conseguir aquele restaurante. Nunca tinha visto o Harry tão despreocupado, tão feliz, ao menos nos últimos anos... Parecia que éramos estudantes novamente.

— Bem que você disse, voltar a Hogwarts mesmo que só para me fazer uma visita já te deixa assim, relembrando os velhos tempos – comentou Hagrid, sorridente. – Já te contei da vez em que Harry, Rony, Hermione e eu saímos cantando o hino de Hogwarts pela floresta? Foi logo depois da segunda tarefa do Torneio Tribruxo... Na hora rimos muito, estávamos um pouco felizes demais com o resultado e com a bebida... Mas agora vejo que foi um pouco constrangedor.

            E Hagrid caiu na risada. Tomou mais um gole da cerveja.

— Sim, você já contou, mas eu adoro essa história. – Gina olhou pela janela. – Pena que o resto do pessoal não pôde estar aqui. Tem certeza que a Luna não vai mudar de ideia?

— Quem me dera. Ela foi enfática nas cartas. Disse que Rolf e ela precisavam conferir as recentes descobertas nos lagos escoceses. Mas talvez o Neville consiga vir. Ele estava terminando relatórios para a professora Sprout quando o vi mais cedo.

— Ei, e sobre a carta do Matt, Hagrid? – quis saber Gina. – Você a viu primeiro, né? O que havia de tão importante nela?

            Dessa vez, o barbudo hesitou. Ele baixou o copo de cerveja.

— Não sei ao certo. Era uma mensagem estranha. Parecia codificada. Quando eu abri, a mensagem dizia uma coisa. Aí depois que li, as letras ficaram todas embaralhadas. Só dava para ler o começo: “envie isto para Hermione”. Então chamei o Monstro e pedi para ele dar a carta para a Mione. Deve ser um daqueles feitiços avançados que o Matt aprendeu. Ouvi dizer que aquele antigo mentor dele era perito nesse tipo de magia. E você sabe o quanto o Matt preza por aprender feitiços avançados.

— Antigo mentor... O Fuller? – perguntou Gina.

— É, acho que era esse. O que está desaparecido faz tempo.

— Mas então... O que havia de tão importante que o Matt iria querer que só a Hermione visse?

— Talvez aquilo aconteça com a Mione também. Ela vai ler, quando terminar a mensagem vai se embaralhar e vai aparecer o nome da próxima pessoa a quem o Matt quer enviar a mensagem. A mensagem que apareceu pra mim nem era tão clara. Só dizia que o Matt tinha terminado sua investigação na Macedônia e que estaria retornando em alguns dias. E que iria querer conversar com todos nós... Sabe, o pessoal antigo da Ordem e da AD... assim que chegasse, porque queria contar o que havia apurado lá para todos nós.

— Poxa. Tanto suspense... Fico pensando no que será que o Matt andou encontrando por lá – disse Gina, reflexiva. – Ele não ia até a Grécia? Por que parou tão perto do objetivo final? Bom, se ele vai mesmo nos reunir para contar tudo isso, perguntas é que não vão faltar...

            Nesse momento, foram interrompidos por uma batida na porta.

— Posso entrar? – Era a voz de Neville.

— Claro, à vontade, meu bom homem! – exclamou Hagrid.

            Neville entrou e sentou-se à mesa.

— Boa noite, pessoal. Espero não ter chegado tarde.

— Chegou em ótima hora, na verdade – disse Hagrid. – Estava justamente indo buscar mais uma garrafa de cerveja. Acomode-se, filho, e vamos beber à nossa amizade!

            Embora feliz com a chegada de Neville, Gina remoía aquelas dúvidas em sua cabeça. Pelo visto, teria que aguardar o amigo auror retornar de viagem para sanar todos aqueles questionamentos. Talvez Hermione e os demais tivessem perguntas semelhantes a fazer.

            Hagrid abriu mais uma garrafa, serviu Neville e Gina, e despejou uma enorme quantia em sua grande caneca.

— Vamos brindar! – propôs o meio-gigante.

— À nossa amizade – disse Gina. – A todos nós, presentes e ausentes, a melhor turma de amigos que poderíamos ter. Saúde!

            Os três brindaram, beberam, e continuaram a conversar sossegadamente, tentando deixar as preocupações para um momento posterior.

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            Sentado em outra rocha, de volta ao acampamento improvisado dos aurores, Matt Stick estava desolado. Seu superior havia desprezado suas teorias e pesquisas acerca da razão pela qual haviam encontrado um montante de corpos de Guerreiros do Apocalipse mortos ali, naquele ponto da fronteira entre Macedônia e Grécia. Ainda havia dito que Stick precisava tirar a cabeça da ficção e se concentrar na guerra na qual eles estavam lutando.

            O auror observou o acampamento sendo desmontado, ao passo que o destacamento de aurores britânicos se preparava para partir. Mesmo com suas ideias tendo sido rejeitadas, ele estava determinado em provar seu ponto de vista. Com sorte, a mensagem que enviara antes de seu superior chegar até o local onde estava a pilha de corpos dos inimigos já teria chegado a Hagrid, que a teria encaminhado para Hermione conforme dito na carta. Depois que Hermione lesse a missiva, a mensagem seria direcionada para os demais amigos de Matt. Todos precisavam ter ao menos um vislumbre do que ele estava tentando descobrir. Se um dia ele se provasse correto em suas ponderações, ao menos seus amigos já teriam ficado sabido de antemão sobre o que ele tanto pesquisava acerca daquele inimigo oculto em potencial dos Guerreiros – e quem sabe, se a sorte sorrisse muito para o lado deles, também um potencial forte e oculto aliado na guerra que estava cada dia mais presente em suas vidas.

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                 Deitado em sua cama, Rudolf não conseguia pregar o olho. Matt lhe mandava mensagens quase toda semana, alertando-o dos avanços dos Guerreiros, e sugerindo que um confronto mais intenso era iminente.

                  Era quase como se o auror estivesse contando com o auxílio de Rudolf para tal confronto. Mas o professor era averso a batalhas. Alguns meses antes, ele havia ajudado os bruxos britânicos a deter o avanço do grupo encabeçado pelo agente dos Guerreiros, Damian al-Said, que agora achava-se preso em Azkaban. Mas, enquanto os demais o felicitavam por ter ajudado-lhes naquele momento, Rudolf os alertava: "Foi só essa vez. Lutar não é meu ponto forte."

                No entanto, Harry, Matt e os demais o queriam por perto se houvesse necessidade de algum outro combate, especialmente um em maior escala. Rudolf sentia que não seria de grande ajuda. Na batalha contra o grupo de Damian, ele havia suado para desarmar e, só depois, lançar um feitiço Estuporante contra um dos subalternos de Damian, e isso tendo levado um tempo absurdamente grande mesmo para desarmá-lo, enquanto a batalha se estendia a sua volta e Harry, Rony, Hermione, Matt, Thaila e os demais se arriscavam contra um número maior de adversários.

                Ele sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos para enfim conseguir dormir. Mas, no fundo, uma preocupação latente o deixava em constante alerta: se a batalha contra os Guerreiros, um dia, chegasse ao Brasil, como Matt já havia alertado algumas vezes, Rudolf não teria mais a possibilidade de se recusar a tomar parte no conflito. O melhor que o historiador podia fazer no momento era esperar que, se esse dia chegasse, pelo menos viesse demorar bastante a acontecer.

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            Enquanto sua equipe na Itália continuava fechando o cerco contra os Guerreiros do Apocalipse que haviam sido avistados por lá, Thaila Fadden continuava distribuindo cartazes de sua amiga Dora Sabah a todas as pessoas das comunidades bruxas por onde passava. Vez ou outra, arriscava também mostrar a foto dela a alguns trouxas, já que seu desespero em ter notícias da amiga aumentava a cada dia. O sumiço da amiga já durava alguns anos, e Thaila já havia perdido incontáveis noites de sono se perguntando o que poderia ter acontecido com ela.

            Claro que ela já havia considerado o pior. Dora poderia ter sofrido algum acidente fatal, ou mesmo ter sido capturada e morta pelos Guerreiros do Apocalipse pelo simples fato de ser amiga de uma auror. No entanto, seus pais sempre haviam dito a Thaila que notícia ruim se espalhava depressa. Se algo de grave tivesse acontecido a Dora, àquela altura Thaila já teria ficado sabendo. A aflição da latina-escocesa só aumentava conforme o tempo passava.

            Algum tempo atrás, ela havia ligado para uma de suas amigas de escola, Emily Theobald, também amiga de Dora. Thaila raramente tinha tempo de se comunicar com suas antigas amigas de Hogwarts, mas a situação estava tão desesperadora que ela precisava de uma voz amiga para confortá-la, especialmente com seu esposo Matt saindo em tantas missões.

            Emily estava morando na Irlanda, mas se preparava para passar umas férias longas na América do Sul. Ela sempre tivera um espírito aventureiro, e não sabia ainda ao certo quanto tempo ficaria do outro lado do Atlântico – e até já completara um curso de espanhol para se garantir na comunicação. Da última vez que ela havia se encontrado com Thaila, Annie e Priscilla, que haviam sido suas colegas de quarto em Hogwarts junto com Dora, ela já parecia animada com a viagem, anunciando que partiria em poucos meses. Thaila, para cutuca-la, lembrou-a que no Brasil se falava português e não espanhol, logo, se ela optasse pelo país tupiniquim, teria que aprender outro idioma.

            Emily, apesar de surpresa com a informação, levou na esportiva e prometeu que tentaria aprender português para o caso de ir ao Brasil. Thaila até recomendou que, caso ela realmente fosse para lá, procurasse pelo amigo de Matt, Rudolf, que já havia trabalhado como guia de turismo e poderia ajuda-la a conhecer o país.

            Como era de costume entre elas, evitavam falar de Dora em um encontro como aquele, em parte porque sabiam que não era bom ficar especulando sobre o paradeiro da amiga sem ter alguma informação sólida em que se basear, mas também porque sabiam que Thaila estava fazendo sua parte em tentar encontra-la em algum lugar do mundo. Só a perspectiva de cogitar que a amiga estivesse com algum problema já as deixava tristes.

            Mesmo assim, Thaila não resistiu e contatou Emily, alguns dias antes de ir para a missão na Itália. A irlandesa disse para a latina-escocesa que continuava sem ter notícias de Dora, e que Annie e Priscilla também não haviam avisado nada a respeito, como tinham combinado caso algum dado novo sobre o paradeiro da amiga surgisse. Emily disse ainda que estava com quase tudo pronto para ir para a América do Sul, mas que estaria sempre disposta a atender as ligações e mensagens de Thaila quando ela precisasse conversar, mesmo enquanto estivesse no hemisfério sul.

            Thaila havia agradecido pela disponibilidade de Emily e desligado o celular. De volta ao presente, ela se arrancou de seus pensamentos, e foi terminar de distribuir os cartazes de Dora na cidade italiana onde se encontrava. Depois, tentando manter a esperança acesa para eventualmente achar a localização da amiga, a esposa de Matt retornou para o acampamento-base da equipe de aurores da qual fazia parte. Seu chefe havia sido muito gentil em lhe conceder um tempo livre para executar sua tarefa particular, mas agora, ela sabia que ia ter que compensar o tempo perdido e auxiliar os demais aurores a rastrear o paradeiro dos Guerreiros.

            Enquanto se aproximava do acampamento, uma luz prateada nos céus lhe chamou a atenção. Um leão prateado flutuante vinha descendo ao seu encontro.

            Depois de um dia inteiro dedicado à busca por sua melhor amiga, a imagem reluzente do Patrono de Matt a fez abrir um largo sorriso. Seu marido finalmente havia conseguido entrar em contato com ela. Apesar de não saber o que o futuro lhes aguardava, Thaila sentia que algo de bom poderia ser extraído do que Matt havia encontrado na Macedônia durante suas investigações.

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            Ainda em seu escritório, Hermione terminou de ler a carta. A mensagem havia ficado embaralhada quando ela terminara de ler, e no topo dela uma pequena frase havia se formado: “envie isto para Harry”.

            Esforçando-se para assimilar o conteúdo da carta, Hermione se levantou.

— Monstro, por favor. Vá até Harry e lhe entregue esta carta. É essencial que ele a receba o mais breve possível. Talvez ele ainda esteja aqui no Ministério. Fique com Harry até que ele termine de ler a carta. Deixe Winky aqui comigo, e nos encontre aqui depois.

            Ela estendeu a carta para Monstro.

— Perfeitamente, Srta. Granger, não irei decepcioná-la – crocitou Monstro, e apanhou a carta da mão dela. Em seguida, ele aparatou.

            Tentando relaxar, Hermione sentou-se novamente. Aquela gama enorme de informações ainda precisava ser digerida.

— Bom, Winky, já que estamos só nós duas aqui, o que acha de tomarmos um chá? Talvez possamos colocar o papo de garotas em dia.

            Winky abriu um largo sorriso.

— Parece ótimo, Srta. Granger.

— Certo. Vou chamar algum dos funcionários da cafeteria e...

            Ela notou que a elfo continuava de pé no mesmo lugar.

— Winky, por que não se senta, aqui comigo? – convidou Hermione.

— S-sentar? – balbuciou a elfo.

— Ora, vamos, Winky. Acho que já superamos essa fase. Você tem os mesmos direitos que eu no que se refere a sentar à mesa.

            Winky assentiu, embora ainda parecesse envergonhada.

— C-claro, Srta. Granger. – E ela prontamente se sentou defronte a Mione. As duas começaram a conversar sobre suas respectivas rotinas, até que o rapaz da cafeteria chegou com o chá, e ambas beberam sossegadamente. Mione decidiu que só voltaria a se preocupar com a carta de Matt quando ela já tivesse sido vista por todos os seus amigos.


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Notas finais do capítulo

Agradeço pela leitura.



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