Cap. 08 - Observada
Riza saiu o mais rápido que conseguiu do quartel, agradecia por seu carro próprio estar no estacionamento. Viu Maes nas escadarias, mas ignorou-o, não estava afim de agüentar ele e sua fixação fora de hora pela filha.
- Estranho. – Maes constatou ao vê-la passar sem se quer olhá-lo –
Só que não foi só isso que chamou sua atenção. Um carro preto parado do outro lado da rua do quartel também lhe chamou atenção, não era a primeira vez que o via a ali e para tornar a situação mais intrigante um jovem soldado entrara no carro de maneira muito suspeita, querendo não chamar muita a atenção.
Como não podia fazer nada, entrou no QG.
Dentro do carro...
- Mandou chamar-me, senhor?
- Mandei. Você é um rapaz inteligente e já me prestou alguns serviços.
- Desculpe, mas não me lembro disso.
- Mas deve se lembrar do meu amigo. – um rapaz mais jovem e loiro entra no carro –
- Você? Você me pagou por uma informação.
- Isso mesmo e olha que você a deu de tão bom grado que nem precisávamos ter pago.
- O que você quer?
- Mais uma informação.
- Eu não sei de mais nada.
- Bem, nada sobre a jovem capitã e o general?
- Hoje ela parecia nervosa e mais cedo ao passar na porta da sala dele ouvi vozes alteradas.
- Uma briga entre os dois?
- Não, parecia mais que ela estava desabafando.
- Hum... Muito obrigado. Luis...
O jovem rapaz pega uma maleta e retira algumas notas altas.
- Não se esqueça de fazer boquinha de siri, pois de onde veio esse, podem vir mais. – Luis avisou antes de entregar as notas –
- Obrigado. – o jovem rapaz sai do carro –
- Essa juventude, mas ele é um bom rapaz, acho que poderá me ser útil no fim das contas.
- Eu vi uma coisa interessante quando dava uma geral por ai.
- O que?
- Primeiro acho melhor sairmos daqui, aquele cara com jeito de bobo que é o melhor amigo do Mustang parece ter reparado na gente.
- James.
- Sim, senhor?
- Siga.
- Hai.
- E agora, o eu foi que viu?
- A jovem Marie sair com cara de poucos amigos e com uma caixa que parecia cheia de objetos pessoais.
- Interessante. – passa as mãos nos cabelos ruivos – E de acordo com o rapazinho eles parecem ter brigado ou algo do gênero.
- Será que a coisa foi tão feia que ela resolveu ir embora?
- Talvez e isso seria quase que um presente.
- Como assim, senhor? Se eles não estão bem, de nada vai adiantar pegarmos ela.
- Você tem muito o quê aprender, meu jovem. Uma briga não quer dizer que o amor acabou, somente que há uma magoa. Imagine a culpa que ele não sentirá ao descobrir que não poderá mais se desculpar? Eu não podia pedir mais.
- Faz sentido.
- Faltam seis dias para a lua cheia.
- Vamos pegá-la hoje?
- Não, andei pensando e acho melhor pegá-la somente quando um dia antes. Ela é herdeira de uma grande família, se sumisse assim... Não, é muito perigoso.
- Então vamos mantê-la apenas sob vigilância?
- Isso. Não a deixem dar um único passo sozinha.
- Certo.
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Riza vai direto para seu apartamento, sabia que Winry não se importaria de ficar alguns dias a mais com Black. Mas também não deixou de ligar para perguntar.
Chegando em casa, ligou para a estação de trem e reservou uma passagem. Iria naquele mesmo dia, não queria correr risco de alguém vir atrás de si tentar convencê-la de voltar.
Fez uma mala básica, trocou o uniforme por uma calça, uma bota cano alto, uma regata, um sobretudo creme e um óculos escuro.
Foi de taxi para a estação.
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Ligação on
- O que foi, Luis?
- Ela vai viajar.
- Para onde?
- Leste. Intervimos?
- Não. Só sigam-na. Se for preciso eu acabo com ela lá mesmo e trago o corpo para cá.
- Hai.
Ligação off
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Pouco depois de entrar no trem e em sua cabine seu celular tocou. Era Maes.
- Estava demorando. – desliga o aparelho –
Olhava para a janela, não tinha certeza de que tinha feito o certo saindo daquele jeito, mas não agüentava mais, se não o fizesse não sabia o que podia acontecer.
- Ele não precisa de você... E você não precisa dele.
Acabou adormecendo pouco depois que escureceu, só acordando com o baque do trem ao parar. Já era noite alta, mas mesmo assim não encontrou dificuldades em encontrar um taxi.
A viagem foi curta, logo chegou a grande residência do avô. Era tão deprimente estar ali sabendo que o velho senhor não estaria lá dentro.
Respirou fundo e entrou, a casa estava arrumada. Afinal, pagava um dos antigos criados para manter a casa limpa. Fazia pouco mais de três meses e ainda não havia mexido com os tramites do inventario, mas não tinha pressa, era a única herdeira que complicação poderia ter?
- Nunca pensei que não me sentiria em casa ao chegar aqui.
Sem se preocupar em acender a luz, caminhava em direção ao seu quarto. Conhecia a casa bem demais para se perder e não tinha medo de escuro.
- se joga na cama arrancando as botas – Vamos ver quantas vezes o Maes insistiu.
Liga o celular e vê que constavam mais de trinta ligações não atendidas. Suspira e olha de quem eram. Muitas eram de Maes, mas também haviam ligações de Roy, de Ed, de Winry...
Pensou em retornar a de Edward e a de Winry, mas já era muito tarde, não iria acordá-los. Na manhã seguinte ligaria. Pegou alguns analgésicos apesar de não sentir dor, e tomou. Ficaria fora do ar por pelo menos dez horas.
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Ligação on
- Ela veio para a casa do avô.
- Hum... É bom mesmo que ela se despeça do velho, apesar de logo estar com ele.
- Alguma recomendação.
- Sigilo. Seja discreto, não queremos que ela alarme ninguém.
- Eu sei, chefe.
- Está me saindo melhor que a encomenda, acho que fiz bem em escolhê-lo.
- Obrigado.
Ligação off
Luis a cada dia que passava achava o chefe mais louco, mas um louco que teria um grande poder em mãos, fora o dinheiro. Sabia que era melhor estar ao seu lado. Mas não hesitaria em abandoná-lo se assim fosse mais conveniente.
Continua...