Eu estava no meio da multidão de garotas alucinadas gritando pelo nome dos quatro garotos no palco. Dentre elas, estava minha linda e maravilhosa amiga: Annabeth Chase, a qual eu poderia matar depois de ter me arrastado para aquele lugar. 

Tudo o que eu sabia era que aquela droga daquela bandinha no palco estava acabando com milhares de cordas vocais de menininhas com o simples fato de dar um sorriso. 

Elas pareciam estar tendo um orgasmo durante o show, pelo tom de seus gritos, sério. 

Eles tocaram um cover dos Strokes, You Only Live Once. Depois disso, o vocalista que, pelo que entendi se chamava Peter Jhonson ou alguma merda assim, deu boa noite á todos na plateia e sorriu. 

O baterista saiu do palco assim que pode, claramente era tímido. O baixista ainda olhou para a platéia e acenou com a cabeça, sorrindo discretamente. Peter Jhonson agarrou um sutiã que havia sido jogado e o olhou claramente confuso. Depois, pegou uma caixa e jogou algumas palhetas no meio da platéia. As que não haviam sido usadas. 

Assim, havia restado só o guitarrista. Alto, magro e com cabelos negros que lhe tocavam os ombros, com movimentos curvados na ponta. 

Parecia o Jimmy Page mais novo, de algum modo. Só que é claro, Jimmy era mais gostoso quando mais novo. 

Ele terminou de guardar a Gibson SG Cherry no case serenamente o olhou para a platéia. Não esboçou nenhum sentimento, seu rosto continuava calmo, como se nenhum orgasmo/grito o afetasse. Olhou para sua mão, onde havia apenas duas palhetas. 

Atacou a primeira no meio da multidão, que ficou frenética ao tentar pegar o objeto. Eu observei aquilo quando senti algo frio tocando minha pele. 

... 

A palheta deslizou e foi parar no meio do meu sutiã. Olhei para o palco onde o garoto olhava pra mim sorrindo torto, os olhos negros brilhando. Ele saiu e me deixou lá, completamente hipnotizada, sem querer acreditar em sua ousadia de jogar uma palheta com uma mira um tanto... boa demais. 

Tirei aquilo do meu sutiã, escondendo rapidamente para que as outras não vissem, pois tinha certeza que seria atacada. 

E bom, isso não seria nada legal.

Em questão de minutos, Annabeth veio para meu lado, sorrindo boba. 

- Pegou alguma palheta do sr. Peter Jhonson? - perguntei, irônica. 

- É Percy Jackson! - respondeu ofendida. Ela saiu da posição de ataque, relaxando. - Não, infelizmente não. - Sua expressão ficou triste por um momento, mas durou pouco. Seu semblante se iluminou quando ela se inclinou na minha direção e perguntou com os olhos cinzentos brilhando: - E você? 

- Não... - respondi distraidamente. O que era quase verdade. A palheta jogada em mim não fora atirada pelas mãos de Percy Jackson. 

- Droga. - Ela resmungou. Logo, os seguranças abriram um espaço para quem tinha a pulseira verde e podia entrar no camarote. Annabeth logo me puxou para a fila, onde haviam poucas garotas na nossa frente. 

E foi rápido, as cinco meninas. Annabeth cumprimentou o baixista e o baterista e pediu um autógrafo em seu caderno de desenhos. Ela estendeu o caderno para o vocalista, Peter, Percy ou sei lá o quê. Mas seu erro foi olhar nos olhos dele. 

E eles ficaram lá, dois palhaços no meio do camarim, um olhando para o outro abobados. Ergui a sobrancelha e Nico riu discretamente, colocando a mão nos lábios como se fosso tossir. Isso despertou o garoto, fazendo com que ele balançasse a cabeça, aparentemente tentando se livrar de pensamentos. 

Annabeth corou tanto, mas tanto, que tive que me segurar muito para não rir. Ela observou as mãos rápidas dele escreverem no caderno e murmurou "obrigada" envergonhada. Eu ri discretamente quando passei por ele e abri minha mochila para pegar um papel. 

Rabisquei ali o número e o estendi para o senhor "Peter Jhonson Distraído". 

- O que quer que eu autografe? - perguntou, avoado.

- Não, palhaço. - eu disse, dando o papel pra ele. - É o número de telefone dela. - ele me olhou confuso e depois abriu um sorriso amplo, seu rosto se iluminando. 

- Ah, sério? Valeu, mesmo! - ele pegou o papel e o guardou no bolso da calça jeans. Parecia mais animado. 

O aparente Jimmy Page terminou de assinar o caderninho da loira, que agradeceu. Me postei na frente dele, olhando para cima por ser mais baixa que ele. 

- Se foi um erro... eu não sei. Mas se não foi... bela pontaria, amigo. - eu disse, estendendo a palheta para ele. Sorrindo, ele fechou minha mão em torno dela.

- Fica pra você. - me espantei um pouco, lutando para manter a expressão neutra. - Nico Di Angelo, e você...? 

- Thalia Grace. 

- Bom te conhecer, Grace. - ele colocou um pedaço de papel em minha mão, novamente me deixando atordoada. Mas que diabos estava acontecendo comigo? Ollhei para os números rabiscados, um telefone. O joguei rapidamente dentro da bolsa, junto com a pequena palheta, jurando á mim mesma que não ligaria para ele.