Filha De... Tem Certeza?! escrita por Mrs Darcy


Capítulo 9
Meias verdades: uma mentira inteira


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu, 24 horas e 11 comentários depois.
espero que gostem!!!



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Como assim sua filha?– perguntou.



– Isso mesmo que você ouviu. A mãe dela morreu, e resolvi traze-la para cá a alguns anos. Como sei como você é, não quis contar nada, com medo do que poderia fazer.

– Ela não parece sua filha.

– A única coisa que ela puxou de mim foram os olhos e o talento para mecânica.

Ela é uma cópia da mãe.

– Então... Ahñ... Você não me traiu? Não ama outra?- sondou, ansiosa.

– Não Afrodite. Embora você não mereça, eu ainda a amo- depois disso tive de sair, não queria que ela visse o quanto eu estava abalado. Corri para meu castelo e me tranquei na oficina. Eu precisava trabalhar para me distrair; mesmo assim não pude me impedir de pensar.

Mesmo depois de todo essa tempo, e de tudo que ela fez a mim e a nossa filha, eu não conseguia deixar de quere-la. E tinha que admitir que experimentara um certo prazer ao ver que ela sentira ciúmes. Não vou ser hipócrita e dizer que não me relaciono com mortais, tenho inclusive alguns filhos com elas, mas ela sabia que eu ficava com elas somente por necessidade física. Ela não esperava que eu um dia sentisse algo por alguém, pois todos a amavam. O que disse a ela era verdade nesse ponto. A única mentira que contei dizia respeito a nossa filha, mas eu não podia deixar ela descobrir tudo.

Só sai de casa quando percebi que já estava atrasado para o conselho. Não queria ir e encarar minha mulher, mas Zeus ficaria furioso se faltasse.

Apesar de ser bastante ocupado não costumava me atrasar; todos já estavam lá, impacientes, quando eu entrei. Percebi que havia uma grande discussão acontecendo momentos antes e ela só silenciara com minha chegada. Fui lentamente para o meu trono e sentei-me nele, com muito esforço não olhando para ela.

– Hefesto- começou meu pai, tenso.- Afrodite me contou que você tem uma filha semi-deusa e ela está aqui. Você conhece as regras. Nenhum deus pode ter contato direto com seus filhos com mortais. Esses devem ser criados pelos pais humanos e ir para o acampamento quando tiverem idade.

Não.



– Mas pai...- me interrompi, não podia falar a verdade. Minha mãe me olhou com os olhos compreensivos e o semblante triste. Ela, assim como eu, havia se acostumado com a neta.

– Sem mais, Hefesto! São regras mais antigas que o próprio Estinge, não podemos descumpri-las. Isso pode destruir todos nós. Não podemos arriscar.

– Mas ela é diferente! Eu juro que isso não vai acontecer.



– Zeus!- a voz dela chamou. Ignorei, estava com raiva, tudo isso era culpa da suposta deusa do amor.- Eu proponho uma votação; para vermos quem está disposto a corroer o risco.

– Tudo bem- cedeu meu pai- novidade, todos sempre faziam o que ela queria. Meu voto é não. Ares?

– Não.

– Atena.

– Desculpe Hefesto, mas ela é um risco. Não.



Comecei a ficar com medo. E se decidissem por ela ir embora?



– Apolo.



– Sim. Mulher é mulher, independente de quem é filha- admito que só não pulei no pescoço daquele galinha desgraçado porque ele votara pela permanência.

– Arthemis?



– Não. E Apolo, você já tem mulheres o suficiente- falou com raiva.



– Mulher nunca é demais, maninha!



– NÃO ME CHAME DE MANINHA! SEU...



Seguiu-se uma lista interminável de insultos, aos quais Apolo revidou com infantilidade. Sinceramente, eu não sei como os dois nasceram, depois de terem dividido o mesmo espaço por 9 meses.

– JÁ CHEGA OS DOIS- berrou Zeus. Então continuou, calmo. Bipolar.- Hera.



– Sim.



– Poseidon



– Não- merda.



– Hermes.



– O que seria da vida se não quebrássemos algumas regras? Sim!



– Dionisio?



– Sim- olhei para ele surpreso, assim como os outros. Eu esperava isso do Hermes, mas ele?

– O que?- ele revirou os olhos.- É um pirralho a menos no acampamento.



Agora tudo faz sentido.



– Afrodite?



– Eu sei que é inútil, mas sim- ela me olhou fixamente, parecendo arrependida- Hefesto, descul...

Não fiquei mais lá para ouvir, tudo aquilo era uma grande besteira e agora eu ficaria sem minha filha. Ela iria para o meio de um monte de semi deuses, eu não poderia mais vê-la com tanta frequência, mas faria o máximo para que fosse bem recebida.

Me teletransportei para o acampamento e fui direto para o meu chalé. Ainda era cedo e não havia ninguém treinando, todos ainda deviam estar na cama ou tomando café.

Menos meus filhos, claro. Eles dormiam tanto quanto eu.



Entrei sem bater e observei o lugar de maneira desinteressada, nada me distrairia agora, nem mesmo as invenções fantásticas deles.

Não sabe bater não sua...- Adam, um dos meus filhos mais velhos, começou a xingar quem quer que ele achasse que estava entrando, que com certeza não era eu pela cara de surpresa que fez quando se virou.- Desculpe, pai. Não sabia que era o senhor. Achava que era aquela filha de Afrodite, de novo.

– Não tem problema- parece que eles tinham o mesmo problema que eu.- Cade seus irmãos?

– Foram tomar café da manhã. Eu estava sem fome, por isso fiquei.



Era o que essas mulheres faziam com a gente.



– Problemas com o coração, filho?- perguntei sentando em uma das mesas. Ele me olhou como se não me reconhecesse. O que não era de todo estranho, já que nas poucas vezes que falei com ele, falava de mecânica ou algo do tipo.

– Nada não- garantiu. Ele parecia desconfortável com a situação. Como se não gostasse de falar sobre isso, então resolvi ficar quieto e esperar que ele tomasse a iniciativa de continuar o dialogo.

– O que você veio fazer aqui?- perguntou.



– Preciso falar com você e seus irmãos.



– Eles já devem estar chegando. Se não se importa eu vou continuar aqui-aparentemente tudo o que ele queria é poder parar de me encarar.

Acenei a cabeça em concordância e fiquei observando ele trabalhar até que meus outros filhos chegassem.

Eram seis, ao todo. Observei-os enquanto entravam, eram todos muito parecidos comigo.

– Pai?- perguntou Mathew, seu olhos azuis se arregalando em surpresa.



– Oi Math- cumprimentei.- Oi pessoal!



– O que você precisa?- perguntou William abruptamente.



Eu realmente precisava dar mais atenção a eles.



– Não posso mais visitar meus filhos?- brinquei.



– Claro que pode, mas não o faria desinteressadamente.



Eles herdaram o meu senso de humor.



– Tudo bem, eu me rendo- ergui as mãos para o alto teatralmente e alguns deles riram baixinho.

– Certo, eu tenho algo a pedir- sorri constrangido e dessa vez eles não reprimiram o riso.- Mas eu juro que é por uma causa nobre!


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Notas finais do capítulo

10 comentários ou uma recomendação e eu posto o próximo!