Versus escrita por Stormy Raven


Capítulo 1
Versus




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Sangue escorria pelo canto da boca do Cavaleiro. Agachado, ainda conseguia erguer o escudo para bloquear mais um golpe de espada, enquanto tentava arranjar espaço para contra-atacar. Tinha perdido a Ladra de vista, talvez ela estivesse tentando ataca-lo por trás.

            “Ladra miserável, tentando me pegar desprevenido... Mas tenho uma surpresa para ela.”

            Aproveitando um descuido da Cavaleira que tentava golpeá-lo novamente com a espada, o guerreiro girou agilmente para o lado direito e surpreendeu a Ladra, que se aproximava de adagas em punho. O movimento foi tão repentino que sua espada conseguiu cortar o ombro esquerdo da pequena moça, que, pega de surpresa, se desequilibrou e caiu em cima de seu próprio braço direito. Agora de pé, com a Ladra caída à sua frente, o Cavaleiro preparava-se para dar o golpe final:

 

            - Morra de uma vez, miserável... – e sua espada desceu em alta velocidade.

 

            Um som metálico se fez ouvir por todo o lugar, assustando vários pássaros que estavam em uma árvore próxima.

            - Alicia!

            Alicia, a Cavaleira, havia bloqueado o golpe fatal com seu escudo. Olhou para a Ladra, perguntando-lhe:

            - Você está bem, Selena? Pode continuar?

 

            O Cavaleiro recuou alguns passos, desconcertado. “Ela realmente fez aquilo? Não consigo acreditar... Mas, agora seu braço deve estar inutilizado.”

 

            Pequenas gotas de sangue pingaram sobre o rosto da Ladra. Gotas que brotavam do braço esquerdo de Alicia, que continuava estendido, tremendo.

            - Sim, estou bem. Mas seu braço, ele...

            - Cuidado!

 

            Aproveitando o descuido das duas, o guerreiro fez nova investida. Correndo, elevou sua espada o máximo que pode e aplicou um violento golpe contra a Cavaleira. Esta, instintivamente, ergueu o braço em que o escudo estava preso, bloqueando o ataque. O som dos ossos de seu braço se quebrando foi nitidamente audível.

            - Aaah!

 

            Momentaneamente Alicia abriu a guarda devido à dor, e o Cavaleiro tentou golpeá-la novamente, dessa vez de baixo para cima. Mas Selena interveio, pulando sobre ele com o intuito de acertar uma de suas adagas no pescoço do inimigo. O guerreiro fez um violento movimento com o escudo, acertando e jogando a Ladra a alguns metros de distância. Virou-se a tempo de bloquear com a espada um golpe de Alicia, que, mesmo sentindo muita dor, ainda não havia desistido.

            “Impossível! Ela deveria ter recuado!”

 

            Mas alicia não recuava. Tentou golpeá-lo várias vezes, todas sem sucesso. O Cavaleiro era muito habilidoso, um verdadeiro mestre. Alternava entre bloqueios com o escudo e com a espada, não deixando brecha alguma para um ataque bem-sucedido por parte da guerreira.

 

            Mas essa alternância tem um preço. Suor brotava de todos os poros do corpo do guerreiro, e este já começava a sentir o peso da espada aumentando em seu punho.

            “Tenho que terminar isso de uma vez por todas. Não vou agüentar por muito mais tempo.”

            Alicia também não estava mais em boas condições. A dor, antes concentrada apenas no braço esquerdo, agora tomava conta de todo o seu corpo. A cada golpe bloqueado, um espasmo percorria sua espinha, como se ela sentisse cada impacto desferido por sua própria arma.

            “Já não agüento mais... isso deve acabar agora!”

 

            O Cavaleiro então deu um passo para a esquerda e deixou o peso de seu escudo leva-lo ao chão; ao mesmo tempo em que a Cavaleira deu um pequeno salto para traz e segurou a espada com as duas mãos, empurrando-a para frente com a intenção de espetar o inimigo. Com esse movimento, seu corpo foi projetado para frente, mas sua espada não atingiu o guerreiro. Este, semi-ajoelhado com a mão esquerda apoiada no chão, havia escapado.

 

            Um rápido movimento perfurante e uma chuva de sangue. Tudo em milésimos de segundo. O rapaz havia atravessado sua arma pelo ombro direito de Alicia, e esta agora perdia a consciência, tombando sobre seus próprios joelhos. Uma onda de alívio invadiu o corpo cansado do guerreiro, o som de rápidas passadas lhe fez lembrar de que ainda estava em perigo. Arrancou a espada do corpo de Alicia e, girando no mesmo movimento, rasgou a barriga da Ladra, que já estava a centímetros de seu corpo. Um rápido movimento cortante, e uma chuva de sangue.

 

            Selena recuou, impressionada. Apoiou uma das mãos na barriga, que sangrava devido ao ferimento. Ainda tinha uma adaga nas mãos, a outra estava agora nas costas do guerreiro. Disse ofegante:

 

            - Por um momento, você deu as costas para mim. Esse foi seu erro, Cavaleiro. Mas diga-me: qual é seu nome? Ao menos devo saber o nome daquele que desgraçou minha vida...

 

            O cavaleiro, ajoelhado, apoiando-se em sua espada, igualmente ofegante, respondeu:

            - Se faz tanta questão; meu nome é Carmine. Mas não lhe direi nada mais que isso, nem exijo saber o nome daqueles que estão condenados à morte. Vamos acabar logo com isso.

 

            O guerreiro levantou-se com um pouco de dificuldade e segurou a espada com as duas mãos. Começou a avançar em direção à Ladra, elevando sua arma o mais alto que pode. Selena também avançou, mesmo gravemente ferida. Os dois correram um em direção ao outro, gritando.

 

            A espada de Carmine desceu violentamente em direção à cabeça de Selena, ao mesmo tempo em que a pequena Ladra elevou sua perna direita o máximo que pode, jogando a parte superior de seu corpo para trás.

 

            A espada do guerreiro encontrou apenas o chão. O pé da ladra encontrou uma parte desprotegida do corpo do inimigo, pouco acima do umbigo. Sangue começou a escorrer do pequeno ferimento que agora havia ali.

 

            Carmine olhou para baixo, sua vista turvou-se. Viu o pé esquerdo da Ladra, apoiado no chão. Viu que dele saia uma lâmina, pequena mas eficaz, presa na sola do sujo sapato. Murmurou:

            - Entendo...

            E tombou de lado no chão, perdendo a consciência. Mas sua face não demonstrava dor ou ódio. Esboçava um sorriso.

            “Finalmente... acabou...”

 

            - Se...lena...

 

            A ladra rapidamente se virou e dirigiu-se o mais rápido que pode para onde Alicia estava caída. Debruçou sobre a amiga, ofegante:

            - Alicia! Não diga nada, poupe suas forças! Temos que procurar socorro médico ou um Mago que...

            - Não adianta... Esse é meu fim. E nem ao menos posso tocar sua face...

 

            Os braços de Alicia estavam ensangüentados, estirados no chão. Já não poderiam ser movimentados mais.

 

            - Não, por favor Alicia, não vá! Agüente firme! Por favor Alicia...

            Lágrimas escorriam pelo rosto de Selena. Alicia já não sentia mais dor: sentia agora alívio. Alívio por poder finalmente descansar.

 

            - Selena, não morra... Viva e lembre-se de mim.

 

            O grande ferimento na barriga da Ladra começava a sangrar mais. Se ela não procurasse socorro logo, sua situação poderia agravar-se. Disse, pausadamente:

 

            - Alicia! Eu... Te amo...

 

            Selena abaixou a cabeça e deu um breve e adocicado beijo nos lábios de Alicia.

Esta fechou lentamente os olhos, e não os abriu mais.

 

            Agora haviam apenas lágrimas e sangue. E uma lembrança.


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